sábado, 30 de maio de 2015

Kung Fury - O filme mais anos 80 do que os anos 80


Nada como quebrar as regras de vez em quando. Não se preocupem, não atravessei a estrada foram da passadeira. Vim, qual membro de uma seita trazer a boa nova ás vossas portas - virtuais: a pequena maravilha dos anos 80 que é o filme de 2015 "Kung Fury". Toda a gente menos eu cresceu nos anos 80 a devorar filmes de porrada e tiros em VHS e no cinema e a gastar os polegares nas máquinas de jogos: para vós, esta curta-metragem será o verdadeiro Cálice Sagrado. E para quem é fã da extravagância dessa década também. Fiquem agora com o texto que publiquei no meu blog de cinema: CINE31 - Kung Fury (2015)

Durante uns tempos foi a coisa mais antecipada por este que escreve. Naturalmente depois foi abafado no vórtice de trailers e boatos costumeiros das novidades de cinema. Até que já perto da data de estreia voltou às atenções - não do público em massa, mais entretidos com car porn e super-heróis - em grande estilo, um videoclip cantado e protagonizado por uma das criaturas que é a incorporação dos anos 80: David "Michael Knight" Hasselhoff (para os menos velhos, o Mitch das Marés Vivas. Para os putos, o júri do "America's Got Talent"). E só depois da estreia os sites mainstream descobriram esta tresloucada aventura, que recorda a bizarrice dos filmes e jogos de acção dos anos 80, mas elevando o nível até à   estratosfera, não cometendo o erro de reverenciar tanto a fonte como alguns filmes que não passam de cópias aguadas com melhores efeitos. Neste pot-pourri há doses generosas de artes marciais - mais próximas dos clássicos jogos de luta das arcadas - clichés de filmes policiais e buddy movies, vikings com pouca roupa (Barbarianna merecia mais screentime), deuses nórdicos gigantescos, dinossauros, viagens no tempo e o alemåo mais odiado de toda a eternidade: não a Angela Merkl, mas o próprio Kung Fhürer: Adolf Hitler e a sua horda de nazis. Mas  O que mais se pode querer? Um plot sem buracos, desenvolvimento de personagens? Mas se procuram diversão este é o vosso filme. Onde mais vão ver uma longa sequência a que só falta as barras de energia para sair directamente de um beat'em up como o Double Dragon?
Em suma, os anos 80, como nunca foram. 




O meu maior receio era que apesar do conceito de paródia em anabolizantes ser atraente, que meia dúzia de moneyshots não fossem o suficiente para manter a coerência e interesse numa curta de 30 minutos. Mas não há motivo para preocupações. Sem sequências de encher chouriço, indo directo ao assunto  o filme cumpre com distinção o objectivo a que se propôs.

Só nos primeiros 5 minutos já ri feito parvo mais vezes que em muitos filmes inteiros, a inventividade e sentido de humor desta comédia de acção insana - over-the-top é pouco - faz desejar uma versão mais longa.

De poucos em poucos segundas tinha vontade de voltar atrás e tirar um screenshot ou criar um gif animado do que via no ecrã em toda a sua glória chunga e épica. David Sandberg,  o sueco dos sete instrumentos ao leme do projecto - financiado por fãs - que realizou, escreveu e protagonizou está de parabéns. Atirem-lhe dinheiro para ele fazer a versão longa-metragem para inevitavelmente nos podermos queixar que afinal a curta era muito melhor. 



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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Insectos e Monstros de Goma


Se nos anos 80 houve uma overdose de fofura em desenhos animados como os Ursinhos Carinhosos ou folhinhas de cheirinho do Docinho de Morango, etc, o que depois ficou na moda foi qualquer coisa que gritasse "nojento". Estas gomas gelatinosas em forma de insectos e todo o tipo de criaturas - as "primas" comestíveis dos "Pega Monstros" -  certamente estavam incluídas nessa categoria de coisas a que os pais deviam torcer o nariz, mas que estavam facilmente acessíveis a toda a juventude em mercearias, supermercados e naqueles carrinhos que vendiam doces junto ás entradas das escolas. Na minha zona corria o boato que a velhota do carrinho - ou outras colegas que vendiam noutros sítios - punha uns "aditivos" nas guloseimas para viciar os jovens clientes. Meus senhores das teorias da conspiração, doces não precisam de mais droga que o próprio açúcar...


Estava a navegar calmamente pelo Instagram quando fui confrontado com uma imagem dessas gomas (acima), e num imediato flashback recordei a sensação de abrir a fina película traseira das embalagens e sorver a gelatina que com o calor ficava embutida no plástico transparente em relevo. Depois de encontrar estas "Creepy Gummi", fui pesquisar por coisas semelhantes na Internet. Parece que ainda há muito disto à venda.

Jelly Monsters:
 Creepy Gummi:


Slime Slurps:

Estes Slime Slurps parecem-me dos mais parecidos aos que recordo, que segundo o anúncio acima também haveria na variedade Tartarugas Ninja ou Ghostbusters.

Espero que tenham ficado com saudades do tempo que comiam mãos cheias de minhocas e escorpiões, de goma claro!

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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Doug (1991-1999)

por Paulo Neto

Nos anos 90, houve uma série animada que soube capturar bem tudo aquilo o que é ser um rapaz no início da adolescência e todos os dramas, mais ou menos complicados, que daí advêm. "Doug" seguia as aventuras da personagem-título um rapaz tímido que vai lidando com os problemas típicos da sua idade, como as dores de crescimento, as paixões secretas, o bullying e a auto-estima, assuntos que podiam ser dramáticos se não fosse contados com humor através de personagens de (literalmente) diversas cores.

A série foi criada por Jim Jinkins, baseada em vivências do próprio autor, sendo que alguns dos bonecos tinham sido criados durante a sua juventude. A série teve duas encarnações: primeiro sob a égide da Nickelodeon, teve quatro temporadas produzidas entre 1991 e 1994 (que foram exibidas em Portugal em diversos blocos de animação da TVI) e mais tarde, a série foi adquirida pela Disney e após algumas alterações criativas, outras três temporadas foram emitidas nos Estados Unidos entre 1996 e 1999 (e que creio que foram exibidas no Disney Channel em Portugal). Como eu nunca vi essa fase Disney da série, vou falar apenas da fase Nickelodeon. Nesta fase, salvo algumas excepções, cada episódio continha duas histórias diferentes.



Doug Funnie é um rapaz tímido e ansioso que regista no seu diário todas as aventuras dessa sempre complicada fase da vida de transição da infância para a adolescência. Doug vive com os seus pais Theda e Phil, a sua artística irmã Judy e o seu cão Porkchop (Pipoca, na versão portuguesa) numa pequena cidade algures na América chamada Bluffington. Para lidar com os seus problemas, Doug costumar recorrer à imaginação, inventando alter-egos heróicos como Quailman ("Quixote" na versão portuguesa), com o seu cinto na cabeça e cuecas por cima dos calções. (Aliás a série tinha muitas sequências geradas pela imaginação de Doug). Além do talento para escrever e desenhar, Doug também toca banjo.



Skeeter Valentine é o melhor amigo de Doug. Extrovertido e desembaraçado, Skeeter costuma incentivar Doug a ser mais sociável e a enfrentar os seus problemas. No outro extremo, está Roger Klotz o bully que volta e meia se compraz em embaraçar Doug. Em paralelo, Stinky ("Fedorenta" na versão portuguesa - sim, uma "gata Fedorenta") a gata de Roger também anda sempre às turras com o cão de Doug. 



Patti Mayonnaise é uma rapariga simpática e activa, orfã de mãe, por quem Doug está secretamente apaixonado, o que o leva a comportar-se com embaraço junto dela. As melhores amigas de Patti são Beebe Bluff, filha do homem mais rico da cidade que quando não se comporta como uma betinha presunçosa, revela-se uma boa amiga para os que lhe são próximos e Connie Benge, uma garota discreta que parece ter por sua vez um fraquinho por Doug.


Entre as personagens adultas da série, destacam-se a Sra. Wingo, a professora da turma de Doug geralmente afável mas que também sabe ser severa quando preciso, Bud Dink, o vizinho algo desmiolado, Lamar Bone, o neurótico vice-reitor e os Beets, a banda preferida de Doug, um misto dos Beatles com os Smashing Pumpkins.


Além das séries televisivas, a série gerou uma série de livros, DVDs, um espectáculo musical e um filme, "Doug- O Filme", lançado em 1999 após a conclusão da fase Disney da série.

Lembro-me de ser uma série que eu gostava muito de ver e que em vários aspectos, identificava-me com o protagonista.

Genérico (Fase Nickelodeon):







domingo, 17 de maio de 2015

Portugal Passado Presente - Documentário sobre Olhão (1984)


Ontem, ao ver uma reportagem muito superficial sobre a questão das demolições das casa das ilhas da Ria Formosa, recordei outros vídeos que vi sobre a Ria, e achei adequado partilhar este documentário sobre Olhão do inicio dos anos 80.

A APOS (Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão) tem feito um excelente trabalho de conservação e divulgação de vídeos no seu canal de no Youtube. Quando o publiquei noutro blog  em 2010 descrevi-o como "uma pequena preciosidade para os nostálgicos ou simplesmente para quem quiser rever a sua cidade no tempo em que ainda era vila: um documentário exibido na RTP no inicio dos anos 80 sobre a Vila de Olhão, as suas pessoas, a pesca, conservas, mercado, etc.".


Entretanto, mais informação ficou disponível e a APOS indica que este documentário da RTP sobre Olhão foi "englobado na série "Portugal Passado Presente" datado de 1984, apresentado pelo escultor Lagoa Henriques e realizado por Francisco Manso" (no site da RTP é adiantada a data de 1987).



Parte 1 "Olhão, vila cubista"



Parte 2 "A Pesca na vila de Olhão"



Parte 3 "Patrão Joaquim Lopes"



Parte 4 "A decadência da indústria e a pesca"



Esta quarta e última parte do documentário é a que mais me diz, porque é possível ver algumas rápidas filmagens do Ilhote de S. Lourenço, onde a minha família teve casa desde 1983 até ser destruída com o resto da ilha, vegetação e animais pelos contratados pela POLIS no inicio de 2015.




Para ver os outros vídeos disponibilizados pela APOS no Youtube: "APOS"

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sábado, 16 de maio de 2015

Captain Planet and The Planeteers - ZX Spectrum e Amstrad (1991)


O conceito da série de desenhos animados do "Captain Planet" era simples e eficaz: cinco putos ganhavam de Gaia - o Espírito da Terra - cinco anéis mágicos que controlavam os elementos para combater os vilões poluidores do planeta. Quando a situação estava difícil para os adolescentes, os cinco anéis uniam o seu poder e convocavam o Capitão Planeta, um ser super-poderoso cuja fraqueza era a poluição. Saiba mais sobre a série, aqui: "Capitão Planeta (1990-96)". 
Como tudo o que tinha sucesso, por entre as toneladas de merchandising, teve direito à sua versão em videojogo para proporcionar jogatina no conforto do lar. O videojogo "Captain Planet" ou "Captain Planet and The Planeteers" teve três versões, com modos de jogo distintos. Primeiro foi posta à venda em 1991 a que hoje nos ocupa, para ZX Spectrum e Amstrad. No mesmo ano também foi publicada a versão para Amiga e Atari ST e em 1992 chegou ao mercado a para a mítica máquina NES. Chegou a ser desenvolvido para a Master System e Mega Drive, mas não foram terminados, devido ás más críticas.
A versão para ZX Spectrum, publicado pela Mindscape tem mais informações no site "World Of Spectrum", e a de Amstrad CPC aqui. e o site Emuparadise tem até um link para fazer download do ROm para usarem com um emulador e jogarem em casa!


As imagens incluídas na capa traseira não devem pertencer nem ao jogo para Spectrum ou Amstrad, mas sim à versão Amiga ou Atari, visto que os gráficos apresentados são muito melhores, e o único personagem disponível para jogar nesta versão é o próprio Capitão Planeta e não os Planeteers como se vê na caixa:

A sinopse do jogo incluída na capa:
"Marés negras. Poluição atmosférica. Espécies Animais em vias de extinção. O premiado programa de TV Capitão Planeta e os Planetários transformou a salvação do ambiente da Terra na derradeira aventura.Agora é a tua vez de combater os mais perigosos inimigos que o nosso ambiente alguma vez enfrentou - Looten Plunder, Duke Nukem, Hoggish Greedly, Dr. Blight e outros.As forças da Terra, Fogo, Vendo Água e Coração são tuas. Combina-as e torna-te o Capitão Planeta. O teu Eco-copter espera-te."

No Youtube há um vídeo que percorre os 3 níveis do "Captain Planet" para ZX Spectrum, um simples jogo de plataformas em 2D, com o jogador a controlar o Capitão Planeta em voo pelo cenário a destruir os inimigos de forma linear:


Para Amstrad, a melhoria de gráficos e som é evidente:


Através de uma rápida jogada num emulador de ZX Spectrum, consegui algumas capturas de imagem do primeiro nível. Clique para as aumentar:


Os comandos reagem razoavelmente, o nível é repetitivo mas como foi a primeira vez que joguei a algo do Spectrum, não tenho muito com que comparar.


As imagens da caixa e da cassete do jogo foram capturadas e enviadas pelo meu caro sócio do CINE31, o Bruno Duarte, ao qual agradeço! Recordo novamente o site dele, o Grand Temple, onde o Bruno fala de cinema e tem "Videos Caseiros de Qualidade Duvidosa". True story!

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Nunca Digas Banzai (Takeshi's Castle) (1986-1990)

por Paulo Neto

Qual é o elo de ligação entre o mítico actor japonês Takeshi Kitano e o nosso José Carlos Malato? Foram respectivamente protagonista e comentador de um dos programas mais imbecilmente hilariantes de sempre, "Takeshi's Castle" que em Portugal ficaria conhecido como "Nunca Digas Banzai". O programa nipónico teve 133 episódios produzidos entre 1986 e 1990, mas só chegaria a Portugal em 1994, transmitido pela SIC sob o título de "Nunca Digas Banzai". Primeiramente foi incluído no espaço de sábado à noite do canal intitulado "Sábado Mágico" que também incluía o programa de variedades italiano "Belli e Freschi", mas depois passou para os sábados à tarde.




O programa era um concurso onde cerca de uma centena de japoneses tentava a sua sorte por uma série de divertidas e complicadas provas físicas, com o intuito de chegar ao castelo do Conde Takeshi (Kitano). No final de cada programa, os concorrentes finalistas (que acabavam por ser apenas cerca de meia-dúzia) enfrentavam o Conde numa prova de tiro ao alvo nas imediações do dito castelo (que ficava na província de Yokohama), movimentando-se em carros e disparando jactos de água. Porém essa tarefa era bastante complicada pois os concorrentes tinham alvos bem maiores, além de outras batotas do Conde, o que explica que ao longo de todos os programas, apenas nove concorrentes tenham conseguido vencer o prémio final de um milhão de ienes.

Entre as inúmeras provas que fizeram parte do programa, destacam-se:


- O Cogumelo, onde os concorrentes tinham de se agarrar um cogumelo gigante para atravessar um lago sem cair à agua.
- Os Dominós, em que os concorrentes tinham de passar por um fila de dominós gigantes sem cair.


- O Labirinto com várias portas, que os concorrentes tinham de atravessar, evitando sendo apanhados por dois seres grotescos. 
- A Ponte das Bolas, onde os concorrentes tinham de agarrar numa bola dourada e atravessar uma traiçoeira ponte evitando as bolas pretas que vão sendo disparadas de canhões.
- Karaoke, onde os concorrentes tinham de cantar uma canção que nunca ouviram antes e eram eliminados se a sua interpretação não agradasse ao dono da casa.
- Bowling Gigante, em que os concorrentes vestiam um fato de pino de bowling e punham-se em formação esperando a chegada de uma enorme bola preta. Aqueles que fossem derrubados pela bola eram eliminados.



- As Pedras Falsas, onde os concorrentes tinham que atravessar um rio saltando pelas pedras que havia no caminho, só que alguma dessas pedras eram falsa, pelo que quem pisasse uma dessas iria ao charco.

- A Prancha Deslizante, onde os concorrentes tinham de deslizar por uma plataforma de barriga para baixo, sendo que se deslizassem depressa demais caíam à agua e se fossem demasiado devagar, não atingindo a marca devida, eram atirados por um duende marinho que surgia da água.



- Os Buracos, o jogo antes do desafio final onde os concorrentes que sobreviveram até então tinham de saltar para dentro de um de cinco buracos. Se saltassem para dentro de um dos dois que continham um karateka, eram eliminados. 

"Takeshi's Castle" tornou-se um programa de culto em todo o mundo e inspirou vários outros programas do género como "Wipeout". Um episódio especial foi exibido em 2005, por ocasião das comemorações do 50.º aniversário da estação nipónica que emitiu o programa.



Quando o programa passou na SIC, os comentários estavam a cargo de João Carlos Vaz (que também foi comentador dos "Gladiadores Americanos") e José Carlos Malato, então ainda pouco conhecido do grande público, mais ligado à rádio embora a sua voz já soasse familiar para os telespectadores da SIC porque era ele que dizia que "as apresentadoras da meteorologia da SIC são vestidas por Augustus". E como estão recordados, os comentários de Malato e Vaz não procuravam seguir com exactidão os acontecimentos do programa e as personalidades que o compunham. Por exemplo, referiam-se à personagem de Takeshi Kitano e a do seu assistente (Saburo Ishikawa) como Fuji-Moto e Fuji-Carro, sendo que o General Lee (Hayato Tani) que tinha a função de guiar os concorrentes através dos desafios, era designado como Fuji-Lambreta.
Outra característica dos comentadores portugueses era de os associarem a celebridades portuguesas. Por exemplo, uma concorrente mais cheiinha seria a Heloísa Miranda, outra foi rotulada de Glória Pires devido ao penteado semelhante ao da actriz, uma concorrente que se saiu bem na prova de karaoke foi designada como sendo Dulce Pontes e os concorrentes masculinos eram frequentemente denominados como os políticos da altura. Também recordo que caso houvesse algum concorrente vestido de cor de laranja, os comentadores diriam que era um trabalhador da Galp.

Mas o melhor será recordar um excerto alargado do primeiro episódio transmitido em Portugal (agradecimentos ao canal Noddy Bujeca por ter posto no YouTube). Porque são imagens que valem mais que mil palavras.

     

Scotch-Pen (1981)

Lamento desiludir os leitores mais ébrios deste blog, mas "Scotch-Pen" não era uma caneta com whisky escondido num compartimento. Ora, este produto da 3M fazia parte da linha "Scotch" de material adesivo, neste caso uma caneta que dispensava não tinta, mas cola. O que é apelidado de "Cola Rola. Tubo de cola com aplicador de esfera".


Inserida na imagem da caneta cola, uma promoção para promover a marca, o "Concurso Cola Rola":


Encontrei uma publicidade televisiva francesa de finais dos 70 ou inicio dos 80, em que um aluno aborrecido encontra uma forma criativa de descontrair a aula, à custa do marrão caixa-de-óculos da turma. 

Não é bullying porque ele também se ri?
Outro anúncio vintage francês, de 1981:
"Scotch-Pen. Le stylo à colle qui touche sa bille." que se pode traduzir como "a caneta cola que toca a sua bola" ou "esfera" (ou "berlinde"), referência à esfera na ponta da caneta, tal como as esferográficas.


Publicidade retirada da revista Pato Donald Nº 17, de 1981. 
Uploader original desconhecido. Imagem Editada e Recuperada por Enciclopédia de Cromos.


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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Os Livros da Anita


Costuma-se dizer que só se aprecia algo quando o perdemos. Não que seja uma questão existencial, e apesar de eu não pertencer ao público alvo, os livros da Anita fazem parte da minha infância, na estante aqui de casa ou na das amigas da minha irmã.( Não tenho vergonha de dizer que li um ou outro - apesar de já ser um pouco velho na altura - mas fartava-me de ler colecções de mistério e aventura mais "cor de rosa". Ler é um vício, e quando já não havia mais livros do "Hitchcock" (na realidade o escritor foi Robert Arthur)  na biblioteca Gulbenkian cá da terra, marchavam a Filipa (a "Lili" de Marguerite Thiébold) ou a Nancy ("Os Inquéritos de Nancy", a famosa Nancy Drew de Carolyn Keene ).


Muitas raparigas os receberam, e recebem, nos aniversários ou Natal. Mas em mais um efeito da normalização global, o portuguesíssimo "Anita" foi substituído pelo internacional "Martine", aliás o nome original da jovem rapariga a que tudo acontecia, desde festas de anos a ir ás compras, a ser mamã ou dona de casa prematuramente.

É estranho que tantas décadas depois, esta nova editora (Zero a Oito) decida mudar um nome tão enraizado em várias gerações de portugueses; como aconteceu recentemente aos pobres Estrumpfes que passaram a Smurfs para a nova geração de fãs, à boleia do filme em live action. Provavelmente decisão da corporação internacional...
Além do nome aportuguesado, muitos outros países baptizaram a jovem Martine: por exemplo, a Anita para os nuestros hermanos é "Martita", "Debbie" nos EUA, "Cristina" na Itália, ou "Mimmi" na Suécia, entre outros.  
Mas independentemente dos títulos, é de esperar que daqui a algumas décadas os volumes da colecção continuem a preencher as prateleiras de jovenzinhas, talvez quem sabe novamente com o nome português tradicional.
A personagem título dos livros foi criada em 1954, pela dupla belga Marcel Marlier (1930-2011) - o ilustrador - e Gilbert Delahaye (1923-1997), o escritor. A saga das aventuras quotidianas de Anita e amigos, acompanhados pelo cão Pantufa (Patapouf) começou com o "Martine à la ferme" (Anita na Quinta) (1954) e terminou (por agora?) com o 60º livro em 2010: "Martine et le prince mystérieux" (Anita e o Príncipe Misterioso - nada a ver com as bruxarias do Harry Potter, imagino). Desde 1997, devido ao falecimento de Delahaye a escrita esteve a cargo de Jean-Louis Marlier - filho de Marcel Marlier, até à morte deste último no ano 2010. As peripécias de Anita chegaram a Portugal em 1966, publicadas pela Editorial Verbo.
Para minha surpresa, descobri hoje que em 2012 foi lançada uma série animada em computador ("Martine") e dois videojogos.
Algumas imagens do volume que encontrei aqui em casa, "Anita na Escola de Vela" ("Martine fait de la voile" de 1979) edição portuguesa de 1989, tinha a minha irmã 7 aninhos:




Como disse antes, passei os olhos em alguns exemplares dos livros há muitos anos, e a impressão com que fiquei é que boa parte do encanto da colecção, alem das deliciosas e características pinturas que ilustram a prosa, é o seu didactismo tão tradicional e antiquado, que imagino cause repulsão nos extremistas do politicamente correcto, com os argumentos de uma visão limitada do papel de uma criança, futura mulher, na sociedade. Ou talvez esteja a exagerar, sobre um livro infantil, porque até não encontrei online as habituais críticas anacrónicas de que são alvo por exemplo os livros de Enid Blyton.
Gostava de destacar algumas paródias que de tempo a tempo surgem na Internet, capazes de destruir infâncias, como...Anita embebeda-se, etc... E só vou por aqui os mais suaves:




Existe há quase uma década uma série de sites estilo "Martine Cover Generator", gostava de saber se existe versão automática portuguesa. Pensando melhor, com a mudança de nome, os portugueses também podem usá-los. Sugestões para quem perceber francês: "Top 30 des détournements de « Martine », la parodie qui ne vieillit pas".
Destas frases de fãs que pervertem hilariantemente o sentido das inocentes ilustrações, esta é a minha favorita: "Martine cache un cadavre" (Martine esconde um cadáver).

Ainda sobre a mudança de nome, em 2015:
Na Imprensa nacional: 
Como seria de esperar, os nossos leitores no Facebook não aprovaram a mudança [aqui e aqui].
Para os nostálgicos, a Anita vai ser sempre a Anita.


Brevemente, conto ainda colar na Enciclopédia os cromos das outras Anitas dos anos cromos, a de Marco Paulo e José Cid.


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terça-feira, 12 de maio de 2015

Nove Semanas e Meia (1986)

por Paulo Neto

Quer goste-se ou não, não há como negar o actual sucesso do filme "50 Sombras de Grey". Mas a pólvora do erotismo para o cinema de grande público não foi descoberta nesta saga. Aliás, apesar de ser um género que só esporadicamente gera grande impacto, verifica-se que cada década parece ter a sua obra de referência: por exemplo, "Emmanuelle" e "O Último Tango Em Paris" nos anos 70 ou "Instinto Fatal" nos anos 90. E nos anos 80, não há como não referir "Nove Semanas e Meia", o filme de Adrian Lyne (senhor habituado a filmar a esta temática, ou não fosse ele também o realizador de "Atracção Fatal", "Lolita" e "Infiel") protagonizado por Kim Basinger e Mickey Rourke.



O filme era a adaptação de um romance autobiográfico de 1978 de Elizabeth McNeill, pseudónimo da autora austríaco-americana Ingeborg Day (cuja identidade só foi revelada após a morte desta em 2011). Mas se o livro era dos anos 70, o filme gritava "ANOS 80!" por todos os poros. Embora tivesse sido rodado em 1984, só foi distribuído em 1986 e apesar de ter sido um fracasso na América, foi um êxito internacional e no mercado de vídeo, deixando para a memória colectiva várias cenas de antologia. De tal modo que é daqueles filmes que muita gente (incluindo eu) pode não ter visto de ponta a ponta mas está bem familiarizada com a história e a maioria das cenas.



O filme narra a história de uma curta mas bastante intensa relação entre Elizabeth McGrath (Basinger), uma mulher divorciada que trabalha numa galeria de arte no SoHo em Nova Iorque e John Gray (Rourke), um corretor de Wall Street, ao longo de nove semanas e meia. Os dois vão se encontrando algumas vezes por acaso e não tardam a consumar a atracção mútua. A princípio, Elizabeth experimenta novos e excitantes prazeres nas pouco convencionais práticas sexuais em que John a inicia. Mas à medida que as experiências vão se tornando cada vez mais bizarras e violentas, Elizabeth cai numa espiral de decadência e colapso mental, vendo-se obrigada a fugir da relação para salvar a sua sanidade mental.



Entre as cenas mais antológicas de "Nove Semanas e Meia" estão por exemplo a cena de sexo à chuva num beco escuro e outra em que Mickey Rourke alimenta uma Kim Basinger vendada com toda a espécie de géneros alimentícios. Duas cenas que no cinema tiveram o seu impacto mas que na vida real não só não teriam tanto glamour, como acabariam com consequências nefastas, como uma pneumonia ou uma maratona de vómitos na casa de banho.



Outra cena icónica é a do strip-tease de Basinger atrás de umas persianas ao som de "You Can Leave Your Hat On" de Joe Cocker, que a partir daí tirou-se a canção quintessencial para ilustrar cenas de strip-tease quer no audiovisual ou na vida real. O filme também incluiu músicas dos Eurythmics, Bryan Ferry, John Taylor (Duran Duran), Stewart Copeland (Police), Corey Hart, Brian Eno e Jean-Michel Jarre. Entre os outros actores, destaque para Margaret Whitton ("O Segredo Do Meu Sucesso", "Um Romance À Medida") e Christine Baranski ("The Good Wife", "Mamma Mia", "Grinch").


"Nove Semanas e Meia" serviu para firmar Kim Basinger como sex-symbol dos anos 80 (no departamento das louras, só Michelle Pfeiffer fez-lhe sombra) e se hoje a sua cara está severamente brutalizada pela prática em part-time de boxe e por cirurgias plásticas pouco felizes, na altura Mickey Rourke era um homem atraente ao ponto de muitas mulheres compreenderem porque é que a personagem de Basinger se submetia a todas as suas taras. 

Nos anos 90, surgiram uma sequela "Outras Nove Semanas e Meia" (com Mickey Rourke a recuperar a sua personagem ao lado de Angie Everhart) e uma prequela "The First Nine and Half Weeks".

Trailer:


Cena da comida:

Cena do striptease:


     
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