segunda-feira, 31 de março de 2014

Sagres (1979)

Marca presente desde a década de 40 do Século XX, a cerveja "Sagres" tem aqui um anúncio vistoso, apenas com garrafas a formar um padrão em espiral.
Detalhe da garrafa da altura:


Publicidade retirada da revista TV GUIA 46, de 22 a 28 de Dezembro de 1979.

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sábado, 29 de março de 2014

Silence 4 "Borrow" (1998)

por Paulo Neto

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que ouvi o "Borrow" dos Silence 4. 


Foi ao ouvir na Antena 3 a gala dos Prémios Blitz 1997, algures em Março de 1998. Durante a segunda metade dos anos 90, estes prémios, promovidos pelo mítico jornal semanário dedicado à música (hoje em dia convertido em revista mensal), foi o mais parecido que Portugal teve com uns Brit Awards ou uns Grammys. Em cada ano que a iniciativa durou, teve lugar uma gala de entrega de prémios no Coliseu dos Recreios com várias actuações. Nessa mesma cerimónia de 1998, até havia uma actuação de uma estrela internacional na pessoa de Ben Harper
Ora uma das primeiras actuações dessa noite foi de uma banda de Leiria que estaria longe de imaginar que apenas alguns meses mais tarde, com a edição do seu álbum de estreia, irá conhecer um sucesso a uma escala de proporções raramente vistas no panorama musical português.

Formados em 1995, os Silence 4 não demoraram a impressionar vencendo nesse mesmo ano o Festival Termómetro Unplugged (no ano anterior os vencedores foram os Blind Zero) e um dos seus primeiros registos em disco surgiu na compilação de 1997 “Sons de Todas as Cores”, na forma de uma versão de “A Little Respect” dos Erasure, que não tardaria a ser um dos seus mais célebres hits (e que em Portugal, até ultrapassou a versão original em popularidade). 




Foi também pegando numa canção existente, o refrão de "One Of Us" dos ABBA, que os Silence 4 iniciaram, à laia do prefácio, a sua actuação de "Borrow" nesses Prémios Blitz. Seguiu-se uma introdução em guitarra e eis que a voz de David Fonseca arrancou com um "You're never with me, you're never near me...". agarrando a minha total atenção para nunca mais a largar. Juntou-se depois a voz de Sofia Lisboa primeiro em harmonia, depois ouvindo-se isolada na recta final ("It may seem a little hollow, but I will try again tomorrow..."). Terminada a canção fiquei abismado e pensei: "Esta canção e esta banda merecem ter um grande sucesso." Oxalá fosse assim tão fácil para mim prever os números dos Totoloto.


O Verão de 1998 seria marcado em Portugal por duas combinações de uma palavra com um número: Expo 98 e Silence 4. Em Junho, com o álbum de estreia “Silence Becomes It” nos escaparates e com “Borrow” a rodar amplamente nas rádios e o respectivo videoclip no recém-criado Sol Música da TV Cabo, a banda vê-se a braços com um êxito colossal, que decerto nem nos seus melhores sonhos teria imaginado. Os discos de platina e semanas no n.º 1 do top de álbuns sucedem-se, os concertos e as aparições em programas de televisão multiplicam-se. Canções como “Borrow”, o já referido “A Little Respect”, “My Friends”, “Angel Song”, “Old Letters” e “DyingYoung” andam nas bocas do povo. Não há cidade, certame ou evento que não queira requisitá-los para um concerto. 


O sucesso explica-se - dentro daquilo que algo assim poderá ser explicável - com canções bem produzidas (Mário Barreiros, ex-Bandemónio, começava a ser um produtor de nome firmado), uma sonoridade semi-acústica que tanto podia ser alegremente expansiva como sedutoramente introspectiva, e uma saborosíssima conjugação da voz máscula e emotiva de David Fonseca com a voz angelical e serena de Sofia Lisboa, sem esquecer evidentemente uns exímios Tozé Pedrosa na bateria e Rui Costa no baixo. (Para o público feminino, o facto de David Fonseca não ser nada feio também não prejudicou nada.) 





Os Silence 4 também têm o mérito de encabeçar uma pequena grande revolução no panorama musical português, a par de bandas como os The Gift e os Belle Chase Hotel, que também se estrearam em disco nesse ano de 1998. Salvo alguns casos pontuais (Teresa Maiuko, Joker, Blind Zero), resistia ainda uma certa noção de que cantar em inglês em Portugal era um atentado à pátria, mas a qualidade do repertório dos Silence 4 (que incluía duas canções em português), bem como o das outras bandas referidas, era tão inegável que esse preconceito acabou por ceder. Até o simples facto das três bandas serem originárias da zona Centro (Leiria, Alcobaça, Coimbra) em vez da habitual dicotomia Lisboa-Porto teve o seu quê de inovador.




Os Silence 4 apenas perdurariam por mais três anos e para um segundo álbum, “Only Pain Is Real”, de 2000 (que ainda assim também foi campeão de vendas). Em 2003, David Fonseca iniciou uma igualmente frutuosa carreira a solo que o solidificou como um dos melhores intérpretes e compositores que este país viu nascer. Em 2014, para alegria dos fãs, o grupo reuniu-se a título excepcional para um breve série de concertos sob repto lançado por Sofia Lisboa, após esta ter recuperado de uma leucemia. Os concertos e uma reedição do material da banda têm permitido aos fãs matar saudades e conquistar uma nova geração. 
   



Sempre achei que o mal dos Silence 4 (e por conseguinte, de David Fonseca, the solo artist) foi terem nascido em Portugal. Fossem eles de qualquer outro país da Europa Ocidental, e talvez “Borrow” fosse hoje um clássico internacional dos anos 90. Mas pronto, ficou um clássico só nosso, um daqueles temas que marca uma geração tuga. E a verdade é que ainda sabe tão bem ouvi-lo.

    


sexta-feira, 28 de março de 2014

Heidi - Avôzinho / Olha O Sol - Cantado em Português

O monumental êxito do anime "Heidi" (1974) - a mais famosa adaptação de "Heidi's years of learning and travel" (Heidis Lehr- und Wanderjahre), a primeira parte da novela "Heidi", escrita por Johanna Spyri em 1880, sobre a jovem orfã Heidi que vai viver nos agrestes Alpes com o avô paterno - tornou inevitável o lançamento da banda sonora, que no nosso país até esteve disponível em várias versões. A que hoje nos ocupa e me veio parar à colecção pessoal há uns meses é a versão de Marcelo Duran.
O single é composto por dois temas, cantados em português. Os arranjos são da autoria de Luis Cobos, tal como a produção, em conjunto com Phonogram. As versões originais são os temas dos créditos iniciais e finais, e foram cantados por Kayoko Ishū e Kumiko Ohsugi ("Marco", "Doraemon"), respectivamente.
Além dos títulos, a capa frontal (no inicio do artigo) e traseira (abaixo) não contém qualquer elemento que a identifique inequivocamente à série animada.

Heidi [Polydor / Phonogram - 2063 011]
No Lado 1:
"Avôzinho" (Oshiete) - Eriko Kishida / Takeo Watanabe, na Versão de Marcelo Duran; o über-famoso tema dos créditos iniciais, cantado por milhões de crianças e adultos nos anos cromos, e ainda hoje em dia.


No Lado 2:
"Olha O Sol" (Mattete Goran) - Eriko Kishida / Takeo Watanabe, na Versão de Marcelo Duran;


Até ao momento, não encontrei online estas versões específicas, por isso deixo estes videos para recordarem os temas:

Avôzinho - Genérico Inicial:




Olha O Sol - Genérico Final: "Olha O Sol" - Vídeo sem imagem, apenas som.


Nem nos discos, nem na capa está a informação dos cantores em português, mas o blog "O Meu Piu Piu" atribui o feito a Maria João e Coro. Mas como no mesmo artigo a editora e o número são diferentes do que tenho aqui indicado; talvez seja ainda outra versão.
Brevemente conto colocar aqui no blog, uma das outras versões portuguesas, cantada por Magda, e com arranjos de Shegundo Galarza.

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quinta-feira, 27 de março de 2014

American Gigolo (1980)

por Paulo Neto



"American Gigolo", realizado por Paul Schrader, o reputado argumentista de "Taxi Driver" e "Touro Enraivecido", estreou em 1980 e pela banda sonora, guarda-roupa, fotografia e iluminação, foi sem dúvida um dos primeiros filmes a gritar "Anos 80!" por todos os poros, prenunciando e possuindo muitos elementos que marcariam a produção Hollywoodesca nessa década.




Eu nunca vi o filme completamente, apenas o apanhei a espaços (como ontem à noite no Canal Hollywood) mas a história é simples. Julian Kaye (Richard Gere) é um escort masculino: bonito, elegante e culto, parece a encarnação da fantasia para muitas mulheres, sobretudo as mais endinheiradas e negligenciadas pelos maridos, pelo que é um dos melhores do ofício em Beverly Hills. Como tal, a sua "competência" permite-lhe viver uma vida luxuosa num condomínio privado. Apesar de insistir em não misturar negócios com prazer, Julian acaba por se envolver com Michelle (Lauren Hutton), uma  mulher solitária, casada com um político.
As coisas complicam-se quando Julian torna-se o principal suspeito do homicídio de uma mulher, cujo marido uma vez lhe pagou para vê-lo ser física e sexualmente agressivo com ela enquanto ele assistia. Incapaz de conseguir provar a sua inocência e cada vez mais encurralado pela polícia, nomeadamente o agente Sunday (Hector Elizondo), e por pessoas em que confiava, a salvação de Julian poderá estar em Michelle mas para isso ela terá de arriscar a sua reputação.




"American Gigolo" ficou para a história por três motivos: primeiro, a banda sonora de Giorgio Moroder e que incluía "Call Me", um dos temas mais emblemáticos dos Blondie; segundo, o guarda-roupa do filme que esteve a cargo de Giorgio Armani, na altura ainda algo desconhecido na América, pelo que este filme é creditado como um dos factores que levou à ascensão de Armani no mundo da moda; terceiro a cena onde Richard Gere levanta-se da cama completamente nu e entretém-se a manejar as persianas da janela enquanto conversa com Lauren Hutton - apesar da distância do plano e da iluminação semi-obscura é possível vislumbrar Gere em toda a sua...glória. (Que também mostraria em "O Último Fôlego").



Reza a lenda que esta uma das cenas de um filme onde mais vezes o botão de pausa foi carregado em vídeos e leitores de DVD ao longo dos anos. Aliás, num episódio da série "Gillmore Girls", Lorelai organiza uma despedida de solteira em que uma das actividades consiste num visionamento de "American Gigolo" com uma pausa de cinco minutos na cena de nudez de Richard Gere. Curiosamente, o papel principal foi inicialmente atribuído a Christopher "Superman" Reeve, com Gere como segunda escolha. John Travolta também mostrou interesse no papel, mas acabaria por voltar atrás, pelo que Gere acabou por ser a opção definitiva.

Trailer: 


"Call Me" Blondie





    

domingo, 23 de março de 2014

Felicidade (1991-1992)

por Paulo Neto

No início dos anos 90, além das telenovelas no horário nobre e da hora do almoço nos dias de semana, a RTP também exibiu algumas telenovelas aos fins-de-semana como "Kananga do Japão", "Araponga" e "Despedida de Solteiro".



Foi também o caso de "Felicidade", exibida no Brasil entre 1991 e 1992 e em Portugal entre 1992 e 1993 (posteriormente reexibida na SIC), da autoria de Manuel Carlos, autor famoso por dar o nome de Helena às protagonistas femininas das suas telenovelas, uma tradição que começou em "Baila Comigo", que prosseguiu nesta novela e continuou com as suas novelas seguintes. A Helena de "Felicidade" foi Maitê Proença interpretando uma heroína de telenovela algo atípica, pois não era a típica protagonista boazinha.


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A primeira fase da telenovela começa em Vila Feliz, uma cidade fictícia do estado de Minas Gerais. Helena é rapariga mais bonita da cidade, onde mora com os seus pais, o sonhador Ataxerxes (Umberto Magnani) e a sensata e amarga Ametista (Ariclê Perez) e com a sua irmã Lídia (Monique Curi). Helena tem um séquito de admiradores, em especial o poeta Zé Diogo (Marcos Winter). Porém Helena sonha com uma vida longe da cidadezinha e dos hábitos provincianos. Quem a acaba por conquistar é o advogado carioca Álvaro (Tony Ramos) que visita a vila e com quem tem um curto mas intenso romance. Helena acaba por casar logo com o seu próximo namorado, o engenheiro agrónomo Mário Silvano (Herson Capri). Porém o casamento fracassa e ambos seguem caminhos separados. Helena reencontra Álvaro e apesar deste estar casado com a desequilibrada Débora (Viviane Pasmanter), os dois retomam brevemente o romance. Helena acaba por ficar grávida e decide mudar-se para o Rio de Janeiro onde dá a luz Bia (Tatyane Goulart) e onde se passa o resto da acção. 


Oito anos mais tarde, Helena trabalha para Cândida (Laura Cardoso), a mãe de Álvaro. Entretanto, Bia torna-se muito amiga de Alvinho (Eduardo Caldas), filho de Álvaro e Débora, sem que as duas crianças saibam são irmãos. Tudo isto leva a uma gradual reaproximação entre Álvaro e Helena, apesar dos esforços de uma cada vez mais instável Débora para os separar. Só no penúltimo episódio é que Helena revela a Álvaro que Bia é sua filha. Como castigo final, Débora sofre um acidente e fica paraplégica.


Ao contrário ao que era habitual nas telenovelas, o parzinho protagonista não era uma fonte de virtudes: Helena, ciente da sua beleza, quando queria aproveitava-se dos interesses que os outros tinham por ela e podia ser caprichosa e manipuladora, e Álvaro era ambicioso e materialista, preferindo ao início o dinheiro de Débora ao amor de Helena. Mas quem era mesmo má era Débora, que era totalmente obcecada pelo marido, e fazia todo o tipo de crueldades a Helena e Bia. Até parecia inacreditável que esta era a primeira telenovela da actriz Viviane Pasmanter e que ela só tinha apenas na altura 20 anos, pois interpretou magistralmente uma intensa vilã e uma personagem na casa dos trinta anos, não parecendo muito mais nova que um quarentão Tony Ramos. Lembro-me que a minha mãe, quando via a telenovela, repetia volta e meia: "Esta Débora é uma autêntica víbora!". Por isso era um bocado irónico que cada episódio terminasse com um arco-íris, mesmo sobre um amuo de Helena ou uma patifaria de Débora.
            
Porém a cena da telenovela que mais me marcou foi uma que envolvia duas personagens secundárias. Tuquinha (Maria Ceiça), filha de Batista (Milton Gonçalves), o administrador do prédio no Rio de Janeiro para onde Helena vai morar, realiza o seu sonho de ser porta-estandarte da sua escola de samba no Carnaval mas acaba por morrer esfaqueada pelo seu ex-namorado Tide (Maurício Gonçalves), um violento marginal.





Outra personagem marcante era o Chico Treva (Edney Giovenazzi), o coveiro de Vila Feliz, portador de uma deficiência mental e de uma aparência grotesca, também ele com um fraco por Helena. Apesar dos maus tratos da população, em especial das crianças que lhe dizem "não me leva, Chico Treva", tem um bom coração e acaba por influenciar a vida de várias personagens, em especial Helena e Bia.


Da banda sonora, há a destacar o tema de Bia, "Estrela Amiga", interpretada pelo grupo infantil Ping Pong





        

sábado, 22 de março de 2014

Super-Homem Português - Herman José (1979)

O que acontece quando se junta o maior super-herói e o maior humorista português? O resultado é este "Super-Homem Português", o quarto single de Herman José Krippahl.
Na época do lançamento do single, em 1979, o jovem artista vinha de sucessos musicais como "Saca O Saca-Rolhas" (1977) e "Olho Vivo e Zé d'Olhão" (1978). Antes, ainda em 1974, Herman estreara-se no teatro, e um ano depois na televisão, no clássico número "Sr. Feliz eSr. Contente", com o também mítico Nicolau Breyner. Estas músicas, anedotas e outros personagens que encarnava, compunham os seus espectaculos em tour pelo país.

Na capa frontal, um ainda elegante Herman José trajava um fato de Super-Homem, bem melhor que muitos disfarces de Carnaval semelhantes que já vi. O escudo no peito substituiu o tradicional "S" por um cifrão, simbolo de dinheiro.
No verso, os títulos e créditos dos dois temas incluídos no disco fabricado em Portugal, editado pela Polygram com o selo Polydor..

A música que dá nome ao disco e ocupa a Face 1:, "Super-Homem Português" tem letra de António Avelar Pinho, e música e produção de Tozé (Tó Zé) Brito.

Podem compara com esta versão mais recente: "Super-Homem Português" (2012)


Na Face 2, "O Cowboy da Reboleira", novamente com letra de António Avelar Pinho, mas com música e produção de Mike Sergeant.



A letra do "Super-Homem Português":

Acorda a espreguiçar-se e a pensar não fazer nada,
Compõe a brilhantina, veste a calça afunilada.
Mergulha como o Sol na grande balda nacional
O super-homem português em Portugal.

Atira cumprimentos aos ardinas desportivos
E sente inchar o peito quando há jogos positivos,
Depois toma de assalto um autocarro matinal,
O super-homem português sensacional!

Refrão:
Eu sou o super-homem, o maior da minha rua.
E faço dez segundos do Rossio até à Lua.
Um super, super-homem assim tão super há só um.
Um super, super-homem português e mais nenhum.

No aperto do metro não resiste e bem ligeiro
Apalpa na menina à sua frente que é traseiro!
Leva c'a mal na testa p'ra que não se porte mal,
O super-homem português do sopeiral.

À hora do almoço faz das tripas coração,
Num pastel de bacalhau e num triste carrascão.
E conta uma anedota ao parceiro habitual,
O super-homem português de Carnaval.

Refrão

Ao Domingo faz de conta que é cowboy de matiné,
Que é rei de qualquer coisa ao balcão de um estaminé,
Apanha uma perua de tremoço e de imperial,
O super-homem português dominical.

Assim se faz a vida deste herói do nosso tempo
Usando o dia-a-dia no seu próprio contra-tempo
Está sentado na geral do manicómio nacional,
O super-homem português de Portugal.



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Crocodilo Dundee (1986)


Há filmes que só deviam ser vistos em VHS. E foi o que fiz há umas noites, enquanto examinava algumas velhas cassetes de vídeo que me vieram parar ás mãos. A ideia era ver os conteúdos em fast forward, mas depois da imagem estabilizar deixei-me ficar a rever este clássico que volta e meia passava na televisão. Três cenas recordo-me desde que o vi há séculos: o assaltante que Dundee trava com um lata certeira na nuca, a comparação de facas, e o fio dental da Linda Kozlowski.
Michael "Crocodile" Dundee (Paul Hogan) vive numa zona remota da Austrália, caçando ilegalmente crocodilos. Depois de sobreviver ao ataque de um desses animais atrai a atenção de parte da imprensa norte-americana, na forma de Sue Charlton (Linda Kozlowski), a filha do editor de um grande jornal (nepotismo?) que parte em busca de Dundee para este lhe revelar como conseguiu sobreviver ferido numa área tão inóspita. Apesar de ao contrário da "lenda", Dundee ainda ter as duas pernas quase intactas, a troco de dinheiro ele e Sue partem numa pequena expedição. Dundee é fanfarrão e exibicionista, mas é um homem de bom coração, e imediatamente conquista Sue e o espectador. Depois da reportagem feita, começa o segundo acto, quando Sue convence Dundee a viajar, directamente dos pântano australianos para a selva urbana de Nova York. Obviamente, seguem-se várias situações de "peixe fora de água", em que várias vezes o solitário e ingénuo Dundee deve ter desejado estar de volta ás garras de um crocodilo em vez do gigantesco e luxuoso quarto de hotel ou as ruas apinhadas de formigas humanas.

O Trailer:
Obviamente o namorado da Sue é um idiota presunçoso, para o público não ter pena quando ela  inevitavelmente lhe puser os palitos com o exótico australiano vestido de couro de crocodilo. 

Travesti, prostitutas, chulos e droga aparentam ser coisas que não existem na Austrália, pelos menos naqueles desertos longínquos e poeirentos, mas abundam nos States. A cena na festa parece um mix de filme de época e freakshow. Como escrevi no inicio, uma das cenas mais fixes do filme é quando Dundee agarra uma vulgar lata (de feijão ou algo semelhante) para acertar a uma grande distância na cabeça do ladrão que acabara de roubar uma senhora anónima nas ruas da Grande Maçã. Ainda relativamente a confrontos com criminosos há a divertida sequência de comparação de tamanho de facas (o que Freud teria a dizer?). Confessem que ainda sonham um dia reproduzir a cena durante um assalto numa qualquer esquina escura de Lisboa. E devo acrescentar que o fio dental envergado por Linda Kozlowski junto a um lago infestado por (surpresa!) crocodilos, ainda me pareceu melhor do que me recordava. Toda a parte de comedia romântica é bem previsivel, mas agradável de ver, devido ao carisma de Dundee e à química da dupla protagonista, que depois extravazou para a "vida real" do casal de actores. Em suma, um belo exemplar de comédia dos anos cromos que ainda se vê muito bem!
Depois do êxito (na Wikipédia é indicado que um orçamento de menos de 9 milhões de dólares rendeu bem mais de 300 milhões), naturalmente chegaram as sequelas.

"Crocodile Dundee II", de 1988, trouxe de volta a dupla de sucesso, desta vez contra um mortal cartel de droga colombiano:
Crocodile Dundee II (1988) - Trailer
 Já no século XXI, mais concretamente em 2001, chegou o filme menos bem sucedido da trilogia, "Crocodile Dundee In Los Angeles":
Crocodile Dundee In Los Angeles (2001) - Trailer

Paul Hogan - que ganhou um Golden Globe pelo papel no original, sendo também responsável pela ideia e história - já era famoso na sua Austrália natal e no Reino Unido, mas depois - pelo menos no Mundo Ocidental - nunca mais se conseguiu livrar desta personagem, apesar de outros filmes como a comédia western "Ligthning Jack" (1944) e o remake "Flipper" (1966); e Linda Kozlowski desde então entrou em menos de uma dúzia de filmes, datando o último de 2001. Paul e Linda estiveram casados entre 1990 e 2013, quando se divorciaram. Entretanto, há uma série de anos que Hogan está envolvido numa gigantesca guerra legal relacionada com o não pagamento de impostos; e a sua ultima participação num filme foi em 2009.


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sexta-feira, 21 de março de 2014

O.B.

E novamente, um anúncio a tampões, inevitável quando se retira publicidade de revistas femininas. Mas desta vez a marca é o famoso "o.b.". O anúncio inclui um desenho cientifico a explicar a colocação dos ditos tampões...
Veja também uma publicidade do final dos anos 80: "O.B. (1988)".


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quinta-feira, 20 de março de 2014

Tampax

Lembro-me que para um míudo que só conhecia os tampões dos automóveis, ver estes enigmáticos reclames nas  revistas, sobre tampões femininos, era achar tudo isto muito misterioso. Só mais tarde as aulas de Biologia explicaram boa parte destes "mistérios", e um dos tabus da publicidade. O anúncio do topo, dos Tampões "Tampax", argumenta que aplicar tampões era agora mais fácil, e no anúncio seguinte - também da mesma marca - até prometem divertimento sem fim durante o Verão. Visto assim, até não se percebe do que as mulheres se queixam!
Veja também outra publicidade do final dos anos 60: "Tampax (1969)".

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quarta-feira, 19 de março de 2014

YSOL 206


Afinal o famoso Quitoso não é o único exterminador de piolhagem da petizada. Este "YSOL 206" tem nome de fórumla química potente, capaz de exterminar países inteiros com uma detonação.

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"A Mulher Gorda" Estudantina Universitária de Lisboa (1993)

por Paulo Neto


Nos anos 90, o ensino superior há muito que tinha deixado de ser uma ambição muito exclusiva e acessível a poucos em Portugal e era encarado pela maioria dos estudantes como o seguinte passo depois de terminado o ensino secundário. Não só porque, apesar de muitos protestos estudantis de "Não pagamos!", ter um filho a estudar no ensino superior era na altura algo comportável para cada vez mais famílias (fenómeno que infelizmente se encontra em processo inverso pelos motivos que se conhecem) como universidades, institutos politécnicos e escolas superiores - públicos e privados - floresciam que nem cogumelos um pouco por todo o país. E com esse florescimento, assistiu-se à proliferação das tunas académicas que levavam os seus cantos estudantis um pouco por todo o país. Algumas conseguiam mesmo actuar em espectáculos musicais fora do circuito académico e até na televisão. 



E em 1994, um tema de um tunas conseguiu um êxito mainstream, passando nas rádios, surgindo no top de vendas e andando nas bocas de toda a gente, conferindo por um breve período de tempo toda uma aura de rockstars à Estudantina Universitária de Lisboa. Como é evidente, falo de "A Mulher Gorda", um daqueles temas que ficou para sempre arrumado na jukebox mental de cada português. 


O tema acabou por ser a faixa que se destacou de "Serenata das Fitas", um álbum gravado pela Estudantina em 1993. Porém foi no ano seguinte que o tema se tornou um sucesso, nomeadamente pela sua utilização no programa da TVI "Doutores & Engenheiros", um concurso apresentado por Mila Ferreira e Nuno Graciano (quando ainda tinha cabelo) onde em cada programa, alunos de instituições de ensino superior competiam entre si, revisitando várias vertentes da vida académica (incluindo as agora muito debatidas praxes). Aliás em 1996, a RTP também continuou a explorar o filão com o programa "Efe-Erre-Á" que consistia numa competição entre tunas, apresentado por Manuel Luís Goucha (quando ainda ainda tinha bigode).



Graças a "A Mulher Gorda", o álbum da Estudantina foi disco de ouro. Apesar de algumas tentativas de fazer mais alguns hits, a EUL nunca conseguiu aproximar o sucesso desse tema e a notoriedade que alcançaram desvaneceu-se tão depressa como ela surgiu, se bem que ainda continue a ser uma grande referência no circuito das tunas académicas.

Quando eu entrei para a Universidade de Coimbra em 1998, já toda a aura de rockstars em volta das tunas académicas estava superada, mas ainda assisti a alguns espectáculos sobretudo durante a Queima das Fitas, em particular o encontro de tunas femininas no Jardim da Sereia (que era grátis, ao contrário do equivalente das tunas masculinas), evento apropriadamente denominado "O Canto da Sereia".

Para terminar, uma pequena nota. Na rádio local da minha cidade, Torres Novas, durante anos a fio, quando chegava a hora dos discos pedidos, era certo e sabido que a primeira ouvinte a pedir um disco era a Dona Sofia que invariavelmente começava o seu pedido assim "Bom dia/Boa tarde. Daqui fala Sofia Gonçalves Fortunato de Torres Novas. A frase é..." Certa vez a minha mãe ouviu a Dona Sofia a pedir precisamente "A Mulher Gorda" que ela dedicou "a todas mulheres que são todas bonitas, sejam gordas ou magras". Falecida em 2008, gosto de imaginar que a Dona Sofia continua a pedir discos no Além. 

Excerto do programa "Doutores e Engenheiros" (1994-95):



Excerto do programa "Efe-Erre-Á" (1996):



  

terça-feira, 18 de março de 2014

Ovomaltine


Um clássico da "alimentação" que - segundo me recordo - só provei já em adulto, e fiquei desiludido. Esperava mais de um produto tão famoso. Enfim, fica o anúncio acima ao "Ovomaltine".

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segunda-feira, 17 de março de 2014

Melhoral Infantil

Publicidade ao medicamento "Melhoral" na variedade Infantil, com sabor a laranja. Além de uma criança mascarada de enfermeira a segurar uma caixa gigante de "Melhoral Infantil" inclui algumas ilustrações de sugestões de como enganar a criança a tomar a medicação.


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sexta-feira, 14 de março de 2014

Dabri


Para dar brilho aos móveis, as donas de casa tinham à disposição o "famoso" líquido "Dabri". Aqui em casa usava-se o "Pronto", por isso não me recordo desta marca.

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quinta-feira, 13 de março de 2014

Ondamania




Como o próprio nome indica, a "Ondamania" foi isso mesmo, uma mania temporária, que como muitas outras fulminou o país (e o Mundo). E depois de toda a brincadeira, a "Ondamania" - também conhecida por Mola Maluca - desapareceu e nunca mais foi vista, excepto em sites nostálgicos. Pronto, talvez não se tenha esfumado totalmente no esquecimento, mas não tem a popularidade de outros tempos.

Esta foto acima faz parte da grande colecção croma que a Ana Trindade (1) tem em exposição no Facebook. Ainda com caixinha e tudo!

Um grande problema destas "molas" helicoidais plásticas era serem propensas a partirem-se. Cá em casa tivemos uma também, se a memória não me falha era cor de rosa, igualzinha à da foto anterior. Fatalmente, começou a partir-se e não me recordo quanto tempo durou. A minha casa é rés-dochão, logo não havia escadarias para experimentar, mas era quase hipnotizante ver a mola a saltar de mão para mão. E consta que houvesse quem a utilizasse como pulseira, um acessório bem chique com certeza!
Veio parar às minhas mãos mais algumas imagens originadas algures na Internet:
A caixa da "Ondamania" tinha instruções de como a utilizar, para truques como descer escadas ou planos inclinados, além de outros movimentos relaxantes. "Receita para a sua terapia: Usa sua ondamania 15 min. por dia" E até rima!

O nome da invenção original é "Slinky", criado nos anos 40 pelo engenheiro naval Richard James, depois de este ter deixado cair uma mola de tensão ao chão. Surgiu a ideia de aproveitar o efeito para desenvolver um brinquedo, que se tornou um sucesso:


Até 2005 este brinquedo barato já tinha vendido 300 milhões de unidades, entre o Slinky original, e outras variações como o Slinky Dog, Slinky Worm ou o Slinky Crazy Eyes.


A versão em plástico surgiu nos anos 70, criado por Donald James Reum, mais flexivel e segura.

Um dos anúncios clássicos da tv norte-americana:


O video seguinte explica o fenómeno que faz a ondamania parecer flutuar no ar:


Anúncio francês do inicio dos anos 90:

E visto que este brinquedo teve um ressurgir nos anos cromos, quem sabe se brevemente não volta a estar na moda? Ou será simples e desinteressante demais para a geração dos tablets e smartphones?

(1) Mais cromos da Ana Trindade: "Enciclopédia de Cromos - Ana Trindade".

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