sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

He-Man She-Ra Uma Aventura De Natal

 


Não é novidade que a série animada de "He-Man" e os Mestres do Universo foi um dos grandes sucessos dos anos 80 e instrumental no sucesso da linha de brinquedos que lhe deu origem. Mais tarde He-Man viu a chegada da sua irmã gémea She-Ra, com figuras e série própria. E claro que os irmãos mais poderosos do Universo também viveram aventuras juntos, como no Especial de Natal de 1985. Recentemente adquiri uma cassete VHS, que, como ainda não a visionei, assumo que é a a edição para o mercado português desse Especial "He-Man & She-Ra: A Christmas Special", apesar da discrepância na duração. A Wikipedia indica 60 minutos e está estampada a indicação de 60 minutos na cassete VHS de "He-Man She-Ra Uma Aventura De Natal". As indicações que tenho até ao momento é que esta cassete não é o telefilme de 1985, mas provavelmente o vídeo que está no Youtube com o titulo "He-Man Especial de Natal" apesar de She-Ra não aparecer nessa compilação.

Esta fita foi lançada em 1991 por "Edifilmes" com a etiqueta "Metro Video".

No verso da cassete reza a seguinte sinopse:
"He-Man e She-Ra voltam de novo para mais uma aventura. Desta vez, e ajudados por uns novos companheiros vão tentar salvar um amigo que caiu nas mãos do vilão Skeletor.
O que eles não sabiam, é que um vilão mais perigoso se vai atravessar no seu caminho."

Como curiosidade, este exemplar em particular ostenta um autocolante de um videoclube do Barreiro chamado "Top Gun".

Enquanto não confirmo todas as informações sobre o conteúdo, deixo algumas imagens que podem aumentar clicando em cima:


O verso da capa




A Minha Agenda RTP 1990

 "Para o Natal/o meu presente / eu quero que seja/ A Minha Agenda/A Minha Agenda..."

Um ano depois, mais uma "A Minha Agenda" RTP, no caso a de 1990. 

 Podem ler ou reler os artigos sobre este tema: "A Minha Agenda RTP", "A Minha Agenda 1988", "A Minha Agenda 1989".

Como eu e o Paulo já falámos bastante deste clássico presente de Natal nos últimos anos, vamos directos a algumas imagens da "A Minha Agenda 1990. Podem clicar sobre as fotos para as aumentar:






Mais imagens depois do link:

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Programação de Natal 1994

por Paulo Neto

Uma das várias coisas que eu em menino e moço mais adorava na quadra natalícia, era o facto de nessa altura haver vários programas especiais a darem na televisão, fora das grelhas habituais. Hoje em dia, as nossas televisões generalistas ainda também têm a época natalícia com uma das suas prioridades e fazem por oferecer uma programação mais caprichada, mas já não existe aquela mística dos anos 80 e 90 quando a televisão tinha a primazia e não existiam as alternativas que existem hoje. Por isso, decidi recuar no tempo para recordar uma programação de Natal dos anos 90, e optei pelo ano de 1994 pois a véspera e o dia de Natal calharam precisamente num fim-de-semana. Além disso, as televisões privadas ainda estavam nos seus primeiros anos, com a SIC cumprindo recentemente dois anos (mas já em ascensão imparável até à liderança das audiências) e a TVI ainda na fase em que era conhecida como "a 4" e estava sob a vigência da Igreja Católica. 
Eu decidi incluir toda a programação da RTP1, SIC e TVI e referir alguns destaques da programação da RTP2 (que na altura era designada como TV2). Nos negritos existem links para os artigos do blogue dedicados aos respectivos programas, vídeos do YouTube e ou outros sites relevantes.  

Sábado, dia 24




RTP1
8:00 Infantil e Juvenil: Era assim que na altura se denominava o espaço infantil da RTP1 nas manhãs de fim de semana.
12:15 O Circo das Estrelas: O circo era (e é) uma presença habitual nas transmissões televisivas. Não me recordo se as estrelas deste "Circo Das Estrelas" eram nacionais ou estrangeiras. 
13:00 Notícias: Numa era em que os blocos noticiosos não duravam uma eternidade, eis aqui um curtíssimo intercalar de notícias.
13:05 Made In Portugal: O célebre programa apresentado por Carlos Ribeiro onde se apresentavam os discos nacionais mais vendidos da semana. O "Made In Portugal" é lembrado por dar espaço aos actores do fenómeno pimba, quer em videoclips quer em actuações em estúdio, mas também por lá passavam nomes ditos mais sérios. Por exemplo, eu recordo-me que o álbum "Lágrimas" de Dulce Pontes esteve várias semanas em primeiro lugar do top do "Made In Portugal" em 1994.    
13:35 Clube Disney: O espaço dedicado a séries com a chancela da Disney. O "Clube Disney" começou em 1991, com a apresentação de Anabela Brígida, Vítor Emanuel e Pedro Gabriel, e com o tempo por lá passaram a apresentar nomes como Pedro Penim, Carla Salgueiro, Sílvia Alberto e José Fidalgo. Um dos apresentadores do "Clube Disney" em 1994 era António Machado. 

Em 1994, António Machado era um
dos apresentadores do "Clube Disney"


15:05 Moda Vidal Sassoon: Por cá, o nome Vidal Sassoon está mais associado aos champôs 2 em 1, mas o império fundado pelo cabeleireiro e empresário inglês do mesmo nome (1928-2012), estendia-se muito para além da marca de champôs. Suponho que este programa serviu para mostrar as tendências ditadas por esta marca em termos de arte capilar para o ano de 1995. 
15:35 Brit Awards: Gala de entrega de prémios da música britânica, que tinha decorrido a 14 de Fevereiro de 1994, com apresentação por Elton John e Ru'Paul. Os dois também actuaram ao vivo com uma nova versão de "Don't Go Breaking My Heart". Outras actuações na gala foram as de Meat Loaf, Take That, Pet Shop Boys, Stereo MC's, PJ Harvey e Bjork, Bon Jovi com Brian May e Dina Carroll e Van Morrison com Shane MacGowan. 

Olha que dois! Elton John e Ru'Paul
apresentaram os Brit Awards 1994


16:30 "Um Conto Americano 2 - Fievel No Faroeste": A sequela de "Fievel - Um Conto Americano", que em 1986 tornou-se na altura a mais rentável longa-metragem de animação fora da Disney. Esta sequela que transportou o simpático ratinho Fievel ao faroeste americano surgiu em 1991.



18:00 Arca de Noé: Na altura, este célebre concurso sobre o mundo animal ia na quinta e derradeira temporada, apresentada por Carlos Alberto Moniz num cenário a fazer lembrar um barco.
19:00 Concurso RTP Danças de Salão
20:00 Telejornal
20:30 Boa Noite
20:40 Noite Mágica: Um espaço dedicado às artes de prestidigitação apresentado por Luís de Matos.
21:40 Pátio da Fama: Já falámos aqui neste concurso que era uma espécie de "Chuva de Estrelas" da representação. Neste dia, foi exibida a oitava e última semifinal: os vencedores apurados para a final foram Hugo Tomás e Sara Rolo numa cena de "O Silêncio Dos Inocentes". A final seria transmitida no sábado seguinte. 
22:50 Parabéns: Entre 1992 e 1996, foi uma das últimas joias da coroa da RTP face à SIC. O programa apresentado por Herman José, que tinha uma parte de concurso onde os concorrentes eram aniversariantes naquela semana, um momento de entrevista ao convidado da semana, actuações musicais ao vivo e inesquecíveis rábulas recorrentes como "Dora E Dário", "Entrevista Histórica" e o "Boião da Cultura".  
"Parabéns, parabéns, parabéns,
Se nasceu no dia que hoje passa..."


01:15 Natalie Cole canta Natal: Um programa musical onde a filha do lendário Nat King Cole dava voz à várias canções de Natal, algumas delas do seu álbum "Holy & Ivy" editado nesse ano. Natalie Cole faleceu no último dia de 2015 e imagino que esteja algures no além cantando "Unforgettable" com o pai.
02:15 A Valsa do Imperador: A fechar emissão este filme musical de 1948 realizado por Billy Wilder e protagonizado por Bing Crosby e Joan Fontaine. Na Viena do dealbar do século XX, um vendedor americano que pretende vender um gramofone ao Imperador perde-se de amores por uma condessa austríaca. 
Bing Crosby em "A Valsa Do Imperador"



RTP 2
Destaques:
10:30 Planeta Proibido: O actor canadiano Leslie Nielsen (1926-2010) é recordado por comédias como "Aeroplano!" e "Aonde É Que Para A Polícia?", mas antes disso ele era conhecido como actor em filmes de aventuras, como é o caso deste "Planeta Proibido", filme de ficção científica de 1956. 
14:55 Children From Blue Lake Mountain: Filme sueco de 1980, sobre um grupo de irmãos que na iminência de serem separados após a hospitalização da sua mãe, embarcam numa viagem da Lapónia até Estocolmo em busca do seu pai há muito ausente. Entre os nomes do elenco, reconheci o de Monica Zetterlund (1937-2005), tida como a maior cantora sueca de jazz e que representou o país no Festival da Eurovisão de 1963. 
Leslie Nielsen em "Planeta Proibido"

23:50 Missa do Galo: A transmissão da Missa do Galo, geralmente na Sé de Lisboa, continua a ser uma das constantes da programação natalícia da RTP.
01:30 A Praia da China: A fechar a emissão, um episódio da série "A Praia Da China", que teve quatro temporadas entre 1988 e 1991 e que lançava um olhar feminino sobre a guerra da Vietname, através das mulheres militares e civis presentes no conflito. Pelo papel principal da enfermeira Colleen McMurphy, a actriz Dana Delaney venceu dois Emmys.  

SIC



10:00 Buéréré: Aparentemente uma maratona de sete horas com vários programas dedicados aos mais novos. Durante a quadra natalícia, este espaço Buéréré foi conduzido por Ana Marques (a primeira Ana do Buéréré antes da Malhoa) e Humberto Bernardo, recém-estreado em televisão com o concurso "Tudo Ou Nada".
17:00 Muita Lôco: Um clássico da SIC apresentado por José Figueiras, com música, debate e uma assistência bué da jovem. Ah, e não esquecer a Paulina!
18:00 Especial Vidas Cruzadas: um compacto de duas horas da telenovela "Vidas Cruzadas", uma das raras telenovelas brasileiras que tiveram um título diferente em Portugal (no Brasil, era "Pátria Minha"). O tema principal da telenovela era a justiça e a corrupção, com um movimento liderado pela estudante Alice (Cláudia Abreu) contra as patifarias do magnata Raúl Pellegrini (Tarcísio Meira), que mais tarde descobrirão ser avô e neta. As gravações desta telenovela ficaram marcadas pelos conflitos entre os actores Vera Fischer e Felipe Camargo, que então eram casados e passavam por uma quezilenta separação, que acabou com o despedimento de ambos e a morte das respectivas personagens. 

Cláudia Abreu protagonizou a telenovela
"Vidas Cruzadas" ("Pátria Minha" no Brasil)


19:55 Meteorologia
20:00 Jornal da Noite
20:30 A Viagem: Esta era a telenovela da Globo que ocupava na altura o horário nobre da SIC, e que ficou na memória de muitos devido às suas temáticas sobrenaturais e da vida após a morte. Especialmente marcante foi o vilão Alexandre, interpretado por Guilherme Fontes, um meliante que depois de morto manipulava negativamente várias personagens e eram assustadoras as cenas em que ele surgia. Ainda para mais, em Portugal esta telenovela sucedeu a "Mulheres de Areia", onde Guilherme Fontes foi o protagonista masculino.    

Guilherme Fontes foi um vilão arrepiante
na telenovela "A Viagem"


21:40 Bravo Bravíssimo: Um programa que passou a ser um clássico dos Natais ao longo dos anos 90, "Bravo Bravíssimo" era o programa, transmitido no teatro de Cremona em Itália, onde jovens de todo o mundo actuavam mostrando o seu talento em diversas áreas (música, canto, dança, magia, artes circenses). Nesse dia foi transmitida a primeira semifinal da edição de 1994, a primeira a contar com participação portuguesa e foi nesta semifinal, que a jovem Ana Margarida, do Seixal, se apurou para a final cantando "Uma Casa Portuguesa".  
23:40 O Meu Tio Solteiro: com o perene "Sozinho Em Casa" este ano a ser transmitido noutro canal, foi neste filme que a SIC assegurou a presença de Macaulay Culkin. Filme de 1989 realizado por John Hughes, este "O Meu Tio Solteiro" (no original "Uncle Buck"), tinha John Candy  como a personagem-título, um solteirão semi-indigente que de repente se vê a tomar conta dos seus três jovens sobrinhos. Há quem diga que a cena em que a personagem de Culkin interroga a de Candy foi basicamente a audição que deu para o papel principal em "Sozinho Em Casa".  

Macaulay Culkin e John Candy em "O Meu Tio Solteiro"


01:45 Madredeus ao vivo em Belém: Em 1994, os Madredeus tiveram um ano em cheio em que o terceiro álbum "O Espírito da Paz" foi campeão de vendas em Portugal e lhes deu reconhecimento além-fronteiras como poucas bandas portuguesas tiveram até então. Presumo que por Belém, se refira ao Centro Cultural de Belém, e não ao local de nascimento de Jesus ou à cidade brasileira do estado do Pará (onde actuariam em 2002).  
03:15 O Acordar da Noite: E a maratona de Natal continuava com este filme sobre o qual não encontrei rigorosamente nada na internet. (O que é pena porque gosto do título.)
05:00 Pai Natal - O Filme: Depois era a vez deste filme de 1985 com Dudley Moore e John Lithgow, sobre como se formou a lenda do Pai Natal e a explicação por alguns dos mitos à sua volta. 
 


07:00 Cesária Évora: Para terminar um concerto da emblemática cantora cabo-verdiana Cesária Évora (1941-2011).

TVI




10:00 Clube da Manhã: Aparentemente era assim que então se chamava o espaço infanto-juvenil da TVI para as manhãs de fim de semana. (Não confundir com o programa matinal do mesmo nome emitido pela RTP em 1992, apresentado por Luís Pereira de Sousa e que tinha como assistente uma jovem Dalila Carmo.)
11:30 A Histórias Mais Bonitas: Série animada em que se apresentavam várias histórias da Bíblia. 
12:00 Sinais e Leis: Não faço ideia o que seria este programa, mas pelo título diria que abordava a prevenção rodoviária.
12:30 Novos Ventos: Se não estou em erro, este era um magazine de cariz religioso, semelhante ao perene "70x7" da RTP.
13:00 Jornal da Uma: Hoje os blocos informativos em todos os canais chegam a durar duas horas, mas na altura, vinte minutos bastavam para o primeiro espaço informativo da TVI em 1994. 
13:20 Circo de Natal: Tal como a RTP, a TVI também reservou um programa de circo para a véspera de Natal. (Deduzo que este seja o Circo Chen de Natal que costumava assentar arraiais em Lisboa durante esta quadra.)
15:00 O Jogo do Ganso: Uma das joias da coroa da TVI na altura, "O Jogo Do Ganso" era o concurso espanhol que recriava o Jogo da Glória num grande estúdio. Talvez tenha sido aqui que foi transmitida uma emissão especial de Natal com quatro concorrentes VIP: as apresentadoras Concha Velasco e Maribel Verdú, o ciclista Pedro Delgado e o Mr. T himself.  
17:45 Festa de Natal: Um filme? Algum programa especial?
19:20 O Tempo Informação
19:30 Novo Jornal: Enquanto a RTP e a SIC tinham o seu principal espaço informativo às 20 horas, na altura TVI antecipava-se e tinha o seu meia hora mais cedo. 
20:30 Mensagem do Cardeal Patriarca de Lisboa: Com a TVI então sob a égide da Igreja Católica, era natural que fosse ela a transmitir a habitual mensagem de Natal do Cardeal Patriarca de Lisboa, então D. Manuel Ribeiro (que ocupou o cargo entre 1971 e 1998). 
20:45 Quem Casa Quer Casa: Na altura, Carlos Cunha podia ser visto na SIC em "Ora Bolas, Marina", mas ao mesmo tempo apresentou na TVI este concurso que se passava numa espécie de casa-modelo. Concorriam em cada emissão dois casais casadoiros que tinham de fazer um jogo em cada divisão e o prémio final era um montante para poderem comprar uma casa, oferta do patrocinador, o Crédito Predial Português. Pelo meio, Carlos Cunha interagia em modo semi-sketch com personagens que iam aparecendo, interpretadas por actores como José Raposo, Lena Coelho e Maria João Abreu. 
22:10 Sozinho Em Casa: No ano anterior, tinha sido a SIC e neste ano era a TVI que cumpria a lei de trazer o filme "Sozinho Em Casa" para os pequenos ecrãs nacionais para passarmos a Consoada a rir das armadilhas do pequeno Macaulay Culkin contra os mentecaptos Wet Bandits (Joe Pesci e Daniel Stern).


0:00 Missa do Galo: Tal como a RTP2, também a TVI transmitia uma Missa do Galo.
1:30 Lauro António apresenta "Doido Com Juízo": Um dos mais célebres espaços de cinema dos primórdios da TVI onde Lauro António (cuja paródia de Herman José como Lauro Dérmio se tornaria lendária) fazia um preâmbulo sobre um determinado filme antes da sua emissão. Muitos dos filmes deste espaço eram das eras douradas de Hollywood, como é o caso deste "Doido Com Juízo" (no original "Mr. Deeds Goes To Town"), comédia de 1936 realizada por Frank Capra (pela qual ganhou o seu terceiro Óscar), com Gary Cooper no papel de um homem simplório que herda uma grande fortuna e que fica à mercê dos ardis de um advogado inescrupuloso e de uma jornalista ambiciosa. Existe um remake modernizado de 2002 com Adam Sandler e Winona Ryder.

Neste filme, Gary Cooper era um "Doido Com Juízo"
e Jean Arthur uma jornalista ambiciosa.


3:35 Encontro: O fim das emissões da TVI na altura terminavam com este espaço onde um sacerdote deixava algumas palavras para reflexão dos fiéis. Graças a programas como esta da era da Igreja da TVI, houve o inaudito fenómeno de alguns padres terem-se tornado estrelas televisivas por um breve tempo, nomeadamente o Padre Vítor Melícias e o Padre Feytor Pinto.  

Dia 25

RTP1
8:00 Infantil e Juvenil
12:00 Wrestling: Lá porque é dia de Natal, não quer dizer que as pessoas não queiram ver porrada. E lá vinha o espaço do wrestling, então sob a égide da WWF, com comentários de António Macedo e do lendário Tarzan Taborda (1935-2005). 
12:30 Sem Limites: a resposta da RTP ao "Portugal Radical" da SIC.
13:00 Notícias: Apenas cinco singelos minutos de notícias?
13:05 O Tempo
13:10 Top +: O programa que listava os álbuns mais vendidos em Portugal. 
14:20 86-60-86: O mítico magazine sobre moda, apresentado por Sofia Aparício. O título referia-se ao que então estava convencionado serem as medidas ideais para uma manequim: 86cm de busto, 60cm de cintura e 86cm de ancas. E não, essas não eram as medidas de Sofia Aparício, como a própria fez na altura questão de esclarecer, adiantando que achava essas medidas titulares do programa pequenas demais.  

14:50 Novas Aventuras do Super Homem: Quer na animação, quer em imagem real, a mais icónica personagem da DC Comics, já foi objecto de imensas recriações no pequeno e no grande ecrã. Nos anos 90, ficou especialmente famosa a série "Lois & Clark: The New Adventures Of Superman", que focava particularmente na relação entre o Clark Kent/Super Homem e a sua colega e interesse amoroso Lois Lane, interpretados respectivamente por Dean Cain e Teri Hatcher.  

Novas aventuras do Super-Homem
com Dean Cain e Teri Hatcher



15:35 Emoções Fortes: No original "Empty Nest", uma sitcom americana (1988-95) sobre um médico viúvo e as duas filhas adultas que por diferentes motivos regressam à casa da família para viver com ele. A série era uma spin-off de "Sarilhos Com Elas" com as quatro actrizes da série a terem participações especiais (Estelle Getty chegou a fazer parte do elenco principal nas duas últimas temporadas recuperando o papel de Sophia Petrillo) e a personagem principal, Harry Weston (Richard Mulligan) apareceu em alguns episódios de "Sarilhos Com Elas". 
16:00 A Grande Pirâmide: Adaptação de um concurso clássico da televisão americana que esteve no ar entre 1973 e 1988, com reboots em 2012 e 2016, em que duas equipas, cada uma formada por um concorrente e um convidado famoso, jogavam jogos onde um membro tinha de explicar a outro uma palavra sem poder dizer a dita. A adaptação portuguesa, inicialmente apresentada por Sérgio Figueira e depois por Manuel Luís Goucha, acabaria por passar despercebida, apesar das semelhanças com o popular "Palavra Puxa Palavra", com 42 sessões exibidas entre Outubro de 1994 e Julho de 1995. 



16:30 Jogos Sem Fronteiras especial de Natal: Uma emissão especial de Natal gravada em Cardiff, no País de Gales com a participação de cinco equipas: Cardiff pelo país anfitrião, Olivone pela Suíça, Piraes pela Grécia, St. Paul's Bay por Malta e uma equipa mista de Leiria e Setúbal por Portugal. Além disso, cada equipa tinha um jogador VIP: por exemplo, Ray Gravell, uma lenda do râguebi galês alinhou pela equipa da casa enquanto a equipa portuguesa tinha a cantora Diamantina Rodrigues, que antes de se dedicar ao fado, cantava então sonoridades mais pop sob o nome de Tina simplesmente. Os jogos estavam relacionadas com tradições natalícias e invernais de cada um dos países (por exemplo, o de Portugal foi com o bolo-rei) mas as equipas apenas jogaram pela diversão, já que em verdadeiro espírito natalício, não houve vencidos e todos foram vencedores. 
17:30 E.T. - O Extraterrestre: O que há para dizer que já não foi dito sobre este filme?
 


19:45 Joker
20:00 Telejornal
20:40 O Tempo
20:45 Casa Cheia: Um dos concursos mais duradouros da televisão nacional, estreando em Setembro de 1990 e terminado em Abril de 1999. Nesta altura, a apresentação era de Serenella Andrade e o dia de exibição tinha passado de sábado para domingo. E claro, a popularidade de "Casa Cheia" devia-se também ao facto dos telespectadores também poderem ganhar um prémio monetário, através da compra da revista "Telejogos". A febre foi tal que certa vez  uma carrinha distribuidora da revista foi assaltada quando estava em jogo uma quantia avultada do prémio. 
21:30 Eu Tenho Dois Amores: O lendário Marco Paulo estreou-se nesse ano como apresentador neste talk-show que tinha o título de uma das suas canções-assinatura, onde além de entrevistas com os convidados semanais, havia momentos musicais, tanto do próprio Marco Paulo como de cantores convidados. No ano seguinte, o programa foi renovado com um novo título ("Marco Paulo com Música No Coração") e um cenário maior.
22:45 Com Peso E Medida: Misto de talk show e concurso apresentado por Nicolau Breyner em que os convidados de cada programa tinham todos uma coisa em comum: tinham todos excesso de peso. Alguns foram sempre famosos pelos seus quilos a mais, outros eram ex-magros. E claro que um dos temos de conversa era a comida e o programa acabava com Nicolau, o convidado e o vencedor da parte de concurso num apetitoso jantar. Outro factor recorrente era a balança presente em estúdio à qual o convidado subia para se saber o seu actual peso. O episódio mais famoso, exibido no início de 1995, foi aquele em Herman José ficou de cuecas durante grande parte do programa, primeiro para receber uma massagem e depois demorando a vestir as roupas. 
0:05 Querida Eu Ampliei o Miúdo: Filme de 1992, sequela de "Querida, Eu Encolhi Os Miúdos" (1989). Depois de encolher os seus dois filhos mais velhos a dimensões microscópicos no primeiro filme, desta vez o Professor Wayne Szalinski (Rick Moranis) acidentalmente transformava o filho mais novo - nascido após os acontecimentos do primeiro filme - em proporções gigantescas. Curiosamente, o realizador deste filme foi Randall Kleiser, o mesmo de "Grease" e "A Lagoa Azul". Posteriormente, surgiram uma sequela directa para vídeo ("Querida, Nós Encolhemos" de 1997) e uma série de televisão. 
Uns miúdos encolhem, outros ampliam…


1:35 Notícias
1:50 Natal Mágico

RTP2
Destaques
15:25 Bugs Bunny E Outras Personagens: Os Looney Toons a fazerem das suas.
18:05 Concerto no Vaticano: Durante o pontificado de João Paulo II, promoveu-se um concerto anual na Santa Sé, com actuações de artistas de vários estilos musicais, da ópera ao rock. A iniciativa duraria até 2004, com a morte de João Paulo II e o início do pontificado de Bento XVII no ano seguinte.  
21:50 Do Céu Caiu Uma Estrela: Outro clássico imortal de Natal, este filme de 1946 (no original "It's A Wonderful Life") realizado por Frank Capra conta a história de George Bailey (James Stewart) que, por altura de Natal, desesperado pela sua iminente ruína financeira bem como da sua comunidade, tenta-se suicidar e deseja nunca ter nascido. Mas eis que um anjo chamado Clarence (Henry Travers) vem ter consigo e lhe mostra como a sua existência tornou a vida da sua esposa Mary (Donna Reed) e  todos os que o rodeiam bem melhor. Na altura, o filme foi um fracasso de bilheteira, mas assim que entrou no domínio público, permitindo às televisões exibirem-no sem pagar o copyright, "Do Céu Caíu Uma Estrela" tornou-se um filme clássico da quadra natalícia e recebeu finalmente o reconhecimento devido.   
James Stewart e Donna Reed em "Do Céu Caiu Uma Estrela"


SIC


8:00 Buéréré
13:30 Portugal Radical: Como já referimos, a RTP tinha o "Sem Limites" mas o magazine por excelência dos desportos radicais era o Portugal Radical, uma referência dos primórdios da SIC. E quantos de nós não desejámos receber um beijinho das apresentadoras Rita Seguro, Raquel Prates e/ou Maria Borges, quando se despediam em cada programa com um "Até lá, muuuuuah!". 
14:45 My Fair Lady: a célebre adaptação musical de "Pigmalião" de George Bernard Shaw, sobre o presunçoso professor Henry Higgins que leva a cabo a missão de pôr a humilde florista Eliza Doolittle a falar, andar e comportar-se como a mais nobre das ladys, não contando contudo em sucumbir aos encantos dela. A adaptação cinematográfica de 1964 de George Cukor teve a famosa controvérsia de ter Audrey Hepburn no papel principal, quando parecia óbvio que seria Julie Andrews que o interpretara na peça original. Mas por ironia do destino, Andrews ganharia o Óscar nesse ano por "Mary Poppins" e Hepburn (que nas canções foi dobrada por uma cantora) nem sequer foi nomeada. "My Fair Lady" venceu mesmo assim oito Óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Actor para Rex Harrison.  
17:45 Bravo Bravíssimo: A 2.ª semifinal do "Bravo, Bravíssimo". A final seria transmitida a 1 de Janeiro de 1995.
19:00 Vidas Cruzadas
19:55 Meteorologia
20:00 Jornal da Noite
20:30 Memorial de Maria Moura: Ainda com o seu duplo papel em "Mulheres de Areia" ainda presente na memória dos espectadores da SIC, Glória Pires protagonizava agora esta mini-série, baseada no romance de Rachel Queiroz, onde a personagem-título lidera um grupo de mercenários para defender as suas terras dos seus primos gananciosos, ao mesmo tempo que luta contra a atracção que sente pelo intrujão Ciniro (Marcos Palmeira). A série contou ainda com nomes como Kadu Moliterno, Cristiana Oliveira, Zézé Polessa e Jackson Antunes, e marcou a estreia em televisão de Cleo Pires, filha mais velha de Glória.  

Glória e Cleo Pires, mãe e filha,
na série "Memorial de Maria Moura"


21:30 Labirinto: Concurso dos primórdios da SIC, inicialmente apresentado por José Jorge Duarte e depois por Teresa Guilherme. As únicas coisas que recordo de "Labirinto" é que havia duas equipas com dois concorrentes, a amarela e a vermelha, e a prova final consistia em que um dos elementos da equipa vencedora avançando por um labirinto virtual, calçando umas galochas especiais e seguindo as indicações do colega de equipa, sem pisar as linhas do labirinto. Cada pisar de risco significava uma redução de cinco segundos no tempo limite.  
22:30 Salteadores da Arca Perdida: O primeiro tomo da saga Indiana Jones, realizado em 1981 por Steven Spielberg com Harrison Ford no papel do intrépido arqueólogo. A SIC exibiu o segundo filme, "Indiana Jones e O Templo Perdido" (1985) no dia seguinte em "Noite De Estreia" para culminar com a estreia em televisão de "Indiana Jones E A Última Cruzada" (1990) no primeiro dia de 1995.  



0:45 Whitney Houston na África da Sul: No ano em que Nelson Mandela tornou-se presidente África do Sul e mudou a bandeira e o hino, Whitney Houston deu um concerto no país. Não faltaram os grandes êxitos como "I Will Always Love You" e "I Wanna Dance With Somebody", mas também uma versão de "Masterblaster" de Stevie Wonder.



2:15 Cuidado Com As Aparências: Esta sitcom britânica fez parte da grelha da primeira semana de emissões da SIC em 1992 e em 2000, teria uma adaptação nacional protagonizada por Catarina Avelar. No Natal de 1994, a SIC exibiu um episódio especial de Natal onde Hyacinth (Patricia Routledge) e Richard Bucket (Clyde Swift) fazem das suas a bordo de um cruzeiro.




TVI
9:30 Clube da Manhã
11:00 Concerto Monges de Silos: Em 1994, o disco de cantos gregorianos nas vozes dos monges do Mosteiro de Santo Domingo de Silos (na província espanhola de Burgos) foi um campeão de vendas em todo o mundo. Agora era a oportunidade de ver como eles soavam ao vivo.



11:30 Oitavo Dia: Se não estou em erro, tal como "Novos Ventos", este era um magazine de cariz religioso. 
12:00 Mensagem e Bênção Urbi Et Orbi: A tradicional bênção papal de toda a Páscoa e Natal na Praça de São Pedro no Vaticano.  
12:30 Missa de Natal
14:00 Portugal Português: Pode-se dizer que este programa foi um percursor do "Somos Portugal", excepto que era gravado em diferido e não tinha actuações de cantores pimba. Mas tal como o dito cujo, percorria as várias feiras por esse país fora e mostrava a gastronomia e o artesanato das respectivas localidades. A apresentação era de Isabel Moiçó. Recordo-me que chegou a haver um programa filmado em Torres Novas, aquando da Feira dos Frutos Secos. 
14:55 Tempo informação
15:00 As Mil e Uma Tardes de Júlio Isidro: Sim, Júlio Isidro, um dos eternos rostos da RTP, teve em 1994 uma breve incursão pela TVI. Depois das noites de Domingo, no programa "Turno Da Noite" agora o "Senhor Televisão" conduzia as tardes da 4 em "As Mil E Umas Tardes de Júlio Isidro". Porém as tardes deste programa não chegaram nem perto das mil e uma e o tio Júlio eventualmente regressaria à RTP. No YouTube, encontrei uma actuação de Joel Xavier no programa.
19:15 Lauro António apresenta "Especial O Rei Leão": De novo Lauro António, agora para apresentar um documentário sobre o making of de "O Rei Leão", o lendário filme da Disney que acabava de estrear em Portugal.  
19:50 Tempo Informação
20:00 Novo Jornal
20:30 Confissões de Adolescente: Na altura a TVI passava a série "Confissões de Adolescente" inspirada numa peça escrita pela actriz Mariana Mariana que também entrava nesta série como a mais velha de quatro irmãs adolescentes às voltas com os problemas típicos da idade, sob o olhar atento do seu pai. Se não estou em erro, foi exibido nesse dia um episódio especial de Natal em que a mãe ausente das duas irmãs mais velhas regressava a casa para passar a quadra, despertando saudades e tensões antigas.
21:00 Doutores e Engenheiros: Nos tempos em que "A Mulher Gorda" da Estudantina Universitária de Lisboa tornou-se um hit nacional e que o academismo universitário português tinha um dinamismo inédito, havia então este concurso que opunha duas instituições de ensino superior, apresentado por Mila Ferreira e Nuno Graciano (quando ainda tinha cabelo).
22:20 Sozinho Em Casa 2 - Perdido Em Nova Iorque: Mas a TVI guardava o seu maior trunfo de Natal para o fim, exibindo nessa noite pela primeira vez na televisão portuguesa o segundo opus do "Sozinho Em Casa", desta vez com o pequeno Kevin McCallister perdido da sua família em Nova Iorque e de novo a ter de enfrentar os Wet Bandits (e que contém um cameo daquele que viria ser o 45.º Presidente dos Estados Unidos). Recordo-me que a exibição deste filme deu à TVI a sua maior audiência até então. 
Foi na TVI em 1994 que estreou na televisão nacional
"Sozinho Em Casa 2"


0:30 Tempo informação
0:35 Encontro

Os meus agradecimentos ao arquivo digital do jornal "A Comarca de Arganil" de onde retirei a informação sobre a grelha de programação televisiva destes dias. Se alguém sabe mais informações sobre os programas sobre os quais eu tenho dúvidas ou que deixei por mecionar, por favor deixem nos comentários. 

Para terminar, deixo-vos este tesourinho: um clip do Natal de 1994 com então várias caras da TVI a cantarem uma versão de "Jingle Bells". Entre outros, podem-se ver Bárbara Guimarães, Manuela Moura Guedes, Clara de Sousa, José Carlos Castro, José Carlos Soares, Artur Albarran, Sofia Carvalho, Paulo Salvador e José Mussuaili.





E em nome da Enciclopédia de Cromos, deixo os votos de um Feliz Natal.



domingo, 13 de dezembro de 2020

Major Alvega (1998-1999)


Celebrizada por ser gravada totalmente com actores e adereços em frente ao ecrã verde ( “green screen”) para permitir usar cenários artificiais, com um visual de banda desenhada, visto que a série era a adaptação da BD do piloto luso-britânico “Major Alvega”, a versão aportuguesada do britânico “Battler Britton” (criado em 1956). 

 
Fiquei surpreendido por descobrir recentemente que foi distribuída internacionalmente, com o título "Ace London"(1).
Este conceito de cenários virtuais foi aperfeiçoado mais tarde no filme "Sky Captain".


Genérico inicial de "Major Alvega":

Várias sequências da série:



Estas aventuras em imagem real surgiram no ecrã em 1998, mais de uma década depois do final da publicação das revistas em Portugal. Com os 26 episódios distribuídos por 2 temporadas, narrados pelo histórico Fernando Pessa ( “e esta, hein?”), Ricardo Carriço era o protagonista, o valente Major  Jaime Eduardo de Cook e Alvega. No lado dos vilões, o inesquecívelmente histérico - e hilariante - Von Block (António Cordeiro) que me ensinou algumas palavras em alemão - “Schnell!Schnell!” - e a mais belíssima nazi, a fräulein Helga Schmidt (Rosa Bella) dividida entre o dever para o Reich e a atracção pelo inimigo Alvega.
No Youtube podem encontrar vários dos episódios [Youtube: Major Alvega].
No fantástico RTP Arquivos é possível ver uma pequena peça de 1992 no Canal-1 sobre a pré-produção para levar "Major Alvega" ao pequeno ecrã: "Major Alvega, herói banda desenhada".


Texto Original: "Major Alvega [1998-99].

Um relato mais detalhado sobre a produção, estreia e distribuição das duas temporadas no Imaginário 289:


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Top 5 Canções de Enya (Paulo Neto)

le Pól Garmhac / por Paulo Neto

Claro que toda a música pode ser ouvida em qualquer altura do ano, mas existem alguns músicos cujo repertório parece melhor sendo ouvido num particular período ou estação. E para mim, a música de Enya parece feita para ouvir no Inverno, embora ela até tenha algumas canções mais estivais (como por exemplo uma desta lista). Há algo de aconchegante na voz dela que me faz mais pensar em dias frios.


Eithne Pádraigín Ní Bhraonaín (na versão anglicizada, Enya Patricia Brennan) nasceu aos 17 dias de Maio de 1961 em Gweedore, no condado irlandês de Donegal. Ela começou no grupo Clannad, tal como membros da sua família, tocando teclados e fazendo coro. Em 1982, sob conselho do manager da banda Nicky Ryan, iniciou a sua carreira a solo, com Ryan encarregue da produção e a sua esposa Roma Ryan das letras. Enya desenvolveu então uma sonoridade única que mesclava música celta, música sacra e música clássica com um elemento de pop pela qual seria aclamada como a rainha da música new age. O seu álbum de estreia "Enya" saiu em 1987 (foi reeditado em 1992 sob o nome "The Celts") mas foi o segundo álbum "Watermark" de 1988 que a catapultou para fama mundial.
Desde então, Enya vendeu mais 75 milhões de discos em todo o mundo (em termos de cantores e grupos irlandeses, só os U2 venderam mais), venceu quatro Grammys e vários artistas citam-na como influência, até alguns nomes inesperados como Nicky Minaj

Como de costume, antes de apresentar o meu top 5, vou indicar algumas menções honrosas: "I Want Tomorrow" (1987, "Enya"), em cujo videoclip Enya aparece como uma espécie de cyborg, com uma peruca comprida, a deitar faíscas pelos olhos e a destruir um carro com um raio; "Book Of Days" (1992), da banda sonora do filme "Horizonte Longínquo"; "Boadicea" (1992, "The Celts"), que foi utilizado como sample em vários temas, nomeadamente em "Ready Or Not" dos Fugees; "Anywhere Is" (1995), o single que introduziu o álbum "The Memory Of Trees"; e "Orinoco Flow" (1988, Watermark), aquela que será talvez a canção mais emblemática, que já teve todo o tipo de versões e de paródias, como por exemplo o "Zé Luís Flow" de Nuno Markl, nos tempos da Caderneta de Cromos.    


N.º5 - Storms In Africa (1989, Watermark): A voz e a obra de Enya também pode nos transportar para paragens longe da Irlanda, como é o caso desta canção que, como o título indica, evoca África. O tema foi utilizado na banda sonora do filme "Casamento Por Conveniência" e em vários anúncios publicitários.   



N.º 4 - May It Be (2001,  Banda sonora: "O Senhor Dos Anéis - A Irmandade do Anel"): Quando Peter Jackson a convidou para escrever e interpretar o tema principal do primeiro filme da trilogia de "O Senhor dos Anéis", Enya ficou tão entusiasmada que até viajou para a Nova Zelândia para visionar algumas partes do filme que estavam a ser editadas. De volta à Irlanda, compôs "May It Be" uma vez mais sobre produção de Nicky Ryan e letra de Roma Ryan (que tem algumas partes em Quenya, a língua dos elfos no universo de JRR Tolkien). A parte orquestral foi assegurada por Howard Shore, o compositor da partitura do filme. "May It Be" valeu a Enya nomeações para o Óscar e Globo de Ouro de Melhor Canção Original e chegou ao primeiro lugar do top alemão no início de 2002.  





N.º 3 - Only Time (2000, A Day Without Rain): "Only Time" foi o single da apresentação do quinto álbum de originais "A Day Without Rain", que sucedeu ao primeiro álbum best of de Enya "Paint The Sky With Stars". Mas foi após o 11 de Setembro que o tema tornou-se verdadeiramente popular junto do grande público, já que várias estações televisivas pelo mundo fora utilizaram-no para ilustrar montagens dos atentados e do seu rescaldo. Antes disso, "Only Time" tinha sido utilizado na banda sonora do filme "Doce Novembro", em episódios de séries e na promoção à nova temporada de "Friends". O single foi então reeditado com uma remistura da Swiss American Foundation, com as receitas a reverterem para associações de apoios às famílias de bombeiros vitimados ou severamente afectados pelo 11 de Setembro. A reedição de "Only Time" foi número 1 no Canadá, Alemanha, Polónia e Suíça e o único single de Enya a chegar ao top 10 nos Estados Unidos. Desde então, o tema tem sido utilizado em várias meios, famosamente em 2013 num anúncio viral da Volvo com Jean-Claude Van Damme.   





N.º2 - Evening Falls (1988, Watermark): O single sucessor de "Orinico Flow", esta é uma canção de Enya que só ouvi pela primeira vez há cerca de dois anos. A letra é baseada numa história que Roma Ryan tinha ouvido sobre uma mulher que costumava sonhar que andava por uma casa na América e quando descobriu uma casa idêntica em Inglaterra, as pessoas que lá viviam ficaram chocadas ao vê-la pois ela parecia-se com um fantasma que andava assombrar a casa. E para mais, as noites dessas assombrações coincidiam com as noites em que a mulher sonhou com a casa! (E agora que penso nisso, uma vez sonhei que andava por um castelo na República Checa. Será que nessa noite andei a assombrar uns quantos checos?) "Evening Falls" foi uma das canções que mais ouvi durante a primeira vaga de confinamento devido à pandemia, talvez porque passei parte dela longe da minha família e por isso, versos como "Close to home feeling so far away" soavam-me muito pungentes. Entretanto, descobri uma versão eurodance do colectivo alemão Lightforce.






N.º 1 Caribbean Blue (1991, Shepherd Moons): E eis que a minha canção preferida de Enya não me transporta para uma paisagem verdejante da Irlanda ou um quadro invernal cheio de neve, mas sim para um lugar solarengo e de céu azul. Talvez não nas Caraíbas como alude o título, nem sequer neste mundo, mas que a audição me faz sentir uns raiozinhos de sol, lá isso faz. Talvez a Grécia já que a letra refere os quatro deuses gregos do vento. "Caribbean Blue" foi o single de apresentação do álbum "Shepherd Moons". Lembro-me de que a TVI chegou a exibir uma promo às "Marés Vivas" ao som deste tema, numa montagem de planos de atletas de saltos para a água intercalados com os das beldades do elenco a andarem pela praia em slow motion. Também gosto imenso do videoclip onde um rapazinho viaja pelas imagens de um livro. 




terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O Duende Verde (1988)

por Paulo Neto 

Nos anos 80, o que faltava na programação televisiva infantil em meios, sobejava em imaginação e aqueles que foram crianças na altura tiveram o privilégio de assistir na RTP a ofertas bastantes criativas destinadas aos mais pequenos. E esta foi uma mais uma daquelas séries que por algum motivo ficaram-me na memória. 


"O Duende Verde" era um misto de série de ficção com programa educativo e era protagonizada por jovens actores, recrutados ao Teatro Infantil Papa-Léguas. A personagem-título, apesar de ser masculina, era interpretada por uma menina, Madalena Sousa Pinto. Os outros jovens actores principais eram Álvaro Sousa Pinto (Grão-Duende), Joana Filipe (Duendina) e Fernando Fonseca (Duende Sábio). Os diálogos eram da autoria da conhecida escritora Alice Vieira, sob argumento de Nelson Pinto e Nuno Delgado (respectivamente realizador e director de produção da série) e a música esteve a cargo de Fernando António Fonseca dos Santos. Os doze episódios da série foram originalmente exibidos aos sábados de manhã no espaço "Juventude e Família" entre 13 de Fevereiro e 12 de Abril de 1988, tendo sido reposta algumas vezes na RTP Memória e estando disponível no site de Arquivos da RTP.  

Mas vamos à história. Na Aldeia dos Duendes, habitada por seres anciões dotados de sabedoria, vive o Duende Verde. Na juventude e rebeldia dos seus 102 anos, este Duende aborrece-se na vida pachorrenta e rotineira do País dos Duendes e mata o tédio pregando partidas e perturbando a tranquilidade local. A sua melhor amiga, a Duendina, bem tenta chamá-lo à razão mas em vão. Para o animar (e conter os seus impulsos insubordinados), o Grão-Duende, o chefe da aldeia, decide levá-lo ao mundo dos humanos. Quando lá chegam, assistem a um grupo de crianças a jogar ao jogo da barra do lenço. O Duende Verde fica fascinado com o jogo cujas regras o Grão-Duende lhe explica, e logo decide fazer das suas, apoiando uma equipa e lançado feitiços para perturbar o jogo. 

A partir daí, em cada episódio, o Duende Verde aproveita cada ocasião para voltar aos humanos, a fim de conhecer mais jogos, ora sozinho, ora acompanhado pelo Grão-Duende ou pela Duendina. E volta e meia, apronta a sua encrenca, como por exemplo num dos episódios onde por acidente faz com que o Grão-Duende transporte com eles um miúdo humano. 

"O Duende Verde", para os seus parcos meios e dada a época, era uma série interessante, não só pela sua componente didática ensinado vários jogos infantis, como pela criação de um mundo fantástico dos duendes na Estufa Fria. 


O sempre imprescindível site "Brinca Brincando" refere ainda que um dos episódios contou com a presença do saudoso e então desconhecido actor João Ricardo, como o monitor que explica ao grupo de crianças o jogo da Defesa da Estaca.  



Mas o que nunca esqueci foi a canção do genérico:

Quero viajar para o mundo do Duende Verde
Quero ir brincar a esse jogo do Duende Verde
(Oooh) Encontrar (Oooh) amigos
E dançar com o Duende Verde   

No IMDB, além desta série, só consta mais uma outra entrada para Madalena Sousa Pinto, a da participação em "Suave Milagre", também de 1988, no papel de "Criança". Pelo que vi, tratar-se-ia de uma curta metragem que adaptava uma história de Eça de Queiroz, pelo mesmo realizador de "O Duende Verde", Nelson Pinto. Pergunto-me andará agora Madalena Sousa Pinto e imagino-a talvez a trabalhar num banco, que os colegas da agência nem sonham que ela foi protagonista de uma série infantil nos anos 80 e ocasionalmente, quando se deixa levar pelas asas da nostalgia, os seus pensamentos ainda a transportam para aquele mundo dos duendes que foi possível criar na Estufa Fria. 

Genérico:


Excerto do 1.º episódio:



quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Hit Parade 95 (1995)

 por Paulo Neto

AVISO: Este texto menciona algumas canções cujos títulos contêm palavras consideradas obscenas. Por norma, evitamos utilizar linguagem profana neste blogue, que se pretende destinar-se a todas as idades, mas por uma questão de precisão, optei por manter esses termos, que aparecerão a rasurado. 

Tempo para revisitar mais uma compilação antiga, e desta vez recuamos até 1995 para o volume desse ano da série "Hit Parade". Concebida pela Polygram Portugal, esta série (herdeira da também célebre "Polystar") editou tomos anuais entre 1987 e 1996, todos eles lançados por altura do mercado natalício (à excepção do volume final de 1996, editado no Verão), rivalizando com outra famosas séries de compilações como "Jackpot" e "Número 1". Aliás, já analisámos aqui o volume de 1988.
A compilação tinha o apoio da Antena 3 e um dos principais incentivos era o facto do duplo CD/cassete ter o preço de um disco unitário. 



Eu tive esta compilação em cassete. Ao todo cada CD e cassete tinha quinze faixas, num total de trinta. Talvez por estar limitada a uma única editora (ao contrário do que se sucedia por exemplo com as colectâneas do "Número 1", que resultavam de uma colaboração entre várias editoras), nem todos as canções incluídas eram das mais badaladas desse ano. Eu próprio nunca tinha ouvido algumas das canções quando ouvi as cassetes pela primeira vez, mas em geral foi uma boa descoberta. 





Posto isto, vamos à análise das trinta músicas. Clicando nos título, há um link para cada canção no YouTube.

CD1

1. Sheryl Crow "Run Baby Run": Ao fim de vários anos de uma sinuosa carreira na música (que passaram por fazer coro na digressão "Bad" de Michael Jackson), Sheryl Crow finalmente se afirmou como cantora e compositora com o seu álbum de estreia "Tuesday Night Music Club" de 1993. Mas foi a partir do início de 1995, após Crow ter vencido três Grammys (incluindo Melhor Revelação e Disco Do Ano para "All I Wanna Do") que o álbum teve grande repercussão nos países europeus, incluindo Portugal, onde foi comercializado uma versão que incluía um disco extra com seis canções gravadas ao vivo. Este "Run Baby Run" tinha sido originalmente o primeiro single, mas após o sucesso de singles posteriores como "All I Wanna Do" e "Strong Enough", foi reeditado na Europa. Segundo a própria Sheryl Crow, a canção foi escrita após as eleições presidenciais americanas de 1992, que marcaram a transição de George W.H. Bush para Bill Clinton, e fala sobre uma jovem mulher dividida entre o espírito hippie dos seus pais e o conservadorismo da sua comunidade.  
2. Faith No More "Evidence": Formados em 1979 em São Francisco, os Faith No More alcançaram o sucesso mainstream com álbum de 1989 "The Real Thing" (em especial com o single de 1990 "Epic"), naquela altura em que começavam vertentes mais alternativas do rock começavam a vingar junto do grande público e onde foram tentativamente metidos no saco do movimento grunge. Mas a verdade é que a banda californiana sempre fez por evitar que lhes colassem rótulos e nunca teve medo de experimentar diferentes géneros e sonoridades. E o seu álbum de 1995 "King For A Day… Fool For A Lifetime" foi um dos seus mais eclécticos, com influências de jazz, bossa-nova e até música chinesa, e até incluía uma canção parcialmente cantada em português intitulada "Caralho Voador"! Os dois primeiros singles do álbum, "Digging The Grave" e "Ricochet" seguiam as suas sonoridades mais heavy metal, mas este "Evidence" era um tema bem mais relaxante, com sons jazz-funk. 
3. Xutos & Pontapés "Circo De Feras (Ao Vivo '95)": Além fronteiras, já era comum vários cantores e bandas lançarem álbuns de concertos acústicos que popularizaram o termo unplugged mas foi só em 1995 que essa onda chegou a Portugal e quem melhor para inaugurar o unplugged à portuguesa do que os Xutos & Pontapés? Como o título indica "Ao Vivo Na Antena 3" foi gravado nos estúdios da Antena 3 após um convite de Henrique Amaro, num concerto intimista no qual os Xutos reinventaram vários dos seus temas, destacando-se a nova versão de "O Homem Do Leme" com aquela introdução em guitarra portuguesa que rapidamente se sobrepôs ao original no imaginário nacional. Mas para esta colectânea, a escolha recaiu num dos seus grandes clássicos, "Circo De Feras".    
4. Ugly Kid Joe "Milkman's Son": Temos agora outra conhecida banda rock californiana. Em 1992, os Ugly Kid Joe viram o seu álbum de estreia "America's Least Wanted" tornar-se um campeão de vendas, graças a hits como "Everything About You" e a sua versão de "Cats In The Cradle". O segundo álbum "Menace To Sobriety" surgiu em 1995, do qual este "Milkman's Son" foi a faixa principal. Mesmo sem o sucesso comercial do álbum anterior, o disco foi bem recebido pela crítica. Os Ugly Kid Joe terminaram em 1997 após a edição do terceiro álbum "Motel California", mas reformaram-se em 2010 e têm continuado no activo desde então, actuando nos Estados Unidos e na Europa, e lançando mais um EP em 2012 e um álbum em 2015.  
5. Da Weasel "Adivinha Quem Voltou": Os Da Weasel tinham-se estreado em disco em 1993 com um EP em inglês de seu título "More Than 30 Mother F*****s" (sim, com os asteriscos). Após algumas mexidas na formação, como a saída de Armando Teixeira e a entrada de Bruno "Virgul" Silva, o primeiro álbum longa-duração surgiu em 1995 em português "Dou-lhe Com A Alma". O primeiro single, "Adivinha Quem Voltou", tornou-se um hit, tendo sido adaptado como tema do programa "Top SIC", e foi o primeiro passo da ascensão imparável de Carlos "Pacman" Nobre e companhia como o maior conjunto hip hop português, cujo sucesso se estenderia pelos álbuns e anos seguintes.   
6. Lloyd Cole "Like Lovers Do": Portugal foi um dos países onde o britânico Lloyd Cole estabeleceu uma sólida base de fãs, primeiro como líder dos Commotions e depois na sua carreira a solo, e como tal, desde os anos 80 que Cole tem actuado regularmente no nosso país. Aliás, foi o primeiro artista estrangeiro que eu vi actuar ao vivo, na Queima das Fitas de Coimbra, com uma nova banda, The Negatives. 1995 viu a edição do seu quarto álbum a solo "Love Story" do qual foi extraído este "Like Lovers Do", que foi o seu maior hit a solo no Reino Unido. 
7. Del Amitri "Roll To Me": Os escoceses Del Amitri já levavam dez anos de actividade quando em 1995 obtiveram um dos seus maiores hits com "Roll To Me", do álbum "Twisted", que surpreendentemente chegou ao top 10 do top americano. É um tema curtinho (2 minutos e 12 segundos) mas bem-disposto, complementado pelo videoclip onde a banda surge na forma de bebés com cabeças de adultos. Em 2020, foi anunciado que os Del Amitri iriam lançar o seu primeiro álbum desde 2002. 
8. Extreme "Unconditionally": Em 1991, os Extreme alcançaram a fama com o álbum "Pornograffiti", sobretudo com a balada "More Than Words", que se tornou um hit global e um clássico da baladaria dos anos 90. Portugal sentiu o sucesso como sendo um pouco seu já que o guitarrista da banda era o açoriano Nuno Bettencourt (considerado em 1991 o melhor guitarrista do Mundo pela imprensa da especialidade) que não se coibia de exibir as suas raízes com a bandeira portuguesa em evidência nos concertos da banda (e no videoclip de "More Than Words") e actuando ao vivo envergando a camisola do Benfica. "More Than Words" era uma excepção no repertório hard-rock puro e duro da banda, porém os efeitos do seu sucesso ainda fizeram com que o quarto álbum dos Extreme, "Waiting For The Punchline, do qual foi extraída a balada "Unconditionally", gerasse algum interesse. A partir de 1996, os Extreme têm-se reunido intermitentemente, com os membros dedicando-se nos intervalos a outros projectos como discos a solo, produção para outros artistas (como por exemplo, o álbum de estreia de Lúcia Moniz, produzido por Nuno Bettencourt) e a breve incursão do vocalista Gary Cherone nos Van Halen.   
9. Boyz II Men "Water Runs Dry" (Star Mix Edit): Desde 1992 que os Boyz II Men viviam um período áureo graças a hits avassaladores como "End Of The Road", "Motownphilly", "I'll Make Love To You" e "On Bended Knee", graças à combinação esmagadora das vozes dos quatro membros do grupo: Nathan Morris, Wanya Morris, Shawn Stockman e Michael McCary. Este "Water Runs Dry", retirado do seu segundo álbum "II", não estava bem no patamar dos seus maiores sucessos mas mesmo assim chegou ao top 5 nos Estados Unidos e no Canadá. Actualmente, os Boyz II Men actuam como trio, com a saída de Michael McCary em 2003 devido a problemas de saúde. (Não encontrei a versão que estava na colectânea no YouTube, denominada "Star Mix Edit", por isso o link é para a versão original).  
10. Paulo Mendonça "If You Ever Come Back To Me": Paulo Mendonça é um músico português radicado há largos anos na Suécia. O seu terceiro álbum "11 PM" foi o primeiro a ser editado no seu país natal e como tal, Mendonça veio a Portugal promovê-lo, dando alguns concertos e actuando em alguns programas de televisão como o "All You Need Is Love".  
11. Amy Grant "Big Yellow Taxi": Com mais de quarenta anos de carreira, a cantora americana Amy Grant é considerada a rainha da pop cristã, mas também se aventurou em sonoridades mais seculares, destacando-se o dueto de 1987 com Peter Cetera "Next Time I Fall In Love" e sobretudo o seu hit global de 1991 "Baby Baby". Em 1994, Grant lançou o álbum "House Of Love" do qual foi extraído esta versão de "Big Yellow Taxi" de Joni Mitchell. 
12. Joey Tempest "We Come Alive": Rolf Magnus Joakim Larsson ou Joey Tempest é sobretudo conhecido como vocalista dos Europe, que garantiram a imortalidade musical em 1986 com o incontornável "The Final Countdown". Três anos após o fim da banda, Tempest lançou em 1995 o seu primeiro álbum a solo "A Place To Call Home" que lhe permitiu explorar outras sonoridades, como o blues-rock deste "We Come Alive". Após terem reformado brevemente para um concerto na passagem de ano de 1999/2000 (que serviu de pretexto para a edição de um remix de "The Final Countdown"), os Europe reuniram-se em 2004 e continuam activos desde então.  
13. Jann Arden "Could I Be Your Girl": Embora virtualmente desconhecida no resto do mundo, a canadiana Jann Arden é uma das mais populares cantoras do seu país. Este "Could I Be Your Girl" veio do seu segundo álbum "Living Under June" de 1994 mas seria o single seguinte "Insensitive" a sua canção mais conhecida para além das fronteiras do Canadá, sobretudo devido à sua inclusão no filme "Um Mundo de Rosas" com Christian Slater. 
14. Blues Traveller "Run Around": Formados em 1987 em New Jersey, os Blues Traveller alcançaram o sucesso mainstream graças ao seu quarto álbum "four" de 1994, do qual foi extraído este "Run Around" que lhes daria um Grammy e que foi escrito pelo vocalista John Popper sobre um crush que tivera em tempos pela ex-baixista da banda. O videoclip da canção era reinterpretação de "O Feiticeiro De Oz" com quatro personagens simbolizando Dorothy, o Homem-Lata, o Espantalho e o Leão vão a um concerto e descobrem que a banda jovem e cool que está em palco estavam a fazer playback dos verdadeiros Blues Traveller, escondidos atrás de uma cortina. 
15. Zucchero "Pane E Sale": Aparentemente foi uma professora primária que deu a Adelmo Forniciari a alcunha de Zucchero ("açúcar" em italiano), alcunha essa que adoptou como seu nome artístico para uma carreira musical que dura há cinquenta anos, com mais de sessenta milhões de discos vendidos em todo o mundo e um sem-fim de colaborações com prestigiados artistas.  Este "Pane E Sale" foi retirado do seu sétimo álbum de estúdio "Spirito DiVino". 


CD 2

1. Jimmy Sommerville "Hurts So Good": Depois de ter integrado os Bronski Beat e os Communards, a partir de 1989, o escocês Jimmy Sommerville iniciou uma carreira a solo com o álbum "Read My Lips". O segundo álbum, "Dare To Love", surgiu seis anos mais tarde, do qual se destacaram os singles "Heartbeat" e esta versão de "Hurts So Good". Originalmente gravado em 1971 por Katie Love & The Four Shades Of Black, a canção foi mais popularizada pela versão de 1973 de Millie Jackson. Já a versão de Sommerville invocava a versão reggae de Susan Cadogan e foi produzida por Richard Stannard e Matt Rowe que ficariam conhecidos pela produção do primeiro álbum das Spice Girls. Jimmy Sommerville continua activo na música, mesmo que o seu célebre tom castratto já não seja o que era. O seu último álbum é de 2014.
2. Wet Wet Wet "Don't Want To Forgive Me Now": Em 1994, os Wet Wet viveram o maior momento da carreira graças à sua versão de "Love Is All Around", incluída no filme "Quatro Casamentos E Um Funeral". que ficou 14 semanas no top britânico de singles. Como tal, o álbum subsequente da banda escocesa "Picture This" gerou muita expectativa. Além de incluir "Love Is All Around", o disco gerou mais dois hits, "Julia Says" e este "Don't Want To Forgive Me Now". Depois de vários hiatos e reuniões, actualmente o vocalista Marti Pellow actua a solo e os Wet Wet Wet com um novo vocalista, Kevin Simm.  
3. Pedro Abrunhosa & Os Bandemónio "Tavez F...": Em 1994, Pedro Abrunhosa & Os Bandemónio alcançaram um sucesso bombástico com o álbum "Viagens", que vendeu que nem pãezinhos quentes, multiplicou concertos esgotados em todo o país e elevou Abrunhosa ao estatuto de ícone maior da música nacional. Antes de se focarem no segundo disco, foi editado um mini-álbum, "F", cujo tema principal era "Talvez Foder" que com o seu refrão provocador e contagiante (embora a letra também falasse nos demais conflitos e problemas do mundo), deixou muito português a trautear "E tu e eu o que é temos p'ra fazer? Talvez foder, talvez foder!". "F" continha quatro versões desse tema: a versão original e a versão censurada (que se ficava por um "talvez fo..."), ambas numa versão curta e noutra mais prolongada, bem como novas remisturas de "Não Posso Mais", "Socorro" e "É Preciso Ter Calma". "F" - que o meu pai comprou em cassete e chegou a tocar no carro - vinha creditado como PA&B e é também esta designação que veio nesta compilação.  
4. Ultimate KAOS "Right Here": Agenciados pelo famigerado Simon Cowell, os Ultimate KAOS foram um quinteto r&b londrino que tinha como particularidade de ter vocalista principal um bem jovenzinho Haydon Eshun que só tinha nove anos quando o grupo começou e em 1995 Eshun ainda mal tinha entrado na puberdade. Este "Right Here" com uns pulsantes arranjos de rock é um dos temas mais interessantes dos Ultimate KAOS, mas os mais conhecidos serão "Some Girls" de 1994 e "Casanova" em 1997. Em 2018, Haydon Eshun fez parte do elenco da produção do West End de "Thriller - Live", dedicado à obra de Michael Jackson. 
5. Black Out "Sinfonia Do Amor": Um dos primeiros projectos de soul-funk português, os Black Out tinham editado em 1995 o seu álbum homónimo de estreia, do qual o primeiro singles foi este "Sinfonia Do Amor". As duas faces mais proeminentes da banda eram o casal Beto Medina e Kika Santos. Eu cheguei a ver os Black Out ao vivo e posso dizer que Kika Santos era toda uma diva r&b em palco sem nada a dever àquelas Made in USA. Outros hits da banda foram "Sono Profundo" e "Paixão", bem como "Vá Vem" do segundo álbum "Melodia Da Noite" (1998). Mas pouco depois, Kika Santos deixou os Black Out para uma carreira a solo e integrar outros projectos. Em 2001, editou o álbum "Soul Mayor". 
6. East 17 "Hold My Body Tight": Para quem não apreciava as boybands certinhas, com um visual cuidado e coreografias sincronizadas, os East 17 era a alternativa mais street e menos polida, com Brian Harvey, Tony Mortimer, Terry Coldwell e John Hendy emanando uma aura de bad boys. Muito embora o seu repertório também tivesse malhas dançáveis (como o meu tema preferido deles, "House Of Love" de 1992) ou baladas como o natalício "Stay Another Day" de 1994. Este "Hold My Body Tight" foi o último single do seu segundo álbum "Steam". Entre hiatos, recomeços e mexidas na formação da banda, os East 17 ainda continuam no activo se bem que Terry Coldwell seja o único membro original.  
7. Lisa Moorish "I'm Your Man": Activa na música desde a adolescência, a britânica Lisa Moorish finalmente obteve alguma notoriedade em 1995 com os singles "Mr. Friday Night" e esta versão bem curiosa de "I'm Your Man" dos Wham! com a participação de George Michael himself. Lisa Moorish continua no activo em vários projectos e compondo para outros artistas, mas acabaria por ficar mais famosa ao dar à luz uma filha de Liam Gallagher dos Oasis, durante um relacionamento que aconteceu enquanto ele estava casado com a actriz Patsy Kensit.  
8. Utah Saints "Ohio": Apesar do nome, os Utah Saints não são do estado americano do Utah mas sim da cidade very british de Leeds. Jez Willis e Tim Garbutt formam este duo de música electrónica que é creditado como pioneiro da arte de criar temas musicais a partir de várias canções pop, como é o caso dos seus temas mais conhecidos "What Can You Do For Me" de 1991 (com um sample de "There Must Be An Angel" dos Eurythmics) e "Something Good" de 1992 (com um sample de "Cloudbusting" de Kate Bush). Este "Ohio" continha três reconhecíveis samples: "Fire" dos Ohio Players (daí o título), "That's The Way I Like It" de KC & The Sunshine Band e "Somebody Else's Guy" de Jocelyn Brown. Gosto bastante do videoclip onde aparentemente 3 de Agosto de 1995 foi proclamado o Dia do Mundo Ligado e se vêem cenas aparentemente passadas em vários pontos do Mundo, reflectindo aqueles tempos em que se olhava para um futuro globalizado com optimismo.    
9. Matt Goss "The Key (Joe T. Vanelli Remix)": Depois do sucesso alcançado nos finais dos anos 80 com os Bros, a par do seu irmão gémeo Luke, Matt Goss tentava agora uma carreira a solo, mas este "The Key" foi o seu único tema a obter alguma notoriedade. Em Portugal, as rádios optaram por passar sobretudo o remix de Joe T. Vanelli que estava incluído nesta colectânea. Ainda assim, Matt Goss continuou a editar discos e a actuar ao vivo. Em 2017, ele e o irmão gémeo deram alguns concertos revisitando o repertório dos Bros. 
10. Boyzone "So Good": Os irlandeses Boyzone davam ainda então os primeiros passos rumo ao sucesso. Depois da versão de "Love Me For A Reason" dos Osmonds e de "Key To My Life", este "So Good" era o seu terceiro single e o respectivo videoclip foi o único em que se podia vê-los a fazer uma típica coreografia de boyband. (Os próprios foram os primeiros reconhecer que não foi uma boa ideia…) Os Boyzone foram somando mais hits nos anos seguintes, como "A Different Beat" e "No Matter What" até 1999, quando cada membro se dedicou a projectos pessoais, com Ronan Keating a ter bastante sucesso a solo. O grupo reuniu-se em 2008 para uma digressão e gravação de novos temas, mas os planos tiveram de ser travados devido à morte de Stephen Gately em 2009 em Espanha. Os quatro membros sobreviventes têm-se reunido para concertos e gravar novo material desde 2013.   
11. Cardigans "Carnival": Os Cardigans ainda estavam a alguns anos dos seus maiores êxitos como "Lovefool" e "My Favourite Game", pelo que foi nesta compilação que tive contacto pela primeira vez com o repertório da banda sueca e com a doçura da voz de Nina Persson. Este "Carnival" era retirado do segundo álbum da banda, "Life", que na altura fundia as sonoridades do rock alternativo com o easy listening dos anos 60 e 70. Eu conseguia imaginar este tema na banda sonora de um filme da Nouvelle Vague francesa. Embora não editem um álbum de originais desde 2006, quando entraram em hiato, os Cardigans regressaram o activo em 2012, com Nina Persson a ter uma carreira a solo em paralelo.
12. Pulp "Common People": Durante anos a fio, os Pulp foram um dos segredos mais bem guardados do indie-rock britânico. Mas com o quinto álbum "Different Class" e o movimento da britpop, a banda finalmente atingiu o sucesso. Fundamental para o reconhecimento da banda e as enormes vendas do álbum (mais de 1300 mil cópias no Reino Unido), foi o primeiro single "Common People", uma crítica à ideia que certos membros da classe alta têm de achar piada em tentar viver como "gente comum" (ou como por cá disse uma certa senhora de férias na Comporta, "brincar aos pobrezinhos"). Segundo consta, a canção foi inspirada pelo encontro que o vocalista Jarvis Cocker teve vários anos antes com uma estudante grega que frequentava a mesma escola de artes onde Cocker então estudava cinema que lhe disse que queria mudar-se para o bairro londrino de Hackney e viver como gente comum. (Correm por aí algumas suspeitas de que essa mulher será Danae Stratou, esposa do célebre político grego Yannis Varoufakis.) Anos mais tarde, Jarvis Cocker desenvolveu esta canção sobre uma jovem abastada que pede ao narrador que lhe mostre aquilo que as pessoas comuns fazem (incluindo sexo). A crítica social aliado ao refrão pegadiço e o ritmo contagiante levou a que "Common People" chegasse ao n.º 2 do top britânico.     
13. Pop Dell'Arte "My Funny Ana Lana": Um das bandas mais reverenciadas do cena alternativa portuguesa desde meados dos anos 80, os Pop Dell'Arte viveram um dos seus picos de notoriedade com o seu álbum de 1995 "Sex Symbol", de onde foi retirado este "My Funny Ana Lana". Recordo-me de uma actuação da banda no Big Show SIC, com João Peste, num acto de autoparódia, a fazer o playback com um microfone de brinquedo.  
14. Donna Summer "I Feel Love (Rollo & Sister Bliss Monster Mix)": Originalmente editado em 1977, "I Feel Love" é tida como um dos primeiros temas da música de dança moderna e um dos mais emblemáticos hits da diva da disco Donna Summer. Em 1995, surgiram novas remisturas do tema, com destaque para este remix de Rollo e Sister Bliss que no ano seguinte alcançariam grande sucesso como membros dos Faithless.
15. Secret Garden "Nocturne": Esta colectânea fecha com chave de ouro com a canção vencedora do Festival da Eurovisão de 1995. Em 13 de Maio desse ano em Dublin, a Noruega vencia o certame pela segunda vez com aquela que é considerada uma das melhores e mais originais canções da Eurovisão. Isto porque "Nocturne" era quase um tema instrumental, com a letra ter apenas 26 palavras na versão original em norueguês, com Gunnhild Tvinnereim cantando uma estrofe no início da canção e outra no fim e com o resto da canção a ser conduzido pelo violino de Fionnuala Sherry. Nesta compilação, foi incluída a versão em inglês mas o link é da versão em norueguês. 

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