terça-feira, 29 de outubro de 2019

SEGA Novidades Explosivas - Verão 1994 - Cassete Mega Force (1994)





Reparei que hoje se celebra o 31º aniversário da consola Mega Drive, a versão original japonesa, e finalmente fui buscar ao arquivo esta mítica cassete que saiu nas bancas com a revista de videojogos "Mega Force" na sua edição nacional. A dita cassete com duração de cerca de 15 minutos vinha na embalagem em cartão que podem ver na foto acima, com a mascote da SEGA, o Sonic The Hedgehog em destaque. O conteúdo era as "Novidades Explosivas" da Sega, para o Verão de 1994, complementa  a etiqueta na própria cassete VHS.

Além dos jogos para a Mega Drive (Genesis nos EUA) no final do vídeo estão excertos de alguns jogos para a "Mega CD". Só em finais dos anos 90 consegui esse acessório para a Mega Drive e um dos jogos nesta cassete foi um dos que comprei junto com a "Mega CD II": "Tomcat Alley" um jogo que basicamente era um filme interactivo, com o jogador aos comandos de um jacto de guerra. Era limitado e repetitivo, mas o factor novidade fez-me jogar muitas vezes..


Já encontrei algumas versões do "Novidades Explosivas" pelo Youtube, mas fica a minha gravação:

Cópia do vídeo no Archive.Org.

Leitores, quem teve esta cassete? Compraram alguns destes jogos anunciados?

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Forrest Gump (1994)

por Paulo Neto

Existem filmes que tenho algum receio de rever pois tenho receio que o revisionamento estrague as boas memórias quando os vi pela primeira vez, especialmente no cinema. "Forrest Gump" é um desses filmes: eu adorei quando fui vê-lo no cinema e lembro-me de considerá-lo durante uns bons anos como o meu filme preferido de sempre. Mas entretanto, foi daqueles filmes que sofreu um backlash e foi etiquetado como "sobrevalorizado" e desde então nunca mais o revi, pelo menos na íntegra, e tenho medo de já não gostar tanto, embora creia que não tenha envelhecido assim tão mal.





Adaptado do livro de Winston Gordon, "Forrest Gump" foi realizado por Robert Zemeckis e protagonizado por Tom Hanks com Robin Wright, Gary Sinise, Sally Field, Mykleti Williamson e Michael Connor Humphreys nos principais papéis.



No estado do Alabama no início dos anos 50, Forrest Gump (Humphreys) é um rapazinho que parece não seria grande coisa na vida. Além de um Q.I. abaixo da média e sem poder andar direito devido aos ferros nas pernas usados para corrigir um defeito na espinha, Forrest só conta com o amor incondicional da sua mãe (Field), a dona de uma estalagem, para o proteger do desprezo e da chacota dos outros. Porém quando ele conhece Jenny Curran (Hanna R. Hall), uma menina que sofre maus-tratos por parte do pai, os dois se tornam grandes amigos. Um dia, ao fugir de uns bullies, ante o grito de Jenny para ele correr e a queda dos seus ferros nas pernas, Forrest revela-se um excelente corredor.




Esse talento leva um Forrest mais crescido (Hanks) a entrar na Universidade onde se destaca como jogador de futebol americano e mais tarde alista-se no exército onde faz um novo amigo em Bubba Buford (Williamson). Os dois são destacados para combater no Vietname, sob a liderança do Tenente Dan Taylor (Sinise). Durante um emboscada dos Vietcong, Forrest salva vários soldados, incluindo o Tenente (que fica sem pernas) mas não consegue evitar a morte de Bubba. 
Após a guerra, Forrest descobre mais um talento no ping-pong que o leva até à China e mais tarde abre o negócio de pesca de camarão que pretendia abrir com Bubba, sendo ajudado pelo Tenente Dan que aí recupera dos traumas da guerra e das mágoas de ter sido amputado.





Entretanto, Forrest encontra-se algumas vezes com Jenny, que tinha adoptado o estilo de vida hippie para depois cair numa espiral de dependência a drogas. Após a morte da mãe e a rejeição de Jenny ao seu pedido de casamento, Forrest enceta uma maratona pelo país inteiro ao longo de três anos.
Até que de volta ao início no filme, na paragem de autocarro onde Forrest vai contando a sua história às pessoas que lá estão. É então que descobre que tem um filho da noite que passou com Jenny e que esta tem pouco tempo de vida, devido a um vírus incurável. Os dois finalmente casam-se mas Jenny morre um ano depois, deixando-o a criar sozinho o filho Forrest Jr. (Haley Joel Osment).

Ao longo destes anos todos, Forrest conheceu três Presidentes americanos (Kennedy, Johnson e Nixon), auxiliou Vivian Malone, uma estudante negra que o Governador George Wallace tentou impedir que entrasse na Universidade do Alabama, foi entrevistado junto a John Lennon, acidentalmente causou o escândalo Watergate, criou as T-shirts com smiley e ficou rico devido aos investimentos do Tenente Dan na Apple (que Forrest pensava ser um negócio de frutaria!).



"Forrest Gump" foi o maior sucesso de bilheteira de 1994 nos Estados Unidos e segundo no mundo e obteve seis Óscares incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Actor, com Tom Hanks a ser dos poucos actores a ganhar uma estatueta em dois anos consecutivos, após ter sido galardoado no ano anterior por "Filadélfia". Recebeu ainda três Globos de Ouro, dois prémios Saturn e foi indicado na lista de American Film Institute como um dos melhores cem filmes americanos de sempre. E claro, deixou bordões lendários como "Run, Forrest, run!" e "Life is like a box of chocolates."
A banda sonora do filme, recheada de clássicos dos anos 50, 60 e 70, também foi um grande êxito. Um videoclip de "Turn Turn Turn (To Everything There Is A Season)" dos The Byrds (1965) com cenas do filme foi feito para promover o disco.

Para mim, além do vibrante relato da história da América dos anos 50, 60 e 70, o que mais me impressionou no filme foi a história de auto-superação da personagem-título, mostrando que mesmo aqueles que à partida parecem ter todo o tipo de desvantagens podem ser capazes de fazer grandes coisas na vida. E como afinal, os conceitos contraditórios de karma e destino muitas vezes andam de mãos dadas.



E para terminar eis algumas curiosidades:
- As cenas do ping-pong foram filmadas sem bolas.
- Tom Hanks não recebeu cachet pelo filme, ficando antes com uma percentagem dos lucros. O seu irmão Jim fez de duplo em algumas cenas de corrida.
- A pena que surge a flutuar no início e no fim do filme foi criada em computador a partir de uma pena real manobrada por uma cana de pesca.
- Bill Murray, Chevy Chase e John Travolta recusaram o papel principal, com o último a admitir que cometeu um grande erro. Jodie Foster, Nicole Kidman e Demi Moore recusaram o papel de Jenny e Ice Cube e Dave Chapelle o papel de Bubba.
- Nas cenas em que a sua personagem tem as pernas amputadas, Gary Sinise tinha as pernas enfaixadas em tecido azul para depois ser apagadas digitalmente.
- Embora o actor Peter Dobson fizesse no filme de Elvis Presley, a voz que se ouve é a de Kurt Russell.
- Na cena em que o jovem Forrest entra no autocarro da escola e os miúdos não o deixam sentar ao lado deles, dois desses miúdos são a filha de Tom Hanks, Elizabeth, e o filho do realizador Robert Zemeckis, Alexander. 
- Existem 33 restaurantes chamados "Bubba Gump" no mundo inteiro.
- O banco da paragem de autocarro da cidade de Savannah, no estado da Geórgia, onde o protagonista está sentado ao longo do filme está agora no museu municipal da cidade.

Trailer:


 "Turn Turn Turn (To Everything There Is A Season)" The Byrds




domingo, 20 de outubro de 2019

Watchmen (1986)





Em Setembro de 1986 começou a ser publicada uma das histórias em banda desenhada que mudou a nona arte: a maxi-série em 12 partes "Watchmen". Os seus criadores, Alan Moore e Dave Gibbons, na prosa e arte, respectivamente. Pessoalmente só tomei conhecimento com a obra através da Internet, onde graças aos scans piratas em meados dos anos 2000 pude conhecer histórias do calibre de "The Dark Knight Returns", "Batman: A Piada Mortal", ou "V de Vingança", entre outras que entretanto já consegui comprar, em várias edições vintage ou contemporâneas. A minha primeira "Watchmen" em formato físico foi um encadernado brasileiro de 1989 que comprei numa loja de livros antigos em Quarteira, com esta capa jeitosa:



Este cromo adapta o meu texto de 2009 "Watchmen - Graphic Novel", por isso as ilustrações têm apenas imagens da banda desenhada comparada com as do filme desse ano. Obviamente, SPOILERS para quem ainda não leu esta obra de arte, viu o filme ou a série da HBO que estreia em 2019.

As 12 capas da série limitada original.
Watchmen passa-se nos E.U.A. de um mundo muito semelhante ao nosso, com uma diferença crucial: na primeira metade do século XX surgiram os primeiros vigilantes mascarados, super-heróis que combatiam o crime em uniformes coloridos. Da reunião de vários heróis nasce o primeiro super-grupo, os Minutemen. Depois de vários êxitos, escândalos e um impacto gigantesco na sociedade contemporânea, o grupo é desmantelado. Só anos mais tarde, a nova geração de heróis, inspirada pelos seus antecessores, se reúne para salvar o mundo. Assim nasceram os Watchmen. Na maioria, homens e mulheres sem poderes, que com treino, armas ou engenhocas combatiam os malfeitores. Mas a desconfiança do público e o surgimento de Dr. Manhathan - o primeiro ser super-humano - levaram a que o governo americano banisse as actividades dos vigilantes. Os E.U.A. ganharam no Vietname mas a Guerra Fria continuou, com a ameaça de uma guerra nuclear global eminente e omnipresente.

Sinopse:
A narração de Watchmen começa em 1985, com o assassinato do Comediante, um antigo membro dos Minutemen e dos Watchmen. O psicótico Rorshack, outro antigo Watchmen, investiga o caso, tentando desmontar o que ele acredita ser uma conspiração para eliminar antigos heróis mascarados. Entra em contacto com os ex-colegas, tentando levá-los a actuar. Só depois de um ataque á vida de Ozymandias e do auto-exílio do Dr. Manhattan, Nite Owl II e Silk Spectre II unem-se a Rorshack para desvendar quem é o assassino do Comediante, e que segredos este descobriu antes de morrer.


Os personagens principais:





Rorschach

Baseado no herói Questão. Usa uma máscara especial com padrões em movimento, que para ele é a sua verdadeira cara. Depois de uma infância problemática, dirigiu a sua raiva contra os bandidos, tornando-se cada vez mais violento. Depois de descobrir a morte do Comediante, tenta alertar os antigos companheiros para uma misteriosa conspiração. Paranóico e inflexível, Rorschach acredita firmemente que os culpados têm que ser punidos.





Dr. Manhattan

Baseado no herói Capitão Átomo, o único super-humano do planeta nasceu de um acidente de laboratório nos anos 50. Depois de ser desintegrado conseguiu recriar um corpo humanóide, azul e com poderes extraordinários que lhe permitem manipular a energia e a matéria. Apelidado de deus e super-homem americano, Dr. Manhattan venceu a guerra do Vietname e trabalha em experiências cientificas. A sua percepção diferente do Mundo leva a que se distancie cada vez mais da Humanidade.





Nite Owl II

Baseado nos heróis Besouro Azul e Batman, é um inventor abastado que criou engenhocas relacionadas com corujas (incluindo uma nave) para combater os criminosos. Durante algum tempo fez equipa com Rorschach. Depois da proibição dos vigilantes, Daniel perdeu a motivação, está em baixo de forma e leva uma vida solitária e tristonha. Mas depois da visita de Silk Spectre II e do seu regresso á activa, tudo vai mudar.





Silk Spectre II

Filha da Silk Spectre original, Laurie leva uma vida monótona ao lado do Dr. Manhattan. Este parece ter perdido o interesse por ela e pelo resto do planeta, e depois de uma discussão Laurie abandona-o e visita Nite Owl II, lembrando antigas memórias e recuperando a excitação do tempo em combatiam o crime nas ruas. Personagem inspirada nas heroínas Nightshade e Phantom Lady.





Ozymandias

Adrian Veidt, é – alegadamente – o homem mais inteligente do mundo. Dono de uma fortuna imensa, representa o ideal da perfeição humana de corpo e mente. O seu ídolo é Alexandre, O Grande o mítico conquistador da história antiga. Veidt há muitos anos que revelou a sua identidade ao público tornando-se numa celebridade.





Comediante

Baseado no herói Pacificador (mas fisicamente parecido a Nick Fury da Marvel Comics) Edward Blake foi integrante, quando jovem, dos Minutemen. Extremamente agressivo e sádico, tentou violar a Silk Spectre original e fez muitos trabalhos sujos para o governo americano. Afiança que tudo é uma piada, mas é o seu brutal assassinato que despoleta toda a história de Watchmen. Quem teria motivos para matar o Comediante?


A Graphic Novel
Watchmen nasceu da vontade de usar heróis da antiga editora Charlton, entretanto comprada pela DC Comics (a editora de Super-Homem, Batman, etc), mas com o objectivo de criar uma sátira ao género das BDs de Super-heróis. Mas como a DC tinha mais planos para esses personagens, eles foram usados apenas como base para criar outros especialmente para a maxi-série Watchmen, editada originalmente em 12 números entre 1986 e 1987. O polémico Alan Moore foi o escritor por detrás de uma história totalmente contra-corrente para a época em que a maioria das pessoas ainda encarava a banda desenhada como simples bonecadas para as crianças. Os super-heróis de Alan Moore não são certinhos, cometem erros e influenciam a sociedade que os rodeia (ao contrários dos super-herois tradicionais, em cujas aventuras uma cidade é destruída e no próximo número já está recuperada e sem consequências de qualquer tipo, por exemplo). Imaginem por um segundo, o que mudaria no nosso mundo actual se surgisse o Super-Homem, quase um deus. Como reagiriam os políticos, as corporações, os oportunistas, os religiosos, as pessoas comuns? Além disso, a história tem conteúdos violentos e sexuais bem explícitos. Aborda ainda a homossexualidade entre heróis, a paranóia com os comunistas e a Guerra Fria, a ameaça nuclear e outros temas importantes, e as suas consequências na opinião pública. O estilo de desenho de David Gibbons, pouco super-heróico, mas realista e cheio de detalhes em cada quadradinho ajudou a criar um mundo credível para os personagens de Alan Moore, em páginas recheadas de duplos sentidos, símbolos e referências da cultura pop. Rapidamente a obra tornou-se um objecto de culto e admiração, tanto por leitores como pela crítica. Em 1988 ganhou um prémio Hugo, em 2005 a revista Times colocou Watchmen na lista das “100 maiores novelas de língua inglesa de 1923 ao presente”. Junto com obras como “The Dark Knight Returns”, ajudou a mudar a forma como se contam histórias através da nona arte.


Uma breve comparação de alguns dos mais icónicos painéis recriados na versão de Zack Snyder em 2009: "Watchmen BD Vs Filme".


Texto adaptado de "Watchmen - Graphic Novel" [Cine31 - Março 2009].


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Morangos Com Açúcar - 2.ª série (2004-2005)

por Paulo Neto




Quando em 2003, a TVI lançou "Morangos Com Açúcar", uma telenovela destinada ao público adolescente, o sucesso foi imediato e a estação apercebeu-se que tinha aí um enorme filão. Por isso, a fasquia estava alta para a segunda temporada mas foi uma aposta ganha, ao ponto de muitos fãs considerarem esta como a sua temporada preferida. A segunda temporada regular de "Morangos Com Açúcar" estreou a 18 de Outubro de 2004, com um elenco de jovens actores (muitos deles viriam a dar cartas na teledramaturgia nacional nos anos vindouros) apoiado por actores mais experientes. Alguns actores da primeira temporada regular e da respectiva temporada de Verão transitaram para esta como foi o caso de Rodrigo Saraiva (Rafa), Guilherme Filipe (Professor Sapinho), Tiago Aldeia (Rodas), Diogo Martins (Dani) e Núria Real (Patrícia). Já outros apareceram somente nos episódios iniciais, como foi o caso do casal protagonista da primeira temporada, Pipo e Joana (João Catarré e Benedita Pereira). Houve ainda o caso de uma personagem que levou um reset: Mitó, uma personagem interpretada por Ana Guiomar na temporada de Verão, ganhou um novo nome e outro rumo.

Simão (Pedro Teixeira) e Ana Luísa (Cláudia Vieira)


Nesta temporada, o casal protagonista foi desempenhado por Pedro Teixeira e Cláudia Vieira, nos papéis de Simão Navarro e Ana Luísa Rochinha e foi sem dúvida um dos principais trunfos da segunda temporada, até porque como se sabe, a química entre os dois actores não tardou a transpor para a vida real e que esteve bem patente no romance tipo "Romeu e Julieta" que as personagens viviam.   
Ana Luísa e Simão conhecem-se durante uma prova de motocrosse e mais tarde reencontram-se no início de um novo ano lectivo no Colégio da Barra, onde graças a uma iniciativa de Filipe "Pipo" Gomes (que tinha terminado a temporada anterior como dono do colégio), é criado um programa de bolsas para que alunos mais economicamente desfavorecidos, como é o caso de Ana Luísa e dos seus três irmãos, Soraia (Rita Pereira), Tojó (Diogo Valsassina) e Gongas (Gabriel Cândido). Os quatro são filhos de Júlia (Maria D'Aires) e Artur (Carlos Areia), uma família que apesar de várias privações e desaguisados, é uma família feliz.
O mesmo não se pode dizer de Simão já que ele e a sua irmã Marta (Ana Guiomar) vivem em permanente conflito com o pai, o Tenente José Luís Navarro (Carlos Mendes), um homem frio e severo que tenta controlar ao máximo a vida dos filhos. Tudo só piorou quando José Luís casou com Vanda (Joana Seixas), uma mulher interesseira e dissimulada, que os enteados detestam.

Rodas (Tiago Aldeia) e Marta (Ana Guiomar)
Lola (Joana Borja) e Tojó (Diogo Valsassina)
Artur (Carlos Areia)
Vanda (Joana Seixas) e Carlota (Mafalda Pinto)

Como se não bastassem as diferenças sociais, no colégio não tarda a surgir um conflito entre os antigos alunos privilegiados que não se conformam em ter de conviver com alunos mais pobres no colégio e os novos alunos que pretendem acabar com a primazia dos mais ricos, deixando Simão e Ana Luísa em lados diferentes da barricada. Do lado dos pobres, ou os dreads, estão os melhores amigos de Ana Luísa, Xana (Marta Melro), Zé Milho (Vítor Fonseca), Topê (Paulo Vintém) e Ruca (Edmundo Vieira) que claro está, não vêem com bons olhos o interesse dela por Simão. No lado dos mais ricos, ou os betos, estão o melhor amigo de Simão, Henrique (Hélio Pestana) - que se vai revelar um amigo da onça - e Carlota (Mafalda Pinto), com quem Simão namora intermitentemente e que depressa vê em Ana Luísa um alvo a abater. Até porque cedo se descobre que apesar das aparências, Carlota não é rica e vive humildemente com a avó Prazeres (Catarina Avelar) e os irmãos Miguel (David Persone) e Caty (Melanie Santos) e pretende manter-se como a namorada de Simão para subir na vida, ao mesmo que se faz amiga da ingénua Inês (Ana Rita Tristão), prometendo-lhe um arranjinho com Henrique. Quando a sua prima Vitalina ou Vicky (Rita Viegas) também ganha uma bolsa para estudar no Colégio, Carlota fica embaraçada pelos modos provincianos dela mas inesperadamente Vicky acaba por se tornar bastante popular devido ao seu talento para cantar.
Além de Vicky, também Topê, Ruca e Zé Milho fazem furor na música, juntando-se a David (Angélico Vieira), o jovem tio de Patrícia, para formar uma boyband chamada D'ZRT - cujo sucesso, como é bem sabido, passou da novela para a realidade. 

Xana (Marta Melro) e Rafa (Rodrigo Saraiva)

ToPê (Paulo Vintém), David (Angélico Vieira),
Ruca (Edmundo Vieira) e Zé Milho (Vítor Fonseca)

Vicky (Rita Viegas) e TóPê (Paulo Vintém) 



Enquanto a irmã é bondosa, batalhadora e humilde, Soraia é o oposto, lamentando-se de ser pobre e procurando as coisas pelo caminho mais fácil, como por exemplo entrar em negócios sujos e tentar seduzir o professor Nuno (Carlos Vieira) para subir as notas, num mal-entendido que quase compromete a relação do docente com Madalena (Dalila Carmo). Já Tójó é algo tímido com o sexo oposto - o que até faz o pai, num acesso de machismo, desconfiar que ele é gay - mas com o tempo vai ter romances com Caty e Lola (Joana Borja), prima de Patrícia e sobrinha de David, acabado a namorar com Marta (em mais um caso de um romance que passou para vida real entre Diogo Valsassina e Ana Guiomar, e que é o único que perdura até hoje). Antes de Tójó, Marta envolve-se com Rodas. Por seu turno, Gongas rapidamente torna-se amigo de Dani, Susana e Patrícia.

Soraia (Rita Pereira)



Henrique (Hélio Pestana)

Inês (Ana Rita Tristão) e Zulu (António Lima)


Com o avançar da trama, descobre-se que Vanda não é mesmo flor que se cheire, pois não só está envolvida em contrabando de motos (chegando a planear um assalto à garagem dos Rochinha para roubar o protótipo de mota desenhado por Artur que resulta na morte de Júlia) como trai o marido com Henrique, o amigo do enteado.

João (Raúl Abrantes) e Sofia (Joana Nunes)
Carmo (Cláudia Cadima) e Mário (Paulo Matos)

Henrique é o mais velho de três filhos de Mário (Paulo Matos) e Carmo (Cláudia Cadima), que vivem em permanente discussão embora no fundo os dois ainda gostem um do outro e não têm coragem para se separar. Os outros filhos são João (Raúl Abrantes), o típico nerd caixa-de-óculos que namora com Sofia (Joana Nunes), e Mafalda (Marta Remos) que também se junta ao grupo de amigos de Gongas. Entretanto, Carmo descobre que está grávida do quarto filho e no final da temporada dá a luz uma menina chamada Raquel, que selará a reconciliação definitiva entre os seus pais.       

Bárbara (Patrícia Tavares) e David (Angélico Vieira)

Entre os novos professores, destaca-se a história de Bárbara (Patrícia Tavares), a nova professora de Educação Física e uma jovem mãe solteira que esconde um segredo: o seu filho é fruto de uma relação que teve com Hugo (Afonso Pimentel), um aluno da sua escola anterior. Para piorar as coisas, Bárbara acabará por se envolver com David.
Também me recordo que a certa altura, o professor Sapinho consegue realizar o seu sonho e tornar-se dono do Colégio, obrigando os alunos a usar uniforme e seguir as suas regras estritas e absurdas.

Simão (Pedro Teixeira) e Maria (Dânia Neto)
Liliana (Maria Sampaio)


Numa fase mais avançada da trama, o romance de Ana Luísa e Simão sofre a sua maior ameaça quando surge um vértice para um triângulo amoroso em Maria (Dânia Neto). Mimada e habituada a ter sempre tudo aquilo que quer, Maria decide conquistar Simão por capricho mas o feitiço vira-se contra o feiticeiro, e ela acaba mesmo por se apaixonar pelo rapaz. E quando mais um mal-entendido separa Ana Luísa e Simão, este decide dar uma oportunidade a Maria, e este triângulo amoroso acaba por ser um dos pilares da segunda temporada de Verão. Enquanto isso, Maria vive um divertido drama familiar quando a sua mãe Dadá (Adelaide Ferreira) se perde de amores por Joca (José Meireles), o pai da Xana, e os dois ficam determinados em se casar embora as respectivas filhas se odeiem.

Dois dos livros publicados com histórias das personagens desta temporada



CD banda sonora




Cartaz da temporada de Verão
O primeiro álbum dos D'ZRT


  
Outros pontos a salientar:
- Além dos já referidos Cláudia Vieira/Pedro Teixeira e Ana Guiomar/Diogo Valsassina, outros casais da vida real que saíram desta temporada dos Morangos foram Rita Pereira/Angélico Vieira e Marta Melro/Rodrigo Saraiva. 
- O tema do genérico da segunda temporada era "Mesmo Sem Saber" dos Lulla Bye. Outras canções que marcaram a banda sonora foram "Picture Of My Own" (que ilustrava as cenas românticas entre Simão e Ana Luísa), "Curtain Calls" dos Blue (geralmente para algumas das cenas mais dramáticas) e claro está, "Para Mim Tanto Me Faz" dos D'ZRT. 
- Embora tivesse sido editado o livro sobre a primeira temporada, que era uma espécie de prequela, foi a partir desta temporada que foi iniciada uma colecção de livros com histórias das personagens da telenovela, com três livros: "As Confissões de Ana Luísa", "Uma Viagem Inesperada" e "Mistério No Motocross".
- Durante a temporada de Verão foram introduzidas algumas personagens que entrariam na terceira temporada, em especial Fred (Paulo Rocha), Alice (Inês Castel-Branco) e Dino (Francisco Adan), mas há que destacar a surfista Liliana (Maria Sampaio), a primeira personagem LGBT da franchise.
- Rita Viegas (Vicky) e Edmundo Vieira (Ruca) foram concorrentes na primeira edição da "Operação Triunfo". Paulo Vintém (TóPê) foi um dos pré-seleccionados da segunda edição mas foi eliminado logo no primeiro programa e não chegou a entrar na academia.
- Em 2007, Hélio Pestana foi inesperadamente incluído na votação promovida pela RTP para eleger os 100 maiores portugueses de sempre (aquela em que António Oliveira Salazar ficou em 1.º lugar), ficando no 79.º lugar. Após os Morangos, Hélio Pestana entrou na telenovela "Dei-te Quase Tudo) e fez teatro e participações especiais em telenovelas e séries. Actualmente, tem feito notícias devido aos seus problemas de foro mental.



Para terminar: eu não sou de ter crushes por celebridades, mas não pude deixar de ficar starstruck quando conheci Cláudia Vieira na festa do 25.º aniversário da SIC, até porque fiquei com ainda melhor impressão dela. Afinal de contas, foi numa zona onde os actores não eram obrigados a ir ter com o público, mas mesmo assim ela e alguns dos actores disponibilizaram-se para tal. E para a posterioridade fica a minha selfie com a Ana Luísa.

Genérico da segunda temporada:




Best of Simão e Ana Luísa:









D'ZRT cantam "Para Mim Tanto Me Faz"









segunda-feira, 14 de outubro de 2019

“Quantos cabem num Mini?” - Passeio dos Alegres (1981)


Os portugueses recordam vários momentos da história da nossa TV com carinho: o Duarte e a levar com a mala da sogra nas trombas, Cavaco Silva a ruminar Bolo-Rei, Carlos Lopes e Rosa Mota a cruzar a meta para ouro, ou as 27 pessoas espremidas dentro de um Morris Mini n'O Passeio dos Alegres. Na época eu tinha pouco mais que 2 anos de idade, naturalmente só me recordo das imagens exibidas noutros programas e imprensa.

E que melhor modo de recordar o evento do que com um excerto do Facebook de Júlio Isidro? O mítico comunicador recorda este episódio a propósito de uma recriação do mesmo desafio, como comemoração dos 60 anos da marca. Apesar da contar novamente com a apresentação de Júlio Isidro, em 2019 apenas 19 voluntários conseguiram encaixar-se no interior da viatura, longe dos 27 portugueses encafuados no Mini nos anos 80 que bateram um recorde mundial.
"Foi no dia 15 de Março de 1981, já lá vão 38 anos!
O ainda jovem autor e apresentador do agora mítico Passeio dos Alegres da RTP 1, levava o país ao rubro com um dos muitos passatempos criados ao longo de mais de quatro anos.
"Quantos num mini?"
Pois nesse dia entraram neste minúsculo e mítico automóvel 27 pessoas maiores de treze anos!
Em dois minutos acontecia um recorde do mundo, noticiado pelas televisões internacionais com especial destaque do serviço de notícias da televisão japonesa!
Entre nós, o passatempo foi primeira página do Correio da Manhã e de outros jornais, mas não deu no TeleJornal.
Santos da casa...."


Procurando no arquivo do jornal "Diario Lisboa", encontrei um pequeno apontamento, com direito a foto ( a mesma do CM), sobre a proeza alcançada pelo grupo "Os Maiores de Olivais", o colectivo que venceu as outras equipas, "provenientes dos mais variados pontos do país".
"Diário de Lisboa" [26/03/1981]
O "DL" menciona que o recorde mundial anterior da "especialidade" era de 24 estudantes ingleses. Com bancos, como no caso português, porque num carro sem bancos a equipa da Universidade de Oxford conseguiu acomodar 29 pessoas.
O site "Motor24" acrescenta que
"Para garantir que todos estavam ‘hermeticamente’ confinados, Fecharam-se as portas durante 10 segundos. Nunca tanta gente entrara e saíra do pequeno automóvel. Todos saíram ilesos e o próprio carro também suportou bem o peso graças à suspensão que tinha sido propositadamente reforçada para o efeito" e que a gravação do feito "passou na Eurovisão e foi visto na televisão japonesa."
No site da RTP é possível assistir a um vídeo sobre o "Passeio dos Alegres" com recordações sobre este passatempo: "Recordar O Passeio dos Alegres - Agora Nós".


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A Noite da Má Língua (1994-97)

por Paulo Neto

Ao fim de sete anos de blogue, já não restam muitos mais programas da fase imperial da SIC nos anos 90 para falar aqui, mas este era sem dúvida uns dos que ainda faltava mencionar.



Uma vez mais na onda transgressora face às convenções televisivas de mais de 30 anos da RTP, que foi a imagem de marca da SIC nos seu primórdios e que sem dúvida terá contribuído para a sua rápida ascensão ao canal de maior audiência, "A Noite de Má Língua" era um programa, que como o nome indica, comentava a actualidade socio-política no país e no mundo com um tom mordaz, ácido e sim, maledicente, embora evitando cair no insulto gratuito. O que sem dúvida foi uma pedrada no charco num Portugal que sempre se regeu pelo "respeitinho".


Promo da estreia do programa em 1994:



Exibido em três temporadas entre 1994 e 1997, o programa era conduzido por Júlia Pinheiro e tinha em estúdio quatro convidados para analisar os temas em discussão numa época marcada pela transição de poder do PSD de Cavaco Silva para o PS de António Guterres. Era transmitido nas noites de quinta-feira e estreou-se na rentrée de 1994. Os quatro primeiros painelistas eram Miguel Esteves Cardoso, à altura a cara do semanário de "Independente" que não recuava perante críticas ao governo cavaquista, Manuel Serrão, empresário nortenho sempre militante contra os centralismos de Lisboa, Alberto Pimenta, poeta e ensaísta defensor do inconformismo político (entre as suas acções mais controversas conta-se a de em 1977 fechar-se numa jaula dos macacos do Jardim Zoológico de Lisboa com uma tableta a dizer Homo Sapiens) e Helena Sanches Osório, jornalista do "Independente" que em 1993 esteve no centro de uma polémica em que afirmou num programa de televisão de que sabia que um ministro tinha pago 120 mil contos para acrescentar uma vírgula num decreto-lei (ficando conhecido como o Caso Vírgula) que chegou à discussão na Assembleia da República.  Mas a primeira temporada foi marcada por muitas mudanças no alinhamento no painel de comentadores, tendo por ele também passado a actriz Graça Lobo, a jornalista Constança Cunha e Sá, Luís Coimbra, um ex-deputado do PPM e fundador do partido MPT e o escritor Rui Zink.




O quarteto de comentadores do programa ficaria definitivamente consolidado a partir da segunda temporada com Rita Blanco a juntar-se a MEC, Serrão e Zink, e juntamente com uma hábil moderação de Júlia Pinheiro, ficou criada uma sinergia idela para o programa. 
Outro interveniente no programa era o jornalista Victor Moura Pinto com a sua hilariante e mordaz rubrica "SIC Transit Gloria Mundi" onde se abordava os acontecimentos do país e do mundo com um olhar jocoso, com música a condizer como por exemplo, no resumo da campanha das eleições legislativas de 1995

Também todas as semanas era atribuído o Prémio da Noite da Má Língua à personalidade que se tivesse destacado mais. Uma das primeiras pessoas a aceitar receber o prémio foi o cantor José Cid, graças à sua famosa sessão fotográfica onde surgia despido e apenas coberto por um troféu de disco de platina. Essa aliás será a transmissão do programa mais recordado pois as coisas ficaram bastante tensas entre Cid, Manuel Serrão e Miguel Esteves Cardoso. 

Como seria de esperar, num país cujas elites não primavam pelo sentido de humor e pouco habituado a ser analisado de forma tão ácida, o programa gerou mal-estar junto da classe política e outra autoridades e Júlia Pinheiro afirmou que tanto ela como Pinto Balsemão e Emídio Rangel receberam mensagens bem aziagas de alguns políticos. Mas eventualmente o espírito do programa foi-se entranhando quer junto do público quer dos políticos e aos poucos, alguns deles foram aceitando o prémio ou até mesmo aparecendo no programa para o receber, como foi o caso de Durão Barroso. 



O nosso camarada Hugo Silva, do blogue "Ainda Sou Do Tempo", no seu texto dedicado a este programa salienta ainda o cenário do programa na primeira temporada, com cadeiras enormes de corres berrantes e cheias de picos (uma cenografia da autoria de um certo Tomás Taveira), um cenário adequado ao programa onde tudo e todos eram picados. Mais tarde o programa passaria para um mais convencional cenário em mesa redonda. O Hugo acrescenta que "A Noite de Má Língua" apelava aos adolescentes da altura que começavam a ter consciência social e de facto, acredito que o programa tenha mudado um pouco a percepção das novas gerações ao encarar a política.



Como não podia deixar de ser, o programa foi também parodiado por Herman José na rubrica "Herman Zap" do programa "Parabéns" sobre o título de "A Noite dos Maus Fígados" com Lídia Franco como Júlia Poleiro, José Pedro Gomes como Miguel Esteves Cabroso, Vítor de Sousa como Rui Estaline, Maria Rueff como Rita Bluff e o Herman como Manuel Serrabulho, com os cinco a explorar as carcterísticas mais cómicas de cada um, como a sopinha de massa de Rui Zink e a gargalhada de Manuel Serrão. O próprio Herman José foi convidado especial do programa numa das suas emissões em 1996.       

Excerto de um programa:



O programa em que Herman José foi convidado especial:
  


Reunião do elenco do programa em 2014


"A Noite dos Maus Fígados" (Herman ZAP):



Excerto (Grandes Momentos SIC 20.º aniversário)





Júlia Pinheiro recorda "A Noite da Má Língua"



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...