segunda-feira, 10 de junho de 2024

Os Ursinhos Gummi (1985-1991)

 "As Aventuras dos Ursinhos Gummi" ("The Adventures of the Gummi Bears") é uma série animada produzida pela Walt Disney que 65 episódios (a maioria deles com duas histórias independentes), repartidos por seis temporadas, originalmente exibidos entre 1985 e 1991. Aliás foi uma das primeiras produções da Disney destinadas ao pequeno ecrã. 
Em Portugal, lembro-me de a série ter  sido exibida na versão legendada dentro do espaço do "Clubes Amigos Disney" e tenho uma vaga ideia de que depois também passou em outros espaços infanto-juvenis da RTP, mas não tenho a certeza. 


A série passa-se no imaginário reino medieval de Dunwyn, governado pelo Rei Gregor, um monarca justo e benevolente, que prepara a sua filha, a Princesa Calla, para ser sua sucessora. O reino vive em paz e prosperidade mas uma ameaça começa a surgir na pessoa do Duque Igthorn, um cavaleiro exilado por traição a Rei. Igthorn planeia ocupar usurpar o torno e governar tiranicamente o reino, com a ajuda do seu exército de ogres. 


Cubbi, Sunni, Gruffi, Zummi, Tummi e Grammi


Na floresta do reino vivem em segredo um grupo de seis ursinhos Gummi, uma espécie de ursos inteligentes com conhecimentos de magia. Em tempos passados, os Gummi tinham uma sociedade poderosa e desenvolvida mas com a perseguição dos humanos, a maioria deles partiram para outras terras e com o tempo os humanos passaram a acreditar que eram apenas um mito antigo. 

Os seis Gummi que ainda vivem em Dunwyn são: Zummi, o Gummi mais velho e sábio; Grammi, a matriarca do grupo e hábil cozinheiro; Gruffi, o mais habilidoso e astuto, porém de temperamento irritável; Tummi, simpático e comilão; Sunni, particularmente fascinada pelos humanos; e Cubbi, o mais novo do grupo que adora uma boa aventura. Um dos maiores segredos dos Gummi é um sumo mágico de bagas Gummi, preparado por Grammi conforme uma receita secreta que lhe foi transmitida pela sua família. Quem beber esse sumo mágico fica com a rapidez e a elasticidade de uma bola de borracha. 

Cavin e Calla

Existem dois jovens humanos que descobrem a existência dos Gummi e rapidamente se tornam amigos deles: Cavin, um rapaz que vive no palácio onde trabalho como escudeiro de um dos cavaleiros de maior confiança do Rei e a própria Princesa Calla, cuja descoberta lhe dá asas para escapar à monotonia dos seus deveres reais e viver aventuras. Cavin e Calla travam uma amizade especial com Cubbi e Sunni respectivamente.

Toadie e Igthorn


Por outro lado, o malvado Igthorn também descobre que ainda existem Gummi a viver na floresta e além de tomar o poder de Dunwyn, passa a ter como principal objetivo capturar os Gummi para que eles lhe revelem a fórmula da sua poção mágica, visto que ela também faz efeito nos humanos (embora de uma forma mais limitada). Felizmente, não só os Gummi e seus aliados fazem sempre valer da sua inteligência e destreza, como os ogres ao serviço do Duque não primam nada pela esperteza. O ogre mais próximo de Igthorn e o vice-líder não oficial do exército é Toadwart. Toadie, como o Duque lhe chama, é o mais pequeno dos ogres mas é também o mais inteligente porque é o único que sabe ler e escrever. Toadie está sempre a bajular o Duque, mesmo se este compraz em maltratá-lo, e secretamente também anseia por ter poder. Lembro-me que num dos episódios, Toadie lidera os ogres numa revolta interna com Igthorn mas como depois ele ainda se torna mais autoritário que o Duque, os outros revoltam-se contra ele e trazem Igthorn de volta. Outra vilã que surge ocasionalmente em busca de obter a magia dos Gummi é Lady Bane, uma feiticeira malvada (com uma aparência semelhante à Rainha Má da Branca de Neve). 

A série teve edições em VHS e DVD e está actualmente disponível no catálogo do Disney+. 






quarta-feira, 29 de maio de 2024

Festival da Eurovisão 1999

Ao fim de 12 anos aqui na Enciclopédia de Cromos, revisitámos todos as edições dos Festivais de Eurovisão entre 1974 e 2003 e agora só falta esta. (Em princípio não haverá artigos sobre as edições de 2000 e 2002 porque Portugal não participou). 

O 44.º Festival da Eurovisão teve lugar a 29 de Maio de 1999 no Centro Internacional de Convenções de Jerusalém em Israel, o mesmo local onde tinha sido realizada a edição de 1979. A par da final de 2010, foi a edição do Festival que se realizou mais tarde no seu respectivo ano. Pela primeira vez, houve um trio de apresentadores, Yigal Ravid, Sigal Shachmon e Dafna Dekel, esta última a representante israelita no Festival de 1992. Presentes na audiência estavam Izhar Cohen e Galit Atari, os intérpretes das duas primeiras canções vencedoras de Israel em 1978 e 1979. Dana International, a vencedora no ano anterior, protagonizou dois momentos: o número de intervalo (realizado no exterior) onde interpretou uma versão de "Free" de Stevie Wonder e mais celebremente, a sua queda em pleno palco quando estava prestes a entregar o troféu ao vencedor.

Pela primeira vez, houve um trio de apresentadores

Participaram 23 países, com Áustria, Bósnia-Herzegovina, Dinamarca e Islândia a regressarem após a ausência no ano anterior bem como a Lituânia, ausente desde a sua estreia em 1994. Por seu turno, sete países que participaram no ano anterior, Eslováquia, Finlândia, Grécia, Hungria, Macedónia, Roménia e Suíça, ficaram de fora. Portugal também esteve quase para ser excluído de participar neste ano devido às regras de relegação então em vigor, mas com a Letónia a optar por adiar a sua estreia no Festival para 2000 e a recusa da Hungria, acabou por ocupar essa vaga final. Os votos de quatro países (Lituânia, Turquia, Irlanda e Bósnia-Herzegovina) foram através de um júri enquanto os restantes utilizaram o televoto. 
Os comentários da RTP estiveram a cargo de Rui Unas enquanto Manuel Luís Goucha foi o porta-voz dos votos de Portugal.

Manuel Luís Goucha foi o porta-voz dos votos de Portugal

Esta edição introduziu duas novidades que viriam a ser determinantes para o futuro do certame. A primeira foi a abolição da regra que obrigava a que cada país cantasse numa das suas línguas oficiais, que tinha sido reinstituída em 1977. Como nos últimos anos, os países de língua inglesa tinham dominado nas classificações (por exemplo Reino Unido e Irlanda tinham ficado nos dois primeiros lugares em 1992, 1993 e 1997), foi entendido que dar a liberdade aos países para escolherem em que língua queriam cantar a sua canção equilibrava mais a competição. Escusado será dizer que vários países optaram por levar uma canção parcial ou totalmente em inglês e que nos anos seguintes, as canções cantadas em inglês seriam a esmagadora maioria.
Outra novidade foi a ausência de orquestra. A partir deste ano, a presença de uma orquestra passou a ser opcional em vez de obrigatória. A IBA, a estação de televisão israelita que organizou o evento, optou por não ter uma orquestra para diminuir as despesas, com as canções a serem apresentadas com música pré-gravada e desde então a orquestra nunca mais regressou ao Festival. 
Uma terceira novidade foi a introdução de um intervalo publicitário no meio do desfile das canções (entre as canções da Polónia e da Islândia), com as duas apresentadoras a interpretaram um tema do musical "Um Violino No Telhado" para a assistência e as televisões que não tinham publicidade.

Pessoalmente, considero que o nível das canções deste ano é deveras mediano, sem grandes destaques nem originalidade, embora muitas delas refletissem as sonoridades pop que faziam sucesso na altura. Houve também algumas ideias que pareciam ser boas em teoria mas que a execução deixou a desejar: os postcards foram inspirados em lendas bíblicas (por o exemplo, o de Portugal foi sobre Daniel e o leões) adaptadas para a modernidade e os locais turísticos de Israel actual com um certo toque humorístico, mas muitos deles não tiveram assim tanta piada. O quadro de pontuações tinha a particularidade de ter um pote de onde saíam moedas que simbolizavam os pontos atribuídos, mas as conjugações entre elementos modernos e pseudoantigos não resultou muito bem. (E, claro, como estávamos em 1999, claro que se teve de referir o novo milénio várias vezes!)

Como habitual, as canções concorrentes serão analisadas por ordem inversa à classificação final:

Lydia (Espanha)


Pela primeira vez desde 1983, a vizinha Espanha ficou em último lugar com somente um ponto atribuído pela Croácia. Então com 19 anos, Lydia Rodriguez já tinha conhecido algum sucesso como cantora pop, com dois álbuns editados. (Lembro-me de ver o videoclip do seu single de 1998 "Aún no quiero enamorarme" no canal Sol Música.) À Eurovisão, Lydia cantou a balada "No quiero escuchar", mas se a canção passou meio despercebida, mais notório (embora não pelos melhores motivos) foi vestido colorido desenhado por Agatha Ruiz de la Prada, que não lhe favorecia nada e que valeu o infame prémio Barbara Dex para a mais mal vestida. Apesar do desaire, Lydia continuou a sua carreira lançando mais um álbum a solo e em 2008, substituiu Sole Gimenez como vocalista da célebre banda Presuntos Implicados. 

Marlain (Chipre)

A canção de Chipre chegou a ser considerada uma das favoritas mas no final ficou-se pelos dois pontos do Reino Unido, ficando-se pelo 22.º lugar. "Tha 'ne erotas" ("vai ser amor") interpretado por Marlain Angelidou era um tema eurodance bem cativante, mas não só a actuação foi um demasiado morna, como creio que seria uma melhor ideia terem optado pela versão em inglês, intitulada "In the name of love". Embora nascida em Chipre, filha de pai grego e mãe escocesa-cipriota, Marlain era bem universal pois viveu também na Venezuela, na Bélgica e nos Estados Unidos. Além de larga experiência no teatro musical, Marlain integrou também a girlband Hi-5, que tal como as Non Stop em Portugal, foram criadas através da versão grega do programa Popstars.   

Rui Bandeira (Portugal)


Com somente os 12 pontos da França, graças à nossa diáspora, Portugal ficou-se pelo 21.º lugar. 
O Festival da Canção de 1999 realizou a 8 de Março na Sala Tejo do então Pavilhão Atlântico, com apresentação de Manuel Luís Goucha e Alexandra Lencastre. Porque nesse ano se assinalavam os 25 anos do 25 de Abril, houve também um número de tributo a Zeca Afonso. Por esta altura, o Festival da Canção já não atraía nomes sonantes, pelo que a maioria dos intérpretes participantes eram ilustres desconhecidos. Um deles era Rui Bandeira, natural de Moçambique e então com 26 anos, que acabou por vencer com a canção "Como tudo começou" com letra de Tó Andrade e música de Jorge do Carmo. 
Apesar do parco resultado, esta participação serviu para lançar a carreira de Rui Bandeira que continua até hoje, com mais de dez discos editados, embora "Como tudo começou" continue a ser o seu tema mais conhecido. E claro, a sua filha Bárbara é actualmente uma das cantoras nacionais mais em alta. 


Aisté (Lituânia)

A Lituânia tinha-se estreado no Festival em 1994, mas só em 1999 é que voltou a participar e foi mesmo este país a abrir o desfile das canções. Aisté Smigelviciuté cantou "Strazdas" ("tordo cantor"), um tema étnico cantado no idioma da região lituana da Samogícia, ficando em 20.º lugar com 13 pontos. Aisté continua activa na sua carreira, quer a solo, quer com a banda Skylé, onde abraçou vários estilos como o folk, o jazz e o pop-rock. 

Nayah (França)

A França ficou em 19.º lugar com 14 pontos. A representar o héxagono esteve Nayah que cantou "Je veux donner ma voix" ("quero dar a minha voz"), com um timbre a fazer lembrar um pouco Céline Dion. Em 1990, Nayah, então sob o seu verdadeiro nome Sylvie Mestres, tinha ficado em segundo lugar na final nacional da Suíça para a Eurovisão. Em palco, Nayah deu nas vistas um enorme colar que dava várias voltas ao seu pescoço, mas rumo à sua participação aquilo que foi mais falado foi o seu envolvimento passado no culto do raelianismo, onde os seus membros acreditam que a raça humana foi criada por extraterrestres. Nayah afirmava ter deixado o culto em 1996 mas anos depois regressou ao raelianismo. 

Mietek Szczesniak (Polónia)


The Mullans (Irlanda)

Com 17 pontos, a Polónia ficou em 18.º lugar. Mietek Szczesniak defendeu a balada "Przytul mnie mocno" ("abraça-me com força").   
Uma posição acima com mais um ponto ficou a Irlanda. As irmãs Karen e Bronagh Mullan cantaram em timbres a fazer lembrar Cher o tema "When you need me".

Tugba Önal (Turquia)

Em 1979, apesar ter uma canção escolhida, a Turquia não resistiu à pressão de outros países árabes para não participar num evento em Israel e desistiu de participar. Vinte anos depois, tal não se verificou e este país apresentou-se em Jerusalém com Tugba Önal, acompanhada pelo Grup Mistik, que interpretou "Dön artik" ("regressa").  

Times 3 (Malta)

Malta foi um dos dois países que apostou numa girlband. Francesca Tabone, Philippa Farruggia e Diane Stafrace eram as Times 3 que se apresentaram com tema "Believe 'n peace". O tema era da autoria dos tios de Diane, o casal Chris Scicluna e Moira Stafrace que foram os representantes daquele país em 1994 e que estiveram em palco no coro. Malta ficou em 15.º lugar com 32 pontos.

Stig van Eijk (Noruega)

Stig van Eijk foi o representante da Noruega, e apesar do seu apelido neerlandês, era natural da Colômbia. A Jerusalém levou o tema "Living my life without you" que parecia uma faixa que ficou fora de um álbum dos Backstreet Boys. O compositor era Mikkel Eriksen que viria-se a tornar um membro da conceituada dupla de produtores e compositores Stargate, que nos anos seguintes assinariam hits para nomes como Beyoncé, Rihanna, Katy Perry, Ne-Yo, Kelly Clarkson e Pink. A canção norueguesa ficou em 14.º lugar com 35 pontos. Stig van Eijk continua activo na sua carreira, agora mais voltada para sonoridades mais reggae e soul, e em 2023 voltou a participar na final nacional norueguesa para a Eurovisão.   

Vanessa Chinitor (Bélgica)

Bélgica e Reino Unido empataram no 12.º lugar com 38 pontos. Pelas cores belgas, esteve Vanessa Chinitor com o tema "Like the wind". Uma das quatro cantoras do coro era Linda Williams, a representante dos Países Baixos de 1981. Uma das canções que esteva na pré-selecção belga de 1999 foi "Hello world" de Belle Perez, que chegou a tocar nas rádio portuguesas, com a própria cantora a vir cá para promover o álbum do mesmo nome. 

Precious (Reino Unido)


Tal como Malta, o Reino Unido apostou numa girlband, as Precious: Louise Rose, Anya Lahiri, Jenny Frost, Kalli Clark-Stember e Sophie McDonnell cantaram "Say it again". Foi então somente a terceira vez que o Reino Unido ficou fora do top 10 (algo que se tornaria muito mais frequente para o Reino Unido na Eurovisão século XXI), mas a canção chegou ao n.º 6 do top britânico e as Precious lançaram um álbum e mais três singles. Posteriormente, Anya Lahiri destacou-se como actriz e modelo, Sophie McDonnell como apresentadora de televisão e Louise Rose cantando em temas de música de dança (como por exemplo "Believe" dos DB Boulevard), mas foi Jenny Frost quem alcançou a maior fama quando substituiu Kerry Katona nas Atomic Kitten, precisamente durante o sucesso do seu maior hit de 2001 "Whole Again". 

Darja Svajger (Eslovénia)


Darja Svajger tinha sido a representante da Eslovénia em 1995 e regressava agora quatro anos depois, novamente com um balada, mas agora em inglês, "For a thousand years", ficando em 11.º lugar com 50 pontos.

Bobbie Singer (Áustria)


A Áustria ficou em décimo lugar com 65 pontos. A representá-la esteve Bobbie Singer (verdadeiro nome Tina Schoesser), então com 18 anos que cantou "Reflection". Em 2005, Bobbie Singer deixou os palcos para se dedicar mais para os bastidores, trabalhando como compositora e produtora.



A Dinamarca e os Países Baixos repartiram o oitavo lugar com 71 pontos. A Dinamarca apostou em "This time I mean it", um dueto entre Trine Jepsen e Michael Teschl. A actuação teve a particularidade de Teschl não se ter dado muito ao trabalho de sequer fingir que estava a tocar na guitarra que trazia consigo. Já Trine Jepsen continuou bem activa como cantora e apresentadora de televisão.

Marlayne (Países Baixos)

Já pelas cores neerlandesas esteve Marleen Sahupala ou Marlayne (não confundir com a cantora de Chipre Marlain) que defendeu o tema "One good reason". Marlayne lançaria apenas um álbum em 2001, tendo depois tido mais notoriedade como apresentadora. Nos Festivais da Eurovisão de  2000, 2001 e 2003, foi ela a porta-voz dos votos dos Países Baixos.  

Dino & Béatrice (França)

Enquanto nesse ano muitos países aproveitaram a mudança nas regras para incluir a língua inglesa parcial ou integralmente nas suas canções, a Bósnia-Herzegovina optou por um tema em bósnio e francês. Edin Dervishalidovic ou Dino Merlin e a cantora francesa Béatrice Poulot juntaram-se para cantar "Putnici" ("viajantes"). Esse tema tinha originalmente ficado em segundo lugar na sua final nacional, mas foi seleccionado quando se descobriu que canção vencedora já tinha sido editada numa versão em finlandês uns anos antes. A Bósnia-Herzegovina obteve o sétimo lugar com 86 pontos, o melhor resultado deste país até 2006. No entanto devido às vicissitudes das regras da relegação da altura, para as quais contava a média dos pontos obtidos nas últimas cinco edições, este óptimo resultado não foi suficiente para garantir a participação da Bósnia-Herzegovina no ano seguinte. Dino iniciou a sua carreira em 1983 com a banda Merlin, tendo depois seguido uma carreira a solo sob o nome Dino Merlin em 1991. Foi ele o compositor da primeira canção da Bósnia-Herzegovina como país independente em 1993 e após esta participação no Festival, Dino Merlin obteve um enorme sucesso com o seu álbum de 2000 "Sredinom". Em 2011, voltou a representar a Bósnia-Herzegovina na Eurovisão, ficando em sexto lugar. 

Evelin Samuel (Estónia)

Coube à Estónia fechar o desfile das canções, sendo portanto a última canção da Eurovisão dos anos 90. Evelin Samuel estivera no coro da canção estoniana de 1997 e agora apresentava-se como intérprete principal, acompanhada pela violinista Imbi-Camille Rätsep, ou simplesmente Camille, no tema "Diamond of night" que ficou em sexto lugar com 90 pontos. Em 2000 e 2006, Evelin Samuel foi a porta-voz dos votos da Estónia.


A boyband Eden representou o país anfitrião (Rui Unas chegou a referi-los como os Excesso israelitas) com "Happy birthday", que obviamente se tratava de um tema bem festivo. Os Eden eram Rafael Dahan, Doron Oren e os irmãos Gabriel e Eddie Butler. Israel ficou em quinto lugar com 93 pontos. Em 2006, Eddie Butler voltou a representar Israel na Eurovisão, desta vez a solo.  

Doris Dragovic (Croácia)

Depois de ter representado a Jugoslávia em 1986, Doris Dragovic apresentava-se agora pela Croácia independente. Em Jerusalém cantou "Marija Magdalena" ficando em quatro lugar com 118 pontos, igualando a classificação de 1996 como o melhor resultado da Croácia até 2024. Houve porém uma controvérsia pois na faixa musical gravada que acompanhou a actuação, ouviam-se vozes artificiais masculinas, sendo que Doris apareceu em palco acompanhada apenas por uma cantora de coro, indo contra as regras que ditavam que todas as partes vocais deviam ser cantadas ao vivo. Após um protesto requerido pela delegação norueguesa, foi decidido que a Croácia manteria a sua classificação e pontuação, mas seriam deduzidos 33% dos pontos que contavam para a média a utilizar para determinar os países a serem relegados no ano seguinte. Mesmo com essa dedução, a Croácia evitou a relegação e participou na edição de 2000. Doris tem já uma longa e consagrada carreira na Croácia e noutros países da ex-Jugoslávia.  

Sürpriz (Alemanha)


Tal como a Bósnia-Herzegovina, a Alemanha apresentou-se com a canção que tinha ficado em segundo lugar na sua pré-seleção nacional depois de a vencedora original ter sido desclassificada por ter uma versão anterior editada em disco. Como tal foi o colectivo Sürpriz que se apresentou em Jerusalém pelas cores alemãs com o tema "Reise nach Jerusalem / Küdus'e seyhat" ("viagem a Jerusalém", sendo que "Reise nach Jerusalem" é também como se chama na Alemanha ao jogo das cadeiras), cantado em alemão, inglês e turco, uma vez que os seis membros eram de origem ou ascendência turca. Na versão apresentada ao vivo, os versos finais foram cantados em hebraico. A Alemanha obteve o terceiro lugar com 140 pontos (incluindo os 12 pontos de Portugal). 

Selma (Islândia)

Durante boa parte da votação, a Islândia esteve na liderança mas na recta final, acabou por ficar-se pelo segundo lugar com 146 pontos. O tema dance-pop "All out of luck", na voz de Selma Björnsdottir, era um dos principais favoritos e garantiu à Islândia o seu melhor resultado na Eurovisão, apenas igualado em 2009. Selma regressaria ao Festival em 2005 mas desta vez não passou da semifinal. Além da sua carreira musical, Selma foi a voz islandesa de várias personagens da Disney como Belle, Giselle, Megara e Tiana e foi júri na versão islandesa do "Ídolos".

Charlotte Nilsson (Suécia)

Com 163 pontos, a vitória acabou por vir para à Suécia pela quarta vez, curiosamente quando se assinalavam 25 anos da primeira vitória com os ABBA. E de facto, a canção sueca "Take me to your heaven", defendida por Charlotte Nilsson, fazia lembrar as sonoridades dos ABBA. Charlotte Nilsson começou a sua carreira ainda adolescente em bandas de música folclórica nórdica e esta presença na Eurovisão marcou a sua mudança para o pop. Desde então lançou nove álbuns (o segundo, "Miss Jealousy" de 2001, foi editado em Portugal) em 2008, agora sob o nome Charlotte Perrelli, regressou à Eurovisão com "Hero" mas ficou-se pelo 18.º lugar. No Festival da Eurovisão de 2024, foi uma das artistas convidadas.

O Festival da Eurovisão de 1999 terminou com todos os artistas, apresentadores e bailarinos em palco onde, liderados por Charlotte Nilsson e os seus cantores de coro, cantaram "Hallelujah"null, a canção que vencera vinte anos antes, em homenagem às vítimas do conflito que na altura decorria nos Balcãs, em particular no Kosovo. 

Festival da Eurovisão 1999 (sem comentário)





segunda-feira, 13 de maio de 2024

Festival da Eurovisão 1995

 


O 40.º Festival da Eurovisão teve lugar no dia 13 de Maio de 1995, precisamente o dia em que em Portugal assistiu ao casamento de Dom Duarte de Bragança e Isabel de Herédia no Mosteiro dos Jerónimos, o mais parecido que o nosso país teve com um casamento real desde a implantação da República.

Mary Kennedy



Por ter vencido pela terceira vez consecutiva, a Irlanda voltava uma vez mais a organizar o certame que, tal como no ano anterior, decorreu no Point Theatre em Dublin. A apresentação esteve a cargo de Mary Kennedy. Participaram 23 países, com Bélgica, Dinamarca, Eslovénia, Israel e Turquia a regressarem após ausência no ano anterior enquanto Eslováquia, Estónia, Finlândia, Lituânia, Países Baixos, Roménia e Suíça ficaram de fora este ano por terem ficado nos últimos sete lugares da classificação na edição de 1994. Segundo as fontes da altura, já se sabia que nesse ano o método de relegação iria ser descontinuado, o que sem dúvida foi um alívio para os países que ficaram na cauda da tabela (incluindo Portugal), por saberem que não ficariam automaticamente impedidos de participar no ano seguinte. 
Depois da introdução do ano seguinte e como tem sido regra desde então, os porta-vozes das votações de cada país puderam ser vistos em teleconferência, com Serenella Andrade a revelar os votos de Portugal. Tal como em 1990, 1991 e 1993, os comentários para a RTP estiveram cargo de Ana do Carmo.

Serenella Andrade anunciou os votos de Portugal

Na introdução foi possível ouvir alguns temas de conhecidas bandas irlandeses, como "Ode To My Family" dos Cranberries e "Pride (In The Name Of Love)" dos U2. Como se tratava da 40.ª edição foi também exibida uma breve retrospectiva da história do Festival até então (claro está sem mostrarem nenhuma participação portuguesa).

A principal razão porque não fiz mais cedo um artigo sobre o Festival de 1995 é porque nunca foi uma edição que eu apreciei muito, até será quiçá a que eu menos gosto na década de 90. Pessoalmente, tirando quatro ou cinco excepções, acho que foi um conjunto de canções abaixo da média. Também dava para notar que a televisão irlandesa já estava farta de organizar o Festival e a ficar sem ideias. O palco parecia muito vazio e pouco iluminado (sobretudo comparado com o do ano anterior no mesmo local). Os postcards, os gráficos e o quadro de pontuações, tirando alguns detalhes, também foram mais do mesmo.
O principal ponto positivo é que foi a primeira edição em que se via claramente que estávamos nos anos 90. Isto porque embora goste muito dos Festivais entre 1990 e 1994, tirando uma ou outra excepção, essas edições não reflectiam muito bem as sonoridades e as estéticas da cena musical da altura e ainda estavam muito decalcadas dos cânones eurovisivos dos anos 80. Mas em 1995, finalmente vários países começaram a trazer propostas mais de acordo com a época e que romperam com esses cânones, havendo dois exemplos disso deveras preponderantes.

Stone & Stone (Alemanha)

Em último ficou a Alemanha, na altura pouco habituada à cauda da tabela, com apenas um ponto de Malta. O duo Stone & Stone, composto pelo ex-casal Glen e Cheyenne Penniston, não convenceu com o tema "Verlibt in Dich" ("apaixonada por ti"). De origem americana, Glen Penniston viera para a Alemanha trabalhar como músico nos anos 70 e aí conheceu Cheyenne. Quando participaram no Festival, estavam separados há um ano mas ainda continuaram juntos na música por mais algum tempo. Diz-se que a Alemanha foi o país mais interessado em acabar com o sistema de relegação, mas ironicamente, no ano seguinte foi um dos países afastados na pré-eliminatória.

Csaba Szigeti (Hungria)

No ano anterior, a Hungria estreara-se com um excelente quarto lugar, mas aqui ficou em penúltimo com três pontos. Csaba Szigeti cantou "Uj név egy régi haz falán" ("um novo nome na parede da velha casa"). 

Tó Cruz (Portugal)

Portugal quedou-se pelo 21.º lugar com cinco pontos (4 da França e 1 da Grécia). Tó Cruz cantou "Baunilha e Chocolate", com letra de Rosa Lobato Faria, música do maestro António Vitorino D'Almeida e orquestração de Thilo Krassmann. Nesse ano, a RTP optou por método inovador para seleccionar o seu intérprete para a Eurovisão. No início de 1995, abriu um casting tipo "Ídolos" avant-la-lettre durante três dias onde foram seleccionados 36 (na verdade 37, pois havia um duo com duas irmãs gémeas) que participaram no programa "Selecção Nacional". Em cada sessão desse programa apresentado por Carlos Mendes, seis concorrentes cantavam cada um uma interpretação pessoal de uma canção portuguesa e o júri composto por João Maria Tudela, Miguel Ângelo e Nucha escolhia um vencedor para ir ao Festival da Canção, além de uma ronda de repescagem que apurou mais dois (incluindo Tó Cruz, que cantou "Porto Sentido"). Entre outros participantes contaram-se Pedro Miguéis e Vânia Maroti, que tinham passado pelo "Chuva de Estrelas", e uma ainda desconhecida Susana Félix. As 36 interpretações foram depois editadas num disco e mais adiante nesse ano a RTP teve o programa "Selecção de Esperanças" onde competiram alguns dos cantores que não tinham sido seleccionados para o programa principal.  A RTP atribuíu a cada concorrente finalista uma equipa de conhecidos compositores para lhe escrever uma canção para o Festival.
O Festival da Canção de 1995 decorreu no Teatro do Tivoli a, como não podia deixar de ser, a 7 de Março, dia de aniversário da RTP. Apesar de alguns elementos inovadores como pela primeira vez os porta-vozes dos 22 júris serem vistos em videoconferência e a introdução do televoto como 23.º júri e do hilariante desempenho de Herman José na condução da votação, a meu ver não foi uma edição muito memorável, até porque pese o talento dos cantores, o nível das canções era fraco e sem grande potencial para a Eurovisão, ainda que tenha ganho uma das melhorzitas. 
Nascido em Lisboa, Tó Cruz estava há vários anos activo na cena musical, desde actuações em bares, a solo ou em bandas como os Blá Blá Magazine, a coros para outros artistas e jingles publicitários. Após a sua participação no Festival da Eurovisão, Tó Cruz destacou-se como a voz cantada do Quasimodo na versão portuguesa do filme da Disney "O Corcunda de Notre-Dame" e pelo hit de 1999, "Camaleão", do álbum do mesmo nome que assinou como TC.  

Frédéric Etherlinck (Bélgica)

Em 20.º lugar com 8 pontos, ficou a Bélgica, um dos países ausentes no ano anterior. Frédéric Etherlinck cantou "La voix est libre". Actualmente Frédéric reside em Montreal no Canadá onde fez carreira como actor. (Fisicamente e de voz, ele fazia-me lembrar o cantor português Tó Leal.)

Davorin Popovic (Bósnia-Herzegovina)


Ainda com sob a sombra da guerra, a Bósnia-Herzegovina participou pela terceira vez, ficando em 19.º lugar com 14 pontos. O seu representante foi Davorin Popovic, um dos pioneiros da cena rock de Sarajevo, mantendo paralelamente uma carreira a solo com a do líder da banda Indexi. No Festival cantou, "Dvadeset prvi vijek" ("o Século XXI"). Infelizmente Popovic faleceu de cancro em 2001 com apenas 54 anos. 

Justyna (Polónia)


No ano anterior, Polónia estreou-se na Eurovisão em grande alcançado o segundo lugar. Mas nesse ano, o resultado foi mais modesto, o 18.º lugar com 15 pontos. Justyna Steczkowska levou um tema bem étnico-alternativo, "Sama" ("só") onde pôde exibir o seu alcance vocal de quatro oitavas. Então Justyna estava em início de carreira, que alcançaria enorme sucesso no seu país. Em 2024, especulou-se que Justyna poderia regressar ao Festival e foi revelado que uma canção sua ficou em segundo lugar entre as canções que a televisão polaca analisou para a sua decisão interna.   

Philipp Kirkorov (Rússia)


A Rússia foi outro país que se tinha estreado no ano anterior e nesta segunda participação foi representada por Philipp Kirkorov com "Kolybelnaya dlya vulkana" ("canção de embalar para um vulcão"). Nascido na Bulgária mas vivendo na Rússia desde a infância, Kirkorov tinha iniciado a sua carreira de cantor em 1989 abrangendo vários estilos. Em Dublin, não foi além do 17.º lugar com 17 pontos, mas Philipp Kirkorov regressaria ao Festival como compositor de várias canções (Bielorrússia 2007, Ucrânia 2008, Moldávia 2021) e quando a Eurovisão teve lugar em Lisboa em 2018, ele foi visto integrado na delegação da Moldávia. Alla Pugacheva, com quem Kirkorov foi casado entre 1994 e 2005, representaria a Rússia dois anos depois.

Arzu Ece (Turquia)

Em 16.º lugar ficou a Turquia com 21 pontos. Arzu Ece já tinha participado em 1989 como membro do grupo Pan e nesse ano apresentava-se a solo com a balada "Sev" ("ama"). Arzu Ece fez depois uma longa pausa na carreira musical regressando apenas em 2012 para um novo single, já depois ter vencido uma leucemia em 2009. 

Bo Halldórsson (Islândia)


Um dos mais populares cantores da Islândia, Björgvin "Bo" Halldórsson tinha tentado representado várias vezes o seu país no Festival até que finalmente em 1995 foi expressamente escolhido para tal, levando a canção "Núna" ("agora"), ficando no 15.º lugar com 31 pontos. A sua filha Svala também representou a Islândia na Eurovisão em 2017.

Eddie Friel (Irlanda)

Após três vitórias consecutivas e todas as dificuldades para organizar as subsequentes edições, a Irlanda quis assegurar que não ganhava de novo e de facto, o tema que escolheram desta vez, "Dreamin'", interpretado por Eddie Friel, não era de todo para discutir a vitória. Aliás, a canção teve acusações de plágio devido às semelhanças com o tema "Moonlight" de Julie Felix (e ouvindo o dito, de facto as semelhanças são bastantes). Como tal, ficou em 14.º lugar com 44 pontos. Mas ainda havia mais uma vitória irlandesa no horizonte.

Stella Jones (Áustria)

A Áustria foi um dos países que trouxeram um toque de modernidade. A sua representante, Stella Jones, nasceu em Berlim filha de pai americano e mãe alemã, e residia em Viena desde o seis anos. Em 1992, cantou no tema "Birthday Song" do grupo Power Pack que foi n.º 1 no top austríaco. Em Dublin, Stella levou o tema r&b "Die Welt dreht sich verkhert" ("o mundo giro para o lado errado"), ficando em 13..º lugar com 67 pontos. Outra figura de destaque na actuação foi a saxofonista. Desde então Stella Jones tem colaborado com vários artistas internacionais como Gloria Gaynor, Chaka Khan, Taylor Dayne e Nina Hagen.  

Elina Konstantopolou (Grécia)

Coube à Grécia terminar o desfile das canções, na voz de Elina Konstantopolou com a canção "Pia prosefhi" ("Qual oração?"), obtendo 68 pontos e o 12.º lugar. Em 2005, Elina esteve presente no Festival desse ano fazendo coro para a canção de Chipre. 

Keith Spiteri (Malta)


Malta e Reino Unido compartilharam o 10.º lugar com 76 pontos. Se a canção maltesa, "Keep in me mind", defendida por Keith Spiteri, era uma balada convencional, a do Reino Unido foi uma canção que rompeu os cânones da eurovisiva, trazendo sonoridades r&b e hip hop.


Love City Groove (Reino Unido)


A canção tinha o mesmo nome que o grupo, Love City Groove, composto por Yinka Charles ou MC Reason, Paul Hardy, Jay Williams, Stephen Rudden e Derek Jinghoree. O resultado pode ter sido mediano para o currículo de então do Reino Unido no Festival, mas o tema teve algum sucesso internacional e até me lembro de ouvi-lo na rádio no Verão desse ano. 

Alexandros Panayi (Chipre)


Alexandros Panayi tinha sido cantor de coro nas canções cipriotas de 1989 e 1991 e nesse ano pôde finalmente representar Chipre como vocalista principal. Panayi iniciou a sua actuação do tema "Sti fotia" ("no fogo") passando por um manto erguido por dois dos músicos que o acompanharam. Com recortes étnicos, a canção cipriota obteve o nono lugar com 79 pontos, e lembro-me que houve um concorrente do "Chuva de Estrelas" que cantou esta canção. Alexandros Panayi voltaria mais vezes à Eurovisão, representando novamente Chipre em 2000 como parte do duo Voice e fazendo coro em outras canções, em especial a da Grécia de 2005 que venceu nesse ano.

Liora (Israel)

Dezasseis anos depois de ter vencido com "Hallelujah", Israel tentava a sua sorte com outra canção com um título religioso, "Amen", na voz de Liora. A canção israelita chegou a ser apontada como favorita mas ficou em oitavo lugar com 81 pontos.

Darja Svajger (Eslovénia)


Darja Svajger foi a representante da Eslovénia que trouxe a powerballad "Prisluhni mi" ("escuta-me") que obteve 84 pontos e o 7.º lugar, até a data o melhor resultado deste país, igualado com 2001. Darja Svajger voltou a representar a Eslovénia em 1999.

Magazin & Lidija (Croácia)


A terceira participação da Croácia como país independente esteve a cargo do grupo Magazin com a participação especial da cantora lírica Lidija Horvat-Dunjko. Os Magazin tinham iniciado a sua carreira em 1979 que se estende até hoje com vários membros na sua formação. Na altura a sua vocalista era Danijela Martinovic que conjugou a sua voz à de Lidija para cantar "Nostalgija", obtendo o sexto lugar com 91 pontos. Em 1996, Danijela Martinovic deixou a banda para uma carreira a solo e representou a Croácia no Festival de 1998.

Aud Wilken (Dinamarca)


A Dinamarca ficou em quinto lugar com 92 pontos, com mais uma canção de recortes étnicos. Aud Wilken cantou "Fra Mols til Skagen" ("de Mols a Skagen", duas cidades dinamarquesas). Wilken tinha começado a sua carreira nos anos 80 em bandas rock mas por esta altura dedicava-se mais ao pop e ao jazz. Embora continue no activo, Aud Wilken tem apenas um álbum a solo de 1999.

Nathalie Santamaria (France)


A França ficou em quarto lugar com 94 pontos, com um dos temas mais pop a concurso, "Il me donne rendez-vous" ("ele marca encontro comigo") na voz de Nathalie Santamaria, natural de Ajaccio na ilha da Córsega. O seu único álbum data de 1997. 

Jan Johansen (Suécia)

Em terceiro lugar, ficou a Suécia com a balada "Se pa mig" ("olha para mim"), defendida por Jan Johansen. Filho de Egil Johansen, um importante nome da cena jazz sueca, este foi um dos primeiros passos na carreira de Jan Johansen que dura até hoje. Apesar de não ter mais regressado à Eurovisão, Jan Johansen participou também na célebre final nacional sueca, o MelodiFestivalen, em 2001, 2003 e 2020. 

Anabel Conde (Espanha)

Espanha alcançou um excelente segundo lugar. Anabel Conde defendeu "Vuelve conmigo" obtendo 119 pontos. Esse sucesso fez com que a sua terra natal, Fuengirola (província de Málaga), nomeasse uma praça em sua honra. Anabel Conde regressaria ao Festival em 2005 fazendo coro na canção de Andorra e também participou nas pré-selecções espanholas de 2000 e 2010.  

Secret Garden (Noruega)


Mas a vitória desde muito cedo que se anunciou para a Noruega com 148 pontos e seis países a atribuírem os 12 pontos (incluindo Portugal). E tal como a canção do Reino Unido, a canção da Noruega, "Nocturne" pelo grupo Secret Garden, rompia com as convenções eurovisivas de então. Isto porque se tratava de um tema quase instrumental com apenas com apenas uns escassos versos vocais por parte de Gunnhild Tvinnerim (a letra tinha ao todo apenas 24 palavras) no início e no fim. Nos entretantos, a interpretação principal esteve a cargo da violinista Fionnuala Sherry, secundada pelos outros músicos. (Lembro-me de ver o vídeo da actuação no programa de antevisão das canções concorrentes que dava na RTP e pensar "Então, mas ela não volta a cantar?")
E ironicamente, apesar desta ser a única vez entre 1992 e 1996 que a Irlanda não ganhou, não só as sonoridades faziam lembrar a música celta irlandesa como a própria Sherry era irlandesa. O outro membro principal dos Secret Garden era Rolf Lovland que fora o autor e compositor da outra canção com que a Noruega vencera dez anos antes, "La det swinge" das Bobbysocks. Os Secret Garden continuam no activo, com dez álbuns editados, e além de "Nocturne, a sua canção mais conhecida é "You Raise Me Up", originalmente interpretada por Bryan Kennedy e que já conheceu inúmeras versões de nomes como Josh Groban, Westlife e Il Divo. 

Festival da Eurovisão 1995 em HQ (sem comentários):


A transmissão da RTP: 







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