quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Hit Parade 88 (1988)

por Paulo Neto




Por esta altura do ano, gostamos analisar algumas compilações de êxitos do passado e desta vez recuámos trinta anos para analisar o alinhamento da edição de 1988 da colectânea Hit Parade. No ano anterior, a editora Polygram portuguesa decidiu renomear as suas colectâneas de êxitos com esta nova designação, abandonando o célebre nome anterior "Polystar". Este era pois o segundo volume desta nova série de colectâneas (que continuaria até 1996) que reunia vinte canções que fizeram sucesso no ano de 1988. Embora já na altura tivesse sido editada em CD, o vinil ainda era o formato mais procurado para este tipo de discos. Eis o anúncio televisivo:




Disco 1
1. Hand In Hand - Koreana: Muito antes do "Gangnam Style" e dos diversos grupos de K-Pop, o único grande hit internacional oriundo da península coreana foi o tema oficial dos Jogos Olímpicos desse ano que se realizaram em Seul. Com o mago Giorgio Moroder na produção, "Hand In Hand" interpretado pelo quarteto Koreana estava sem dúvida à altura da grandiosidade e permanece como uma das melhores canções compostas para a ocasião de um Jogos Olímpicos. Por acaso, tive pena que a canção não tivesse sido recuperada para os Jogos Olímpicos de Inverno deste ano na cidade coreana de Pyeongchang.
2. Yeké Yeké - Mory Kanté: Tal como "Hand In Hand", outro dos grandes sucessos internacionais de 1988 veio de uma origem inusitada: a Guiné-Conakry. Oriundo de uma família de músicos, Mory Kanté já era uma estrela em toda a África Ocidental desde os anos 70, primeiro como vocalista da Rail Band, depois numa carreira a solo. Mas em 1987, um tema do seu terceiro álbum "Akwaba Beach" ultrapassou as barreiras do continente africano e tornou-se um grande hit na Europa. Esse tema era "Yeké Yeké" e apesar de ser cantado no indecifrável idioma Mandikan, tais eram sua energia e o seu ritmo contagiante que facilmente conquistou as pistas de dança europeias, chegando mesmo ao n.º 1 nos tops de Bélgica, Espanha, Finlândia, Holanda e Israel e tornado-se o primeiro single de um artista africano a vender mais de um milhão de cópias. Eu lembro-me de adorar a música e de dançar vigorosamente sempre que ouvia a canção na rádio ou via o videoclip na televisão. Mesmo sem nunca ter repetido a façanha, Mory Kanté continua até hoje a sua prestigiada carreira. Tido como uma das canções responsáveis por trazer a world music ao público geral, "Yeké Yeké" deixou também um legado duradoura nas pistas de danças com vários remixes a serem produzidos desde então, em especial um de 1995 por parte dos alemães Hardfloor
3. Long And Lasting Love (Once In A Lifetime) - Glenn Medeiros: Já falámos aqui sobre sobre a versão regada a azeita extra-virgem que o havaiano Glenn Medeiros fez de "Nothing's Gonna Change My Love For You", um original de George Benson, que conquistou os tops por esse mundo fora e que se mantém como um dos maiores clássicos da baladaria xaroposa dos anos 80. Embora o dito tema ainda estivesse em alta, Medeiros tinha entretanto o segundo álbum "Not Me", do qual este tema foi o primeiro single, que passou algo despercebido. Porém Glenn Medeiros ainda teria mais alguns momentos de glória, primeiro em França num dueto de 1989 com Elsa Lunghini, depois no seu país em 1990 noutro dueto, desta feita com Bobby Brown. 
4. I Know You're Out There Somewhere - The Moody Blues: Os Moody Blues são mais conhecidos pelo seu material editado nos anos 60, nomeadamente o clássico "Nights In White Satin", mas a banda britânica continua em actividade até hoje ainda que o último álbum originais seja de 2003. Nos anos 80, o grupo mantinha a maioria da sua formação inicial e ainda obtinha um hit ocasional, se bem que entretanto já tinham abandonado o seu som de rock progressivo por sonoridades mais condizentes à época. É o caso deste "I Know You're Out There Somewhere", o qual eu confesso não me lembrar de todo e que se encaixaria na perfeição na playlist de uma RFM ou de uma M80.  
5. Song For Nadim - Yann Andersen: Ora aí está uma canção que eu não ouvia há séculos! Hoje em dia, ninguém se lembra desta canção mas na altura isto foi um sucesso enorme nestas bandas. Eu lembro-me que o videoclip desta canção passava todos os dias na RTP após o Telejornal com legendas da tradução portuguesa e por isso, ao fim de cada dia lá levávamos com o calvário do pequeno Nadim cujo pai morreu na guerra, imagens de um Médio Oriente assolado pelos diversos conflitos e com a cantiga de paz e amor cantada por Andersen. Tudo isto e mais o facto das vendas do disco reverterem a favor da UNICEF fez com que "Song For Nadim" ficasse um recorde de 24 semanas (!) no n.º 1 do top nacional. Yann Andersen (que o Paulo de 1988 tinha dificuldade em perceber se era homem ou mulher, já que a sua voz deixava alguma margem para dúvidas) também gravou a canção em francês. Como não podia deixar de ser, os Ministars também fizeram a sua versão: "Temos De Ser Nós" que foi a faixa promocional do álbum "É Altamente!" que recebi no Natal desse ano. 
6. Missing You - Chris DeBurgh: Se eu vos pedir para dizerem uma música de Chris Davidson, mais conhecido pelo apelido nobiliárquico do avô materno, tenho toda a certeza que dirão o incontornável "The Lady In Red" e que muitos de vós terão dificuldade em indicar um segundo tema. Mas claro que Chris DeBurgh teve outros hits, em especial este "Missing You" que será porventura o seu segundo maior êxito da carreira e que o confirmou como mestre da baladaria embora os fãs mais atentos poderão testemunhar que o repertório de DeBurgh assentava sobretudo no rock. No passado dia 15 de Outubro, Chris DeBurgh completou 70 anos de vida. E sim, continua casado com a sua "dama de vermelho" há mais de quarenta anos.   
7. The Big One - Black: Já falámos aqui de Colin Vearcombe, mais conhecido pelo seu stagename de Black, por alturas do seu prematuro falecimento em Janeiro de 2016. Em 1988, o sucesso da sua canção-assinatura "Wonderful Life" no ano transacto ainda estava bem presente nas memórias, daí a inclusão neste disco deste tema do álbum seguinte "Comedy".
8. Angel Eyes - Wet Wet Wet: O terceiro single da banda escocesa que na altura vivia a sua primeira onda de fama, onde apesar da sua sonoridade mais madura do que, por exemplo, a de uns Bros, eram promovidos como ídolos de adolescentes. Este "Angel Eyes" é um dos temas mais conhecidos dessa fase inicial da banda. Nesse ano de 1988, os Wet Wet Wet atingiriam o n.º 1 do top britânico com uma versão de "With A Little Help From My Friends" que fazia parte de álbum de caridade em que várias bandas e artistas britânicos da altura gravaram cada um uma faixa do lendário álbum "Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band" dos Beatles. Na verdade, a versão dos Wet Wet Wet era na verdade um duplo single que também tinha a cover de Billy Bragg de "She's Leaving Home". Quanto aos Wet ao cubo, maiores sucessos esperavam-nos na década seguinte. 
9. I Don't Wanna Go On Like You That - Elton John: Os dois anos anteriores tinham sido complicados para Elton John, com uma série de problemas legais e pessoais, nomeadamente uma cirurgia às cordas vocais em 1986 que alterou a sua voz. O seu álbum de 1988 "Reg Strikes Back" era o seu regresso após esse período e este tema desse álbum tornou-se inesperadamente o seu maior hit dos anos 80 nos Estados Unidos. 
10. A Minha Casinha - Xutos & Pontapés: E terminamos o disco 1 em beleza com este clássico dos Xutos & Pontapés que punha um spin no original interpretado por Milú no filme "O Costa Do Castelo" e que rapidamente tornou-se um dos temas mais incontornáveis dos Xutos. Segundo consta, a banda tocou pela primeira vez esta versão no Rock Rendez Vous e já costumava tocá-la para encerrar os seus concertos anos antes de finalmente gravarem em estúdio para o álbum "88", que também incluía os clássicos "À Minha Maneira" e "P'ra Ti Maria". Em 2016, "A Minha Casinha" voltou a ter destaque como a música escolhida para as celebrações da vitória de Portugal no Euro 2016 e em 2018, durante um concerto em Lisboa, os Metallica homenagearam o recém falecido Zé Pedro ao tocar uma versão instrumental. 

Disco 2
1. Barcelona - Freddie Mercury & Montserrat Caballé: Com o filme "Bohemian Rapsody" em exibição nos cinemas e o falecimento de Montserrat Caballé no passado mês de Outubro, este esmagador dueto de Caballé e Freddie Mercury ganha outra dimensão. Em 1987, Montserrat, tida como pioneira na colaboração de canto lírico com outros estilos musicais, e Freddie, que nunca esconderam a sua admiração mútua, uniram as suas míticas vozes e o resultado só podia ser grandioso. Recordo-me da primeira vez que vi o videoclip gravado em Ibiza pois foi a primeira vez que vi Freddie Mercury sem bigode.
Como não podia deixar de ser, "Barcelona" foi reeditado em 1992 por altura dos Jogos Olímpicos na capital catalã. Em 1996, Caballé homenagearia Mercury com uma versão de "Bohemian Rapsody" em dueto com Bruce Dickinson. E agora, quero imaginar que Freddie acolheu Montserrat lá no Além e que os dois andam alegremente a cantar por lá.
2. Don't Call Me Baby - Voice Of The Beehive: Esta "voz da colmeia" era formada por duas abelhas mestras, as irmãs californianas Tracy e Melissa Belland, e quatro músicos britânicos, um deles o ex-baterista dos Madness Daniel Woodgate. O seu álbum de 1988 "Let It Bee" estava cheio de pérolas de pop-rock orelhudo, nomeadamente este "Don't Call Me Baby", onde as irmãs Belland cantavam os incómodos de encontrar ao acaso um ex-amante. Os Voice Of The Beehive tiveram mais uns quantos hits até à sua dissolução em 1996 e vários membros dedicaram-se a outros afazeres, como por exemplo Tracey Belland tornando-se professora. Em 2017, a formação original da banda reuniu-se para dois concertos em Londres. 
3. There's More To Love - Communards: Os Communards eram o ex-Bronski Beat Jimmy Sommerville e Richard Coles. Em 1986, a sua versão de "Don't Leave Me This Way" (com a conjunção do inconfundível falsete de Sommerville e da voz grave de Sarah-Jane Morris a ser um rasgo de maravilha) foi o single mais vendido nesse ano no Reino Unido e rapidamente tornou-se um clássico eighties. O segundo álbum "Red" é recordado sobretudo por outra celebrada cover "Never Can Say Goodbye". Este "There's More To Love" acabaria por ser o último single da dupla. Trinta anos depois e apesar dos inúmeros avanços quanto aos direitos da comunidade LGBT, a mensagem de que o amor não existe apenas entre indivíduos de diferentes sexos ainda soa pungente. Findo o projecto dos Communards, Jimmy Sommerville prosseguiu a solo e Richard Coles eventualmente tornou-se um padre anglicano. 
4. Rolar No Chão - Afonsinhos Do Condado: Eugénio Lopes, mais conhecido por Gimba, é há longos anos uma personalidade proeminente na indústria musical nacional. Mas o seu maior momento como recording artist continua a ser o tempo em que juntamente com Nuno Faria e Jorge Galvão integrou Os Afonsinhos Do Condado, projecto ímpar da música portuguesa que só podia ter mesmo acontecido nos anos 80. Em 1987, fizeram sucesso com o hit "A Salsa Das Amoreiras" e 1988 viu a edição do único álbum de originais do trio, "Açúcar!!!" dos quais este "Rolar No Chão" foi uma das faixas mais celebradas. Lembro-me de achar imensa graça às vozes femininas a dizerem "Duas e meia!" e "P'raaa ondeeee?". Mas embora nas actuações na televisão os Afonsinhos fizessem-se acompanhar por  umas moçoilas a fazerem playback das vozes femininas, já ouvi dizer que as ditas cujas eram afinal os Afonsinhos em falsete. Será verdade? 
5. Joe Le Taxi - Vanessa Paradis: Verdadeiro exemplo do ditado "É de pequenino que se torce o pepino", a parisiense Vanessa Paradis tem vivido no mundo do espectáculo desde que ela se entende por gente e aos 14 anos, alcançou um hit internacional com "Joe Le Taxi". De facto havia de algo totalmente encantador na voz pueril de Paradis a cantar sobre um taxista com uma vida secreta como músico de jazz ao som de saxofones e ritmo de rumba. E à semelhança de outros temas de língua francesa da altura como "Voyage Voyage" ou "Ouragon", "Joe Le Taxi" passou as barreiras do mundo francófono e fez sucesso em outros países, inclusivamente chegando a n.º 3 do top britânico. Ao contrário de outras estrelas infantis e adolescentes, Vanessa Paradis teve um transição bem-sucedida para a carreira como adulta, continuando a somar sucessos como cantora e actriz no seu país. Em 1992, teve mais um hit internacional com "Be My Baby" apesar de desde então o mundo não-francófono a conhecer sobretudo por ter sido a mãe de dois filhos de Johnny Depp. Vanessa Paradis continua ainda hoje a incluir "Joe Le Taxi" nos seus concertos e já regravou o tema mais algumas vezes noutros estilos. Para os mais afoitos, recomendo também a audição da bizarra versão da artista performativa japonesa Hanayo. 
6. Balla Balla vol. 2 - Francesco Napoli: Depois de ter feito sucesso em 1987 com a sua medley italo-disco de vários standards da música italiana intitulada "Balla Balla", Francesco Napoli voltava à carga com o volume 2. 
7. Balada Da Neve - Carlos Vidal: "Batem leve, levemente, como quem chama por mim..." Quem não conhece pelo menos a primeira estrofe do poema "Balada da Neve" de Augusto Gil? Em 1988, Carlos Vidal/Avô Cantigas musicou o poema. 
8. I Want To Be Needed - Shari Belafonte & Chris Norman: Ex-vocalista dos Smokie, o britânico Chris Norman vivia na altura um novo ponto alto da sua carreira desde que o seu single de 1986 "Midnight Lady" chegou ao n.º 1 na Alemanha. Desde então que Norman se focou em promover o seu material sobretudo na Alemanha e outros países da Europa Continental. Era o caso deste dueto com a cantora/actriz/modelo Shari Belafonte, filha do ídolo dos anos 50 Harry Belafonte.  
9. Stop Your Fussin' - Toni Childs: Das vinte canções deste disco, esta é a única que eu não me lembro de ter ouvido antes ou sequer ter reconhecido o nome da intérprete. Diz a Wikipedia que Toni Childs nasceu na Califórnia e que aos 15 anos fugiu de casa e dos seus pais ultra-religiosos para se tornar cantora. Acabaria por encontrar sucesso sobretudo na Austrália (onde viria a se radicar e a obter cidadania) e na Nova Zelândia. Mas pelos vistos, alguma da sua música chegou à Europa, como é o caso deste solarengo "Stop Your Fussin' ". Em 2004, Toni Childs ganhou um Emmy pela canção "Because You're Beautiful", incluída num documentário sobre o V-Day, uma plataforma contra a violência sobre as mulheres, fundada por Eve Ensler, a autora de "Os Monólogos da Vagina".  
10. Já Estou Farto - Café Lusitano: E terminamos com uma canção que eu fartava de ouvir na rádio na altura mas que desde então quase nunca mais ouvi. O projecto Café Lusitano era liderado por Orlando Mesquita e o seu único álbum contou com participações especiais de Rui Veloso, Tozé Brito e Mário Barreiros. E para sempre deixaram este conto de um indivíduo que deixou a sua aldeia do Norte algures na serra do Gerês para ir ganhar a vida para Lisboa mas que não se consegue adaptar à azáfama citadina e exclama volta e meia: "Já estou farto daqui estar, quero à minha aldeia voltar." 

Um agradecimento ao site Viva80 pelas informações sobre o alinhamento desta colectânea. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O Barco do Amor (1977-86) Parte 2



Não confundir com "O Cacilheiro do Amor". Agora a sério:



The Love Boat” (1977-86)
Ah, “O Barco do Amor” ou o “Barco das DST” como seria conhecido caso existisse no mundo real, tal a quantidade de marotice desprotegida a acontecer nas cabines do barco mais famoso a seguir ao “Titanic”. Curiosamente, a série foi baseada no tele-filme homónimo de 1976 e as sequelas “The Love Boat II” e “The New Love Boat”. 

Este ultimo serviu de episódio piloto para o “The Love Boat” que todo o Mundo conhece: 249 episódios das aventuras românticas e divertidas da tripulação e passageiros do cruzeiro “Pacific Princess”. Ainda mais curioso é que tudo teve origem no livro de não ficção “Love Boats” de Jeraldine Saunders, uma ex-directora de cruzeiros. O LA Times descrevia o livro assim: “Portos exóticos e jogos eróticos num mar de Sol, sexo e bebida”.

O genérico com o famoso tema:


É uma canção mesmo orelhuda, desde que comecei a pesquisar para este cromo não me sai da cabeça…
Os convidados especiais da série ao longo das nove temporadas, quatro especiais e um tele-filme é tão extensa que tem uma página dedicada na Wikipédia: “List of Love Boat guest stars”.
Sendo produzida por Aaron Spelling, “The Love Boat” cruzou-se com outras séries do mesmo produtor: “Os Anjos de Charlie”, “A Ilha da Fantasia”; e ainda rendeu várias continuações.


Publicado originalmente em 2016 no Tumblr da Enciclopédia “The Love Boat” (1977-86)".

Entretanto, o Paulo Neto publicou um artigo bem completo sobre a mecânica e elenco da série, e não posso evitar abordar o tema do episódio filmado em Portugal, com direito a tourada no campo pequeno. Por coincidência, alguns dias depois, a página "Voyeur da Tela" (que recomendo vivamente) partilhou com os internautas um cartaz a anunciar o evento. Sabendo a data, foi simples encontrar um exemplar no arquivo do "Diário de Lisboa":

Fonte: Diário de Lisboa [31 maio 1985]
  
"Grandiosa corrida com filmagens de um episódio da série Barco do Amor". Não vi o episódio, mas decerto terão usado imagens dos animais a ser agredidos, perdão, "lidados". Enfim, tempos menos civilizados, hoje Portugal no estrangeiro é sinónimo de Cristiano Ronaldo e ondas gigantes da Nazaré; nos anos 80 devia ser touradas e praias. Ou se calhar não, mas as séries americanas sempre gostaram de dar um gostinho das "tradições" dos exóticos destinos onde encenam a acção. Confesso que fiquei admirado não terem filmado a tourada na Espanha, com uma legenda "Lisboa" por cima da imagem. Geralmente o público só se recorda dos filmes filmados por cá como "A Casa dos Espíritos", "A Casa da Rússia" ou o James Bond "007 ao Serviço de Sua Majestade." mas afinal até a TV dos camones veio cá à terrinha.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Mulan (1998)

por Paulo Neto


Um dos principais traços da era dourada do Renascimento da Disney (que durou de 1989 a 1999) foi a preocupação de não retratar as heroínas das suas novas histórias como frágeis donzelas em apuros como em algumas das suas histórias iniciais. Assim sendo, vimos uma Bela sem medo do Monstro, uma Pocahontas determinada a impedir o conflito entre índios e colonos ou uma Esmeralda que se recusava a ceder mesmo sob cruel perseguição. Mas em 1998, a Disney revelaria uma das suas mais emblemáticas e corajosas heroínas na personagem titular de "Mulan".





Baseado na lenda chinesa de Hua Mulan, uma mulher que terá servido durante doze anos no exército disfarçada de homem durante a Dinastia Han e que se destacou pela sua bravura, o filme contava a história de Fa Mulan, uma jovem cujo temperamento irrequieto choca com os padrões esperados de uma mulher na China daquele tempo, impedindo o desejo da família de que ela encontre um marido e se torne uma boa esposa. Um desastroso com uma casamenteira autoritária ainda complica mais as coisas.

Entretanto a China é assolada pela invasão dos Hunos. Um dos líderes, Shan-Yu, é praticamente cruel e está disposto a destruir tudo e todos em seu caminho. Por ordem do Imperador, um homem de cada família deverá combater na guerra contra os Hunos. Temendo pela saúde e idade avançada do seu pai, Mulan decide ser ela a alistar-se no exército disfarçada de homem e tomando o nome de Ping. Os seus antepassados decidem enviar-lhe um espírito dragão como protecção mas por engano, quem acaba por ir com ela é um pequeno e desastrado dragão chamado Mushu.



No campo de treinos para soldados, Mulan/Ping tem várias dificuldades para se adaptar aos duros treinos comandados pelo garboso mas severo capitão Li Shang e pelo arrogante e misógino conselheiro Chi-Fu, mas eventualmente acaba por se destacar ao mesmo tempo que trava amizade com três outros inicialmente desastrados soldados, Yao, Ling e Chien-Po. Durante uma batalha, Mulan é ferida no peito por Shan Yu e Chi-Fu acaba por descobrir a sua mentira. Em vez de a executar, como manda a lei, Shang decide poupar-lhe a vida mas expulsa-a do exército.
Mas quando os Hunos ameaçam a Cidade Imperial, será a coragem e astúcia de Mulan que salvará a China.


Na versão original, as vozes de "Mulan" incluíam Ming Na Wen (Mulan), BD Wong (Li Shang), Eddie Murphy (Mushu), Miguel Ferrer (Shan Yu) e Pat Morita (Imperador da China). Na versão portuguesa, Mulan foi dobrada por Carla de Sá (Anabela nas canções), Shang por Carlos Macedo (Telmo Miranda nas canções), Mushu por Rui Paulo, Yao por Carlos Vieira D'Almeida e Ling por André Maia. Jackie Chan foi a voz de Shang nas três versões chinesas (Mandarim, Cantonês e Taiwanês).

"Reflection" Christina Aguilera




"True To Your Heart" 98 Degrees & Stevie Wonder



"Mulan" conseguiu superar crítica e comercialmente as duas anteriores longas metragens da Disney, "O Corcunda de Notre-Dame" e "Hércules" e a sua partitura musical de Jerry Goldsmith foi nomeada para o Óscar e o Globo de Ouro. Entre as canções destaque óbvio para "Reflection" interpretado por Christina Aguilera que lhe valeu um contrato discográfico que a lançaria como uma nova estrela pop no ano seguinte. Mas também há que destacar "I'll Make A Man Out Of You" na voz de Donny Osmond e "True To Your Heart" pelos 98 Degrees e Stevie Wonder.





"Mulan" teve um sequela em 2004 directamente editada em vídeo e uma longa-metragem em imagem real está prevista para estrear em 2020, com Yifei Liu no principal papel.   




quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Lessons In Love - Level 42 [1986]



A minha lista mental de "Músicas que já ouvi mas desconheço nome ou artista" dos anos cromos é bem extensa, afinal não tínhamos o Google na ponta dos dedos e nem sempre apanhávamos o videoclip/emissão na rádio de inicio, com essa preciosa informação. Uma recente campanha da EDP foi agitar as nebulosas águas da memória com o tema que escolheram para o anúncio de TV. Reconheci a canção apesar de no video criado pela agência  Solid Dogma usarem uma versão produzida pelo DJ Xinobi, com vozes de Gundelach e Ana Miró, e só com uma intensa busca no Google com excertos da canção e vários falsos alarmes depois cheguei a "Lessons In Love" da banda "Level 42" lançado em 1986.

O teledisco oficial:



Capa do single:

Os Level 42 desta época - já com 6 anos de carreira - eram Mark King, Mike Lindup (ambos ainda na formação actual) e os irmãos Philip e Rowland "Boon" Gould
Esta banda britânica não é um caso de one-hit wonder ao contrário do que pensei antes de pesquisar, mas apesar de vários singles de sucesso, "Lessons in Love" permaneceu o maior êxito dos Level 42. O álbum de onde a canção foi extraída, "Running in the Family", o sétimo álbum de estúdio dos Level 42, deu origem a mais 4 singles, lançados durante 1987: "Running in the Family" cujo refrão também me parece familiar, "To Be With You Again", "It's Over" e "Children Say".
Como curiosidade, a versão da banda polaca Pslednja Igra Leptira, "Taksi" (Taxi):



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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Feras Luminosas da Matutano




Houve uma altura em que Portugal foi invadido por feras. E de muitas espécies diferentes! O pais ficou cheio de elefantes, avestruzes, zebras, búfalos e leões! Mas não fugiram do Jardim Zoológico, foram libertadas dos pacotes das batatas-fritas e dos snacks Matutano. E tal como os fantasmas luminosos, esta colecção de pequenos autocolantes fluorescentes, "Feras Luminosas" brilhavam no escuro.

Mas contrário dos fantasmas anónimos, definidos pelas ocupações aparentes, as feras todas tinham nome, como o urso Piurso, a girafa Giraça, etc


Foto: Filipe Ramalho (Facebook).

Foto: Hugo Fernandes.



Foto: Catarina Baptista.


No verso das feras encontrávamos as "instruções" para as fazer brilhar no escuro:
"Chega a fera à luz por uns instantes e logo verás como brilha no escuro! Repete quantas vezes quiseres.
Colecciona as terríveis feras da Matutano! Há 30 diferentes, todas coloridas."



Os nomes de algumas das feras: Girafa Giraça, papagaio Louro, urso Piurso, tigre Tareco, leopardo Pintas, Xim-Pa-Zé, Lobo Maurício, Giboa, papa-formigas Pencas, Leónidas, Zé Brado, Sapudo, Búfalo Bill, abutre Píu-Píu, Caguinchas, Pascoalino, Trombinhas, Peixoto, Courato, Turbo-Lento, Raposódia, Omeleta, etc.

Muito obrigado aos leitores Hugo Fernandes, Catarina Baptista e Filipe Ramalho, que partilharam algumas fotos das suas feras.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Barco Do Amor (1977-1987)

por Paulo Neto


Por incrível que pareça, a Enciclopédia ainda não tinha abordado esta mítica série que tanto encantou espectadores nos anos 70 e 80 (e depois) um pouco por todo o mundo. Isto porque tratava-se de uma série que misturava habilmente humor e romance num cenário tão apetecível como era o de um navio de cruzeiro e das paisagens por onde ele passava.



"O Barco do Amor" começou com um telefilme em 1976 inspirado no livro de memórias de Jeraldine Sanders, uma directora de cruzeiro. Mais dois telefilmes seguiram-se nesse ano até que em 1977 a cadeia americana ABC ter decidido converter o formato em série. Série essa que duraria nove temporadas até 1987 mas que ainda gerou mais quatro telefilmes entre 1987 e 1990. Em Portugal, a série passou na RTP em vários horários nos anos 80 (incluindo durante o "Agora Escolha"), na TVI nos anos 90 e na SIC Gold e SIC Comédia já neste século.

Genérico de abertura da 2.ª temporada (1979)



Genérico de abertura  da 5.ª temporada (1982) já com a Vicki no elenco fixo:



Em cada episódio "O Barco do Amor" tinha três histórias diferentes, cada uma escrita pela sua equipa de guionistas. Regra geral, uma das histórias passava-se entre os membros do elenco fixo, isto é da tripulação do navio (normalmente a mais cómica); outra entre um membro de tripulação e um dos passageiros; e a terceira (geralmente a mais dramática) entre passageiros da respectiva viagem. 



Os membros do elenco fixo eram: o Capitão Pacific Princess Merrill Stubing (Gavin McLeod); o médico do navio Adam Bricker (Bernie Kopell), Doc para os amigos; o camareiro Burl Smith (Fred Grander), mais conhecido como Gopher; o barman Isaac Washington (Ted Lange) e a directora do cruzeiro Julie McCoy (Lauren Tewes). A partir da terceira temporada, a filha do capitão Vicki (Jill Whelan) passou a integrar o elenco fixo, bem como o fotógrafo Ace Evans (Ted McGinley) na sétima temporada. Ainda na sétima temporada, com a saída de Lauren Tewes, Patricia Klous assumiu o papel de Judy McCoy, irmã de Julie, que a substituiu nas suas funções.   


Claro que a minha personagem preferida era a Vicki e o meu eu petiz achava-a que era a miúda mais sortuda do mundo por poder andar pelo mundo no navio. Mas também achava imensa graça ao Gopher e ao Doc que apesar de não serem lá muito atraentes, acabavam sempre a namoriscarem as passageiras. Até porque uma piada recorrente da série era a fama de mulherengo de Doc, que apesar do seu aspecto, já tinha sido várias vezes casado e não raras vezes as suas pacientes sucumbiam ao seu charme. (E serei o único achar que o actor era parecido com o  Willie do "Alf"?).
Outro mítico ingrediente da série era o tema do genérico interpretado por Jack Jones, que foi editado em single em 1979.



E claro está, a série teve um sem-fim de participações especiais ao longo dos seus 249 episódios. Eis aqui alguns exemplos: Kirstie Alley, Richard Dean Anderson, Kathy Bates, Sonny Bono, Joan Collins, Billy Crystal, Jamie Lee Curtis, Tony Danza, Patrick Duffy, Linda Evans, Michael J. Fox, Eva e Zsa Zsa Gabor, Pam Grier, Tom Hanks, David Hasselhoff, Janet Jackson, Gene Kelly, Janet Leigh, Heather Locklear, Leslie Nielsen, Ginger Rogers, Mickey Rooney, Frank Sinatra Jr., Jaclyn Smith, Lana Turner, Andy Warhol, Betty White, Vanessa Williams, Jane Wyman e muitos, muitos mais. Alguns como o actor Lorenzo Lamas, chegaram a fazer vários episódios em papéis diferentes. A própria Patricia Klous teve uma aparição num episódio da sétima temporada (num papel diferente) antes de entrar para o elenco fixo na temporada seguinte.

Geralmente os episódios decorriam durante cruzeiros na costa ocidental da América do Norte (Puerto Vallarta, no México, era o destino mais recorrente). Mas costumavam haver episódios, geralmente com duas partes, que decorriam noutras partes do mundo. Houve também alguns episódios de outras séries como "Os Anjos de Charlie" e "A llha Da Fantasia" que interligaram as suas narrativas com a de "O Barco do Amor".



A nona e última temporada teve algumas particularidades: o tema de abertura era agora cantado por Dionne Warwick, o navio passou a ter uma trupe residente de bailarinas, "The Love Boat Mermaids", que incluía Teri Hatcher, um dos episódios foi considerado em 1997 pela revista "TV Guide" um dos cem melhores episódios de séries de sempre e a segunda parte de um dos episódios teve cenas filmadas em Lisboa, mais concretamente na praça do Campo Pequeno, onde se encenou uma tourada (e só de escrever isto já consigo ouvir o David Martins a bufar). Isto porque uma das histórias era a de um neto (Lorenzo Lamas) de um famoso toureiro (César Romero) que hesita em seguir as pisadas do seu avô ao mesmo tempo que se interessa por uma escritora (Mary Crosby).

Lorenzo Lamas e Mary Crosby
numa cena filmada no Campo Pequeno
Eis um texto no site do Correio da Manhã: https://www.cmjornal.pt/tv-media/detalhe/quando-o-barco-do-amor-atraca-em-lisboa 

Genérico da 9.ª temporada (1986) com o genérico cantado por Dionne Warwick:



Para além das nove temporadas, a série teve ainda mais quatro episódios especiais entre 1986 e 1990. Um reboot da série "The Love Boat - The Next Wave" foi exibido nos Estados Unidos em duas temporadas entre 1998 e 1999, e incluiu um episódio de reunião do elenco da série anterior.

Reunião do elenco em 2017

Em 2014, foi concluída a demolição do navio Pacific Princess na Turquia, adquirido por uma empresa especializada em demolições navais, após os seus custos de manutenção inviabilizarem a sua utilização como navio de cruzeiros.

Pacific Princess ou MS Pacific (1971-2014)

terça-feira, 6 de novembro de 2018

"Voyage Voyage" Desireless (1986)

por Paulo Neto

Eu sou suspeito por ser licenciado em Estudos Franceses e Ingleses, mas adoro a língua francesa e a sua sonoridade. Até gosto do facto de a pronúncia de grande parte das suas palavras ser diferente daquela que as letras que as compõem sugerem (pelo menos aos olhos portugueses). Apesar de só ter começado a estudá-la no 7.º ano, já tinha algumas noções de língua de Voltaire através de um livro que os meus pais me compraram no Círculo de Leitores que ensinava algumas frases e palavras em francês e inglês. Confesso que o meu domínio do francês não é tão forte como o do inglês mas sempre que tenho oportunidade para falar, ouvir ou ler em francês, tento aproveitá-la ao máximo. 
E claro está, aprecio bastante a música francófona desde os tempos de ícones como Edith Piaf e Jacques Brel até à actualidade. E sendo um filho dos anos 80 tenho um carinho especial pelas três canções em língua francesa que se tornaram sucessos internacionais nessa década: a pop de sangue azul em "Ouragon" na voz da Princesa Stéphanie do Mónaco; "Joe Le Taxi" chilreada por uma muitíssimo jovem Vanessa Paradis; e "Voyage Voyage" interpretada pela parisiense Claudie Fritsch-Meintrop sob o nome de Desireless




Nascida na Cidade-Luz no dia de Natal de 1962, Claudie trabalhou como estilista nos anos 70 até que em 1982, uma viagem à Índia inspirou-a a enveredar pela música. Em 1984, integrou o grupo Air 89 que lançou um álbum e em 1986, lançou-se numa carreira a solo com o nome Desireless, compondo uma personagem andrógina e fria, sempre vestida de negro. Mas o seu aspecto mais marcante era sem dúvida o penteado com o cabelo todo em pé. 



Editado no final de 1986, o seu primeiro single "Voyage Voyage", um contagiante tema electro-pop. Na altura, eu ainda não percebia patavina de francês mas lembro-me de gostar de ouvir a música sempre que dava na rádio ou o videoclip na televisão. Ainda que o dito cujo, realizado pela famosa fotógrafa Bettina Reims, me metesse um pouco de medo: num salão de casarão mal iluminado (quiçá um manicómio), Desireless mostra slides com imagens de todo o mundo a um grupo de personagens bizarras incluindo três senhoras entretidas num frenético jogo de cartas, um casalinho de jovens que namora a um canto, um senhor alto que abana incessantemente a cabeça enquanto brinca com uma bola insuflável com o desenho do mapa-mundo com um senhor mais baixo e uma mulher que devora algo que nunca percebi bem o que era (batatas fritas? bolinhos?) que tem numa tigela. Essas estranhas personagens a princípio parecem desinteressadas nos slides até que de repente algo lhes chama a atenção e reúnem-se todas a ver as imagens que surgem no ecrã.  





Mais tarde, quando já dominava o idioma e quis saber o significado da letra, descobri que se tratava de um belíssimo poema sobre como viajar não só nos dá a conhecer o mundo mas como também nos conduz numa viagem ao nosso interior. Daí que quando Desireless canta "Voyage...et jamais ne reviens", não está a dizer para nunca mais regressarmos a casa mas sim para não voltarmos a ser quem éramos antes da viagem. Eis a minha tradução da letra:

No cimo do velhos vulcões
Desliza as asas pelos tapetes de vento
Viaja, viaja,
Eternamente.

Das nuvens aos pantanais,
Dos ventos de Espanha às chuvas do Equador,
Viaja, viaja,
Voa nas alturas. 

No alto das capitais, 
Das ideias fatais
Observa o oceano.

Viaja, viaja, 
Mais longe que a noite e que o dia.
Viaja
No espaço inaudito de amor.
Viaja, viaja
Sobre a água sagrada de um rio indiano.
Viaja
E nunca mais regresses.

Sobre o Ganges ou o Amazonas
Entre os negros, entre os sikhs, entre os asiáticos
Viaja, viaja
Por todo o reino.

Sobre as dunas do Sahara
Das ilhas Fiji ao Fujiyama
Viaja, viaja, 
Não te detenhas.

Sobre os arames farpados, 
Os corações bombardeados,
Observa o oceano. 

Viaja, viaja, 
Mais longe que a noite e que o dia.
Viaja
No espaço inaudito de amor.
Viaja, viaja
Sobre a água sagrada de um rio indiano.
Viaja
E nunca mais regresses.

Em França, "Voyage Voyage" ficou-se pelo n.º 2 do top nacional, bloqueado no topo por "T'en Va Pas" da estrela adolescente Elsa Lunghini. Mas o tema era tão poderoso que não tardou a quebrar a  barreira linguística e fazer sucesso fora dos países francófonos, tendo chegado ao n.º 1 na Alemanha, Áustria, Noruega e Espanha ao longo de 1987. Em 1988, uma edição com remistura dos PWL  ajudou "Voyage Voyage" a tornar-se um dos raros temas cantados em francês a chegar ao top 10 no Reino Unido. Por essa altura, Desireless já tinha editado um novo single, "John", uma tema que falava sobre guerra e religião.


Com o prolongado sucesso de "Voyage Voyage" que levou Desireless a percorrer toda a Europa a promover o tema, o seu primeiro álbum, "François" (o nome do seu marido, François Meintrop), só veria a luz do dia em 1989, já quando o interesse na cantora tinha esmorecido. 
No entanto, mesmo sem nunca ter sequer aproximado o sucesso de "Voyage Voyage", Desireless nunca mais deixou de fazer música e actuar ao vivo. Desde 2012 que tem feito a sua carreira em dueto com o compositor Antoine Aureche e o seu disco mais recente, "Desirless Chante Apollinaire", é de 2017. Entretanto "Voyage Voyage" continua a ser incluído em várias festas e compilações dos anos 80 por esse mundo fora.  





Desireless "L'expérience humaine" (2011)



De entre as versões do tema, destaque para a cover de 2008 da cantora belga Kate Ryan e a versão em espanhol de 1991 da boyband mexicana Magneto com o título "Vuela Vuela".  







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