segunda-feira, 19 de julho de 2021

5 canções subvalorizadas das Doce

 por Paulo Neto



Há anos, já fiz aqui um artigo com o meu top 5 das canções da Doce. Mas agora com a recente estreia da biopic da nossa lendária girlband, resolvi ir mais ao fundo na discografia das Doce e revelar algumas das suas canções menos conhecidas mas que, a meu ver, não ficam atrás dos seus grandes hits e que merecem ser mais divulgadas. Quem quiser descobrir mais repertório das Doce para além da imortal trindade "Bem Bom", "Amanhã De Manhã" e "Ali Babá" e de hits como "OK, KO" ou "É Demais", estas canções são um bom ponto de partida.

Desta vez, não fiz um ranking, optando antes por apresentar estas cinco canções por ordem cronológica. 

"Doce Caseiro" (1980): Embora as Doce tivessem o seu tema epónimo com o qual concorreram ao Festival da Canção de 1980, esta faixa do primeiro álbum "OK/KO" será porventura o tema mais meta da Doce, com a letra a explicar, por entre metáforas de doçaria, a essência do grupo: o de quatro mulheres confiantes, sem medo de assumir uma postura de desafio às convenções da altura e dispostas a trazer mais cor a um Portugal ainda bem cinzentão, espelhada em versos como "Não temos qualquer segredo nem medo/ Ai nunca é tarde nem cedo/Sacode as ancas e dança" ou "Somos o doce da casa na brasa/Prova um pedaço de graça/Do nosso doce agressivo", sem esquecer o refrão "Doce caseiro, doce caseiro/Quem entra na dança?/Quem é o primeiro?". As Doce infelizmente pagariam o preço dessa ousadia mas o primeiro pontapé na porta estava dado e não haveria volta atrás. "Doce Caseiro" foi o lado B do single "OK, KO" e uma das suas raras performances em televisão é esta do programa "Eu Show Nico".



"Eu Sou" (1981): Um dos vários mitos que rodearam as Doce foi o de que a loiríssima Laura Diogo não cantava e que não ia além de ser a Miss do grupo e de fazer lipsync, escudada pelas vozes das outras três. O facto de não se ouvir a voz dela nos maiores hits do grupo e de que Ágata, que nos anos finais de grupo foi o membro suplente do grupo, ter afirmado ao longo dos anos que Laura actuava de microfone desligado, ajudaram a perpetuar esse mito. No entanto, há uma canção das Doce em que Laura Diogo é a voz principal. Aliás, no segundo álbum do grupo, "É Demais" de 1981, cada uma das Doce tinha um tema ao solo. No caso de Laura, a balada "Eu Sou". E se a faixa confirma que ela não tinha as amplitudes vocais das outras três, existe porém algo de cativante no registo Jane Birkin-esco que Laura imprime aos versos, sibilando palavras como "Eu sou o teu prazer/Já tenho o corpo a arder" e no seu contraste com a força do refrão quando as outras três se juntam. O único cringe é o verso "Eu sou a tua escrava" que obviamente envelheceu mal.
Seja como for, é impensável imaginar as Doce sem Laura Diogo, até porque foi o membro de grupo mais interveniente em alguns aspectos extramusicais como a negociação de contractos. Essa experiência seria determinante para a sua carreira após o fim do grupo como manager de vários artistas como os Sitiados e Sara Tavares.   


"Desatino" (1981): Como já referi, no álbum "É Demais", cada uma das Doce tinha o seu tema a solo. Além do já referido "Eu Sou" para Laura Diogo, houve também "Dói Dói" para Fátima Padinha (que ouvi pela primeira vez no telefilme da SIC "O Lampião Da Estrela") e "Uau!" para Lena Coelho (versionado em 2000 por nada menos que o brasileiro Netinho). Mas dos quatro temas, o meu preferido é aquele interpretado por Teresa Miguel, "Desatino". Aqui a ruiva das Doce imprime um registo rock, a fazer lembrar Pat Benatar, cantando a sua determinação em esquecer um ex-amado. "Não vou morrer, só para te perder/ Nem parar para te esperar/Vou-me esquecer de ti/Ficas a saber/ Que já não és o meu desatino.


"Perfumada" (1982): Será consensual afirmar que o maior auge das Doce foi a vitória no Festival da Canção de 1982 com "Bem Bom" e a subsequente participação no Festival da Eurovisão desse ano na cidade inglesa de Harrogate. Quem teve o single de "Bem Bom", decerto que conhecerá o lado B, este "Perfumada", onde as Doce são a voz de uma mulher que se alinda e se perfuma toda para acolher o seu amado até que descobre que não é a única mulher que espera toda linda e perfumada por esse homem. No YouTube existem duas actuações desta canção: uma em que as quatro Doce surgem em coloridos vestidos de tule (uma das várias indumentárias que usaram no videoclip de "Bem Bom") e outra em 1986 no programa "Faz De Conta", já com Fá Padinha fora do grupo. 





"Choose Again" (1982): Após a participação no Festival da Eurovisão, as Doce editaram dois singles com canções em inglês, talvez numa tentativa de internacionalização. É o caso daquela que é pessoalmente a minha canção preferida das Doce, "Starlight", editado em 1983 e cujo lado B "Stepping Stone" também merece uma audição. Antes disso houve o single "For The Love Of Conchita" com sonoridades latinas, cujo lado B é este "Choose Again", mais uma pérola de synth-pop que, tal como "Starlight", viesse de um outro país europeu, teria sido um hit internacional. Existem duas actuações em televisão de "Choose Again" com uma das melhores coreografias do grupo: uma no programa "Já Cá Canta" e outra, em que as Doce se apresentam num visual bem 80's futurista, no concurso "Toma Lá, Dá Cá".  

 




Vocês conheciam estas cinco canções da Doce? E que outro deep cut do grupo é que acham que devia ser mais reconhecido? Digam nos comentários.
                        

terça-feira, 6 de julho de 2021

Pearl Harbor (2001)

por Paulo Neto 


No Verão de 2001, um dos filmes que tinha mais expectativa em ver era "Pearl Harbor". Em teoria, tinha tudo para ser o blockbuster do ano e ser o novo "Titanic". Relatava um período marcante da história, o bombardeamento japonês à base naval americana de Pearl Harbor no Havai no dia 7 de Dezembro de 1941 (assinalavam-se então os 60 anos do ataque) que marcou o início do envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, através de uma história de amor, o elenco tinha muitos nomes sonantes, prometia acção trepidante e até tinha também uma balada épica como tema principal. E nem sequer o nome de Michael Bay na realização levantava muitas suspeitas, já que então vinha de uma tripla de grandes blockbusters ("Os Bad Boys", "O Rochedo", "Armageddon"). No entanto, na prática não foi bem assim.


Mas primeiro a história: amigos desde infância, Rafe McCawley (Ben Affleck) e Danny Walker (Josh Hartnett) são tenentes do Exército sob o comando do Major Doolittle (Alec Baldwin). Durante um exame médico, Rafe engraça com a enfermeira Evelyn Johnson (Kate Beckinsale) e os dois não tardam a iniciarem um romance, que é interrompido quando ele informa que foi escolhido para integrar o Esquadrão Águia e que está de partida para uma missão na Europa. Durante essa missão, o seu avião é atingido e Rafe é dado como morto.


Desolada, Evelyn é apoiada por Danny e os dois acabam por se envolver. No dia antes do ataque japonês, Evelyn fica estupefacta quando Rafe surge à sua porta, tendo sobrevivido ao ataque do seu avião e na clandestinidade da França ocupada pelos nazis. Rafe fica indignado quando descobre que ela e Danny namoram mas antes que as coisas fiquem esclarecidas, na manhã seguinte o exército ataca a base de Pearl Harbour, semeando o terror entre a população. Uma das vítimas mortais é Betty (Jamie King), uma enfermeira amiga de Evelyn. 


No dia seguinte, o presidente Franklin Delano Roosevelt (Jon Voight) declara que vai decretar estado de guerra contra o Japão. Entretanto reconciliados, Rafe e Danny são recrutados para a missão de secreta do raid a Tóquio (que aconteceu a 18 de Abril de 1942), sob a liderança do agora tenente-coronel Doolittle. Antes de partirem para os treinos, Evelyn revela a Rafe que, embora ainda o ame, decidiu que vai ficar com Danny, de quem está grávida. Porém a missão no Japão vai testar como nunca a coragem e os laços que unem os dois amigos…



Do elenco do filme fizeram ainda parte nomes como Tom Sizemore, Jennifer Garner, Ewen Bremner, Michael Shannon, Sara Rue, Sean Faris, Dan Aykroyd e Eric Christian Olsen, bem como Cuba Gooding jr. no papel Dorie Miller, o primeiro soldado afro-americano a ser condecorado com a Cruz da Marinha pela sua bravura durante o ataque de Pearl Harbor. 



Comercialmente, "Pearl Harbor" não se saiu nada mal, sendo o sexto filme mais rentável de 2001 e foi nomeado para quatro Óscares, vencendo o de Melhor Edição de Som. Porém as críticas foram maioritariamente negativas, sobretudo no respeito ao argumento, ao ritmo da acção e às incorreções históricas. E quando vi o filme, embora achasse que me entreteve o suficiente, tive de concordar que a parra era bem mais que a uva: o desempenho dos actores (excepto Kate Beckinsale) não passou da mediania, a narrativa principal do triângulo amoroso não foi muito convincente, as outras histórias secundárias, como a de Dorie Miller, foram muito residuais, o ritmo era lento e a cena do ataque japonês era uma salganhada de explosões e efeitos especiais que seria paradigma da obra de Michael Bay, e o resto do filme após o ataque pareceu-me demasiado rápido. (E isto sem falar nos inevitáveis tons ultrapatriotistas made in USA.) Não pude deixar de sentir que havia potencial para muito mais. Hoje por hoje, a opinião de geral sobre "Pearl Harbor" está muito dividida, há quem goste muito e quem não goste nada, mas creio que não é tão recordado entre os filmes mais marcantes desta altura como poderia ter sido. 


E quando é lembrado, é sobretudo por causa do tema principal, "There You'll Be" interpretado por Faith Hill, que apesar de não ser nenhum "My Heart Will Go On" (aliás consta que foi também proposto a Céline Dion que recusou), cumpria bem a função de balada épica de blockbuster e tornou-se o maior hit desta cantora country na Europa. A canção foi nomeada por o Óscar, o Globo de Ouro e um Grammy e foi n.º 1 nos tops de Canadá, Suécia e...Portugal. No Reino Unido em 2008, devido à interpretação de uma concorrente no programa "X Factor", "There You'll Be" regressou ao top 10. 

Trailer: 


 "There You'll Be" Faith Hill

sábado, 3 de julho de 2021

Super Top Cornetto 96 (1996)

 

O Cornetto é dos mais duradouros clássicos dos gelados "Olá". E em 1996 deu o mote a esta compilação de êxitos: "Super Top Cornetto 96", com uma capa a cheirar a Verão e muitos Cornettos devorados por amigos e namorados.

A produção e distribuição a cargo da joint-venture EMI-Valentim De Carvalho.

O verso do CD:


Uma consulta da "contra-capa" permite ver as 10 faixas.
Podem ver os vídeos no link no nome da canção. Ou clique AQUI para uma Playlist com todos os vídeos.

1-Mamonas Assassinas - "Pelados Em Santos".
2-GNR - "Toxicidade".
3-General D E Os Karapinhas - "Black Magic Woman".
4-Kussondulola - "Dançam No Huambo".
5-Michael Learns To Rock - "That's Why(You Go Away)".
6-Rap - "Má Língua".
7-Simple Minds - "She's A River".
8-Clã - "Pois É!".
9-Fool's Garden - "Lemon Tree".
10-Making Ends - "Heartbeat".

 

Julgava que o folheto tinha letras das canções ou informação no interior, mas é apenas impresso nas duas faces exteriores.

E o CD propriamente dito limita-se a reproduzir a mesma ilustração da capa e contra-capa:


Só consegui este CD recentemente, mas recordo de ver a capa por ai, ou então alguma publicidade que usasse as mesmas imagens.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...