"b-a b-e ba be, b-i ba be bi, b-o ba be bi bo, b-u ba be bi bo bu". Não, não estava a escrever em código. É assim que soava o tema da série animada japonesa "Bia, A Pequena Feitceira", que foi exibida pela primeira vez em Portugal em 1990, na RTP 2 no famoso espaço infantil da altura "Recreio do 2". De título original "Majokko Megu-Chan", era uma série anime dos conhecidos estúdios Toei de 1974, sendo por isso uma das séries animes mais antigas exibidas em Portugal.
Reza assim a história da série: Bia e Nádia são duas jovens feiticeiras que disputam o título de Rainha dos Feitiços. Como parte do seu treino e do processo de competição, as duas terão de passar algum tempo na Terra antes da disputa final.
Bia é alegre e bem-disposta e integra-se facilmente no mundo dos humanos. É acolhida por Ana, uma antiga feiticeira que renunciou à hipótese de ser Rainha dos Feitiços por amor a Paulo, com quem casou e teve dois filhos Zeca e Lena. Ana enfeitiça a sua família para que eles encarem Bia como parte da família e apesar de algumas tropelias, Bia fica perfeitamente integrada no seio da família Cardoso e comporta-se como uma típica humana adolescente de 15 anos (com tudo de positivo e negativo que isso significa). Bia também integra-se na sua escola onde faz duas grandes amigas, a caixa-de-óculos Rita e Ema, com dois novelos na cabeça e que no primeiro episódio onde aparece, sofre de uma maldição que leva inexplicavelmente as pessoas a agredirem-na, isto apesar dos maus bocados que Mário, o bully local, lhe faz passar.
Por seu turno, Nádia é uma rapariga fria e distante que despreza os humanos. É acolhida na Terra por Olga, que tal como Ana, também renunciou a ser feiticeira para se casar. No entanto, Olga arrepende-se do casamento com o pacato artista Gil e vê em Nádia uma hipótese de conseguir através dela a sua oportunidade perdida de ser a Rainha dos Feitiços.
Para complicar ainda mais a situação, existe Choné, um feiticeiro encarregado de monitorizar o treino das jovens feiticeiras. Só que Choné não esconde a sua preferência por Nádia e faz tudo para prejudicar Bia com a ajuda dos suas mascotes, o corvo Crácrá e a gata Frufru. Mas apesar da sua ambição, Nádia quer vencer a rival de forma justa, pelo que recusa os incentivos de Olga e os estratagemas de Choné para fazer jogo sujo. Inclusivamente por vezes, Bia e Nádia unem esforços para enfrentar certas ameaças mais poderosas.
Com o tempo, Bia vai se tornando mais madura e tomando consciências dos seus poderes e da responsabilidade que eles acarretam, e Nádia vai se sentindo cada vez mais à vontade entre os humanos e percebendo que parte do seu dever como feiticeira é protegê-los. Também são reveladas as intenções secretas de Choné: ele encontra-se ao serviço de Satúrnia, uma feiticeira malvada que pretende ser Rainha dos Feitiços e que vê as duas jovens, sobretudo Bia, como os principais obstáculos aos seus intentos.
Com doses equilibradas de humor, drama e fantasia e uma pitada de sensualidade - havia muitas cenas em que Bia surgia de roupa interior ou de roupão transparente - "Bia, A Pequena Feiticeira" tornou-se uma série marcante que ainda hoje muitos recordam. Outro factor para o sucesso da série foi o excelente trabalho de dobragem que contou com nomes como Cláudia Cadima (Bia), Helena Isabel (Nádia), Fernanda Montemor (Ana), Ermelinda Duarte (Zeca e Olga), Adriano Luz (Choné e Gil), António Semedo (Paulo), Henriqueta Maia (Rita e Ema), Joel Constantino (Mário e Crácrá) e Margarida Rosa Rodrigues (Lena e Frufru). A RTP adquiriu a versão italiana com 65 episódios dos 72 originais. Os sete episódios em falta foram censurados em Itália por abordarem temáticas demasiado sensíveis como o suicídio ou algum conteúdo mais tétrico. O site Brinca Brincando faz uma análise mais detalhada sobre esses episódios censurados.
Em certos países, além da respectiva colecção de manga, foi editada em certos países uma revista de banda desenhada ao estilo ocidental com novas histórias e uma colecção de cromos. "Bia, A Pequena Feiticeira" é aponta como tendo influenciado outras séries anime como "A Navegante Da Lua".
Há os filmes em que se vê à légua que foram feitos nos anos 80. Depois, há os filmes que gritam "ANOS 80!" por todos os poros. E depois há "Flashdance".
Tal é o legado visual e sonoro deste filme de 1983 que mais parece uma cápsula de todo o espírito da década. O filme foi a primeiro união de esforços dos super-produtores Jerry Bruckheimer e Don Simpson e foi realizado por Adrian Lyne, notando-se já aqui alguns laivos de erotismo que iriam marcar a sua obra ("Nove Semanas E Meia", "Atracção Fatal", "Proposta Indecente", "Lolita", "Infiel").
A história é sobejamente conhecida: Alex Owens (Jennifer Beals) é uma jovem que reside em Pittsburgh num armazém abandonado com o seu cão Grunt e que ganha a vida como soldadora de dia e bailarina num bar de noite, enquanto alimenta o sonho de ingressar numa prestigiada escola de bailado. Nick Hurley (Michael Nouri), o seu patrão na metalúrgica interessa-se por Alex e oferece-se para usar a sua influência para concretizar o sonho, algo que a rapariga rejeita pois quer vingar por mérito próprio. Além dos altos e baixos do seu romance com Nick, Alex também vai ter de lidar com a morte da sua mentora Hanna (Lilia Skala), uma antiga bailarina clássica, o assédio de Johnny C (Lee Ving) que quer que ela trabalhe para o clube de strip local, os sonhos desfeitos dos seus amigos e sobretudo as suas próprias inseguranças. Mas quando tem a oportunidade de uma audição para a escola de bailado, Alex dá tudo por tudo.
Sem dúvida que "Flashdance" é daqueles filmes em que a forma prevalece claramente sobre o conteúdo e que é preciso o espectador não se agarrar a qualquer verosimilhança na história para ser apreciado. Mas deixando isso de lado, é bom entretenimento. Vi o filme quando foi transmitido pela RTP no início dos anos 90, na tarde de um feriado (acho que o de 5 de Outubro) e depois a espaços no Canal Hollywood e afins.
Apesar do seu desempenho acusar a sua inexperiência, a presença de Jennifer Beals é bastante carismática e deixava antever que estávamos perante uma actriz com potencial. Vimo-la por exemplo em "Quatro Quartos", " O Beijo Do Vampiro" e "2000 Malibu Road", mas foi apenas com o seu papel em "A Letra L" que conseguiu desfazer-se do rótulo de "a miúda do Flashdance".
Foi também o primeiro filme a converter no cinema a estética dos videoclips, algo que se tornaria comum nos filmes dos anos seguintes como "Footloose" ou "Top Gun", com sequências propositadamente filmadas para ilustrar as canções da banda sonora.
Além das icónicas (e muitas vezes recriadas e parodiadas) sequências de dança como aquela ao som de "Maniac", a da audição final e aquela que culmina com a queda de uma balde de água em cima de Marine Jahan (que era quem na verdade fazia as danças da personagem de Jennifer Beals), existem outras cenas marcantes como a de um jantar com Alex e Nick com uma lagosta sorvida sensualmente e brincadeiras com os pés debaixo da mesa, a da discussão entre ambos num túnel rodoviário, a de Alex a assistir a uma exibição de break-dance e a triste cena onde a sua amiga Jeanie Szabo (Sunny Johnson) fica parada no gelo, morta de vergonha após ter caído duas vezes no seu número de patinagem.
Mas claro, falar de "Flashdance" é falar da banda sonora que teve um êxito semelhante ao do filme e que produziu dois grandes hits: o esmagador "Flashdance...What A Feeling" interpretado por Irene Cara que venceu o Óscar para Melhor Canção Original (o segundo para uma canção cantada por Irene Cara, depois de "Fame" em 1980) e "Maniac" de Michael Sembello. Os videoclips de ambas as canções eram compostos exclusivamente por cenas de filmes e foi a partir de então que se popularizou a utilização de imagens dos filmes para os videoclips de canções da respectiva banda sonora.
Curiosamente, outra canção fortemente associada ao filme, "Gloria" de Laura Brannigan, não fez parte do disco da banda sonora.
E agora para aqueles que gostam de movie trivia, tomem lá estas notas:
- O filme foi baseado na história da bailarina canadiana Maureen Marder, a quem foi pago 2300 dólares pela cedência da sua história. Marder tentou várias vezes sem sucesso processar os produtores por não receber mais capital pelo êxito do filme. E ao contrário do filme, Marder não conseguiu entrar na escola de bailado.
- Além de Marine Jahan, mais dois duplos foram utilizados na cena de dança final ao som de "What A Feeling": a ginasta Sharon Shapiro no plano em que Alex se lança no ar e o breakdancerRichard "Crazy Legs" Colón na parte do headspin. (Inclusivamente, Crazy Legs nem sequer fez a barba para tal, limitou-se a usar uma peruca e as roupas da personagem). Outro duplo foi também utilizado para as cenas em Alex anda de bicicleta.
- O elenco contava ainda com a actriz e bailarina Cynthia Rhodes, no papel de Tina Tech, uma bailarina colega de Alex, que viria a ser o par de John Travolta no filme "Stayin' Alive - A Febre Continua" (estreado no mesmo ano) e que é casada desde 1989 com o cantor Richard Marx.
- Além de Jennifer Beals, Demi Moore e Leslie Wing foram as outras finalistas para o papel principal. Entre as várias histórias sobre como foi feita a escolha da protagonista, há uma de que fotos das três actrizes foram distribuídas a trabalhadores dos estúdios, a quem foi perguntado com qual das três é que gostaria mais de ter sexo. Um então pouco conhecido Kevin Costner esteve quase a ser escolhido para o protagonista masculino, antes de ser preterido por Michael Nouri.
- Sunny Johnson faleceu um ano após a estreia do filme aos 30 anos devido a um aneurisma, Laura Brannigan, que cantou o tema ao som do qual a sua personagem patinava, morreu em 2004 da mesma causa.
- A famosa camisola com o decote cortado usada por Jennifer Beals no cartaz do filme e que viria a tornar-se moda foi fruto de um acidente de lavagem. A camisola encolheu tanto que só assim é que Beals conseguiu enfiá-la na cabeça.
- Havia a percepção que a música "Maniac" de Michael Sembello fora originalmente escrita para o filme slasher de 1980 "Maniac", alterando depois a letra para ser usada em "Flashdance". No entanto, os extras do DVD revelam que a canção tinha sido escrita propositadamente para este filme. Michael Sembello é visto como uma das mais célebres "one hit wonders" de sempre, mas viria a fazer música para outros filmes de sucesso como "Cocoon", "Gremlins" e "O Dia Da Independencia".
- O ringue de patinagem é o mesmo que foi utilizado no filme "Dawn Of The Dead".
Em 2003, Jennifer Lopez recriou várias cenas de "Flashdance" para o videoclip de "I'm Glad". Mas essa homenagem saiu-lhe cara, tendo sido processada por uso não autorizado do conteúdo do filme.
"A Feira de São Miguel realiza-se anualmente no concelho de Olhão há cerca de 127 anos. As primeiras referências ao nome de São Miguel surgem por volta do ano de 1968(1). Quanto ao espaço ocupado pela Feira, temos conhecimento que em 1924 a mesma tivera lugar no Largo das Prainhas e que em 1928 estava localizada no largo anexo à litografia velha e Avenida de Bernardino da Silva. Em 1983 esteve localizada junto ao estaleiro de Olhão. Posteriormente tem sido mudada para outros locais, devido às condições do terreno não serem as melhores para o seu estabelecimento, como também devido à grande afluência de feirantes e visitantes que à Feira acorrem anualmente." in Preâmbulo do "Regulamento da Feira de São Miguel | 2003".
No canto inferior esquerdo: O Circo Brasil.
"Em 1752 já ali se efectuava, não se sabe desde quando, uma feira anual nos dias 28, 29 e 30 de Setembro (então, como hoje ainda, chamada Feira de S. Miguel)(2), que um alvará régio daquele mesmo ano autorizava que passasse a ser feira franca, tal a importância que ela, e a povoação, vinham ganhando(...)"
"Ao construir o Passeio Público nos terrenos que até aí constituíam o Campo da Feira, a Câmara Municipal decidiu que as feiras anuais passassem a realizar-se nas Praínhas, que então eram ainda quasi só alagadiços, mas que para o efeito começou logo a aterrar e sanear. Enquanto este aterro não foi concluído, o que demorou ainda não poucos anos, as feiras efectuaram-se nos adros anterior e laterais da Igreja Matriz (o primeiro que já então se chamava Largo da Igreja) e nas ruas adjacentes. Actualmente (1984) as feiras efectuam-se em terrenos da antiga Horta de Martins de Brito, a Sul do Hospital, para onde passaram quando, em 1982, foi construído nas Praínhas, um bairro de 120 casas pré-fabricadas." in"História Breve da Vila de Olhão da Restauração" (Antero Nobre, 1984)
Carrosséis e os carrinhos de choque.
É precisamente nesse ultimo local que recordo a maioria das Feiras da minha infância e juventude, num terreno junto à doca e zona industrial. Entretanto, nos últimos anos passou por vários locais, desde um descampado no extremo oposto da terra por detrás do "Ciclo" ao regresso à zona das Praínhas. Depois de algum tempo sem se realizar, renasceu em 2014 - organizada por uma empresa privada - num parque de estacionamento dezenas de metros do local onde a conheci.
Das minhas recordações da Feira de São Miguel, lembro-me de lá comprar vários dos meus brinquedos favoritos, os Transformers piratas, metralhadora barulhenta - que se não me engano foi rapidamente destruída pelos meus pais, para evitarem ouvir os ruídos estridentes (NOTA: disseram-me que essa compra foi noutra altura), uma espingarda a ar que disparava um rolha presa a um cordel, uma besta de plástico, etc.
Tenho pena de ter feito anualmente os meus pais sofrerem com a indecisão em que brinquedo comprar. Geralmente só me decidia quase na saída da Feira, e toca a voltar para trás para encontrar a barraca que vendia o objecto desejado.
No canto superior esquerdo "O Poço da Morte".
Nunca fui muito fã de carrosséis que se movem a alta velocidade ou a alturas pouco recomendáveis. Gosto de ver, mas não contém comigo para montanhas russas (que não recordo de ver nesta Feira), rodas gigantes ou carrinhos de choque. Na infância os meus favoritos eram os pequenos carroceis em forma de foguetes ou barcos (com água por baixo e tudo) que se limitavam a girar num eixo horizontal. Actualmente a Feira já não tem a importância de outros tempos, em que era uma das únicas alturas do ano (junto com a extinta Feira de Maio) em que os olhanenses tinham acesso a certos produtos e entretenimentos. Tradicionalmente, a Feira acontece em época de chuvas que até pouco tempo transformavam o terreno num lamaçal (actualmente, há asfalto por todo o lado). Mas em compensação, havia todo o tipo de distracções, desde a casa assombrada, barraquinhas de tiros (coisas que nunca experimentei); a gulodices vendidas nos carrinhos ou roulotes de algodão doce, farturas, pipocas, etc. Elemento que sempre odiei nas Feiras desse nosso Portugal: a música aos berros dos variados carrosséis e vendedores. Ainda hoje classifico aquelas aberrações musicais electrónicas que as crianças dançam nas discotecas como "música de feira". Também sempre me deu pena - mas algum fascínio - ver os animais exóticos que iriam actuar no Circo e que por vezes estavam em "exposição" ao lado da tenda.
Há uns anos consegui uma cópia das filmagens que António do Ó Aleluia efectuou pela terra a longo dos anos 70 e 80, em Super 8 colorido; e coloquei alguns excertos online:
Uma versão "melhorada", pelo menos com cores melhores e o som mais alto. Peço desculpa, mas esta gravação foi obtida através de uma velha cópia em VHS que por sua vez era uma gravação de Super-8 amador:
Foi deste vídeo que retirei as imagens para ilustrar o artigo. A certa altura do vídeo surge a data de Outubro de 1989, que terá sido quando o filme foi copiado para VHS. Não tenho a data concreta da Feira filmada, mas pelas vestimentas arriscaria final dos anos 70. No vídeo é possível identificar o Circo Brasil (aos 45 segundos). Os meus pais já me têm falado da época em que chegou a haver 3 circos em simultâneo.(3)
NOTAS: (1) (2)- A contradição do nome da Feira ("Feira de S. Miguel" ou "Feira de Olhão") é evidente. Recorrendo a uma fonte mais antiga, o "Monografia do Concelho de Olhão" (Ataíde Oliveira, 1906), o autor menciona-a somente como "feira de Olhão":
"Monografia do Concelho de Olhão" (Ataíde Oliveira, 1906, página 165, 3ª Edição)
(3) - Facto confirmado por Ana Isabel Vieira no Grupo Olhão: "Ainda me lembro da feira com 3 circos e de ir ver artistas famosos a actuar no circo. Havia o dia da dama e cavalheiro onde as senhoras não pagavam. Isso é que eram feiras normalmente fazia-se um mealheiro durante o ano que só era partido no dia da feira para se comprar os brinquedos. Bonecas (...)".
Olhanenses que queiram partilhar as suas recordações da Feira, façam-no nos comentários abaixo, ou no nosso Facebook.
Ainda falta muito até à próxima edição, mas quando o David Martins publicou uma foto de uma cassete com músicas do Festival da Eurovisão de 1980, resolvi escrever um artigo sobre essa edição. Edição essa que foi histórica por vários motivos: primeiro porque foi a 25.ª edição do certame, segundo porque foi a única em que participou Marrocos, terceiro porque o vencedor haveria de se tornar uma das maiores lendas do evento, quarto porque foi o primeiro Festival transmitido a cores em Portugal, já que as transmissões da RTP a cores tinham começado uns meses antes e quinto, quiçá o mais importante, porque Portugal obteve um dos seus melhores resultados de sempre e como é sabido, o nosso historial eurovisivo tem bem mais flops que sucessos.
O vigésimo-quinto Festival da Eurovisão teve lugar no dia 19 de Abril de 1980 (seis dias antes de eu nascer), no Congresgebouw de Haia na Holanda - o mesmo recinto que acolheu a edição de 1976. Por ter vencido pela segunda vez consecutiva no ano anterior, Israel deveria ser o país organizador. Mas quer por falta de verbas na televisão israelita quer por incompatibilidades com o calendário judaico, Israel não só não organizou o certame como nem sequer participou, sendo até hoje a única vez que um país não defendeu a sua vitória no ano seguinte. Também ausente esteve o Mónaco, que participava desde 1959 mas que a partir de 1980 iniciou um interregno apenas quebrado em 2004. Por seu turno, regressou a Turquia que esteve ausente no ano anterior e pela única vez, Marrocos marcou presença, pelo que participaram dezanove países tal como no ano transacto. Apesar de ser um país africano, Marrocos pôde participar no Festival da Eurovisão pelo facto de pertencer à EBU, tal como outros países do Norte de África e do Médio Oriente. Por exemplo, já antes a Tunísia mostrara interesse em participar em 1977 e até chegou a ser incluída no sorteio da ordem de actuação antes de voltar atrás, quiçá pela presença de Israel (cuja ausência em 1980 terá porventura facilitado a participação de Marrocos).
A apresentadora foi Marlous Fluitsma, mas cada canção foi apresentada por um apresentador de cada um dos países participantes na respectiva língua. O apresentador português foi Eládio Clímaco, com Isabel Wolmar a fazer os comentários para a RTP. Teresa Cruz foi a porta-voz dos pontos do júri de Portugal.
Estas foram as canções por ordem inversa à classificação final:
Vesa-Matti Loiri (Finlândia)
Samira Ben Said (Marrocos)
Nesse ano, a lanterna vermelha coube à Finlândia, com somente seis pontos. O intérprete foi Vesa-Matti Loiri, conhecido no seu país tanto como cantor como actor. A canção chamava-se "Huiliumies" ("o homem da flauta") e além de cantar, Loiri também tocou flauta.
A única participação de Marrocos no Festival foi deveras interessante, mas infelizmente tal não se reflectiu nos votos, ficando-se pelo penúltimo lugar com sete pontos, todos dados pela Itália. Samira Ben Said, ainda hoje uma das mais populares cantoras marroquinas, interpretou o tema "Bitaqat Hub" ("mensagem de amor") que mesclava sonoridades árabes com ritmo de disco-sound. A letra falava de um desejo de paz e amor, um sonho infelizmente ainda hoje por concretizar, sobretudo no mundo árabe.
Telex (Bélgica)
Sverre Kjellsberg e Mattis Haetta (Noruega)
Igualmente incompreendida foi a canção da Bélgica, que encerrou o desfile das actuações com o tema "Eurovision", aquele que porventura foi a primeira meta-canção eurovisiva. Os intérpretes eram o grupo synth-pop Telex, formado em 1978. Como se pode adivinhar pelo título, foi a primeira canção da Eurovisão a falar aberta e precisamente sobre o Festival da Eurovisão, chegando mesmo ao ponto de incluir um breve excerto do "Te Deum", o mítico tema da Eurovisão. A actuação teve tanto de irónica como de divertida, com o vocalista Michel Moers a cantar de forma estática mas lançando alguns confettis e a sacar de um máquina fotográfica no final. Segundo Moers, a banda pretendia ficar no último lugar, mas Portugal cortou-lhes as vazas ao dar dez pontos, deixando a Bélgica no 17.º lugar com 14 pontos. Os Telex continuaram a sua carreira com algum sucesso, sendo mesmo comparados aos Kraftwerk até à morte de um dos membros em 2008.
Também a Noruega apostou na originalidade, num dueto entre Sverre Kjellsberg e Mattis Haetta, de título "Sámmid Aednan"("Terra Sami"). Aliás o tema parecia duas canções numa só: primeiro Kjellsberg cantava a sua parte, exortando as terras da Lapónia norueguesa até que na recta final entrou Haetta entoando um canto esquimó, popularmente designado por yolk. Esse yolk da canção viria a ser usado no filme-prequela de 2011 "The Thing". Infelizmente na altura, ao contrário do que sucede hoje, canções étnicas não tinham grandes resultados no Festival, pelo que a Noruega quedou-se pelo 16.º lugar com 15 pontos.
Ajda Pekkan (Turquia)
Flemming "Bamse" Jorgensen (Dinamarca)
Depois da ausência em 1979, onde cedeu à pressão de outros países árabes para não marcar presença em Israel apesar de até ter uma canção escolhida, a Turquia voltava à Eurovisão, representada por uma das suas mais populares cantora, Ajda Pekkan. Tal como a canção de Marrocos, também o tema turco "Petr' Oil" conjugava modernos ritmos disco com sonoridade árabes. A letra era bastante subversiva pois tanto podia ser que Pekkan estivesse a cantar o seu amor por alguém chamado Petr Oil como a cantar o "amor" que muitos têm pelo petróleo. Ajda Pekkan continua a ter uma carreira bem-sucedida, mas hoje em dia é loura e apesar dos seus 69 anos, graças à competência dos melhores cirurgiões de Istambul, quase parece mais nova agora do que em 1980. A Turquia ficou em 15.º lugar com 23 pontos.
A Dinamarca apostou numa proposta mais ternurenta com "Taenker altid pa dig" ("sempre a pensar em ti"), interpretada pelo grupo Bamses Venner ("os amigos do urso de peluche"). O nome vinha da alcunha do vocalista Flemming Jorgensen a quem lhe chamavam Bamse, ou urso de peluche, que parecia uma personagem saída de um desenho animado tendo-se apresentado em palco de jardineiras e camisola às riscas. Bamse e companhia obtiveram 25 pontos e o 14.º lugar. O grupo continuou activo no seu país até à morte de Bamse em 2011.
Anna Vissi (Grécia)
Trigo Limpio (Espanha)
A Grécia fez-se representar por uma cantora natural de Chipre, Anna Vissi, que dava então os primeiros passos numa extremamente bem-sucedida carreira em ambos os países. Acompanhada pelo trio vocal Epikuri que incluía a sua irmã Lia, Anna Vissi interpretou o tema "Auto-Stop" que como o título indicava falava de se viajar à boleia. A Grécia recebeu 30 pontos que lhe valeu o 13.º lugar. Vissi voltaria ao Festival mais duas vezes, em 1982 pelo seu Chipre natal e em 2006 novamente pela Grécia, precisamente na edição realizada em Atenas.
Os representantes espanhóis foram o trio Trigo Limpio, formado então por Iñaki de Pablo, Luis Carlos Gil e Patricia Fernandez. O trio já tinha representado a Espanha no Festival da OTI em 1977 com o tema de título BDSM "Rompeme, matame" quando a parcela feminina era Amaya Saizar (que por sua vez iria à Eurovisão em 1984 com o grupo Bravo). Em Haia, levaram o tema "Quedate esta noche" que teve um desempenho sui-generis nas votações: os seis primeiros países a votar deram todos pontos à canção espanhola, mas depois só acrescentariam mais dois pontos de Portugal, num total de 38 pontos, rendendo o 12.º lugar.
Profil (França)
Thomas Ledin (Suécia)
Representando a França esteve um grupo propositadamente formado para a ocasião: os Profil, formados por Martine Bauer, Martine Havet, Francis Rignault, Jean-Claude Corbel e Jean-Pierre Izbinski. Os cinco defenderam o animado tema "Hé Hé M'sieur Dames" vestidos de branco e das cores do arco-íris e terminaram em 11.º lugar com 45 pontos. Posteriormente todos regressaram aos seus percursos a solo. Recentemente foi noticiado o falecimento de Martine Havet.
O representante da Suécia foi Tomas Ledin com o tema "Just Nu!" ("agora mesmo") que ficou em 10.º lugar com 47 pontos. Ledin teve várias ligações aos ABBA: fez coros na sua digressão de 1979, casou-se com a filha de Stig Andersson, o manager dos ABBA e escreveu canções para os álbuns a solo de Anni-Frida Lynstaad e Agnetha Faltskog, chegando mesmo a gravar um dueto com esta. Além disso, Tomas Ledin continua a ter uma bem sucedida carreira na Escandinávia.
Magaly & Sophie (Luxemburgo)
Blue Danube (Áustria)
O Luxemburgo apostou numa proposta mais pueril, com as gémeas francesas Sophie e Magaly Giles a cantarem o tema "Le Papa Pingouin", onde não faltou a presença de um homem vestido de pinguins no coro. O grão-ducado alcançou o nono lugar com 56 pontos e o single vendeu mais de um milhão de cópias. Mas infelizmente o futuro das jovens gémeas foi bastante aziago: só tiveram direito a uma ínfima fracção do dinheiro ganho pelas vendas do disco e não conseguiram prolongar a carreira. Magaly faleceu de doença relacionada com SIDA em 1996 e Sophie tem desde então vivido em reclusão e sofrido com problemas mentais. Em 2006, uma nova versão do tema por Pigloo conseguiu algum sucesso em alguns países, incluindo Portugal, cujo videoclip passou frequentemente no Canal Panda.
O primeiro tema a subir ao palco foi o da Áustria, "Du Bist Musik" ("tu és música") interpretado pelo grupo Blue Danube, que tal como o francês, foi formado propositadamente para a ocasião, composto por Marty Brem, Wolfgang Berry, Sylvia Schramm, Rena Mauris e Wolfgang Weiss. O tema mencionava diversos compositores e estilos musicais obtendo 64 pontos e o 8.º lugar. Marty Brem seria o representante austríaco no ano seguinte, cuja actuação foi uma das mais bizarras de sempre.
José Cid (Portugal)
Alan Sorrenti (Itália)
Portugal alcançou nesta edição um dos seus melhores resultados de sempre no certame, com José Cid a conseguir o sétimo lugar com 71 pontos. Apenas Áustria, Marrocos, Reino Unido e Espanha não deram pontos a Portugal e a Itália deu 10 pontos. Até então só em 1972 é que o nosso país tinha conseguido tal posição e apenas em 1996 é que Portugal conseguiu ainda melhor. Tudo graças a "Um Grande, Grande Amor" e o seu refrão poliglota "Adio, adieu, auf wiedersehen, goodbye. Amore, amour, meine liebe, love of my life". Dá para crer que tal era o potencial do refrão que a versão eurovisiva do tema abria logo com ele, ao passo que na versão do Festival da Canção iniciava com a primeira estrofe. O excelente desempenho em Haia foi ouro sobre azul para José Cid, que tantas vezes concorrera ao Festival da Canção quer a solo, quer com os Green Windows. Cid regressaria à Eurovisão em 1998, integrando o grupo Alma Lusa.
Uma posição acima, com 87 pontos ficou a Itália, representado por Alan Sorrenti, cantor napolitano filho de mãe galesa. Pelos agudos da sua voz, dir-se-ia que Sorrenti era o Barry Gibb italiano, interpretando o tema "Non So Che Darei" ("não sei o que daria"). Destaque para as cantoras do coro empunhando guitarras claramente falsas. Seja como for, deu para convencer a Europa a posicioná-lo no sexto lugar, inclusivamente Portugal que deu 12 pontos à Itália.
Maggie McNeal (Holanda)
Paola (Suíça)
Em quinto lugar ficou a canção do país da casa, a Holanda. Pode-se dizer que os Países Baixos têm duas capitais: a capital governamental fica em Haia e a capital constitucional em Amesterdão. Por isso, nada mais holandês do que haver alguém em Haia a cantar uma canção sobre Amesterdão. Foi o que aconteceu com Maggie MacNeal a interpretar o tema "Amsterdam" que louvava os encantos desta cidade que eu adorei visitar em 2009. Maggie MacNeal (que tem o quase impronunciável verdadeiro nome de Sjoukie van't Spijker) já tinha representado o seu país em 1974 como parte do duo Mouth & MacNeal que obteve o terceiro lugar. Desta feita ficou em quinto com 93 pontos. Desde 2000 que Maggie McNeal tem actuado com Marcha Bult, outra representante eurovisiva holandesa (1987), em que as duas interpretam vários temas da Eurovisão.
O quarto lugar (104 pontos) foi para a Suíça que se fez representar por Paola Del Medico, ou simplesmente Paola. Apesar do seu nome acusar as suas origens italianas, o seu repertório era maioritariamente em alemão e francês. Nos anos 80, Paola apresentou um programa de apanhados para a televisão alemã com o seu marido Kurt Felix e representou por duas vezes a Suíça na Eurovisão, em 1969 e 1980. Como o título indicava, o tema "Cinema" falava de memórias cinematográficas mencionando actores como Buster Keaton, Charlie Chaplin e Fred Astaire e heróis animados como o Rato Mickey e o Peter Pan.
Prima Donna (Reino Unido)
Katja Ebstein (Alemanha)
Entrando nas posições do pódio, o Reino Unido alcançou a terceira posição. Tal como a Áustria e a França, os seus representantes formaram um grupo para a ocasião, os Prima Donna formado Kate Robbins, Jane Robbins, Sally Ann Triplett, Danny Finn, Alan Coates e Lance Aston, interpretando o tema "Love Enough For Two", que obteve 106 pontos. Sally Ann Triplett regressaria à Eurovisão em 1982 como parte do grupo Bardo, Kate Robbins teve uma bem-sucedida carreira como cantora e actriz e Lance Aston veria a sua irmã Jay ganhar o Festival no ano seguinte como membro dos Bucks Fizz.
A Alemanha era tida como a principal favorita e não era para menos, pois fazia-se representar por uma das cantoras mais populares do país, Katja Ebstein. Ebstein já representara a Alemanha em 1970 e 1971, tendo sido terceira em ambas as ocasiões. Desta vez conseguiu ainda melhor, tendo sido segunda com 128 pontos. E se a canção da Suíça falou do cinema, a da Alemanha falava sobre a arte do teatro (como indicava o título "Theater") onde Ebstein cantava a forma como os actores mascaram os seus verdadeiros sentimentos quando sobem ao palco. A acompanhá-la nos coros estava um simpático grupo de mimos.
Johnny Logan (Irlanda)
No entanto, a vitória, com um total de 143 pontos, acabou por ir à Irlanda. Tudo graças a um jovem nascido na Austrália sob o nome de Sean Sherrard mas que o Mundo viria a conhecer como Johnny Logan. Sentado num banquinho, Logan interpretou o tema "What's Another Year", convencendo os júris europeus a concederam uma segunda vitória à Irlanda, dez anos depois da primeira na voz de Dana. Como de certo modo tem acontecido com a maioria das canções que venceram o Festival da Eurovisão, "What's Another Year" tornou-se um hit em toda a Europa, atingindo o n.º1 do top na Irlanda, no Reino Unido, na Bélgica, na Noruega e na Suécia e Logan tornou-se o novo herói nacional irlandês. Mas como se sabe, foi apenas metade da sua lenda. Em 1987, venceu de novo o Festival, tornando-se no único cantor a vencer o certame e num dos maiores ícones do Festival. Para culminar, uma canção da sua autoria ganhou em 1992, adensando ainda mais a lenda à sua volta e valendo-lhe a alcunha de "Mr. Eurovision".
Quem melhor para partilhar as suas memórias das quentes sessões de cinema de Verão nos longínquos anos 80, que Pedro Cinemaxunga - baptizado Pedro de Alarcão Lombarda - o notório blogger de cinema, que desde 2003 fascina a Internet com o seu estilo característico e inimitável de prosar sobre a sétima arte e a vida. E podem ter a certeza que são umas memórias interessantes! Depois do texto lido visitem o santuário xunga - "Cinemaxunga" - e digam que vão da nossa parte.
Menores de idade e pessoas impressionáveis, leiam de olhos fechados:
"1989, Agosto em Monte Gordo. Tinha acabado de recuperar a consciência daquilo que vim mais tarde a saber ser um black-out de 21 horas. Numa festa de Verão milhares de respeitosas donas de casa vibravam libidinosamente ao som de uma banda em palco. Demorei algum tempo a perceber o que se passava, o som enrolado em flanger e um forte sabor a laca Fiero que parecia escorrer em bica pelo esófago não ajudavam a melhorar a percepção. O Trio Odemira tocava o Anel de Noivado e fui apanhado desprotegido no meio das suas harmonias hipnóticas e na execução perfeita de uma música que já na altura era um velho clássico “Inundada no seu pranto. O seu vestido vai molhando, aochorar de amor por mim”, cantavam imperturbáveis pelos gritos histéricos, desmaios e apelos ao deboche adúltero. “Faz-me um filho”, gritava uma octogenária semi-nua estranhamente atraente que parecia acariciar-se ao meu lado. Não sei se foi do álcool, das drogas ou de uma cataplana de peixe que não me caiu nada bem, mas senti um capacete de eletricidade estática a massajar-me as têmporas, como tentáculos de ondas alfa e impulsos de telequinese, e os edifícios pareciam ondular ao ritmo dengoso dos baladeiros alentejanos. Tonico, no entanto, não parecia impressionado, estava de facto amuado porque o meteram a vender bebidas e petiscos numa noite em que passavam Delta Force 2 no cinema Mariani.
Esta não é tanto a minha história mas a história de Tonico, um jovem de 14 anos que trabalhava numa esquina de Monte Gordo a vender fruta. O seu único objectivo de Verão era ganhar o suficiente para ir ao cinema todos os dias. O Cinema Mariani na praia de Monte Gordo funcionava com dois filmes diários só a partir do pôr do sol porque metade da sala era esplanada. As doubles features eram compostas por um filme novo e um do dia anterior. Tonico via-os sempre duas vezes. Ele preferia Bud Spencer, porrada, ninjas, comédias badalhocas e blockbusters de anos anteriores, mas não recusava um Fellini que por vezes aparecia por engano, emuscuido em lotes Giallo, Spaghetti Western, slashers americanos e eróticos europeus. Não era grande fã de terror, mas era menos fã ainda de ficar em casa.
Em época de fervilhante animação, as noites animavam aquela zona obscura do vilarejo balnear com cinéfilos de todos os quadrantes. Se os turistas gostavam de comparecer a tempo e apreciar a experiência de imersão em cadeiras de madeira ao som da mastigação de sementes de girassol e gargarejar de Sucol e Frisumo, os locais tinham uma estratégia diferente na hora de comprar bilhete, dirigiam-se à bilheteira e perguntavam “Ouve lá mô, já mataram o mau?”. Em caso de resposta negativa compravam o bilhete e apreciavam o que restava da película ao balcão do bar com uma bela cervejinha.
Foram largas dezenas de filmes que vi com Tonico, que sendo pouco eloquente, se exprimia entre o “espectacular” e o “bué de fixe” (fichi, no dialeto local). Um jovem pouco exigente mas profundamente apaixonado pela sétima arte.
Acabado o Verão, Mariani abria aos fins de semana e com chuva, sol, trovoada ou queixas dos vizinhos à PSP o cinema continuava forte. Uma comunidade fiel em sessões animadas, em que se gritava, ria e comentava à boca cheia. No dia em que lá revi o Rocky IV não se ouvia o som vindo das colunas com a multidão aos gritos a apoiar o Italian Stallion. Havia pessoas de pé em frente ao ecrã e no final homens de barba rija, queimados pelo sol do sul, choravam copiosamente com a vitória de Balboa, a sua vitória, a nossa vitória, carago!
Foi difícil para mim ambientar-me ao Algarve, onde vivi 5 preciosos anos entre a adolescência e a juventude. Eu era do Norte, trocava os Vs pelos Bs, dizia “Queijo” em vez de “Quêjo”, tinha boas notas e não percebia uma palavra de espanhol. O cinema foi muito importante para me integrar com os locais que após uns meses de belas sessões de matança em cópias riscadas e bobines trocadas já não me davam surras nem me roubavam a carteira com tanta frequência."
Novamente, agradeço ao Pedro esta colaboração. Visitem o blog dele: "Cinemaxunga". P.S. - Como algarvio quero apenas declarar que nos anos 80 raramente roubava carteiras a forasteiros.