sábado, 27 de novembro de 2021

Sábado À Noite (2001-02)

 por Paulo Neto

Depois do cinco anos ao leme do "Big Show SIC", no início de 2001, João Baião mudou-se para a RTP para protagonizar um programa para as noites de Sábado, precisamente chamado "Sábado À Noite". ("O Big Show SIC" continuou entretanto por mais alguns meses conduzido por José Figueiras.) Ao todo "Sábado À Noite" teve 52 emissões entre 20 de Janeiro de 2001 e 5 de Janeiro de 2002. 


Este regresso à RTP foi um regresso às origens para João Baião. Embora tivesse entrado em várias séries da RTP como "Caixa Alta", "Chuva De Maio" e "Um Solar Alfacinha", foi em 1992 com a "Grande Noite" que Baião teve o seu primeiro grande momento de notoriedade junto do grande público. E "Sábado À Noite" recuperava um pouco o espírito da "Grande Noite", já que também tinha a direcção de Filipe La Féria e também transferia elementos do teatro de revista para a esfera televisiva. 
Por outro lado, também havia um certo quê de "Saturday Night Live" em "Sábado À Noite" uma vez que grande parte do programa decorria em directo num palco com assistência em estúdio e a cada semana havia um convidado especial que estava presente tanto no palco como nos sketches pré-gravados, bem como um convidado musical. 



Além de João Baião, Cristina Oliveira foi também presença constante em todos os programas. Vítor de Sousa também integrou  o elenco fixo sendo substituído por José Manuel Rosado (que viria falecer cinco meses depois do último programa exibido). O programa tinha ainda um corpo de baile e um grupo de cantores residentes, que incluía nomes que tinham alguma notoriedade tanto antes como depois como Telmo Miranda, Vanessa Silva, Lura, Paulo Vintém, Paula Sá, Carla Moreno, Susana Pinto e Silvana Faustino

Os cantores e os bailarinos também participavam em vários dos sketches pré-gravados, que parodiavam vários episódios da actualidade da altura, sobretudo os programas de televisão então exibido. Por exemplo, "Noites Africanas" parodiando as "Noites Marcianas", "Pimbastars" parodiando o "Popstars" (o programa que originou a girlband Non Stop) ou "Abandonada" que satirizava as telenovelas da TVI. Outro sketch que eu nunca esqueci foi uma paródia ao anúncio da Rádio Comercial (quando era "a rádio rock") em que uma beldade fazia playback de célebres temas rock, mas aqui um João Baião de cabeleira longa e maquilhagem promovia "a Rádio Sábado À Noite em RTP.0" e fazia lipsync de temas como "Na Minha Cama Com Ela", "São Lágrimas" ou "Chupa No Dedo" bem como sirenes da polícia, um cão a ladrar e a Marta da OK Tele Seguro! Recordo ainda um sketch em que João Baião imitava Manuela Moura Guedes a tentar acusar um rapaz chamado Joãozinho de delinquência até que o miúdo se revoltava e gritava: "Na SIC, a Maria Rueff imita melhor que tu!", uma alusão ao "Programa Da Maria" em que Rueff também parodiava MMG. 

Além dos sketches e os números artísticos em directo, "Sábado À Noite" também integrava as extracções do Totoloto e do Joker, com João Baião a conduzir os sorteios apoiado pela locução de Maria José Baião (sem parentesco, penso eu de que).   

Estes foram os convidados especiais em cada programa

20/1/2001: Simone de Oliveira e Anjos
27/1/2001: Alexandra, João Portugal, Henrique Feist, José Manuel Lourenço, Ricardo Castro e João Prim
3/2/2001: Marco Paulo, Helena Vieira, Eládio Clímaco, Henrique Feist e Isabel Noronha
10/2/2001: Cidália Moreira, D'Arrasar, Professor Karma e Heitor Lourenço
17/2/2001: Maria De Lima, Cristina Castro Pereira, Henrique Feist e António Leal
24/2/2001: Ana Zanatti e Artur Agostinho
3/3/2001: Rita Ribeiro, Rita Guerra e Beto
10/3/2001: Luís Aleluia, Carlos Quintas e Miguel & André
17/3/2001: Lenita Gentil, Francisco Mendes e Tiago Sepúlveda
24/3/2001: Lia Gama, Cláudia Modesto, André Sardet, Domingos e Dionísio Castro
31/3/2001: Lídia Franco e Milénio
7/4/2001: Florbela Queiroz e Pedro Miguéis
14/4/2001: Anabela e Xanadú
21/4/2001: Fernando Pereira
28/4/2001: Luísa Barbosa e Adelaide Ferreira
5/5/2001: Margarida Carpinteiro, Dellirium e MTM (representantes de Portugal no Festival da Eurovisão desse ano)
12/5/2001: Cazanova
19/5/2001: Maria Armanda (a fadista, não a cantora de "Eu Vi Um Sapo") e Gonçalo (que é como quem diz, o Gonzo dos Excesso)
26/5/2001: Tó Cruz e João Prim
2/6/2001: Maria João Abreu e José Raposo
9/6/2001: Kika Santos e Hexa Plus
16/6/2001: Maria José Valério e Alexandra
23/6/2001: Maria Da Fé, Isabel Angelino e Filipa Gordo
30/6/2001: Inês Santos e Entre Aspas
7/7/2001: Sílvia Rizzo e Luís Represas
14/7/2001: Clemente e Raúl Marques & Os Amigos Da Salsa
21/7/2001: Nucha e Pedro Bargado
28/7/2001: Ana, Marta Soares e Rui Sá Jr.
4/8/2001: Bonga e UHF
11/8/2001: Paulo de Carvalho e Faces
18/8/2001: Mónica Sintra e Entre Aspas
25/8/2001: Luís Represas e Tó Leal
1/9/2001: Santamaria
8/9/2001: José Alberto Reis e Quinteto Jazz de Lisboa
15/9/2001: Rodrigo e Tó Leal
22/9/2001: Pilar Homem de Melo e Non Stop (provavelmente na sua última actuação em televisão enquanto quinteto já que Fátima Sousa sairia do grupo pouco tempo depois)
29/9/2001: Marco Paulo
6/10/2001: Ágata e Ana Brito e Cunha
13/10/2001: Nuno da Câmara Pereira
(Os quatro episódios entre 20/10 e 10/11 de 2001 não foram disponibilizados.)
17/11/2001: Anita Guerreiro, Maria João Abreu e José Raposo
24/11/2001: Maria Armanda, Fernando Gomes e Elsa Galvão
1/12/2001: Artur Garcia, Octávio de Matos e Lena Coelho
8/12/2001: Anabela, Florbela Queiroz e Rosa Villa
15/12/2001: Cidália Moreira, Rosa do Canto e Joel Branco
22/12/2001: Carla Andrino, Carlos Cunha e Anjos
29/12/2001: António Calvário, Natalina José e Carlos Paulo
5/1/2002: Alice Pires, Mariema e Camacho Costa




Além de quadros associados ao teatro de revista, os quadros em directo também podiam abranger outras as áreas, nomeadamente o teatro musical (onde foram interpretados temas de musicais como "Grease", "Cabaret", "Cats" e "Jesus Cristo Superstar"). 


De destacar que no programa de 15 de Setembro de 2001, João Baião, Cristina Oliveira e Tó Leal mais os cantores e bailarinos do programa envergaram trajes típicos de vários pontos do mundo para cantar uma medley de "Let It Be", "Um Abraço A Moçambique" e "We Are The World"; embora Baião tenha afirmado que se tratava de uma coincidência, como os ataques do 11 de Setembro tinham sido nessa semana, este momento musical acabou por ganhar outro relevo.  

"Sábado À Noite" encontra-se disponível no Portal de Arquivos da RTP.

Emissão na RTPi do segundo programa:


Número de "Grease" com João Baião e Ana Rita Inácio


Vanessa Silva canta "Fado Ribeirinho"


Ana Rita Inácio, Carla Moreno, Cláudia Baião, Silvana Faustino, 
Susana Pinto e Vanessa Silva cantam "Natural Woman"




Silvana Faustino e Telmo Miranda cantam "Mi Buenos Aires"


O "Coro de São João do Estoril" canta "Bacalhau À Portuguesa"
na gala dos "Repolhos D'Ouro
"



Sketch do Casting das "Pimba Stars"

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Totoloto - Parte 2 (1985-)

por Paulo Neto

O ano era 1985. Portugal recuperava lentamente de uma grave crise financeira e estava em vias de aderir à Comunidade Económica Europeia. Foi então que mais de duzentos anos após a criação da Lotaria Nacional e 24 anos depois do início do Totobola, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa decidiu criar mais um jogo de apostas, o Totoloto. Em 2015, o David Martins fez aqui um artigo sob o Totoloto e agora sou eu que quero dar a minha perspetiva.  



O primeiro sorteio do Totoloto foi emitido pela RTP no dia 30 de Março de 1985. Inicialmente os apostadores tinham de escolher seis números entre 1 e 45 e caso acertassem entre três a seis números, tinha direito a um prémio monetário. Além dos seis números da chave, era sorteado o número suplementar que caso houvesse uma aposta deste número com cinco dos outros números extraídos também teria um prémio a ser atribuído. E foi também na sua génese que nasceu o lendário slogan/jingle: "É fácil, é barato, dá milhões!".



Segundo o Diário de Lisboa, o principal prémio do primeiro sorteio foi repartido entre um casal lisboeta e um apostador anónimo de Seia que acertaram nos números 7, 10, 13, 21, 34 e 39, sendo o número suplementar o 12, com 9341 contos para cada um. (Nos boletins, se os apostadores não quisessem ter a sua identidade revelada em caso de prémio, assinalavam com uma cruz no quadradinho destinado a esse efeito.) 



O programa de cinco minutos ia para o ar na RTP1 todos os sábados antes do noticiário da noite sob presença do júri do concurso, cada membro representando uma das três entidades supervisoras do concurso: o departamento de apostas mútuas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Governo Civil de Lisboa e a Inspeção Geral das Finanças, que em cada emissão apareciam no ecrã sentados a uma mesa. Entre as várias apresentadoras, a primeira e aquela que seria mais associada ao programa era Cândida Gerardo, uma das contratadas em 1978 num concurso da RTP para as funções de locução de continuidade que recrutou vários nomes que rapidamente fizeram parte do imaginário televisivo nacional. Segundo o jornal "Tal & Qual", Cândida Gerardo terá sido mesmo uma das primeiras pessoas a registar um boletim do Totoloto. 
  





As esferas com os números que tinham cores diferentes consoante o número das dezenas, eram lançadas numa tômbola mecânica, e uma a uma, as bolas dos seis números da chave saíam por uma ranhura e rebolavam por uma calha. Depois saía a bola do número suplementar, que iria parar a outra calha. Por fim, a apresentadora recebia do júri umas chapas com os números sorteados que ela colocava numas ranhuras por ordem numérica para facilitar a verificação. No monólogo da despedida, a apresentadora dizia a famosa frase: "Se esta foi a chave em que apostou, aceite desde já os nossos parabéns." Caso ninguém acertasse na chave, o prémio acumulava para a semana seguinte, que seria de jackpot. Também recordo-me do tema instrumental do genérico da autoria de Júlio Pereira

O Totoloto depressa conquistou os portugueses, que sonhavam com o grande prémio. Só no primeiro sorteio, foram registadas onze milhões de apostas (cada boletim poderia conter entre duas e dez apostas) e não tardou a superar o Totobola em termos de popularidade. Embora devido à sua curta duração, não fosse elegível para o ranking das audiências, as emissões dos sorteios do Totoloto paravam o país. Na nossa casa não era excepção, pois durante anos a fio a minha mãe jogava todas as semanas no Totoloto, no entanto o máximo que conseguiu foi um 4.º prémio, correspondente a quatro números certos, que lhe rendeu pouco mais de mil escudos. Muito esporadicamente, ela também conseguia o quinto prémio por acertar três números, que valia pouco mais de cem escudos.
Segundo o site "Brinca Brincando" (a quem tenho de agradecer pela milésima vez pelas informações e imagens), ao princípio o apuramento dos vencedores era feito à mão e os funcionários da Santa Casa chegavam a passar 16 horas na execução dessa tarefa. Rapidamente tornou-se necessário encomendar mais máquinas para poder ler todos os boletins registados (por vezes a sobrecarga das máquinas era tal que alguns boletins tinham de ser verificados a olho) assim como a capacidade de produção das gráficas que imprimiam os boletins. 

Os números da tômbola passaram a ser 47 em 1988 e 49 em 1990, que se mantêm até hoje. A febre do Totoloto rendeu várias histórias de tentativas de fraude (que o sistema de microfilme da Santa Casa facilmente conseguia desmascarar), daqueles que viraram a vida com a fortuna conquistada no Totoloto bem como daqueles que viriam mais tarde a perdê-la por completo, de amizades e casamentos desfeitos por causa de prémios, de publicações e esquemas que asseguravam através de manobras manhosas de estatística ter a fórmula exacta para acertar nas chaves. O Diário de Notícias chegou a fazer uma notícia falsa por ocasião do Dia das Mentiras em que o único totalista do Totoloto daquela semana fora...Marcelo Rebelo de Sousa!

A partir de Outubro de 1995, o Totoloto deixou de ser um programa independente e a sua extracção passou a ser integrada em programas da RTP como "Clube Dos Totalistas", "Há Horas Felizes", "Santa Casa" e "Sábado À Noite". 

Foi aliás em 1996, durante uma emissão de "Clube Dos Totalistas" conduzida por Carlos Ribeiro que aconteceu o episódio mais caricato de um sorteio do Totoloto, quando saiu a bola número 0 como número suplementar. Como é óbvio o zero não fazia parte dos números para apostar (pelo que era estranhíssimo que uma bola com o número 0 não só estivesse dentro da tômbola como tivesse sido fabricada de todo). 


Uma vez que o mecanismo da tômbola tinha sido programado para extrair apenas sete das bolas numeradas, demorou-se imenso tempo até ser possível sair uma bola para substituir a do número 0 até que uma assistente do programa conseguiu retirar a bola com o número 7. 
Esse episódio foi famosamente analisado num dos Tesourinhos Deprimentes, onde foi referido o facto de possivelmente pela única vez, um dos membros do júri supervisor do sorteio ter sido obrigado a intervir ao vivo no programa, com Tiago Dores a fazer a piada de que o senhor teve depois "um esgotamento e meteu baixa até hoje". (Li uma vez algures que o senhor em questão não gostou da piada e que tencionava processar os GF. Foi mesmo verdade ou só um rumor?)
Se não me falha a memória, essa chave com o número 0, mesmo após a substituição pelo número 7, foi depois declarada nula pelo departamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e outro sorteio foi efectuado. Porém aceitaram atribuir o prémio a um apostador que tinha acertado os seis números da chave anulada.  



Outra situações que me lembro: ainda nos anos 80, saiu uma vez uma chave em que seis dos sete números sorteados (incluindo o suplementar) eram todos na casa dos trinta (a única excepção foi o número 15) e no início dos anos 90, tinha saído o número 37 mas quando a apresentadora ordenou os números, foi-lhe entregue por engano a chapa com o número 39. Mais tarde, a seguir ao Telejornal, a RTP emitiu uma imagem da tômbola com as bolas sorteadas e as chapas dos números sorteados, onde surgia a chapa com o número 37 e uma voz-off a confirmar que tinha havido um lapso e que era de facto o número 37 e não o 39 que tinha sido sorteado. 

Em Março de 1997, foi criado o Loto 2, onde se efectuava um novo sorteio à segunda feira, destinado aos apostadores que assinaram com uma cruzinha do boletim que também queriam apostar neste sorteio extra. Ao princípio, o sorteio do Loto 2 também era transmitido na RTP mas a partir de Janeiro de 1998 e até 2001, foi integrado no programa "Roda Dos Milhões" da SIC, regressando à RTP após o final do programa. Uns anos mais tarde, os sorteios do Totoloto e do Loto 2 voltaram a ter o seu espaço independente na RTP e depois na SIC.

O Totoloto acabaria por perder popularidade após a criação do Euromilhões em 2004 que com maiores prémios e campanhas publicitárias mais apelativas, acabou por cativar mais os portugueses. Os seus sorteios, realizados em França, foram até hoje transmitidos pela TVI. 

Em Março de 2011, o Totoloto sofreu uma mudança significativa. Agora passava-se a apostar em cinco números de 1 a 49, bem como num número de 1 a 13 numa coluna à parte, a do Número da Sorte. Quem acertar no Número da Sorte, recebe o valor monetário que apostou, existindo prémios monetários para quem acertou pelo menos dois números da chave e um prémio maior para quem acertou nos cinco números da chave e no Número da Sorte. Além disso, passou-se a registar um mínimo de uma aposta, em vez das duas do sistema anterior. Neste sistema, existe 15% de hipóteses de conseguir qualquer um dos prémios, contra 1,9%. Existem dois sorteios semanais ao sábado e à quarta-feira.     

Com o passar do tempo, o sorteio do Totoloto deixou de ser em directo, com a SIC a transmiti-lo em diferido (embora pudesse ser acompanhado em directo no site da Santa Casa). Porém a partir de Março de 2020, com a pandemia, deixou de haver qualquer transmissão do sorteio do Totoloto, com a SIC (e creio que também a SIC Notícias) a divulgar em rodapé as chaves extraídas nos dias de sorteio.

Sorteio do Totoloto em "Clube Dos Totalistas" (18 Maio 1996)


  



quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Colectânea Número Um (1996)

por Paulo Neto


Com o primeiro volume editado no final de 1991, a série de colectâneas de êxitos "Número Um" foi um sucesso de vendas ao longo dos anos seguintes até que em 1996 foi lançado aquele que seria o décimo e último volume. Ao contrário do que sucedera entre 1992 e 1995, naquele ano não tinha sido editado nenhum volume por altura do Verão, mas o Fido Dido, a mascote da Seven Up que tinha adornado as capas de alguns volumes (ao ponto da série também ser conhecida como a das colectâneas do Fido Dido), tinha surgido na capa da compilação "Romantic Rock".    


 
Editado pela BMG, com o apoio da Sony Music e da EMI - Valentim de Carvalho, este derradeiro volume, pensado para a época natalícia, reunia 26 dos principais hits de 1996 (alguns até do ano anterior) abrangendo vários géneros musicais.  

CD 1

1. Queen "You Don't Fool Me": Em Novembro de 1995, os Queen editaram o álbum "Made In Heaven" composto por várias composição de várias sessões de gravações da banda, desde o início dos anos 80 até aos últimos anos da vida de Freddie Mercury. Quatro anos após o falecimento de Mercury, o mundo ainda tinha bem presente a sua perda pelo que este disco ajudou a matar saudades. Entre as faixas dos disco estava por exemplo uma versão de "Too Much Love Will Kill You", editado em 1992 por Brian May, na voz de Freddie Mercury. "You Don't Fool Me" foi o terceiro single do álbum, e segundo Brian May, foi criada pelo produtor David Richards quase a partir do nada, com Richards a pegar em vários versos que Mercury tinha deixado gravado e juntando-os numa só faixa, que depois foi completada pelos três membros sobreviventes. 
2. Pet Shop Boys "Se A Vida É (That's The Way Life Is)": "Bilingual", o sexto álbum dos Pet Shop Boys, tinha nos ritmos latinos uma das principais influências, vindas das viagens que Neil Tennat e Chris Lowe fizeram à América do Sul. E essas influências estavam bem patentes no segundo single que tinha título em português "Se A Vida É", com percussões de samba a marcar o ritmo. Com a sua atmosfera solarenga e o videoclip filmado num parque aquático (onde pode ser vista uma jovem Eva Mendes), tornou-se um dos mais populares singles dos Pet Shop Boys da década de 90. 
3. Céline Dion "Falling Into You": Depois de ter tido um ano de 1995 em cheio graças ao sucesso do seu álbum em inglês "The Colour Of My Love" e do álbum em francês "D'Eux", Céline Dion voltava aos discos com o álbum "Falling Into You" que viria a ganhar o Grammy de Álbum do Ano. O primeiro single era a faixa-título, um original 1994 da cantora argentina Marie-Claire D'Ubaldo. 
4. Take That "How Deep Is Your Love": Originalmente gravado pelos Bee Gees para a banda sonora de "Febre de Sábado À Noite", os Take That, agora já reduzidos a um quarteto depois da saída atribulada de Robbie Williams no ano anterior, lançaram a sua versão de "How Deep Is Your Love" para a promoção do álbum de "Greatest Hits" e como despedida após o anúncio do fim da banda. 
Ainda em 1996, Gary Barlow lançaria o seu primeiro álbum a solo. Os Take That regressariam ao activo em 2006 e desde então têm editado vários álbuns, com mesmo Robbie Williams juntando-se para o álbum de 2011 "Progress". 
5. Oasis "Don't Look Back In Anger": O seu segundo álbum "(What's The Story) Morning Glory?" catapultou os Oasis para um novo patamar de sucesso, tornando-se o álbum mais vendido da década de 90 no Reino Unido e vendendo mais de 22 milhões de cópias em todo o mundo. "Don't Look Back In Anger" foi o quarto single do álbum e o segundo single da banda a chegar ao n.º 1 do top britânico. Foi também o primeiro single dos Oasis cantado por Noel Gallagher em vez do seu irmão Liam.  
6. Tina Turner "On Silent Wings": Aos 57 anos, Tina Turner continuava em boa forma e o seu álbum "Wildest Dreams" foi bem recebido, chegando mesmo ao n.º1 dos tops da Nova Zelândia e da Suíça. Este "On Silent Wings" foi o terceiro single e contou com a participação de Sting.
7. Simply Red "Fairground": "Fairground" foi o single de apresentação do álbum "Life" e causou alguma surpresa por ser uma música atípica no repertório da banda de Mick Hucknall, destacando-se os ritmos afro-brasileiros de percussão (retirados do tema "Give It Up" dos The Goodmen de 1993). "Fairground" seria o único n.º1 dos Simply Red no Reino Unido (chegando também ao topo das tabelas de single em Irlanda e Itália). 
8. Scorpions "You And I": Já com mais de trinta anos no activo, os Scorpions continuavam em forma e o seu 13.º álbum "Pure Instinct" gerou "You And I" mais uma powerballad que rapidamente se tornou essencial no repertório da banda alemã e que foi muito tocada nas rádios portuguesas em 1996.    
9. Eros Ramazzotti "Piú Bella Cosa": O álbum de 1993 de "Tutte Storie" foi um campeão de vendas em Portugal e três anos volvidos, o italiano Eros Ramazzotti regressava aos discos com o álbum "Dové C'é Música", do qual este "Piú Bella Cosa" foi o single de apresentação, que Ramazzotti cantou durante a primeira gala de sempre dos Globos de Ouro da SIC em Maio de 1996. 
10. Toni Braxton "You're Making Me High": Tendo começado com as suas irmãs no grupo The Braxtons, Toni Braxton tinha-se estreado a solo em 1993 com o seu álbum homónimo e em 1996 lançava o seu segundo álbum "Secrets" cuja faixa mais popular foi a esmagadora balada "Un-break My Heart". No entanto, nesta compilação foi incluído o single de apresentação "You're Makin' Me High" que lhe valeu o Grammy de Melhor Interpretação Feminina de R&B e que tinha um vistoso videoclip com a participação das actrizes Vivica A. Fox, Erika Alexander e Tisha Campbell-Brown. 
11. Jamiroquai "Virtual Insanity": 1996 viu a edição do terceiro álbum dos Jamiroquai "Travelling Without Moving" e o primeiro single "Virtual Insanity" depressa se tornaria o maior hit da banda, muito por culpa do icónico videoclip em que Jay Kay se movimentava numa sala em que o chão estava em andamento (na verdade eram as paredes). 
12. Mike & The Mechanics "All I Need Is A Miracle 96": Originalmente uma faixa do álbum de estreia de 1985 dos Mike & The Mechanics, uma nova gravação de "All I Need Is A Miracle" foi gravada em 1996 para o álbum best of da banda "Hits". O tema era cantado por um dos dois vocalistas da banda, Paul Young (não confundir com o cantor de "Every Time You Go Away" do mesmo nome) que infelizmente viria a falecer em 2000 aos 53 anos vítima de ataque cardíaco. 
13. Enrique Iglesias "Si Tu Te Vas": Reza a história que quando o terceiro filho de Julio Iglesias decidiu fazer carreira na música, estava determinado a fazê-lo sem a influência do seu famoso apelido, pelo que gravou demos sob o nome de Enrique Martinez e só depois de conseguir um contrato é que a sua editora descobriria de quem ele era filho. O seu álbum estreia homónimo de 1995 foi editado em Portugal no início de 1996 e rapidamente reproduziu o sucesso vindo de Espanha e da América Latina e elevou Enrique Iglesias a ídolo adolescente. Este "Si Tu Te Vas" foi o primeiro single. Ainda nesse ano, foi editada uma versão do álbum com versões em português (do Brasil) de quatro faixas.    

CD 2
1. Robert Miles "Fable": Foi em 1996 que o DJ e produtor italiano de origem suíça Roberto Concina, ou Robert Miles, teve um grande êxito com "Children", um tema instrumental que fez furor nas pistas de dança de todo o mundo e considerando um marco na história da música de dança. Para o segundo single, Miles jogou pelo seguro e editou um tema semelhante, "Fable", cuja versão principal (que é a  aquela foi incluída nesta compilação) é instrumental, mas também existia uma versão cantada. Mesmo sem repetir o sucesso destes tempos, Robert Miles continuou activo como DJ e produtor até infelizmente falecer de cancro em 2017, com apenas 47 anos.   
2. Spice Girls "Wannabe": É impossível falar na música de 1996 (ou até de toda a década de 90) sem mencionar a ascensão meteórica das Spice Girls. Quando em 1994, foi posto um anúncio de audições para um grupo pop feminino, de certo que ninguém envolvido no processo, em especial as cinco eventuais selecionadas Melanie Brown, Melanie Chisholm, Geri Halliwell, Victoria Adams e Emma Bunton (que substituiu o quinto membro original Michelle Stephenson), imaginaria que dois anos mais tarde, após alguns percalços, esse grupo iria conhecer um sucesso estrondoso à escala global, reinventar a música pop e tornar-se sinónimo da década de 90. Mas foi isso que aconteceu e quando o primeiro single "Wannabe" foi lançado e depressa ficou na cabeça de toda a gente, o primeiro passo para o império das Spice Girls estava dado.    
3. George Michael "Fastlove": Depois de uma atribulada batalha judicial com a sua anterior editora, a Sony Music, George Michael regressava aos discos com o álbum "Older", do qual o segundo single "Fastlove" foi a faixa mais popular muito devido ao visualmente impactante videoclip (onde se podia descobrir um shade à Sony Music, nuns auscultadores com um logótipo semelhante ao da Sony mas onde estava escrito Fony).  
4. Peter Andre "Mysterious Girl": Nascido em Londres e crescendo na Austrália, em 1996 Peter Andre tornou-se um ídolo teen, graças a uma mão cheia de hits do quais o maior foi de longe "Mysterious Girl". (O facto de Peter Andre ter um six pack abdominal bem definido e profusamente exibido também terá ajudado.) Mas a verdade é que "Mysterious Girl" é daquelas canções que sabem mesmo a Verão. Em 2004, após a sua participação num reality show britânico, "Mysterious Girl" foi reeditado e chegou ao n.º 1 do top do Reino Unido. Mesmo sem o êxito de outros tempos, Peter Andre continuou activo na música (e em outros reality shows).     
5. Coolio "Gangsta's Paradise": Já houve aqui um artigo sobre este grande hit do rapper americano Coolio, creditado como um dos responsáveis por levar o gangsta rap ao público mainstream. Como se sabe, "Gangsta's Paradise" foi o tema da banda sonora do filme "Mentes Perigosas" com Michelle Pfeiffer, tinha um sample de "Pastime Paradise" de Stevie Wonder e o refrão era cantado pelo cantor gospel LV, que também editou uma versão a solo do tema.   
6. Mr. President "Coco Jamboo": Outro tema com artigo aqui no blogue e que fez a banda sonora do Verão de 1996, "Coco Jamboo" do trio eurodance alemão Mr. President. Um êxito que se estendeu a toda a Europa, chegando ao n.º 1 dos tops de Áustria, Hungria, República Checa, Suíça e Suécia, com a sua fusão de reggae e eurodance. 
7. Los Del Rio "Macarena": Mas quando se fala em dança no Verão de 1996, tem de se falar na Macarena do duo sevilhano de flamenco Los Del Rio, que graças a uma remistura do colectivo americano Bayside Boys, a adição das partes cantadas por Carla Vanessa, um videoclip cheio de beldades de várias etnias e sobretudo uma coreografia criada pela francesa Mia Freye, foi um autêntico fenómeno mundial. Só nos Estados Unidos, "Macarena" foi n.º 1 do top durante dezasseis semanas e até o Vice-Presidente Al Gore se afoitou a fazer a dança. E quem nunca o tentou fazer que atire a primeira pedra! Ah, em Outubro passado, os Los Del Rio actuaram nos Globos de Ouro. 
8. Delfins "A Nossa Vez": Desde meados dos anos 80 que os Delfins foram paulatinamente se tornando uma das mais populares bandas nacionais, mas nem os próprios poderiam prever que o seu álbum best of "O Caminho Da Felicidade", lançado no final de 1995, catapultá-los-ia para um ano de 1996 que seria o absoluto auge da carreira. O disco foi acumulando discos de platina e tornando-se um dos álbuns mais vendidos de sempre em Portugal e a banda correu o ano inteiro em concertos por todo o país. Mas mesmo com uma agenda preenchidíssima, Miguel Ângelo ainda arranjou tempo para apresentar o programa "Cantigas Da Rua" da SIC e no final de 1996, quando parecia que o único novo material da banda seria o tema "Não Vou Ficar" para o filme "Adeus, Pai", os Delfins editaram um novo álbum "Saber A~Mar". Além dos principais hits dos Delfins, o "Caminho Da Felicidade" incluía dois temos inéditos que foram editados como single, "Sou Como Um Rio" que se tornou um dos seus hits incontornáveis e este "A Nossa Vez", não muito recordado hoje em dia mas que vale a pena uma nova audição.     
9. Rui Veloso "Já Não Há Canções De Amor": Depois do álbum conceptual "Auto Da Pimenta" (1991), o cantor de "Chico Fininho" e "Não Há Estrelas No Céu" regressara aos discos no final de 1995 com o álbum "Lado Lunar". A faixa-título é o tema mais popular do disco, mas nesta compilação foi incluído o segundo single: "Já Não Há Canções De Amor".   
10. Luís Represas "Foi Como Foi": Depois do sucesso do seu primeiro álbum a solo, "Represas" de 1993, o ex-vocalista dos Trovante lançava agora o segundo álbum "Cumplicidades" do qual o primeiro single era este "Foi Como Foi". Entre uma e outra reunião esporádica dos Trovante, Luís Represas continuou a gravar discos mas o seu álbum mais recente, "Cores", já é de 2014. 
11. Pólo Norte "O Grito": A banda de Miguel Gameiro continuava a promover o álbum "Expedição" lançado no ano anterior, e que já tinha gerado o hit "Lisboa". Tendo feito a primeira parte de vários concertos dos Delfins nesse ano de 1996, a colaboração em disco das duas bandas era inevitável e para a edição do single "O Grito", a versão principal era aquela em dueto com Miguel Ângelo. No entanto para esta compilação, a versão que se ouvia era a do álbum.     
12. Ritual Tejo "Nascer Outra Vez": Em 1996, os Ritual Tejo lançaram o seu terceiro álbum, "Histórias De Amor E Mar" e o single de apresentação foi a faixa-título, mas seria o segundo single "Nascer Outra Vez" que se tornaria o maior hit da banda. As crianças que se ouvem a cantar no refrão eram as filhas da cantora Isabel Campelo. 
13. Donato & Estefano "Estoy Enamorado": Para encerrar o segundo CD, um dos temas mais marcantes da telenovela "Explode Coração", a balada "Estoy Enamorado" da dupla Donato & Estefano. Donato Poveda era natural de Havana, Cuba, e o Estefano, de seu verdadeiro nome Fabio Alfonso Salgado, era colombiano, da cidade de Cali. Várias duplas sertanejas brasileiras versionaram depois o tema em português e em Portugal, recebeu o tratamente dos Onda Choc. 

Playlist com as 26 canções

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