sábado, 31 de janeiro de 2015

Uma Aventura (1982)



Logo no ínicio da "Caderneta de Cromos" fui vasculhar as tralhas dos anos 80 e 90 que tenho cá por casa, e reencontrei uma das poucas "sobreviventes" da infância e juventude, a colecção de aventura e mistério escrita por Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com as ilustrações de Arlindo Fagundes, publicadas pela Editorial Caminho: "Uma Aventura". Não confundir com a mais antiga série "A Aventura", de Enid Blyton, que decerto serviu de inspiração, junto a outros clássicos do género, mas adaptados á realidade portuguesa dos anos 80 até aos nossos dias.


É portanto uma das colecções que recordo com mais carinho. Quer dizer, além de recordar, ainda por vezes releio números antigos ou consigo alguns dos números novos. Já há muito que não faço parte do público-alvo, mas não posso resistir a acompanhar as novas aventuras destes amigos de juventude, que - tal como para milhares de leitores - foram meus companheiros na resolução de mistérios, e que já conhecia tão bem.


"Uma Aventura nas Férias de Natal" [8ª edição] foi o meu primeiro volume da colecção Uma Aventura, oferecido - num aniversário ou Natal - e um dos responsáveis por me consolidar como um devorador de livros. Notem nas fotos que alguns deles estão "ratados", de tanto uso. Algumas destas fotos já havia publicado em 2009 no meu blog de colecções: "Livros - Uma Aventura e Viagens no Tempo".

A capa de "Uma Aventura nas férias do Natal":

Nas primeiras páginas interiores, a lista dos volumes já publicados e a publicar:

As ilustrações no estilo inconfundivel de Arlindo Fagundes ("Viagens no Tempo", "Asa Delta"): 

 A capa traseira, que manteve o mesmo esquema de apresentação ao longo dos anos, com a indicação do próximo volume a publicar:

Além dos tradicionais retratos com o nome dos heróis da série "Uma Aventura": Teresa, Luísa e Caracol, Pedro, João e Faial, e Chico:

Teresa e Luísa:
As irmãs gémeas idênticas - em quase todos os detalhes - que pensam e agem em sincronia, quase a beirar a telepatia. Creio que ainda não foi revelado o pequeno pormenor que as distingue.

Pedro:
O cérebro do grupo, inteligente mas sem ser convencido. Eu ainda não era "caixa-de-óculos", mas desde o início que me identicava com este pacato e bom alu

Chico
Descrito pelas autoras como "abrutalhado", o mais forte fisicamente, sempre pronto a partir para a acção e aplicar uns belos sopapos na bandidagem, mas de bom coração.

João
Filho de emigrantes, vive com a avó. É o mais pequeno do grupo e tem uma afinidade especial com os animais. 

Antes do Inspector Max, dois fiéis caninos ajudavam os donos:

Faial:
Um corajoso pastor alemão, sempre pronto a agir segundo às ordens do dono, João. O Faial é muitas vezes instrumental em deter os vilões, trincando a ocasional canela.  

Caracol:
Apesar do pequeno porte do caniche das   gemeas, foi várias vezes instrumental na resolução do mistério  em que o grupo de detectives amadores se encontra envolvido.  


Comparação entre o visual clássico e o moderno das personagens principais:

Ao longo destas mais de três décadas de aventuras, os cenários para estas têm sido bem diversos, explorando os cantinhos de Portugal e também do estrangeiro. É notória, tanto na acção do livro como nos anexos, que as autoras investigam e até viajam aos locais para descobrir informação interessante, História, lendas, curiosidades e costumes, mas sem sobrecarregar ou ser "pedagógico demais". Além de roubos misteriosos, o leitor acompanha estes jovens emcaças ao tesouro, em luta contra doenças mortais, OVNIs, raptores, etc.
No meu TOP de "Uma Aventura" estão: o "Uma Aventura nas Férias do Natal", "...na Falésia", "..em Viagem", "...no Egipto", "..no Deserto", "..no Palácio da Pena", "...nas Ilhas de Cabo Verde".

Na imprensa nacional, destaque para o inicio da colecção:
No Diário de Lisboa [24 Dezembro 1982] '"Uma aventura" para jovens dos nove aos treze anos':
"Sob o título genérico de «Uma Aventura», duas professoras de História e Português de uma escola preparatória de Lisboa decidiram produzir uma série de pequenos romances destinados a leitores dos 9 aos 13 anos."
"Proporcionar um estímulo ao exercido da leitura e ao conhe- cimento do país que é Portugal, é a preocupação fundamental das duas professoras-autoras, Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães. Nós escrevemos a pensar no nossos alunos — diz-nos Isabel Alçada. Sentimos a necessidade de os estimular, para além da leitura que fazem nas aulas (...)  a leitura desses pequenos romances de aventuras rápidas, não complicadas, «vividas» por gente da idade deles. E, sobretudo, com princípio, meio e fim."
"Escrever aventuras para jovens dos 9 aos 13 anos começou quando as duas professoras (...) decidiram criar os seus próprios textos para tratamento de certos aspectos do programa escolar.(...) prossegue Isabel Alçada (..) Então começámos as duas, em conjunto, a escrever pequenos contos com essa finalidade. Os nossos alunos gostaram tanto que nos pediam para ler mais contos do mesmo autor, que nem sabiam quem era." "Nós tivemos a preocupação de ir ao encontro dos termos e das expressões em que os jovens desta idade se exprimem. O discurso directo torna a acção extremamente viva e permite que os leitores se projectem mais facilmente no texto."  "Foi nossa intenção transmitir a realidade portuguesa sem os agredir, mas também náo escamotear quando ela é agressiva. Assim. por exemplo. aparece urna personagem. o Chico, que é filho de um desempregado (situação que infelizmente não vai sendo invulgar)."

E sobre os lançamentos dos números 9 e 10, no "Diário de Lisboa" (9 Novembro 1984):

"Não é o prémio literário que elas buscam. É sobretudo o desejo de comunicar, de despertar no interlocutor
o prazer de ler, que anima as autoras. É esse o seu segredo."
"De salientar ainda as ilustrações de Arlindo Fagundes, cheias de imaginação, pormenor e movimento, harmoniosamente certas neste género de obra."
 
Mais recentemente, uma série derivada "Ler É Uma Aventura" é uma espécie de prequela, com os nossos heróis mais jovens em "As Gémeas Fazem Anos", "Um Presente Para O João":


 

Mas a colecção não ficou confinada ás páginas dos livros. Recordo-me de passar na TV um telefilme, "Uma Aventura em Lisboa" (de 1989, realizado por Eduardo Geada e produzido por António da Cunha Telles). Mas as gerações mais recentes devem recordar bem a série da SIC "Uma Aventura" (2000-2007), que ao longo de 5 temporadas, três elencos e 46 episódios adaptou bastantes dos livros. Em 2009, o filme "Uma Aventura na Casa Asombrada" foi lançado nos cinemas, e adaptação - muito livre - foi decepcionante a vários níveis [podem ler a crítica: "Cine31 - Uma Aventura na Casa Assombrada (2009)" ].

A "Caderneta de Cromos" de Nuno Markl abordou em 2011 a colecção de "'Os Cinco' à portuguesa", na "Caderneta de Cromos Nº 668" [ "Uma Aventura" - Ouvir/Download do Mp3].

Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos". Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr".


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2 comentários:

  1. Gostava tanto destes livros! Por vezes ainda espreito alguns...

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    1. Eu costumo esperar que apareçam nas feiras de velharias para ler os mais recentes :D

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