2025: mais um ano que começa, e logo um a marcar a transição do primeiro para o segundo quarto do século XXI. São tantos os anos que passaram desde o ano 2000 quantos aqueles que faltam para 2050!
Como é hábito a cada início de ano, a Enciclopédia de Cromos recua vinte anos para recordar um ano que embora não pareça, já está meio distante.
2005 marcou o início da segunda metade dos anos 2000 e, tal como todos os outros anos, deixou várias memórias, umas boas e outras nem por isso, mas a maioria delas parece que foi há menos tempo do que os vinte anos que efetivamente passaram desde então.
1. José Sócrates foi eleito primeiro-ministro
Após o presidente Jorge Sampaio ter dissolvido o executivo governamental liderado por Pedro Santana Lopes, menos de cinco meses deste tomado posse, foram convocadas novas eleições legislativas que decorreram no dia 20 de Fevereiro de 2005.
O PS alcançou a sua primeira maioria absoluta com mais de 45% dos votos e 121 deputados eleitos, ao passo que o PSD elegeu 75 mandatos, a CDU 14, o CDS-PP 12 e o Bloco de Esquerda oito.
Como tal José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa tornou-se o novo Primeiro Ministro de Portugal, cargo que ocuparia até 2011. Como se sabe, durante e depois do cargo, José Sócrates esteve envolvido em variadas controvérsias, sobretudo a "Operação Marquês" que em 2014 fez com que se tornasse o primeiro ex-primeiro ministro português a ser detido e a cumprir prisão preventiva.
2. Habemus papam!
No dia 2 de Abril, Karol Wojtyla a.k.a. o Papa João Paulo II faleceu aos 84 anos após cerca de 26 anos e meio de pontificado.
Joseph Ratzinger (Bento XVI) foi nomeado o novo Papa
Como tal, pela primeira vez numa geração decorreu um novo conclave no Vaticano para eleger o novo Sumo Pontífice. A 19 de Abril, o fumo branco anunciou a escolha do alemão Joseph Ratzinger como o novo Papa, tendo este adoptado o nome de Bento XVI. O pontificado de Ratzinger durou até 2013, quando o próprio abdicou do cargo.
3. Falecimentos notórios e nascimentos reais
Além do Papa João Paulo II, foi em 2005 que faleceram o eterno Mr. Myagi Pat Morita, o apresentador Johnny Carson, a activista Rosa Parks, o cantor Luther Vandross, a consagrada actriz Anne Bancroft, o comediante Richard Pryor, o francês Lucien Laurent que marcou o primeiro golo de sempre em Mundiais de futebol, o wrestler Eddie Guerrero, o pai do futebol total holandês (e que treinou aos Países Baixos rumo ao título europeu em 1988) Rinus Michels, os atores brasileiros Cláudio Correa e Castro e Zilka Salberry e o lendário futebolista norte-irlandês George Best.
Em Portugal, foi em 2005 que nos despedimos da Irmã Lúcia, a sobrevivente dos videntes de Fátima, do inimitável comentador desportivo Jorge Perestrelo, do poeta Eugénio de Andrade, do actor Canto e Castro, do jornalista e ex-director da RTP Adriano Cerqueira e do incontornável líder do PCP Álvaro Cunhal.
Por outro lado, 2005 foi o ano com vários nascimentos na realeza, a começar pela Infanta Leonor, actual Princesa das Astúrias e herdeira da coroa espanhola. Mas também a Princesa Alexia dos Países Baixos, o Príncipe Emanuel da Bélgica, Príncipe Christian da Dinamarca e o Príncipe Sverre da Noruega.
RIP 2005: Pat Morita, Anne Bancroft, George Best, Irmã Lúcia
4. Ataques terroristas em Londres
A 7 de Julho, um dia depois de Londres ter sido anunciada como a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2012, a capital britânica foi assolada por quatro explosões: três comboios da rede de metropolitano e num autocarro, cada uma levada a cabo por um bombista suicida. As explosões causaram 52 mortos e cerca de 800 feridos, sendo o maior ataque terrorista em solo britânico desde o atentado aviatório de Lockerbie em 1988. Os quatro bombistas tinham ligações a grupos fundamentalistas islâmicos com conexões à Al Qaeda. Duas semanas depois, ocorreram outros ataques semelhantes em Londres mas desta vez sem causar vítimas ou danos.
Martine Wright, que perdeu as duas pernas numa das explosões, viria a integrar a equipa britânica de voleibol sentado nos Jogos Paralímpicos de 2012.
5. E tudo o furacão Katrina levou
No final do mês de agosto, o furacão Katrina assolou o Sudeste dos Estados Unidos, bem como partes das Bahamas e de Cuba, causando quase 1400 mortes, 652 desparecidos e 125 mil milhões de prejuízos.
Os estados americanos da Flórida, do Mississippi e do Louisiana foram os mais afectados, com 80% da cidade de Nova Orleães a ficar submersa durante semanas. Houve bastante críticas à resposta governamental e estatal na sequência do desastre, tanto na falta de esforços de prevenção como na gestão dos salvamentos e assistência humanitária.
O furacão Katrina deixou várias cidades submergidas
Um dos momentos mais controversos do pós-Katrina aconteceu durante um concerto televisivo de apoio às vítimas do furacão, quando durante um segmento, Kanye West, do nada, gritou: "George W. Bush não quer saber das pessoas negras!" perante o espanto do actor Mike Myers, que estava a seu lado.
6. Cinema para todos os gostos
Heath Ledger e Jake Gyllenhaal foram dois cowboys num amor proibido em "O Segredo de Brokeback Mountain" mas o Óscar foi para um "Crash". Will Smith foi "Hitch - A Cura Para O Homem Comum", Jane Fonda foi "Uma Sogra de Fugir" para Jennifer Lopez, Vin Diesel foi "O Chupeta", Brad Pitt e Angelina Jolie foram "O Sr. E A Sra. Smith", Steve Carell estava "Virgem Aos 40", Keira Knightley sentiu "Orgulho E Preconceito", Nicole Kidman foi "A Intérprete", Charlize Theron foi "Aeon Flux", Jodie Foster fez um "Plano De Voo", Owen Wilson e Vince Vaughn foram "Os Fura-Casamentos" e Jake Gyllenhaal foi à "Máquina Zero". Não esquecer Paris Hilton aprisionada numa "Casa De Cera", Philip Seymour Hoffman como "Capote" e Joaquin Phoenix como Johnny Cash em "Walk The Line", Martin Freeman "À Boleia Pela Galáxia", Ewan McGregor e Scarlett Johansson n' "A Ilha" e muito menos Jessica Alba e Chris Evans como dois quartos do "Quarteto Fantástico". Isto para não falar em sequelas "Harry Potter E O Cálice De Fogo", "Star Wars Episódio 3 - A Vingança dos Sith", "Miss Detective 2: Armada E Fabulosa", "Saw - Enigma Mortal 2", "Transporter 2", "The Ring Two", "A Lenda De Zorro" e os remakes de "Charlie E A Fábrica de Chocolate", "Os Três Duques" e "A Guerra Dos Mundos".
E há que ainda mencionar títulos como "Batman Begins", "Sin City", "Cinderella Man", "Syriana", "Serenity", "O Fiel Jardineiro", "Memórias De Uma Geisha", "Red Eye", "O Exorcismo De Emily Rose", "Munique" e "A Marcha Dos Pinguins".
Na animação, um prato cheio com "Madagascar", "Robots", "Chicken Little" e "A Noiva Cadáver".
7. Portugal foi testemunha do "Crime do Padre Amaro"
Já em Portugal, o filme-sensação foi uma adaptação de "O Crime do Padre Amaro", que transportou a célebre trama do romance de Eça de Queiroz para a actualidade, com Jorge Corrula no papel da personagem titular. O principal chamariz do filme foram as ousadas cenas de sexo entre Corrula e Soraia Chaves, que fazia de Amélia, a mulher que desperta paixões no jovem padre. Mas o filme também focou na violência e nas exclusões sociais em cidades como Lisboa e na falsa religiosidade de alguns homens do clero. Do elenco também fizeram parte nomes bem conhecidos como Nicolau Breyner, Nuno Melo, Ana Bustorff, Cláudia Semedo, Pedro Granger, Lurdes Norberto, Maria Emília Correia, Diogo Morgado, João Lagarto, Rogério Samora e Rui Unas.
Tal como outros filmes como "Adão & Eva" e "Tentação", a SIC promoveu amplamente "O Crime Do Padre Amaro" que viria a bater recordes de bilheteira de um filme português.
Mas o cinema nacional de 2005 também viu estrear obras importantes como "Alice" de Marco Martins, "O Quinto Império" de Manoel de Oliveira, "Odete" de João Pedro Rodrigues e "Um Tiro No Escuro" de Leonel Vieira.
7. A estreia em grande de Rihanna (e não só)!
2005 viu a estreia em discos de uma menina de 17 anos vinda dos Barbados: Rihanna com o seu primeiro álbum "Music Of The Sun", que continha hits como "Pon De Replay" e "If It's Lovin' That You Want" que faziam adivinhar que ela seria toda uma superestrela da música nos anos seguintes.
Nesse ano, também houve os álbuns de estreia de Kaiser Chiefs ("Employment"), Paramore ("All We Know Is Feeling"), Panic! At The Disco ("A Fever You Can't Sweat Out"), M.I.A. ("Arular"), The Editors ("The Back Room") e The Veronicas ("The Secret Life Of...)
8. Álbuns marcantes de Madonna, Coldplay, Mariah Carey, Gorillaz e muitos mais.
Mas 2005 foi o ano de vários álbuns de nomes consagrados. Madonna provou (uma vez mais) que ainda era a indiscutível rainha do pop com "Confessions On The Dancefloor", cujo primeiro single "Hung Up!" (com um sample dos ABBA) foi um hit esmagador. Os Coldplay voltaram a subir a parada com o terceiro álbum "X & Y" que tinha os sucessos "Speed Of Sound" e "Fix You". Depois de alguns anos conturbados e quando já se pensava que ela tinha deixados os seus melhores anos para trás, Mariah Carey voltou ao topo com "The Emancipation Of Mimi" e deixou mais um grande baladão em "We Belong Together". Se o homónimo de estreia já tinha impressionado, os Gorillaz, banda virtual capitaneada por Damon Albarn, conquistaram tudo e todos com "Demon Days" e êxitos como "Feel Good Inc." e "Dare".
Houve ainda novos álbuns de Depeche Mode ("Playing The Angel"), Black Eyed Peas ("Monkey Business"), 50 Cent ("The Massacre"), Daft Punk ("Human After All"), Kanye West ("The Late Regristration"),Oasis ("Don't Believe The Truth"), Moby ("Hotel"), Jennifer Lopez ("Rebirth"), Robbie Williams ("Intensive Care"), New Order ("Waiting For The Sirens Call"), Melanie C. ("Beautiful Intentions"), Natalie Imbruglia ("Counting Down The Days"), Audioslave ("Out Of Exile"), Bruce Springsteen ("Devils & Dust"), Fall Out Boy ("From Under The Cork Tree"), Foo Fighters ("In Your Honor"), Missy Elliott ("The Cookbook"), All-American Rejects ("Move Along"), Goldfrapp ("Supernature"), Sigur Rós ("Takk"), Bon Jovi ("Have A Nice Day"), HIM ("Dark Light"), Jamie Cullum ("Catching Tales"), Sean Paul ("The Trinity"), Franz Ferdinand ("You Could Have It So Much Better"), Nickelback ("All The Right Reasons"), Sugababes ("Taller In More Ways"), A-Ha ("Analogue"), Mary J. Blige ("The Breakthrough") e, ao fim de doze anos de silêncio, Kate Bush ("Aerial").
Houve até quem não se contentou com um só álbum nesse ano e resolveu lançar dois, como os System Of A Down ("Mezmerize" e "Hypnotize") e Shakira ("Fijación Oral Vol. 1" e "Oral Fixation Vol. 2)".
9. Se um sapo louco incomoda muita gente…
Um dos hits mais infames de 2005 foi a versão de "Axel F" de Harold Faltermayer pelo Crazy Frog, uma personagem animada em CGI, que foi criada em 2003 pelo artista sueco Erik Wernquist. Sob o nome de The Annoying Thing, a personagem começou como um simples animação onde dobrava o ruído de arranque de uma mota, som esse emitido e gravado em 1997 por outro sueco, Daniel Malmedahl. No ano seguinte, a companhia Jamba comercializou o vídeo e o som como toque de telemóvel. Por fim, o Crazy Frog passou para um projecto musical, com a sua versão de "Axel F" a chegar ao primeiro lugar dos tops de vários países como Reino Unido, França e Austrália. Ainda em 2005, foram editados um segundo single (uma versão de "Popcorn" dos Hot Butter) e um álbum ("Crazy Hits").
Outros grandes hits de 2005 foram "Don't Cha" das Pussycat Dolls, "You're Beautiful" e "Goodbye My Lover" de James Blunt, "Bad Day" de Daniel Powter, "Hollaback Girl" de Gwen Stefani, "Brilhantes Diamantes" de Serial, "Because Of You" de Kelly Clarkson, "1 Thing" de Amerie, "Let Me Love You" de Mario, "Love Generation" de Bob Sinclar com Gary Pine,
Mais algumas músicas que eu ouvi bastante em 2005: "So Good" de Rachel Stevens, "Streetcar" dos Funeral For A Friend, "Hard To Beat" dos Hard-Fi, "Dakota" dos Stereophonics, "An Honest Mistake" dos The Bravery, "Shiver" de Natalie Imbruglia, "Soulstorm" de Patrice, "One Word" de Kelly Osbourne e "Banquet" dos Bloc Party.
10. Dos Morangos para os grandes palcos
Em Portugal, o disco nacional mais vendido é o homónimo de estreia dos D'ZRT. A boyband formada por Angélico Vieira, Vítor "Cifrão" Fonseca, Edmundo Vieira e Paulo Vintém saiu da segunda temporada dos "Morangos Com Açúcar" (aliás o nome da banda eram as iniciais das personagens deles: David, Zé Milho, Ruca e Tópê) para a vida real e para os palcos por esse país fora. Quem nunca cantou "Para Mim Tanto Me Faz"?
Mas 2005 também viu novos álbuns de David Fonseca ("Our Hearts Will Beat As One"), Mariza ("Transparente"), Rui Veloso ("A Espuma Das Canções"), Toranja ("Segundo"), Blasted Mechanism ("Avatara") e EZ Special ("Leitmotiv"). E embora editados no final de 2004, foi em 2005 que o álbum do projecto Humanos e "AM-FM" dos The Gift causaram impacte.
11. Lisboa cheia de estrelas para os Prémios MTV
2005 foi o ano em que Lisboa recebeu a 12.ª edição dos MTV Europe Music Awards. No dia 3 de Novembro, o então Pavilhão Atlântico (actual MEO Arena), recebeu toda uma chuva de estrelas. Madonna abriu o espectáculo, seguindo-se atuações de Coldplay, Pussycat Dolls, Gorillaz, Akon, Green Day, Robbie Williams, Black Eyed Peas, Foo Fighters, Shakira e System Of A Down, além de presenças de nomes como Jared Leto, Brittany Murphy, Gael Garcia Bernal, John Legend, Nelly Furtado, Sugababes, Sean Paul, Shaggy e os nossos Luís Figo e Nuno Gomes. Sasha Baron Cohen, na personagem de Borat Sardigyev, foi o apresentador.
Madonna foi uma das estrelas presentes em Lisboa para os MTV Europe Music Awards
Os premiados foram Green Day com Melhor Álbum ("American Idiot") e Melhor Grupo Rock, Coldplay para Melhor Canção "Speed Of Sound", Chemical Brothers para Melhor Video ("Believe"), Shakira para Melhor Artista Feminina, Robbie Williams para Melhor Artista Masculino, Gorillaz para Melhor Grupo, James Blunt para Melhor Revelação, Black Eyed Peas para Melhor Grupo Pop, Alicia Keys para Melhor Artista R&B, Snoop Dogg para Melhor Artista Rap e System Of A Down para Melhor Grupo Alternativo. Bob Geldof recebeu o Prémio "Free Your Mind" e os The Gift venceram o Best Portuguese Act.
12. Luciana Abreu na Eurovisão
O 50.º Festival da Eurovisão teve lugar no Palácio dos Desporto de Kyiv na Ucrânia, com a semifinal no dia 19 de Maio e a final no dia 21. Maria Efrosnina e Pavlo Shylko foram os apresentadores.
Participaram 39 países, juntando-se aos 36 que concorreram no ano anterior as estreias da Bulgária e da Moldávia e o regresso da Hungria, ausente desde 1998. O Líbano também esteve para fazer a sua estreia e até tinha escolhido uma canção, mas a televisão desse país teve de desistir perante a obrigação de transmitir as actuações de todos países concorrentes, incluindo a de Israel, o que iria contra as leis libanesas que impedem qualquer reconhecimento do estado israelita.
Eládio Clímaco fez os comentários para a RTP e Isabel Angelino anunciou os votos de Portugal.
Este foi o segundo ano com uma semifinal onde 25 países competiram pelos dez lugares para a final onde se juntariam à Ucrânia, o país organizador, aos países do big 4 (Alemanha, Espanha, França e Reino Unido) e aos nove países mais bem classificados do ano anterior. As dez vagas para a final foram conquistadas por Hungria, Roménia, Noruega, Moldávia, Israel, Dinamarca, Macedónia, Croácia, Suíça e Letónia.
Sob o nome de 2B, Luciana Abreu e Rui Drummond representaram Portugal na Eurovisão
Nesse ano, pela primeira e até agora única vez, em vez de promover qualquer tipo de selecção, a RTP encomendou uma canção expressamente para participar no Festival da Eurovisão, lançando esse convite aos compositores José da Ponte e Ernesto Leite e ao letrista Alexandre Honrado. Foi então criada a canção "Amar", interpretada por Luciana Abreu e Rui Drummond sob o nome de 2B.
Ainda a um ano de se imortalizar como a Floribella, Luciana Abreu vinha de uma participação na segunda edição do "Ídolos" e Drummond tinha-se dado a conhecer na primeira edição da "Operação Triunfo". Apesar das pontuações máximas de Alemanha, França e Suíça (graças à diáspora), Portugal não foi além do 17.º lugar na semifinal com 51 pontos. (Claro está que doze anos mais tarde, quando a Eurovisão regressou a Kyiv, as coisas correram muito melhor para Portugal…)
Quem também ficou de fora foi o representante da Bélgica, o luso-belga Nuno Resende.
Helena Paparizou alcançou a primeira vitória da Grécia
No final, a vitória foi para a Grécia com o tema "My Number One" defendido por Helena Paparizou que já tinha representado o país em 2001 como parte do grupo Antique. Malta ficou em segundo lugar e Roménia em terceiro.
Também em 2005, realizou-se a 22 de Outubro em Copenhaga uma gala de comemoração dos 50 anos da Eurovisão onde, de entre catorze canções nomeadas, "Waterloo" dos ABBA, vencedora em 1974, foi eleita a melhor canção da Eurovisão de sempre. Já o Festival da Eurovisão Júnior decorreu em Hasselt, na Bélgica a 26 de Novembro, com a vitória da Bielorrússia na canção "My Vmeste", na voz de Ksenia Sitnik de dez anos.
13. Muita polémica na televisão nacional
O programa mais controverso que estreou em 2005 foi "Fiel Ou Infiel" na TVI. Tratava-se de uma adaptação de "Teste De Fidelidade", um programa brasileiro onde alguém presente em estúdio via imagens do seu cônjuge ou namorado/a a trair com um/a sedutora/a recrutado/a pela produção, seguindo-se o confronto entre traidores e traídos em estúdio, geralmente resultando em pancada.
A versão portuguesa tinha o mesmo apresentador brasileiro, João Kléber, cujo estilo espalhafatoso agitou as águas da TV portuguesa. E apesar de desde o início se ter descoberto que aquelas situações eram todas encenadas e que alguns daqueles casais não o eram de facto, "Fiel Ou Infiel" fez subir as audiências na TVI.
Já a SIC apostou no reality show "Senhora Dona Lady" onde um grupo de doze machões teria de viver numa casa e fora dela, na pele de uma mulher, com roupa, maquilhagem e até um nome a condizer. Um dos concorrentes é o conhecido artista Jaimão e outro, de seu nome Pedro, era aqui da minha terra. A apresentação esteve a cargo de Herman José e Sílvia Alberto.
Porém, com as mudanças na direcção da SIC, o programa foi suspenso logo na segunda semana.
Mais bem sucedido foi o reality show "Primeira Companhia" na TVI onde um grupo de famosos teria de viver sobre um regime de recrutas do exército. Teve duas temporadas sucessiva. A primeira foi vencida pelo ex-concorrente do Big Brother 1 Telmo Ferreira e a segunda pela actriz Cristina Areia. Na primeira temporada participaram nomes como José Castelo Branco, Alexandre Frota, Romana, Nuno Homem de Sá e Valentina Torres, e na segunda, Ruth Marlene, Arlinda Mestre, João Melo e Sá Leão.
14. Não houve ninguém como Alexandra Lencastre… mas quem matou o António?
Na teledramaturgia nacional, o grande destaque de 2005 foi a telenovela "Ninguém Como Tu". Da autoria de Rui Vilhena, Alexandra Lencastre brilhou como a pérfida Luíza Albuquerque, uma mulher que não olhava a meios para continuar a viver na riqueza. Depois de se divorciar de Mário (Vítor Norte) quando este fica falido e de enviuvar após o assassinato do segundo marido António (Nuno Homem de Sá), herdando a sua fortuna, Luiza parte em busca de reconquistar o amor da sua vida, o seu cunhado Pedro (Ricardo Carriço), ao mesmo que é atormentada por misteriosas dores de cabeça.
Alexandra Lencastre brilhou na telenovela "Ninguém Como Tu"
O referido assassinato de António foi o mistério que atravessou a trama toda, já que não faltava quem o quisesse ver morto. No último episódio, transmitido a 20 de Dezembro, a TVI fez toda uma pompa transportando a cassete com o capítulo gravado dentro de um carro blindado. No final, foi revelado que o assassino foi Guida (Sofia Aparício), uma amiga de Luíza.
O elenco ainda contou com nomes como Benedita Pereira, José Fidalgo, Dalila Carmo, Manuela Couto, Pedro Lima, São José Correia, Joaquim Horta, Liliana Santos, António Pedro Cerdeira, Lia Gama, Sinde Filipe e Rosa Lobato Faria.
Também na TVI, estrearam nesse ano as telenovelas "Mundo Meu", protagonizada por Margarida Vila-Nova e já bem no fim do ano, "Dei-te Quase Tudo". Isto para não falar da terceira temporada dos "Morangos Com Açúcar" que revelou vários nomes que fariam prolífica carreira na representação como Mariana Monteiro, Sara Prata, Jéssica Athaíde, Diana Chaves e Oceana Basílio, bem como FF.
15. Lá foram estrearam séries marcantes
Lá fora estrearam séries como "Medium", "How I Met Your Mother", "American Dad", "Robot Chicken", "The Suite Life Of Zac And Cody", "Zoey 101", a versão americana de "The Office", "Anatomia De Grey", "It's Always Sunny In Philadelphia", "Prison Break", "Bones", "Supernatural", "Everybody Hates Chris", "Ben 10" e o reboot de "Dr. Who".
16. Onze anos depois Benfica novamente campeão
Após onze anos, o seu mais longo período sem títulos, o Benfica venceu novamente a Superliga sob o comando do ex-selecionador italiano Giovanni Trappatoni. Porém as águias perderam a final da Taça de Portugal para o Vitória de Setúbal. O FC Porto venceu a Super Taça.
Já o Sporting chegou à final da Taça UEFA, que acabou por ter um desfecho tão aziago como a final do Euro 2004: ao comando de José Peseiro, os leões fizeram uma excelente campanha da Taça UEFA, desembaraçando-se de equipas como Feyenoord, Middlesbrough, Newcastle e AZ Alkmaar, rumo à final a ser disputada no dia 18 de Maio precisamente no Estádio de Alvalade. Com o factor casa e um adversário no CSKA Moscovo que parecia inspirar poucos receios, tudo indicava que o Sporting levantaria o troféu em casa e até foram os leões a inaugurar o marcados. Mas três golos do CSKA na segunda parte estilhaçaram o sonho dos leões…
Já o Liverpool venceu a Liga dos Campeões batendo nos penáltis o AC Milan em Istambul e, com José Mourinho no comando, o Chelsea volta a ganhar liga inglesa cinquenta anos depois.
Entretanto, Portugal assegurou confortavelmente a qualificação para o Mundial de 2006, vencendo facilmente o grupo, onde houvera espaço (ainda em 2004) para um esmagamento à Rússia por 7-1 e os maiores sustos vieram inesperadamente do Liechtenstein (depois do embaraçoso empate por 2-2 em Vaduz no ano anterior, uma vitória muito suada por 2-1 em Aveiro).
17. Tiago Monteiro na Fórmula 1
2005 foi ano em que voltámos a ter um português na Fórmula 1. Tiago Monteiro competiu a temporada desse ano ao volante da Jordan. Monteiro terminou a época em 16.º lugar mas fez história ao ser o primeiro português a subir ao pódio da Fórmula 1 no Grande Prémio dos Estados Unidos. Porém essa foi uma das páginas mais bizarras de sempre da história da Fórmula 1: devido a preocupações com as condições da pista de Indianápolis, as equipas com pneus da Michelin desistiram da corrida, o que fez que a corrida se tivesse desenrolado com apenas seis carros à partida, os das equipas com pneus Firestone: Ferrari, Jordan e Minardi. Tiago Monteiro terminou em terceiro, apenas atrás de Michael Schumacher e Rubens Barrichello da Ferrari. No pódio, deu-se a cena caricata de Schumacher e Barrichello a aceitarem silenciosamente os seus prémios e irem-se embora prontamente, enquanto Monteiro ficou sozinho a fazer a festa.
A festa de Tiago Monteiro no pódio da Fórmula 1
Ainda no desporto, o atletismo trouxe novas alegrias. Em Madrid, Naide Gomes sagrou-se campeã europeia do salto em comprimento em pista coberta, apesar de alguma polémica quando foi inicialmente atribuído à alemã Bianca Kappler um salto maior que a portuguesa, mas que claramente fora mal medido. Nos Mundiais ao ar livre em Helsínquia, Rui Silva nos 1500m e Susana Feitor nos 20km marcha conquistaram medalhas de bronze.
No Festival Olímpico da Juventude Europeia desse ano, na localidade italiana de Lignano-Sabbiadoro, Portugal alcançou nove medalhas, duas de ouro, três de prata e quatro de bronze, com destaque para a vitória na canoagem do K4 500m masculino, cuja tripulação incluía dois futuros grandes campeões: João Ribeiro e Fernando Pimenta.
18. Outros acontecimentos:
- Vinte anos depois do "Live Aid", o evento "Live 8" teve lugar a 2 de Julho em dez cidades, incluindo as duas do Live Aid original, Londres e Filadélfia, mas também Berlim, Paris, Roma, Moscovo e Joanesburgo. Entre as dezenas de artistas que actuaram, esteve a portuguesa Mariza, que por ser nascida em Moçambique, foi integrada no palco "Africa Calling" na Cornualha, juntamente com vários artistas africanos. - A Casa da Música no Porto, embora inicialmente projectada para quando a cidade foi Capital Europeia da Cultura em 2001, foi inaugurada este ano a 15 de Abril.
- Depois de décadas de um relacionamento conturbado, o Príncipe Carlos casou-se com Camilla Parker-Bowles a 9 de Abril. Com o casamento, Camilla recebeu o título de Duquesa da Cornualha.
- Angela Merkel tornou-se a primeira mulher chanceler da Alemanha, cargo que ocuparia durante dezasseis anos. Ellen Johnson Sirleaf foi eleita presidente da Libéria, tornando-se a primeira mulher democraticamente eleita para chefe de estado de um país africano.
- Isabelle Dinoire foi a primeira pessoa a quem foi aplicado um transplante de cara quase total.
- Natalie Glebova, canadiana de origem russa, foi coroada Miss Universo.
- O dramaturgo britânico Harold Pinter foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.
19 Gaming
2005 viu o lançamento mundial da XBox 360 e da Nintendo DS em Portugal
Entre os jogos mais marcantes lançados nesse ano estiveram Resident Evil 4, Devil May Cry 3 e God Of War.
20. Do zoo de San Diego para o mundo, surgiu o YouTube
Foi em 2005 que nasceu um site que mudaria o mundo. Três antigos funcionário da PayPal, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim criaram uma plataforma interactiva e acessível para partilha e visualização de vídeos. Esse site seria o YouTube, criado em Fevereiro desse ano.
O primeiro vídeo disponibilizado no site surgiu a 23 de Abril, com o título "Me At The Zoo", com dezanove segundos de imagens de um dos fundadores do YouTube, Jawed Karim, a visitar o Jardim Zoológico de San Diego.
O YouTube não tardou a fazer sucesso e apenas dois anos mais tarde, quando ainda os vídeos tinham de ter a duração máxima de dez minutos, a duração de todos os vídeos disponíveis no site era de mais de quinhentos milhões de minutos! Através do site, milhões de pessoas em todo o mundo puderam criar e desenvolver todo o tipo de conteúdo, (como por exemplo, músicos dando a conhecer ao público o seu repertório) ao ponto de para milhares de pessoas o seu conteúdo no YouTube ser um trabalho a tempo inteiro. Actualmente, o YouTube é o segundo site mais visitado em todo o mundo, apenas atrás do motor de busca do Google. Calcula-se que existam mais de 2 biliões de utilizadores ativos em cada mês e que a cada minuto são disponibilizadas mais de 500 horas de conteúdo.
Para todos os leitores e seguidores da "Enciclopédia de Cromos", um feliz ano de 2025!
Analisando três blocos publicitários da RTP 1 do dia 23 de Dezembro de 1987, durante a transmissão do filme "Os Salteadores Da Arca Perdida". (Vídeos do canal Máquina Do Tempo, a partir do acervo de Afonso Gageiro.)
- Um dos nomes incontornáveis da publicidade dos anos 80, o televisor Sony Black Trinitron, que de tanto aparecer na televisão, fazia-me parecer o Rolls Royce dos televisores. E claro está, no final lá vinha a famosa voz masculina a dizer "It's a Sony!". A marca japonesa era tão credenciada nos anos 80 e 90, que por exemplo, quando pude comprar o meu primeiro walkman, só havia uma marca possível a considerar.
- Uma das diversas marcas que elevavam a fasquia da virilidade e elegância masculina. As camisas Victor Emanuel! (não, não é o actor de "Os melhores anos" e que fazia a voz do burro Pavarotti na "Quinta das Celebridades").
- Um dos clássicos presentes de Natal para as mães: o mini-aspirador portátil Black & Decker. Este anúncio não é o que contem o famoso jingle "Não tem fio e não tem pilhas", relatando em vez disso o afã de uma dona de casa a limpar a sala antes da iminente visita da sogra.
- Célebres marcas nacionais que (julgo eu) já foram à vida #1: os pneus Mabor!
- Carlos Cruz profere os votos de Festas Felizes do arroz Caçarola (que anos mais tarde, iria aparecer proeminente na primeira encarnação do concurso "O Preço Certo", apresentado por Cruz).
- Além do esfregão Bravo tradicional, os encarregados de lavar a loiça do almoço de Natal tinha um novo: o esfregão Bravo Inoxidável. E como miúdo tótó que se deixava levar por tudo que via na TV como eu era, lembro-me de chegar a pedir à minha mãe para comprar este esfregão só para saber se era mesmo tão fofinho como a actriz do anúncio declarava que era. (Pelo que me lembro, nem por isso.)
- Uma das minhas prendas do Natal desse ano: o álbum "Muita Lôco" dos Ministars, oferecido por uns tios. Os arqui-rivais dos Onda Choc tinham surgido no início desse ano com o primeiro álbum homónimo (que tinha recebido nos meus anos em plena convalescença de papeira) e agora voltavam a ser campeões de vendas no Natal, versionado temas como "Contentores" dos Xutos & Pontapés, "I Wanna dance With Somebody" de Whitney Houston e "Lover Why" dos Century
- Um curioso anúncio da gasolina Mobil de que já não me lembrava com um senhor em dificuldade em subir uma ladeira virtual até atestar com Mobil Superpower.
- Uma boa prenda para os dias frios de Dezembro: o termo-ventilador Braun, portátil e "pendurável".
- Uma sugestão de prenda mais cultural: o livro "Cerâmica Portuguesa e outros estudos" de José Queiroz.
- Célebres marcas nacionais que (julgo eu) já foram à vida # 2: cafés A Brasileira - Porto. Eles são (eram?) café.
- Depois do termoventilador, a Braun sugere-nos agora a força do vapor com o ferro de engomar Braun Vapor 6000 (ainda do tempo em que nenhum electrodoméstico digno do seu nome podia prescindir de ter um número - sobretudo "não sei quantos-mil" atrelado)
- Eternos inevitáveis na publicidade natalícia eram os anúncios a perfumes. Neste vemos uma mulher tipicamente eighties a representar o perfume Quartz, "o presente que nenhuma mulher pode recusar".
- Um anúncio teaser com um estranhíssimo boneco (aqueles cornos pareciam ser braços de gente) que se dizia ser "o Bafo da Sorte" e que escrevia "6/47" num vídeo previamente "bafejado". Mais tarde vir-se-ia a saber que era uma campanha de promoção ao Totoloto, que brevemente passaria ter 47 números para escolher em vez dos iniciais 45.
- Anúncio cheio de semi-megalomania eighties às baterias e pilhas Tudor.
- Outro anúncio que me ficou gravado na memória: o do espumante Raposeira onde, numa festa, um homem e uma mulher escapuliam-se para debaixo de uma mesa com uma garrafa de espumante e dois flûtes. Lembrava-me bem deste anúncio devido à parte em que ela não resiste em fazer chocar os flûtes, ao que ele responde com um "sssh" para não chamar atenções.
- Célebres marcas nacionais que (julgo eu) já foram à vida # 3: o óleo Tianica.
- Também este anúncio de Natal da Sumol com um coro infantil ficou-me na memória porque sempre que dava na televisão, a minha mãe dizia que eu era parecido com o miúdo de casaco amarelo e cachecol branco que segura uma cartolina que foram a letra O de Sumol. (Aos 5:19, o segundo a contar da direita na fila de cima).
- Interessante anúncio ao Volkswagen Golf, com um carro a ser magicamente montado peça a peça, condutor incluído. Mítico o slogan: "Não é um carro, é um Volkswagen!"
- Mais uma sugestão livreira: "África Negra" de Paula Costa e Susana Marta.
- Eis que surge Madonnaherself, que acabava de editar o álbum "You Can Dance" que continha remisturas de vários dos seus êxitos e um tema inédito: "Spotlight".
- Mais um livro, desta vez um clássico moderno da literatura portuguesa, "Um Amor Feliz" de David Mourão Ferreira, que já ia na quarta edição. O livro, que relata a relação amorosa entre um escultor viúvo e uma mulher espanhola casada, chegou a ser adaptado para uma mini-série que passou na RTP em 1990, com Rui Mendes no principal papel.
- Um anúncio ao espumante Freixenet Carta Nevada, em tons tão dourados que não sei como não houve retinas feridas quando dava este anúncio na televisão.
- Um grão de café fantasiado de Pai Natal dá os votos de Boas Festas em nome da Delta Cafés.
- Uma variação do anúncio da Mobil de há cinco minutos atrás, desta vez com um senhor num camião.
- Para terminar, um anúncio do Grupo Amorim, dedicado à indústria da cortiça.
Extras:
Mais dois intervalos do mesmo dia
Inclui a programação para o dia seguinte (Véspera de Natal)
Momento de continuidade com Helena Ramos (onde esta esclarece que não existia o 51.º capítulo da telenovela "Roque Santeiro")
Com o Natal mesmo à porta, recordamos hoje uma série animada bem adequada a esta época. No seu original "Mori no Tonto-Tachi", "Noeli" foi uma série animada japonesa de 1984 de 23 episódios. A série passou duas vezes na RTP1, a primeira entre Novembro de 1987 e Abril de 1988 aos Sábados de manhã no espaço "Juventude & Família" e a segunda diariamente durante as férias de Natal entre 15 de Dezembro de 1990 e 6 de Janeiro de 1991.
A série passa-se na Lapónia, numa pequena comunidade liderada pelo titular Noeli, um simpático velhinho de barbas brancas que todos os anos por altura do Natal sai pelo mundo para distribuir presentes para todas as crianças. (Sim, trata-se do Pai Natal!). Nessa povoação, vivem também os Tontos, que trabalham nas mais diversas funções para preparar a saída anual de Noeli: existem os fabricantes de brinquedos, os guardadores de renas, os lenhadores, os moleiros… A série acompanhava a vida nesse povoado desde o início do Inverno até à chegada da Primavera.
Mas embora Noeli seja a personagem-título, a protagonista da série é a jovem Elisa, uma menina bondosa e sonhadora. Elisa vive na mansão de Noeli e da esposa Maria, uma vez que o seu pai Emílio é o zelador-mor da mansão, bem como a sua mãe Helga e o seu avô Elias.
Elisa também tem um grupo de amigos com quem vive grandes aventuras em pleno convívio com a natureza e os animais. O seu melhor amigo é Mário, um rapaz curioso e intrépido que por vezes sente-se um bocado ignorado no meio da sua extensa família, também composto pelos seus pais, a sua avó, a irmã mais velha Mafalda e dois irmãos gémeos mais novos. Do grupo também fazem parte Hugo e Ana, filhos do chefe da fábrica de vidro, e João e Carina, dois órfãos que foram criados pelo avô. De vez em quando também são acompanhados por Paulo, o filho do ferreiro e órfão de mãe.
Em cima: Elisa, João, Carina, Ana Em baixo: Hugo, Mário, Mafalda, Paulo
Elisa também é próxima de Álvaro, o Tonto tratador das renas que escolhe as oito que acompanharão Noeli na sua viagem. Outro Tonto com quem Elisa e os amigos simpatizam muito é Matias, que traz as cartas das crianças de todo o mundo para Noeli. Lembro-me que num dos episódios, Elisa e os seus amigos reparam que Álvaro, Matias e os outros Tontos nunca receberam nenhuma carta, e eles decidem escrever cartas para agradecer todo o seu esforço e dedicação.
Noeli, Maria, Emílio, Helga, Elias
O site "Brinca Brincando" (um enésimo agradecimento!) refere que no Natal de 1989 (e creio que voltou a repetir algures nos anos 90, após a segunda exibição), passou um compacto de uma hora da série produzido nos Estados Unidos, chamado "Aventura de Natal, que não só tinha uma equipa de dobragem diferente da série, como alterou os nomes das personagens: por exemplo, o próprio Noeli que passou a ser abertamente referido como Pai Natal e o Mário passou a chamar-se Paulo.
A versão que passou na RTP era a espanhola, com o mesmo genérico e os créditos em espanhol, mas obviamente com dobragem em português. Dobragem essa que contou com nomes como Argentina Rocha, Carmen Santos, Isabel Alarcão, João Perry, José Gomes,José Jorge Duarte, José Pedro Gomes, José Wallenstein, Manuela de Freitas e Teresa Madruga.
O "Natal dos Hospitais" é há várias décadas uma instituição da quadra natalícia em Portugal, tendo gerado vários artigos aqui no blogue da "Enciclopédia de Cromos". Desde o início deste século que a RTP transmite esta telemaratona na primeira quinzena de Dezembro, mas quem nasceu e cresceu nos anos 70, 80 e 90 sabe que nesses tempos o "Natal dos Hospitais" costumava ser uns dias antes da noite da Consoada, dando um elã extra às nossas férias de Natal em petizes.
No ano passado, a "Enciclopédia de Cromos" fez um deep divena edição de 1985 do "Natal dos Hospitais" e este ano propõe uma revisita a outra edição, a saber a de 1990, também ela disponível para visualização no portal de Arquivos da RTP.
Esta edição, organizada como era hábito em esforço conjunto pela RTP, o Diário de Notícias e a Philips portuguesa, teve lugar no dia 21 de Dezembro de 1990, tendo como ponto principal o Hospital São Francisco Xavier em Lisboa, mas com ligações ao Porto e aos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Uma particularidade desta edição do "Natal dos Hospitais" é que teve a sua própria theme song, que foi cantada várias vezes ao longo do evento, e como vão perceber, fica no ouvido. Pergunto-me se havia a intenção de fazer deste o tema oficial do "Natal dos Hospitais" para os anos vindouros, mas pelo que me lembro só foi utilizada neste ano. E eis o refrão que se vai ouvir bastante ao longo desta maratona e garanto-vos que, se a ouvirem, não vos sairá da cabeça até ao Dia de Reis!
O programa começa com a chegada nessa tarde chuvosa de uma ambulância para o Hospital Francisco Xavier e após uma imagem da fachada do dito hospital, dá-se a ligação para o palco onde a banda residente interpreta a versão completa do tema da edição, com os músicos em vestimentas a fazer lembrar os Reis Magos e as vocalistas em trajes de anjos.
- A imbatível dupla Eládio Clímaco e Ana Zanatti dá as boas vindas aos telespectadores,
- A primeira actuação é a de um rancho folclórico que ficou por identificar, mas creio que deveria ser oriundo das redondezas da Serra da Estrela, já que esta é mencionada na cantiga.
- Dois funcionários da Rádio Difusão Portuguesa, Jorge Afonso e Maria Júlia Guerra, dão as suas saudações a todos os que estejam a assistir, sobretudo os mais infortunados. Referem também que a transmissão deste evento pela Antena 1 não será em directo mas será transmitida em diferido no dia de Natal.
- Sucede-se a ligação ao Porto, mais concretamente ao Hospital Magalhães Lemos, que começa com um número de dança de temática natalícia pelo Grupo de Bailado do Boavista Futebol Clube.
- Este bloco no Porto vai decorrer sob o signo da magia, com a presença de um muito jovem Luís de Matos. O nosso mais renomeado ilusionista tinha então somente 20 anos mas já era então uma presença ocasional nas produções da RTP Porto. Em palco, Luís de Matos manobrou uma bengala flutuante e vários maços de cartas que apareciam e desapareciam do nada. Entre as actuações no Porto, Luís de Matos efetuou vários truques de magia.
- Em voz-off (à qual Luís de Matos referia como "voz mistério"), a apresentadora Madalena Balça anuncia actuação do Septeto Jazz do Porto com o tema "Do Nothin' Until You Hear From Me".
- Depois de um truque de Luís de Matos com uma folha de jornal, um jarro de leite e uma lâmpada e alguns dados sobre o Hospital Magalhães Lemos (cujo nome homenageia um dos principais nomes da psiquiatria em Portugal), a actuação da fadista portuense Sara Pinto, ou simplesmente Sara, com "Malhão Do Sul". Natural do Bonfim, nesse ano de 1990 Sara editou o seu primeiro álbum "Raminho De Violetas" e participou no Festival da Canção com "Deixa Lá (O Pior Já Passou)". Após a actuação, Sara ajudou Luís de Matos num truque com cartas...e uma espada! (Infelizmente, Sara Pinto faleceu de doença prolongada em 2023.)
- O grupo Sol Nascente trouxe um tema popular, Luís de Matos transformou leite num lenço branco e depois em vários confetes brancos e seguiu-se a actuação do grupo Terramar. Este projecto portuense, com Luísa Saraiva como vocalista, lançou em 1991 o seu único álbum "Não Me Sigas Na Calçada", cuja faixa-título foi a canção mais conhecida. (Durante a actuação vê-se as míticas duas cruzinhas, que a RTP utilizava para anunciar um novo programa a começar na RTP2.)
- Um sketch de humor com Óscar Branco e José Raposo, como o Irmão Morcão e o seu acólito e depois, José Alberto Reis (aka o Júlio Iglesias de Guimarães) canta "Uma Noite Juntos".
- Graças ao coelho Artur de Júlio Iglesias, ficamos a saber que a próxima actuação era a dos GNR, que levaram aquela que é pessoalmente uma das minhas canções favoritas deles, "Morte Ao Sol", a faixa que abra o álbum "Valsa Dos Detectives" de 1989.
- Depois de só termos ouvido a voz dela, finalmente Luís de Matos fez Madalena Balça (então uma das apresentadoras do programa matinal "Ponto De Encontro" - nada a ver com o futuro programa da SIC do mesmo nome) surgir em carne e osso no palco. Os dois chamam de novo ao palco todos os artistas que actuaram no Porto.
- Um Pai Natal entregou a Madalena Balça uma carta que diz que o Boavista Futebol Clube oferecia um videogravador ao Hospital Magalhães Lemos. Para terminar em beleza este bloco do Porto, a actuação da Tuna Universitária do Porto.
Nesta segunda parte, havia a habitual ligação às Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, mas também incluiu algumas actuações em Lisboa.
- Novamente a actuação da banda residente com o tema desta edição.
- Um sketch com o actor Rui Luís vestido de Pai Natal e o artista João Canto e Castro, conhecido por imitar vozes (aliás poderão reconhecer a sua voz, tanto a real como a das imitações dos bonecos do "Contra Informação"). Confrontado com a impossibilidade de poder tocar no "Natal dos Hospitais", João Canto e Castro liga a "Cavaco Silva" e "Alberto João Jardim" para intercederem a seu favor.
- E por falar em jardim, passamos para a Madeira onde somos recebidos pelo Coro de Câmara da Madeira, dirigido por Vítor Costa, com a canção "Da Serra Veio Um Pastor".
- A apresentadora anuncia agora a actuação do grupo Outra Banda com o tema "Ser Ilhéu". (E olhem, até gostei da canção, merecia ter sido um hit!)
- Não, não é o Clark Kent madeirense, é João Miguel Pires a cantar sobre a menina "Pintucina".
- Ricardo Spínola, uma voz que tinha levado a Madeira além-fronteiras, interpretou "Jogo Em Ti A Vida". Mas não seria a cantar que a voz de Ricardo Spínola ficaria imortalizada, mas sim na dobragem do "Dragon Ball" - foi ele a voz do Tartaruga Genial!
- Uma banda com o curioso nome de Salsinhas de Abalada levou um tema em inglês, "December 24".
- A ligação à ilha da Madeira termina com os votos de Natal da apresentadora e o coro infantil da Madeira com "Vai Ser Natal Outra Vez".
- De volta a Lisboa, novamente a theme song e vemos chegar as duas Primeiras Damas da nação: Maria Barroso (acompanhada pelo neto petiz) e Maria Cavaco Silva.
- João Canto e Castro volta a tentar a sua sorte e desta vez liga para o Vaticano para falar com o "Papa João Paulo II" himself!
- E vamos agora aos Açores, sob a apresentação de Vítor Cruz, para ouvir "Reis Do Faial" do grupo Bela Aurora.
- O Coro Doutor Edmundo Machado de Oliveira cantou "A Lira", tema tradicional da Ilha Terceira, e "We Wish You Merry Christmas".
- À guitarra e à viola, José Pracana e Alfredo Gabo da Câmara tocaram a "Canção de Alcipe" do filme "O Bocage" e depois acompanharam Piedade Rego Costa no fado "És Tudo Para Mim". Seguiu-se o grupo Os Serrotes com "Dias de São Miguel".
- Para terminar em beleza esta ligação aos Açores, ninguém menos que Ágata! Sim, mesmo não sendo açoriana, foi lá que a artista de verdadeiro nome Fernanda de Sousa marcou presença nesta edição do "Natal dos Hospitais" com "Amor Latino". Na altura, ela já actuava há três anos sob o nome Ágata, e tinha um álbum editado em 1989, mas ainda estava a três anos do disco "Perfume de Mulher", que a catapultaria para o estrelato.
- De regresso ao Hospital São Francisco Xavier, Rui Castelar e Dina Isabel deixam os seus votos e anunciam a próxima actuação: o "Auto Do Menino Sagrado" por parte do Grupo Juvenil da Cruz Vermelha Portuguesa. (Ai, Jesus, aquela flauta!)
- Ana Zanatti e Eládio Clímaco leem a habitual mensagem de Natal do "Diário de Notícias". Segue-se o coro do Hospital de São José, primeiro com um tema colectivo e depois com o Dr. Pedro Vasconcelos como solista na conhecida ária napolitana "Funiculi Funicula".
- Outra vez a canção: "Natal, Natal, Jesus é nosso guia…"
- Atuação da cantora Ilda de Castro, que uns anos antes teve um grande hit com "Beijinho Português" ("Ai, beija um, beija dois e beija três, como é que gostoso o beijinho português.") e aqui levou outro tema de que eu até me recordo bem "Bom Dia, Bom Dia". Infelizmente não consegui encontrar grande coisa sobre Ilda de Castro na net além da sua discografia disponível online, (certamente não é Ilda Teresa Castro que vem na Wikipédia) e a última publicação na sua página oficial do Facebook é de Março de 2022, anunciando a sua ida ao programa "Casa Feliz" da SIC.
- 1990 foi um ano triunfante para Rui Veloso cujo álbum "Os Mingos E Os Samurais" foi todo um campeão de vendas, pelo que ele também não poderia faltar. Veloso cantou "A Paixão (Segundo Nicolau da Viola", que juntamente com "Não Há Estrelas No Céu", andava então na boca toda a gente.
- Segue-se o cantor José Reza, a cantar sobre um amor de um Verão passado.
A partir de José Reza, quase todos os artistas que doravante pisaram o palco, traziam uma prenda para a Árvore de Natal, recebida por umas assistentes com uniforme de enfermeira (tendo em conta que a saia de uma delas nem se via por debaixo da bata, não estou em crer que fossem de facto enfermeiras), certamente para depois ser entregues aos pacientes do São Francisco Xavier.
- Actuação de Tila Maria em lamés dourados, que afirmou cantando "Eu Sou De Lisboa".
- Seguiu-se o cantor madeirense Gabriel Cardoso que disse cantando que as três coisas que ele (e toda a gente) mais quer na vida: "Saúde, Dinheiro E Amor".
- Segundo a sua apresentação, Maria Mendes tinha vivido em Paris mas apostava então numa carreira por cá. Em tons azul de forte, cantou em portunhol "Canta Corazón".
- Acompanhado pela sua banda, o intemporal Toy trouxe a canção com que concorreu ao Festival da Canção, "Mais E Mais", tendo ficado em terceiro lugar e valendo-lhe o Prémio de Melhor Interpretação. (E confesso que era a minha preferida do Festival desse ano.)
- Outra vez a canção composta expressamente para este "Natal Dos Hospitais".
- Maria Júlia Guerra e Jorge Afonso leem a mensagem de Natal da Rádio Difusão Portuguesa.
- Após um percalço com a música, o Grupo de Bailado de Jorge Trincheiras dançou "Credo da Missa Crioula" numa ária interpretada por José Carreras. Entre os nomes dos bailarinos, notei o de Leonor Keil que viria a tornar-se uma consagrada bailarina contemporânea e o de Ana Bacalhau (mas não creio que fosse a conhecida cantora desse nome).
- Não, não é a Rogue dos "X-Men", é Lília Kramer, artista vinda da Alemanha, para cantar "Quem Fui Eu?"
- Silêncio que se vai cantar o fado, primeiro com Gonçalo da Câmara Pereira e "São Rosas" e depois com Lena Maria e a "Criança".
- E por falar em crianças, um grupo de quinze crianças dos 3 aos 13 anos esteve em palco para acompanhar Alexandra Cruz em "Uma História de Natal".
- Rui Rocha (não o líder da Iniciativa Liberal) trouxe "Um Amor E Um Desejo".
- Os moinhos de maré do Seixal inspiraram o tema "Moinho De Passagem", trazido pelo grupo Luar De Janeiro.
- Eládio Clímaco e Ana Zanatti leem a mensagem de Natal da RTP. Segue-se mais uma vez a theme song, desta vez sem a presença da vocalista principal. (Já se verá mais adiante porquê.)
- O Trio Odemira trouxe o seu magnum opus "O Anel De Noivado" (também conhecido como "A Igreja estava toda iluminada"). Foram também vistas imagens do Trio a visitar os pacientes do São Francisco Xavier.
- Por estas alturas, Jorge Fernando tinham deixado de lado o fado para enveredar por uma onda mais de música ligeira ("Umbadá", a sua entrada no Festival da Canção de 1985, será o exemplo mais emblemático desta fase). Aqui levou um tema com mensagem religiosa, mas cujo título desconheço (arriscaria "De Onde Vem Esta Voz").
- Ó minha Lenita Gentil que partiste tão cedo para vir ao Natal dos Hospitais cantar "Lisboa Cidade Sol"! Enquanto isso o cantor Manuel Clemente Azevedo, ou simplesmente Clemente, trouxe "Baila Cigana".
- E está explicado porque é que a vocalista principal do tema desta edição do "Natal dos Hospitais", que respondia pelo nome de Ariane, não estava presente na última performance da banda residente: ela também teve a sua própria actuação a solo, cantando "Maria do Mar" (num timbre a lembrar Edith Piaf) acompanhada por António Chainho e Pedro Nóbrega.
- Para terminar esta terceira parte, a actuação de um grupo de danças e cantares tradicionais composto por… empregados bancários!
Ana Zanatti e Eládio Clímaco procedem ao habitual sorteio de televisores Philips a serem entregues a diversas unidades hospitalares e/ou estabelecimentos prisionais por todo o país. O Pai Natal (Rui Luís) entra em palco com um pónei e Maria Barroso foi convidada a retirar os sobrescritos sorteados (ela ainda perguntou ao neto, que tinha o mesmo nome do seu célebre avô, se ele também queria fazê-lo mas o petiz recusou). Os televisores a cores foram para a Misericórdia de Anadia, o Centro de Dia de Santa Tecla (distrito de Braga) e a Maternidade Bissaya Barreto em Coimbra.
O seguinte bloco de actuações foi dedicado ao público infantil:
- Primeiro os Ministars com "A Namoradinha de Roque", versão de "Jailhouse Rock", do álbum "É De Caras".
- Seguiram-se três meninas a cantar uma canção sobre a esperança: a Sara, a Joana e a Inês. (Foi também anunciado um rapaz chamado Duarte mas ele não apareceu).
- O palco foi pequeno para todos aqueles que, trajados a rigor, acompanharam Cristina Paço D'Arcos a.k.a Kika em "Namorar". Com então claras pretensões de ser a Xuxa portuguesa, Kika tinha participado nesse ano no Festival da Canção com "Terceiro Milénio", tendo-se quedado pelo último lugar. Grande parte do repertório de Kika esteve a cargo nada menos de Eugénio Lopes a.k.a. Gimba.
- Segue-se uma muito jovem Ruth Marlene, ainda a uns anos dos seus primeiros grandes hits como "Só À Estalada" e "A Moda do Pisca-Pisca", numa canção em que diz que gosta muito de estudar, mostrar do que é capaz, cantar, dançar e viver em paz.
- Os Onda Choc com a faixa-título do seu então mais recente álbum "Feira Popular", uma versão de "Puppet On A String" de Sandie Shaw. E a vocalista principal nesta canção era nada menos que Joana Seixas, então com somente 14 anos, que viria tornar-se numa reconhecida actriz.
- Para terminar este bloco, Rita Andreia pedindo um "Natal Sem Guerra".
Tempo para mais um sorteio de televisores a cores Philips. (Ainda valeria a pena referir, no ano do Senhor de mil novecentos e noventa, se um televisor era a cores? Estou em crer que, mesmo apenas dez anos após a televisão a cores ter chegado a Portugal, já não se deveria fabricar ou vender por cá televisões a preto e branco, pelo menos novinhas em folha.) Maria Cavaco Silva retirou os três envelopes que contemplaram o centro de dia da Santa Casa da Misericórdia da Guarda, Centro de Dia de Três Povos (no distrito de Castelo Branco) e a Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Condeixa-A-Nova.
- Manuela Paulino anuncia a próxima actuação, precisamente a dos seus dois filhos Nuno e Henrique Feist, então com 19 e 18 anos com "Crime Of Passion". Desde tenra idade que os manos Feist mostravam grande talento para a música, onde têm construída uma vastíssima carreira. E, claro, para além do seu extenso currículo como cantor, Henrique Feist é conhecido por ser a voz portuguesa do Son Goku do "Dragon Ball".
- A saudosa Cândida Branca Flor, também ela vista a visitar os pacientes do São Francisco Xavier, num "Bailinho Português".
- Quem também infelizmente já não está entre nós é Roberto Leal, o artista sempre com um pé em Portugal e outro no Brasil.
- Quem na altura estava em início de carreira era Rita Guerra, anunciada como a "revelação musical de 1990", mas que viria a confirmar-se como uma das melhores cantoras da nossa praça. Neste "Natal dos Hospitais" ela trouxe a canção que deu título do seu primeiro álbum "Pormenores Sem A Mínima Importância".
- Um interessante diálogo musical entre violino e guitarra com Pedro Teixeira da Silva e Tó Gonçalves.
- Acompanhada ao piano por Raúl Camacho, a grandiosa Simone de Oliveira cantou "Tango Ribeirinho".
- Altura agora para as danças indianas com o Grupo Baghini (que em hindu significa "fraternidade").
- Mais um sorteio de televisores Philips, agora com o Dr. Veiga Anjos, em representação do Diário de Notícias, a retirar os envelopes sorteados, para a Maternidade Alfredo da Costa, a Cadeia das Mónicas no distrito de Lisboa e o Hospital Distrital de Amarante.
- Acompanhados pela banda residente, Luísa Oliveira cantou "Se Não És Tu" e Tony Jackson versionou "How Am I Supposed To Live Without You" de Michael Bolton, "What A Wonderful World" de Louis Armstrong e "Isn't She Lovely" de Stevie Wonder. Ambos participariam futuramente no Festival da Canção: ela em 1993 sob o nome de Liza Mayo com "Talvez Noutro Lugar", ele vencendo em 2001 como metade do duo MTM com Marco Quelhas e "Eu Só Sei Ser Feliz Assim", participando depois no Festival da Eurovisão desse ano em Copenhaga.
- Nesse ano, e ao contrário do que era (e continua a ser) hábito, o Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras não trouxe o seu perene hit "A Todos Um Bom Natal", mas sim outra cantiga de Natal, este "Um Feliz Natal".
- Paco Bandeira foi outro dos artistas a visitar os pacientes do hospital. Ao palco levou o tema "Chamavam-lhe Feiticeira".
- Ainda vivendo o ponto alto da sua carreira iniciado com o incontornável "Conquistador" no ano transacto, os Da Vinci tinham editado nesse ano o álbum "A Dança Dos Planetas" de onde foi retirado este "Eu Nasci Em Portugal", sonoramente muito semelhante a "Conquistador". Iei-Or, Pedro Luís e companhia foram ainda vistos a visitar a secção de pediatria do hospital. De referir que nesta fase os Da Vinci contavam nos coros com Maria João Silveira, que mais tarde seria apresentadora na RTP e RTP África, com destaque para a temporada de 1998 dos "Jogos Sem Fronteiras".
- Seguiu-se Lena D'Água com "Já Não Sou Quem Era", um dos cinco temas inéditos de António Variações, por ela gravados para o álbum "Tu Aqui" de 1989. (Mais tarde esse tema seria recuperado em 2004 pelo projecto Humanos.) Os vinte anos seguintes seriam pessoalmente conturbados para Lena D'Agua, mas felizmente ela ainda está cá para as curvas e lançou este ano um novo álbum "Tropical Glaciar".
- Despedimo-nos de Marco Paulo no mês passado e agora recordamo-lo aqui, ele que foi durante décadas a fio um dos pontos altos de cada edição do "Natal Dos Hospitais". Durante a sua actuação com "Ai, Ai, Ai, Meu Amor", Marco Paulo foi visto a abençoar um recém-nascido na secção de maternidade do hospital.
O último sorteio dos televisores Philips, pela mão de precisamente o representante da Philips Portuguesa, que foram para o Centro Paroquial Social de Chaves, a Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide e a Santa Casa da Misericórdia de São Pedro do Sul.
- Após as despedidas com votos de boas festas por parte de Eládio Clímaco e Ana Zanatti, veio o coro infantil da Escola Sueca em Portugal, com uma cantiga sobre o dia Santa Luzia, comemorado na Suécia a 13 de Dezembro. Nesse dia, as procissões realizadas um pouco por todo esse país são lideradas por uma rapariga vestida de branco com uma coroa de velas acesas na cabeça, como a jovem que é vista no centro do palco. E seguiu-se uma versão em sueco do tema oficial deste Natal dos Hospitais.
- O nosso mais aclamado tenor lírico Carlos Guilherme com a sua versão de "Teus Olhos Castanhos".
- Da revista "A Grande Festa" no Teatro Variedades, uma rábula humorística com Sandra Marina e Paula Cruz, esta conhecida da TV pela telenovela "Passerelle" e a série "Pisca-Pisca Tudo Na Maior".
- A voz poderosa de Teresa Maiuko num tema bem ritmado, cujo título desconheço.
- Este último bloco fecha o evento com chave de ouro, sob o signo do humor. Primeiro com Fernando Pereira, sob o avatar de um cantor cigano, num medley portunhol com "Volare", "As Pombinhas Da Catrina", "Três Pombinhas A Voar", "Candeeiros Bem Bonitos", "Atirei O Pau Ao Gato" e "Ó Elvas, Ó Elvas".
- Carlos Alberto Moniz com o mítico tema do concurso "Arca De Noé", que na altura ia na sua segunda temporada. "Vamos fazer amigos entre os animais…"
- Para fechar com chave de ouro, só podia ser ele: Herman José. Acompanhado por Ana Bola (que ostentava uns vistosos leggings com estrelas) e Vítor De Sousa, e sob o seu lendário alter ego de José Estebes, os três tiveram um pequeno apontamento de humor antes de se lançar no seu grande hit: "Vamos Lá Cambada!" (um hino tão colossal que já teve o seu próprio artigo aqui no blogue). No final, além de algumas crianças da audiência, os outros artistas também surgiram em palco, que Herman aproveitou para interpolar "O Anel De Noivado" e "Trocas E Baldrocas".
- Nesse ano, não houve o "A Todos Um Bom Natal" a fechar o "Natal Dos Hospitais", mas sim novamente o tema desta edição, já com Ariane de volta ao coro. Cantemos mais uma vez: Natal, Natal, Jesus é nosso guia…
Eu tinha algumas memórias de ver a edição de 1990 do "Natal Dos Hospitais" mas, como é óbvio, recordei muitas coisas de que já não me lembrava. Para mim, foi mais uma bonita recordação dos meus tempos da infância e pré-adolescência, quando o "Natal dos Hospitais" era mais um dos ingredientes que tornavam a quadra natalícia tão fascinante para mim (acho que o programa começou a perder a sua magia quando passou a ser feito na primeira quinzena de Dezembro, quando antes era a poucos dias da Consoada). Ao rever esta edição, duas coisas se destacaram para mim.
- Primeiro, a assistência nesse ano estava particularmente animada, batendo energicamente as palmas em cada canção e as câmaras a captarem vários espectadores (em especial crianças e jovens) a dançarem ao som das canções apresentadas. Mas ao contrário do que era frequente em muitos anos, não foram vistos na plateia muitos pacientes em macas e cadeiras de rodas e funcionários do hospital (sobretudo comparado com a edição de 1985 aqui analisada no ano anterior, onde podiam ser vistos bem perto do palco). Suponho que se tenha decidido que não valia a pena transportar um grande número pacientes para o palco, dado o frio e a chuva nesse dia poder afectar a sua recuperação.
- Depois, talvez por ser o início dos anos 90, esta edição introduziu para a nova década algumas novidades relativamente aos anos anteriores, embora a maioria delas apenas tenham acontecido nesse ano. A mais óbvia foi a já amplamente referida theme song. Depois, a ordem de ligações até então costumava ser Açores, Madeira, Porto, Lisboa e nesse ano foi Porto, Madeira, Açores, Lisboa. Houve a iniciativa de ter alguns artistas a visitar os pacientes do hospital, com essas imagens captadas durante as respectivas actuações e o gesto dos artistas entregarem uma prenda para a árvore de Natal presente em palco. Não houve uma chamada de novo ao palco no final de cada bloco dos artistas que aí actuaram (à excepção da ligação ao Porto), como era habitual nas edições dos anos 80, tal como não houve o "A Todos Um Bom Natal" no fim. Essas alterações não tornaram o "Natal Dos Hospitais" de 1990 melhor nem pior, apenas um pouco diferente.