terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Big Brother Portugal 1 (2000)

por Paulo Neto

Uma vez que estamos chegados ao ano 2015 e que a passagem do milénio (já?) foi há quinze anos, este blogue já se poderá permitir a esticar ligeiramente a sua cobertura cronológica e abordar os primeiros dois ou três anos do século XXI. Apesar de todo o seu simbolismo, o ano de 2000 em Portugal decorria sem grande história, com apenas o futebol a gerar as notícias que causaram mais impacto na população: primeiro com o Sporting finalmente a quebrar o enguiço de 18 anos e vencer por fim o Campeonato, depois com a participação de Portugal no Euro 2000, realizado na Bélgica e na Holanda, com a mão na bola de Abel Xavier e consequente penalty de Zidane a terminar abruptamente o que até então tinha sido uma brilhante campanha da Selecção Nacional. Mas tudo mudaria a partir do dia 3 de Setembro.



Quando George Orwell escreveu a sua obra "1984" na qual previa nesse ano que o mundo tomaria a forma de uma sociedade distópica onde o cidadão comum era constantemente vigiado e controlado por uma entidade denominada o "Big Brother", decerto não imaginaria que de certo modo a sua visão só se adiantou em quinze anos. Pois em 1999, estreava na Holanda a edição original do reality show Big Brother, produzido pela produtora Endemol. Inspirado, entre outras influências, por "1984" e o programa da MTV "The Real World", o programa pegava numa dúzia de desconhecidos previamente escolhidos para viver em reclusão dentro de uma casa cheia de câmaras que os vigiavam ao longo das vinte e quatro horas do dia e que lutavam entre si para ficarem na casa, à medida que os concorrentes iam sendo expulso à vez via votação do público. Bart Spring In't Veld foi o primeiro vencedor da primeiríssima edição do Big Brother (e também foi parte envolvida na primeira cena de sexo numa edição do programa, juntamente com outra concorrente). Dado o sucesso do programa nos Países Baixos, a sua importação não se fez esperar, estreando no ano seguinte em países como Espanha, Alemanha, Suécia, Reino Unido, Bélgica e Estados Unidos. Em todos esses países (menos nos EUA, ultrapassado pelo sucesso do primeiro "Survivor"), o sucesso repetiu-se, dada a premissa de despertar o voyeur em cada telespectador, além da capacidade deste se identificar naqueles desconhecidos que de repente se tornavam presenças habituais da televisão.
Como tal, era apenas uma questão de tempo até o programa chegar a Portugal, e até mesmo o seu processo foi bastante badalado. Como a SIC era o cliente mais assíduo dos produtos da Endemol, foi à estação de Carnaxide que a produtora propôs o programa, tendo sido rejeitado por Emídio Rangel. Seria José Eduardo Moniz, então director da TVI, a aproveitar a oportunidade e a comprar o "Big Brother" para Portugal, num gesto que viria a ser considerado o princípio da liderança televisiva da TVI e o fim do até então fulgurante domínio da SIC, que se concretizaria definitivamente em 2003 e que perdura até hoje.

O primeiro Big Brother português estreou a 3 de Setembro de 2000, com apresentação de Teresa Guilherme e Pedro Miguel Ramos. Doze concorrentes foram escolhidos entre milhares de candidaturas para coabitarem numa casa na Venda do Pinheiro durante um período máximo de 120 dias, com o vencedor a ser determinado no último dia do ano. Eram eles: Célia, 18 anos, estudante de Vila Nova de Gaia; Marco, 24 anos, vendedor de produtos químicos e kickboxer, do Carregado; Maria João, 20 anos, estudante, de Ermesinde; Mário, 19 anos, estudante e  modelo, de São Mamede de Infesta; Marta, 23 anos, barmaid, de Loures; Ricardo A., 24 anos, músico e informático, de Oeiras; Ricardo V., 30 anos, escritor e surfista, da Parede; Maria da Conceição a.k.a. Riquita, 29 anos, professora, de Guimarães; Sónia, 24 anos, estudante, de Aveiro; Susana, 26 anos, desempregada, de Paredes; Telmo, 23 anos, serralheiro e ex-paraquedista, de Leiria; e Zé Maria, 27 anos, trolha, de Barrancos.



Além de vários blocos de informação ao longo do dia, o programa consistia de um resumo dos acontecimentos da casa no dia anterior exibido diariamente em horário nobre e as galas às terças-feiras, apresentadas por Teresa Guilherme, que alternavam entre as nomeações e as expulsões dos concorrentes. Todas as semanas, os concorrentes também tinham de cumprir uma tarefa semanal e consoante o êxito ou fracasso desta, eles viam o seu orçamento para as compras semanais aumentar ou diminuir.

Não se poderá dizer que o "Big Brother" tenha sido um sucesso instantâneo, o cepticismo era notório por parte do público e a crítica da especialidade expressou prontamente em coro o seu desagrado pelo programa. Mas gradualmente, o interesse e a audiência foram aumentando e quando deu por si, Portugal inteiro parava todos os dias depois do Jornal das Oito da TVI (que aliás passara a incluir amiúde algumas ocorrências do programa no seu bloco de notícias) para saber dos últimos acontecimentos na casa e todas as acções e declarações dos concorrentes eram analisadas e debatidas à exaustão nos lares, nas escolas, nos cafés e na internet.







O momento mais marcante ocorreu ao 34.º dia, com a agressão de Marco a Sónia na sequência de uma discussão entre os dois durante um ensaio para a tarefa dessa semana, representar uma cena dramatizada de "A Relíquia" de Eça de Queiroz. A expulsão de Marco do programa devido a esse incidente acabaria por ter mais destaque nesse dia no Jornal da TVI e em alguma imprensa escrita do que o anúncio da recandidatura de Jorge Sampaio à Presidência da República.

 
 
 



Sem desprimor para os quatro primeiros concorrentes eliminados - Riquita (expulsa pelo público logo ao terceiro dia, provavelmente por ser a única que era casada e mãe), os dois Ricardos e Maria João - bem para os dois que entraram na casa em substituição de Marco - Paulo, 31 anos, electricista e funcionário no Casino de Monte Gordo e Carla, 29 anos, cabeleireira e ex-stripper - mas a primeira edição portuguesa do "Big Brother" e o sucesso desta, foi feito essencialmente das personalidades e desventuras de um núcleo duro de oito concorrentes.



- Ainda que no primeiro dia tenha protagonizado um momento de súbito acanhamento que a levou a mudar de roupa na casa-de-banho, Sónia revelar-se-ia uma concorrente bem desinibida, afirmando que falar de sexo era como comer um iogurte e revelando sem rodeios que já tivera experiências sexuais com mulheres. Sónia viria a participar no primeiro Big Brother Famosos, mas desde então tem estado longe dos olhares dos media.
- Apesar de ser o rapaz mais passível de agradar ao público feminino, Mário acabou por ser como que o vilão do programa, pela sua tendência em semear intrigas entre os concorrentes. Também foi criticado por ser demasiado preguiçoso e ser raramente visto a fazer as tarefas da lida de casa. Mário voltaria anos mais tarde a ser notícia pelos piores motivos, ao ser detido devido ao seu alegado envolvimento em negócios ilícitos.



- Telmo e Célia acabariam por formar um dos casais da casa. Apesar de não serem concorrentes muito apreciados pelo público, ela pela sua imaturidade, ele pelas, digamos, particularidades do seu discurso e vocabulário, o certo é que protagonizaram momentos divertidos entre discussões e reconciliações e os dois figuravam entre os quatro últimos concorrentes, tendo Célia mesmo resistido até ao último dia e ganho o prémio de terceira classificada. 
Ficou na história o episódio em que após uma sessão marmelada onde aparentemente teria havido sexo, Telmo perguntou: "Gostastes?" ao que ela responde "Gostei", e a reacção de Célia quando confrontada com Teresa Guilherme sobre isso, exclamando a viva voz: "Mãe, não aconteceu nada, o forte está guardado!". Contra as expectativas, Célia e Telmo continuam casados até hoje e têm um filho. Telmo ganhou uma edição do programa "Primeira Companhia" e figurou na lista do PS do distrito de Leiria para as eleições legislativas de 2011.



- Mas o principal casal foi aquele formado por Marco e Marta, que chegaram ao ponto de serem o primeiro casal a assumidamente ter sexo num programa de televisão em Portugal. Marco foi sempre um concorrente controverso, que desde o início se impôs como o líder da casa e que alternava entre momentos de extrema agressividade, que culminaram no momento que lhe valeu a sua expulsão, e diversos momentos cómicos. Marta era vista como a concorrente com mais maturidade e era sempre ela que chamava os outros concorrentes à razão nos momentos mais tensos. Contra todas as expectativas, Marco soube contornar os efeitos de um gesto sempre condenável e que podia ter suscitado o ódio de Portugal inteiro, expiando a sua culpa tanto diante de Manuela Moura Guedes no Jornal das Oito como de Teresa Guilherme na gala seguinte à sua expulsão e multiplicando-se em diversas declarações de amor a Marta, inclusive a gravação de um single. Marco e Marta continuariam a sua relação, com o respectivo noivado e casamento transmitidos em directo e tiveram um filho, mas a união terminou em 2005. Além de algumas esporádicas aparições na televisão, como quando ele se auto-parodiou em programas como "Gato Fedorento" e "O Último A Sair", Marco também foi notícia por treinar soldados chineses em Israel seguindo os duríssimos parâmetros do exército israelita. Marta Cardoso formou-se em jornalismo e desde 2009 que tem colaborado em vários programas da TVI, como reportagens para "A Casa dos Segredos" e a condução dos programas das extracções dos números do Euromilhões.



- A loura Susana, que se definiu certa vez como "o Sol da Casa" e cujos colegas lhe tratavam por "cabeça amarela" foi uma das concorrentes mais populares. Após algumas dificuldades iniciais de se integrar a casa, Susana acabou por se afirmar quer pelas suas variações de humor, quer pelas interacções com aquele que parecia ser o único candidato à vitória. Houve uma certa altura, já na recta final, em que a vitória de Susana chegou a ser provável mas ela acabaria no segundo lugar. Foi ela que ficou com Big, a cadela que se tornou a nova residente da casa a meio do programa. Desiludida com a fama inesperada, há muito que Susana se remeteu de novo anonimato.
- O vencedor da edição foi Zé Maria, que desde cedo foi visto como o grande candidato. O esquálido alentejano que por diversos motivos, como ser o único proveniente de um meio rural e por encarar o desafio com um inocência quase infantil, foi semi-ostracizado ao princípio, parecendo dar-se melhor com as galinhas residentes no quintal da casa do que com os outros concorrentes. Mas gradualmente ele foi-se integrando no grupo e cativando os telespectadores, que viram nele o underdog ideal para a narrativa do programa, pois até mesmo as suas tiradas menos felizes eram divertidas. Zé Maria também foi aquele que conseguiu criar mais empatia com Teresa Guilherme durante as conversas no confessionário às terças-feiras. Eram habituais as suas queixas de falta de audição ("Ai, não estou a ouvir Teresa!"). A consagração de Zé Maria no réveillon 2000/2001 foi apoteótica assim como o seu regresso a Barrancos, mas como foi amplamente documentado, a fama súbita acabou por lhe causar diversos problemas, sobretudo de foro mental, pelo que já há alguns anos que ele vive resguardado das atenções mediáticas.     



Além disso, outra peça fundamental no sucesso do primeiro Big Brother nacional foi sem dúvida Teresa Guilherme. Se hoje a sua condução de "A Casa dos Segredos" parece dominada por diversos tiques, trocadilhos e pavios curtos, na altura TG soube ser o elo perfeito de ligação entre os concorrentes, os familiares destes e os telespectadores, aliando humor, sensatez e sensibilidade. Pelo confessionário, estabelecia relações com os concorrentes, provocando-lhes o riso diante dos seus episódios mais divertidos e puxando-lhe as orelhas por algumas atitudes menos correctas. Pedro Miguel Ramos também foi um co-apresentador irrepreensível, quer nas suas reportagens de exteriores, quer quando acompanhava os concorrentes no caminho ao estúdio após a sua expulsão. 
E já que falámos em familiares dos concorrentes, até estes também tiveram a sua dose de notoriedade, nomeadamente o irmão gémeo de Marco, o namorado de Susana (alcunhado de "Bolinha de Pelo"), a mãe de Célia, o pai e a irmã de Marta e a "Cegonha", a alegada amiga colorida de Zé Maria.



Quando o primeiro Big Brother terminou, parecia que Portugal estava viciado no programa como uma droga. Daí que a segunda edição tenha arrancado somente três semanas depois e entretanto, a TVI tenha fornecido a devida metadona com "Big Estrelas" que seguia os concorrentes nas suas várias actividades após a saída do programa. Enquanto isso, a SIC apercebeu-se que cometera um enorme erro em recusar o programa e contra-atacou, sem grande sucesso, com programas similares como "Acorrentados" e "O Bar da TV". 

Em Portugal, o "Big Brother" teve quatro edições com anónimos e três com famosos, mas sem dúvida que foi a primeira delas todas foi a que mais impacto causou e que mais nostalgia provoca ainda hoje. Primeiro, porque era todo um território inexplorado e depois, em todos as edições e outros reality shows que se seguiram, já se notava um perda de inocência por parte dos concorrentes, mais conscientes das câmaras e das consequências que poderiam obter com a sua participação. Depois, porque se hoje em dia na "Casa dos Segredos" os concorrentes parecem ser escolhidos pelo índice de músculos, tatuagens, silicone, acefalia e/ou apetência para a peixeirada, no "Big Brother" houve uma preocupação de escolher concorrentes semelhantes ao jovem português comum, pessoas que podiam ser nossos parentes, colegas, amigos e gente que encontraríamos casualmente na rua. E foi precisamente essa a revolução do Big Brother no panorama audiovisual português, a forma como quebrou a barreira mística entre o português comum e as pessoas ligadas ao mundo da televisão, que até aí pareciam envoltas numa aura de inacessibilidade. Mais do que nunca, os Zés Marias, as Susanas, os Telmos e as Martas desta vida podiam também ser estrelas no pequeno ecrã. E partir daí, a televisão em Portugal nunca mais foi a mesma.  

Imagens do primeiro bloco diário:


Entrada dos concorrentes na casa:






Tema oficial do Big Brother 1: "Vive" Delfins



A vitória do Zé Maria e os últimos momentos:


ACTUALIZAÇÃO:
Descobrimos este vídeo brasileiro sobre como foi feito o primeiro Big Brother do mundo inteiro, na Holanda em 1999, desde as ideias iniciais e dos testes experimentais até à consagração do primeiro vencedor.


sábado, 10 de janeiro de 2015

Lendas da Paixão (1994)

por Paulo Neto

Se hoje em dia é assaz consensual o talento de Brad Pitt como actor, o simples facto de ser abençoado com óptimos genes - que até mesmo hoje, aos 51 anos, lhe garantem lugar irrevogável nas listas dos homens mais sexy do planeta - fez com que durante muito tempo tivesse sido visto apenas como um galã, sex-symbol e ídolo das pitas, tal como sucedera antes com Tom Cruise. Isto apesar do actor natural do estado do Oklahoma ter sempre pautado por escolher frequentemente papéis que fugiam ao rótulo de galã (por exemplo "Clube de Combate", "Sntach - Porcos & Diamantes" ou "Doze Macacos"). 


Embora já tivesse sido notado em filmes como "Thelma & Louise", "Duas Vidas e Um Rio" e sobretudo "Entrevista Com Um Vampiro", é seguro afirmar que o momento em que Pitt se afirmou como uma estrela de Hollywood e sex-symbol mundial foi com o seu desempenho em "Lendas da Paixão", o melodrama de época de 1994, realizado por Edward Zwick e cujo elenco contava também com Anthony Hopkins, Julia Ormond, Aidan Quinn e Henry Thomas, o eterno Elliott de "E.T.", naquele que permanece como o seu mais célebre papel como adulto.





O filme baseado na obra de Jim Harrison, conta a saga da família Ludlow ao longo da primeira metade do século XX. Desiludido com a desconsideração do governo americano para com os índios nativo-americanos, o coronel William Ludlow (Hopkins) assenta residência num rancho em Montana. A sua esposa Isabel (Christina Pickles), mulher citadina, não se adapta à vida no rancho e aos seus agrestes Invernos e acaba por se ir embora. Alfred (Quinn), o filho mais velho é responsável e zeloso enquanto Tristan (Pitt), o do meio, é um espírito bravio e indomável, versado nos costumes ameríndios desde que em pequeno teve um confronto com um urso. Uma das poucas coisas que Alfred e Tristan têm em comum é o amor que nutrem pelo irmão mais novo Samuel (Thomas), que cresce protegido pelo pai e pelos irmãos, levando a que seja um pouco ingénuo apesar de ser o mais instruído dos três.



Quando Samuel regressa ao rancho depois de terminar os seus estudos em Harvard, traz consigo a sua noiva Susannah Fitzcannon (Ormond) uma bonita e simpática jovem de Boston, que acabará por ter um lar longe do seu lar no rancho e no seio dos Ludlow. Apesar do seu amor a Samuel, Susannah sente-se atraída por Tristan. Este será o início de uma teia de paixões cruzadas, tragédias e culpas que atravessará as décadas seguintes, passando pela Primeira Guerra Mundial, a lei seca dos anos 20 e a grande depressão dos anos 30. Para complicar ainda mais o quadrado amoroso de Susannah e dos três irmãos, existe Isabel Two (Karina Lombard), a filha mestiça do capataz dos Ludlow, apaixonada por Tristan desde menina e que ao crescer, se torna numa bela mulher.


Embora sejam notórios alguns tiques de drama épico concebido com olho claramente fisgado nos Óscares, "Lendas da Paixão" é um filme bem-conseguido, graças à competente realização de Edward Zwick e ao bom desempenho de todo o elenco, embora alguns críticos tenham referido que esta é uma das interpretações mais discutíveis da indiscutível carreira de Anthony Hopkins. Apesar das suas ambições e do sucesso comercial, o filme só foi nomeado para três Óscares em 1995 em categorias técnicas, tendo ganho a estatueta para Melhor Fotografia de John Toll, que é de facto belíssima. Mas sem dúvida que quem mais brilhou foi Brad Pitt, assaz competente encarnando o herói constantemente perseguido pela tragédia além de que a imagem da sua personagem com longos cabelos louros e aura virilmente selvagem (e umas quantas cenas sem roupa) o cimentou como o novo eye-candy do público feminino e o maior sex-symbol da década de 90, um estatuto que Pitt sempre teve relutância em aceitar.    

Trailer:
       

    

Capas TV Guia - Parte 6



Capas TV Guia - Parte 6 com os Nº 41 a 48.
Recorde as edições anteriores: Capas TV Guia - Parte 1, Capas TV Guia - Parte 2, Capas TV Guia - Parte 3, Capas TV Guia Parte 4, Capas TV Guia Parte 5.


Curiosamente, nos números 41 e 42, o logotipo da revista perdeu a perspectiva isométrica, e ganhou uma fonte arredondada, mas no número 43 voltou o antigo logo, mntendo no entanto o padrão colorido das duas anteriores, substituindo o logo a duas cores que acompanhava a revista desde o inicio.

TV Guia Nº 41 de 17 a 23 Novembro 1979
Em proeminência na capa deste número, Cândida Gerardo, uma das locutoras da fornada de 1978. Quando publiquei a foto no Facebook pesquisei sem sorte pelo citado "Breakfast in Cascais", mas fui esclarecido pelo leitor Rui Craveiro sobre os britânicos Supertramp que  "até tinham destaque aqui devido ao concerto que iriam dar em Cascais para promoção do álbum "Breakfast in America" (portanto - a TV Guia, aproveitando esse acontecimento, oferecia 50 albums num passatempo):" Tal como no número anterior, uma figura famosa "convida 3 leitores" para um passatempo que desconheço. Desta vez, a figura em questão era Manuela Melo, que Rui Craveiro indica como jornalista, e que surgirá na TV Guia num dos números seguintes. No topo uma chamada de atenção: "as caras mais populares da TV".

TV Guia Nº 42 de 24 a 30 Novembro 1979
Neste número, quem "convida 3 leitores" é o jornalista e escritor Mário Zambujal ( "Pão com Manteiga", "Crónica dos Bons Malandros", "Lá em Casa Tudo Bem"). Mas o passatempo mais vistoso consistia na oferta de 50 albuns do cantor e compositor Carlos Mendes. O álbum escolhido para publicitar o concurso é o ainda recente disco infantil "Jardim Jaleco" (1978). A Caderneta de Cromos abordou esse disco e o programa de TV homónimo no Cromo Nº 509 - Jardim Jaleco [Ouvir/Fazer Download MP3]. É possível ouvir o disco na íntegra aqui. A figura central da capa é Eládio Clímaco, o Sr. Jogos Sem Fronteiras e Festiviais da Canção e Eurovisão; que certamente ganhará um cromo próprio aqui na Enciclopédia. Entretanto, em Dancin' Days, Beto troca Vera por Marisa. Coitada da Vera...
TV Guia Nº 43 de 1 a 7 Dezembro 1979
Na revista dessa semana, os 50 álbuns oferecidos no passatempo eram da cantora luso-suiça Gabriela Schaaf. O seu disco de estreia foi precisamente o que adorna a capa: "Vídeo", com o tema de êxito "Homem muito Brasa". Noutra foto, o Hélio de Dancin' Days e cara familiar de tantas outras novelas, o actor brasileiro Reginaldo Faria, baptizado de Reginaldo Farias (um erro comum da imprensa na época, afirma Rui Craveiro). Ao telefone, na foto maior, a jornalista Manuela Melo (ver número 41) comentou que o programa de informação diário "'País, País' aproximou mais a RTP das pessoas". Ainda nesta revista, "Alice Cruz convida 3 leitores". [A apresentadora Alice Cruz foi o destaque do Nº 40 da TV Guia]

TV Guia Nº 44 de 8 a 14 Dezembro 1979
Os 50 albuns oferecidos neste número da revista foram "José Cid canta Coisas Suas" (1979), que inclui precisamente o tema "Na Cabana junto à praia", com que José Cid levou o bronze ao classificar-se em terceiro lugar no Festival da OTI desse ano (o vencedor foi o argentino Daniel Riolobos com "Cuenta Conmigo"). Ainda podia ler na revista uma entrevista a Sura Berditchevsky, a "Inês" da novela "Dancin' Days", que se afirmava uma mulher independente na vida real. Com direito a foto e tudo, anuncia-se "um dia com <>  de Tal & Qual", o famosa rubrica do programa liderado por Joaquim Letria (a que a TV Guia dedicou o Nº 37).
TV Guia Nº 45 de 15  a 21 Dezembro 1979
A preparar-se para o Natal de 1979, a TV Guia oferecia nesta semana não 50 discos mas 20 cabazes de Natal. Se alguém se recorar do conteúdo do cabaz, partilhe connosco! Em grande destaque na capa, o primeiro filme para cinema dos Marretas, "As Aventuras dos Marretas" (1979), que retrata as primeiras tropelias das personagens criadas por Jim Henson, e que estrou em Portugal nessa semana [trailer]. O tema mais famoso do filme, "The Rainbow Connection" este envolvido nalguma polémica, recordada pelo Rui Craveiro: "a canção em si era a grande favorita para vencer o Oscar de Melhor Canção na altura - mas foi preterida por uma canção vinda do filme "Norma Rae" ("It goes like it goes"), interpretada por Jennifer Warnes ("Up where we belong" em dueto com Joe Cocker para "Oficial e cavalheiro" e "(I've had) the time of my life" em dueto com Bill Medley para "Dança comigo (aka. Dirty Dancing)"). Uma vitória totalmente contestada pelos críticos nesse ano". Além disso, o filme foi recordado na "Caderneta da Cromos Nº 517 - Os Marretas [Ouvir/Download Mp3]". A apresentadora e locutora da RTP Maria Margarida Gaspar ("Domingo á Noite", "Jogos Sem Fronteiras") confessou à TV Guia gostar "de um trabalho variado". O actor Milton Moraes ("Cabocla", "Água Viva", "Rainha da Sucata", etc) considerava o seu personagem de Dancin' Days, Jofre, "o D. Juan da TV Brasileira".
TV Guia Nº 46 de 22 a 28 Dezembro 1979
Em plena semana de Natal, um passatempo que oferecia 600 álbuns "com música variada". Nas capas dos discos que enfeitam a árvore de Natal temos: "Born to be alive" de Patrick Hernandez [vídeo]; "Satisfied" de Rita Coolidge; "Eat to the Beat" dos Blondie, "Campolide" de Sérgio Godinho; "Platinum" de Mike Oldfield [vídeo] e "Blue Kentucky Girl" de Emmylou Harris [vídeo]. Mais detalhes do passatempo aqui.
Recordava-se também o actor e realizador  Charlie Chaplin, o inesquecível Charlot, que "morreu há dois anos" (no dia de Natal de 1977). E na época natalicia não podia faltar a rubrica em que "figuras da TV falam do Natal". Espaço ainda para o "Esturro e Companhia" , apresentado por Fátima Freitas, o fantoche Esturro e a voz off de Maria de Lourdes Modesto, era "...um programa que procura transmitir às crianças aspectos sobre diversos alimentos e as regiões que lhes dizem respeito.". Saiba mais no excelente site "Brinca Brincando".
TV Guia Nº 47 de 29 Dezembro 1979 a 4 de Janeiro 1980
Eis que chegámos a 1980! O maior destaque para Nicolau Breyner com novo projecto, provavelmente a primeira temporada de "Eu Show Nico". A TV Guia estava neste número a oferecer bilhetes para o filme dos Marretas, que falámosdois parágrafos acima. A outra foto é a do actor Gordon Jackson que depois de ser o "mordomo dos <<Bellamy>> é polícia em <<Os Profissionais>>. Essas séries eram respectivamente, "A Família Bellamy"("Upstairs, Downstairs") e "Os Profissionais" ("The Professionals"). Menção ainda para uma entrevista com José Hermano Saraiva.

TV Guia Nº 48 de 5 a 11 de Janeiro 1980
Vamos então analisar a última capa de hoje.O centro do palco está dedicado à actriz brasileira Joana Fomm e a sua persongem Yolanda - aptamente descrita por Rui Craveiro como a antagonista e não a vilã da novela "Dancin' Days" - que na semana a que a revista dizia respeito se divorciou. Ainda na novela: "Desastre mata D. Celina e Anibal. Júlia disposta a casar com Ubirajara.". A foto mais pequena diz respeiro ao telefilme "Mar Livre", um "marco nas produções da RTP". O IMDB tem a indicação de um único membro do elenco: Antonino Solmer. Espaço ainda para uma pequena menção a uma entrevista ao engenheiro Sousa Veloso que "fala da TV Rural".

Leia ou releia as edições anteriores: Capas TV Guia - Parte 1, Capas TV Guia - Parte 2, Capas TV Guia - Parte 3, Capas TV Guia Parte 4, Capas TV Guia Parte 5.

Brevemente, mais capas da TV Guia. Reitero, novamente, o nosso obrigado ao leitor Miguel Meira, que gentilmente enviou o seu precioso espólio de capas, e a todos os leitores que forneceram detalhes importantes sobre os assuntos em discussão!

Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos". Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Força de Intervenção (1981-82)


"Força de Intervenção" ("Strike Force" no original) foi uma série norte-americana de 1981, que em Portugal passava em 1982-1983 na RTP1, nas sextas à noite a partir de 12 de Novembro de 1982, logo a seguir ao clássico da comédia "Gente Fina É Outra Coisa", em substituição de "Hill Street". A série incluia-se no género "equipa especial que resolve os crimes que mais ninguém consegue". E os criminosos do pior geralmente acabavam falecidos com alergia a chumbo, cortesia desta força da Polícia de Los Angeles. E segundo a Wikipedia, "Strike Force" chegou a ser considerada a série mais violenta na televisão norte-americana na altura.

Além do episódio piloto de 90 minutos de duração, 19 episódios (ou 20 se contarmos o episódio "The Judge" que nunca foi confirmado se foi sequer filmado e que contaria com a participação especial do Dr. McCoy da Star Trek original: DeForest Kelley) foram produzidos para o canal ABC, pela produtora ASP (Aaron Spelling Television - que nos trouxeram, entre outros: "Beverly Hills 902010", "Dinastia", "O Barco do Amor" ou "Os Anjos de Charlie").


Do que vi, parece-me na linha de "Brigada Especial/Special Squad", e a Wiki ainda fala num mix de Dirty Harry e Missão Impossível.

O genérico inicial de "Força de Intervenção":


No elenco Robert Stack ("Aeroplano", a série "The Untouchables") como o incorruptível capitão Frank Murphy, Dorian Harewood ("Vidas Em Jogo", ) como o destemido sargento Paul Strobber, Richard Romanus ("Os Cavaleiros do Asfalto") como o mulherengo tenente Charlie Gunzer, Michael Goodwin como o novato - pelo menos em idade - sargento Mark Osborne, Trisha Noble (a estrela pop adolescente australiana nos ano 60 Patsy Ann Noble, mas com muitas participações em série e filme até recentemente, num cameo no Episódio III da Guerra das Estrelas) no papel da viúva e durona sargento Rosie Johnson e Herbert Edelman ("Crime, disse ela", "Sarilhos com elas") como comissário Herb Klein.



A cena inicial do episódio piloto, com a equipa undercover:



Voltando ao conteúdo violento da série, pesquisando na imprensa da época, no "Diário de Lisboa", além de algumas fotos de promoção, encontrei vários textos pela caneta do critico da casa, Mário Castrim, que como seria de esperar atribui a causa de todos os males da sociedade ás séries provenientes do demónio imperialista americano (os termos são meus, mas basicamente é isso que escorre da prosa de Mário Castrim).

"Os responsáveis da RTP não ignoram que estão induzindo ao crime, como na publicidade estão induzindo à compra."
Diário de Lisboa - 13 Novembro 1983
"Não há interesse que motive a atenção do espectador - o envolvimento inteligente da história, a caracterização dos ambientes, uma certa realidade humana das personagens. Nada. Só a vertigem do crime(...)", resume-se a pouco mais que isto a critica propriamente dita. O resto é o habitual histrionismo e alarmismo mergulhado em propaganda.
Diário de Lisboa - 28 Janeiro 1983
 "E depois admiram-se que as crianças tenham pesadelos"."Posso garantir: a actual programação da RTP é responsável em certa medida pela onde de crimes que por aí vai".
Diário de Lisboa - 12 Fevereiro 1983
Da critica à estrutura de Força de Intervenção "Trata-se de uma série com os rodriguinhos americanos, em pleno. Não exige do telespectador (...) um mínimo esforço de adesão inteligente. Pretende convencer pela brutalidade, pela violência, pela vertigem dos golpes, das perseguições, das agressões" até à generalização vai apenas uns parágrafos: "as séries (...) são conscientemente falsificadoras da realidade."
Diário de Lisboa - 7 Janeiro 1983

Diário de Lisboa - 21 Janeiro 1983
Nota: Na rádio M80, a rubrica "Máquina do Tempo" abordou a "Força de Intervenção" no episódio de 15 de Janeiro, fazendo referência aqui à Enciclopédia de Cromos. Podem ouvir/fazer download do podcast aqui: "Força de Intervenção,uma série do inicio dos anos 80 que passou pela RTP.".


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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Natal na Enciclopédia - Parte 2

 
Mais um Natal que se aproxima, e Enciclopédia de Cromos não podia ficar indiferente. Nos tempos de criança, era época mais esperada do ano. Além de claro não haver aulas, era o tempo de roer as unhas à espera dos presentes, as refeições em familia, etc. E, seguindo o exemplo do Paulo Neto, aproveito este post para desejar a todos os nossos leitores, colaboradores e amigos: Boas Festas!
Como não há dinheiro para prendas, ofereço um apanhado dos artigos relacionados ao Natal que fomos publicando nos últimos dias:


Clássicos do Natal:
Artigos de revistas:

Publicidade:


E os do ano passado: "Natal na Enciclopédia - Parte 1".

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