quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Estude-o (1988-89)

por Paulo Neto

Vários anos antes de Jesus Cristo ter reparado em Alexandra Solnado e ter pensado: "É precisamente esta pessoa que eu quero para canalizar a minha veia literária!", a filha de Raúl e mãe de Joana Solnado tinha-se notabilizado por apresentar dois programas infanto-juvenis da RTP nos anos 80: "Jaquitá" e "Estude-O".



Este último da autoria da própria Alexandra Solnado e do seu então marido Rui Madeira, era dirigido aos jovens que frequentavam o actual ensino secundário (10.º a 12.º ano). E era sem dúvida um programa que estimulava os conhecimentos e a criatividade dos jovens estudantes (algo raro ou nunca visto na televisão actual). Segundo o site "Brinca, Brincando", o Ministério de Educação enviou boletins de inscrições para o programa a todas as escolas secundárias do Continente e das Regiões Autónomas, tendo as 24 equipas que concorreram ao programa sido escolhidas por sorteio. 
"Estude-O" teve 14 emissões, transmitidas aos domingos ao início da tarde entre 6 de Novembro de 1988 e 26 de Fevereiro de 1989, gravadas nos estúdios da RTP Porto nas quintas-feiras antes do respectivo domingo onde eram exibidas. A primeira foi uma sessão experimental para explicar a dinâmica do concurso, as doze seguintes punham duas equipas de diferentes escolas num head to head e a última foi uma final entre as duas equipas que tiveram a maior pontuação ao longo dessas doze sessões. (Se não me falha a memória, a vitória final foi para a Escola Secundária de Pombal). Cada sessão tinha também um convidado musical. O genérico com a mascote do programa - um mocho - bem como os diferentes segmentos antes de cada prova estavam a cargo do lendário Álvaro Patrício

O David Martins deu-me a conhecer através do Anuário da RTP de 1988 quais foram as escolas que participaram nas primeiras cinco emissões e os respectivos convidados musicais: 

1.ª Sessão (experimental) 6/11/1988: Escola Fontes Pereira de Melo (Porto) vs Escola Soares dos Reis (Vila Nova de Gaia) - Café Lusitano e Rádio Macau
2.ª Sessão 20/11/1988: Monção vs. Santiago do Cacém - Johnny Johnny
3.ª Sessão 27/11/1988: N.º 1 de Loures vs. Valongo - Mafalda Veiga
4.ª Sessão 4/12/1988: Santa) vs. Pontinha - Ban
5.ª Sessão 11/12/1988: Escola D. Duarte (Coimbra) vs. Santa Maria do Olival (Tomar)

O júri residente do programa que avaliava todas as provas (excepto Qual A Pergunta e Troféu) atribuindo cada elemento uma pontuação de 1 a 10 era composto por Paulo Fernando, Clara D'Ovar e Fernando Costa. Não consegui informação sobre os elementos masculinos mas descobri que Clara D'Ovar (de seu verdadeiro nome Leolina Simões e tendo adoptado como nome artístico o seu segundo nome e a cidade onde nasceu) foi uma actriz e cantora que fez carreira entre Portugal e França, tendo falecido em 2002. 

Paulo Fernando, Clara D'Ovar, Fernando Costa


No YouTube está disponível na íntegra a 4.ª transmissão do programa, exibida a 4 de Dezembro de 1988, que opunha uma equipa da Escola Secundária de Santa Maria da Feira (Fátima Manta, Armando Gomes e Elsa Maria Sousa) contra a Escola Secundária da Pontinha (Alcides Semedo, Ana Ferreira e Sandra Leal) e é através dela que vamos analisar as várias provas do programa. Os convidados musicais desta sessão eram os Ban, liderados pelo actual presidente do Boavista.



Qual a Pergunta?
Nesta prova, Alexandra Solnado lia uma resposta e, conforme indica o nome, cada equipa tinha que adivinhar qual era a pergunta correspondente a essa resposta. Na primeira ronda, as respostas/perguntas eram de cultura geral ao passo na ronda seguinte eram sobre matérias dadas nas diferentes disciplinas lectivas do ensino secundário.


Prova Livre
Como o nome indica, é a prova em que os membros de cada equipa podiam dar largas à sua imaginação utilizando os recursos disponibilizados pela RTP para um segmento filmado de três minutos.
Nesta emissão, a equipa da Pontinha decidiu fazer uma transmissão especial do TV Rural dedicada a esse milagre da horticultura de rosas em Janeiro nos tempos de D. Dinis enquanto Santa Maria da Feira optou por uma entrevista no programa "Estúdio da Perdição" a uma bem atrevida Inês de Castro (onde não faltou uma alusão à censura ao programa "Humor de Perdição" por causa de um sketch de uma entrevista histórica). 
Lembro-me que numa sessão posterior do programa, chegou a haver uma equipa que fez como Prova Livre uma paródia ao próprio programa ("Estude-Um"), com as provas "Qual A Resposta" e "Segunda Página"

Teledisco
Nesta prova, cada equipa grava um teledisco a ser filmado na respectiva escola ou nas imediações por uma equipa de televisão, estando também encarregues de orientar a montagem.
Uma vez que Alcides, concorrente da equipa da Pontinha, era de raça negra, o teledisco da sua equipa passava uma mensagem contra o racismo e o bullying. Já a equipa de Santa Maria da Feira procurou capturar aquela sensação tão pungente a todos aqueles que são e foram estudantes que são aqueles momentos de seca durante as aulas.

Interrompemos esta emissão para uma pausa publicitária. Primeiro com anúncio informativo do Ministério das Finanças sobre o IRS (adoro o plano do homem ao computador com cachimbo na mão) e uma promoção da RTP à transmissão do Festival de Rock de Montreux com uma actuação das Bananarama.

Culinária
Cada equipa explica e executa uma receita culinária num decor de cozinha.
A equipa da Pontinha apresentou um "peixe do rio à moda das lavadeiras de Caneças" e a de Santa Maria da Feira um "arroz com natas".   

Primeira Página
Em alusão ao programa do mesmo nome então exibido na RTP conduzido por Margarida Marante, a prova recriava um programa de informação e entrevista em que um elemento de cada equipa encarnava uma personagem histórica. Ana, da equipa da Pontinha, fez de Luís de Camões e Armando, da equipa de Santa Maria da Feira, de Fernando Pessoa.


Troféu
A prova mais física do programa, onde num recinto com lama, os membros de cada equipa terão de apanhar um leitão e levantá-lo ao ar. A prova termina quando o leitão tiver as quatro patas fora do chão. A equipa que demorava menos tempo a levantar o leitão ganhava 10 pontos (neste caso, Santa Maria da Feira). 

Telenovela
Cada equipa tem de recriar um episódio de uma telenovela ("Doce Lar" sobre a família Pessoa dona de uma mercearia: a mãe Perpétua, o pai Provisória e o filho Fernando), de preferência pegando na continuidade deixada pelas equipas da emissão anterior. Além dos três membros de equipa mais três colegas de escola podem fazer parte do episódio. A equipa da Pontinha lançou suspeitas sobre a paternidade do Fernando quando um casal grã-fino entra na mercearia enquanto Santa Maria da Feira aprofunda o mistério de um fiscal desaparecido.

No final, a vitória nesta sessão com larga margem foi para a Escola Secundária de Santa Maria da Feira.

Algumas observações ao rever este programa:
- O júri era muito exigente! Como podem ter comprovado, eles não douravam pílulas, não se coibiam de apontar o que tinha corrido mal nas provas e apenas Clara D'Ovar deu uma pontuação acima dos cinco pontos (em dez).  
- Alexandra Solnado era boa apresentadora! Sim, também ela ostentava o look de funcionária de repartição de finanças que era comum às apresentadoras da RTP nos anos 80, mas conduzia o programa de forma segura e eficaz e tinha uma óptima interacção com os jurados, conseguindo que eles abandonassem um pouco a formalidade da sua função.  

Agradeço ao site Brinca Brincando pela informação e pelas imagens utilizadas neste texto e a Pedro Severino por ter colocado o vídeo da sessão descrita no YouTube. 



segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Bzuu





O primeiro cromo da "Caderneta de Cromos" de Nuno Markl foi dedicado a este brinquedo do qual encontrei zero referências online. Até ao dia que por puro acaso encontrei no Pinterest uma foto de uma minhoca peluda com uns grandes olhos e que se mexia sozinha. Sozinha, com a ajuda de um cordel "invisível" que possibilitava que a minhoca realizasse os truques e movimentos realistas, como saltar de um copo para outro, enrolar-se no braço, etc.



O produto que encontrei não tinha o nome com que terá sido comercializado em Portugal - Bzuu ou alguma variação - mas estava marcado como "Squirmles". A partir dai foi fácil encontrar bastantes imagens destas minhocas, tanto as vintage como as modernas que ainda se vendem, e são comercializados - ou conhecidos - com nomes como Squirmles (aparentemente o original que todas as marcas copiaram desde os anos 70 até hoje), Magic Worm, Twirly Worm, Squigler, Wiggle Worm, Mr. Fuzzy, Magic Twisty, Slideyz, Wormee, Frizzlies, etc.


E claro que o Youtube tinha que ter vídeos:

Com o nome "Twirly Worm":


"Squirmles":

"Magic Worm":


"Squigler"






Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos"Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr".

domingo, 21 de janeiro de 2018

Mikado


Cada vez que alguém me recorda este jogo ou vejo as embalagens com look retro à venda, as imagens que me vêem à cabeça é jogar sentado ou deitado no chão com areia da casa da ilha em torno dos delicados mas afiados pauzinhos chineses, que servem não para comer mas para um jogo cheio de tensão, quase como vemos nos filmes os heróis a desarmarem uma bomba. Um toque errado e BOOM!


No Mikado um gesto em falso era menos explosivo, mas a tensão não era menos palpável por isso. E a tensão era substituida por alegria de ver o nosso adversario derrubar desastrosamente um monte de pausinhos.


Jogo de habilidade clássico, o Mikado foi criado no Séc. V Antes de Cristo, é conhecido por vários nomes pelo mundo (por exemplo no Brasil é “Pega Varetas”, que sintetiza bem a mecânica do jogo). Como disse acima, ver estas varetas coloridas - com marcas que na época desconhecia o significado - trazem sempre memórias da infância e adolescência. Sempre joguei ao Mikado em família, sentados no chão e debruçados sobre a confusão de varetas de madeira aguçadas, tentar retirar as mais valiosas sem fazer mexer as outras peças. Com o ‘bónus’ de que na casa da ilha havia sempre alguma areia pelo chão a dificultar mais a tarefa.


Se não estou em erro, o Mikado que usávamos já pertencia à geração anterior e tinha vindo de França. Creio que o tenho algures, à espera de um dia ser fotografado decentemente. Tenho a distinta impressão que já lhe faltam algumas varetas. Entretanto, encontrei um que me parece igual, também dos anos 60:


Imagens do Mikado da Majora, com as varetas todas da mesma cor:


E da Carto:


Apesar das variações existentes, o  nome Mikado era apenas uma das marcas à venda mas com o tempo passou a significar o tipo de jogo, como é habitual em certas marcas muito fortes que passam a designar o tipo de produto. A designação Mikado veio da peça mais valiosa, o “Mikado”, um antigo termo para o Imperador do Japão. As marcas das outras peças indicam as diferentes patentes militares ou estatuto social.
A pontuação das 41 varetas está distribuida da seguinte forma:
  • 1 vareta - Cor: Preto - 20 Pontos.
  • 5 varetas - Cor: amarelo - 10 Pontos.
  • 5 varetas - Cor: Azul - 5 Pontos.
  • 15 varetas - Cor: Verde - 3 Pontos.
  • 15 varetas - Cor: Vermelho - 1 Ponto.
Em 1975 a Suiça concorreu ao Festival da Eurovisão com a canção “Mikado” sobre o jogo. Como não percebo a letra, acredito na Wikipédia:



Claro que no Youtube tinha que existir um vídeo de demonstração:






Texto original: "Mikado" - Tumblr Enciclopédia de Cromos / Nostalgia Encyclopedia".

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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

20 Coisas que aconteceram há 20 anos (1998)

Por Paulo Neto

Nada como o começo de um novo ano para nos fazer recordar que o tempo passa a correr e quando damos por isso memórias que julgamos ter como recentes afinal já têm décadas. No ano passado, fizemos uma viagem até 1997 para recordar 20 coisas que aconteceram nesse ano e agora chegados a 2018, impõe-se novo recuo de 20 anos rumo ao ano de 1998. 1998 foi um dos anos mais marcantes na minha vida, visto que foi nesse ano que fiz 18 anos, atingido a maioridade, tal como aqueles nascidos no ano 2000 o farão este ano. Comecei o ano como aluno do 12.º ano na Escola Secundária Artur Gonçalves em Torres Novas e terminei como caloiro da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A minha família também sofreu grandes transformações nesse ano com o nascimento de dois primos, o casamento do meu primo mais velho e infelizmente, o falecimento do meu avô materno.


 Mas vamos então recordar 20 coisas que aconteceram em 1998 (e sim, eu sei que o Diogo Batáguas se adiantou a mim):

1. A Ponte Vasco da Gama foi inaugurada com uma feijoada.
A 29 de Março de 1998, foi inaugurada a segunda ponte sobre o Tejo, que se estendia do Montijo a Sacavém, que recebeu o nome de Ponte Vasco da Gama. Mesmo antes de em 1992, Lisboa ter garantido a organização da Expo 98, a ideia de uma nova ponte sobre o Tejo já estava na forja mas sem dúvida que a Expo ajudou a impulsionar a realização do projecto daquela que era então a maior ponte da Europa.
A inauguração foi celebremente marcada por ter sido servido uma feijoada a quinze mil pessoas em várias mesas postas sucessivamente ao longo da ponte. A feijoada à alentejana tinha sido concebida pelo chef Michel e foi amplamente coberta pelas televisões. Não foram confirmadas fugas de gases tóxicos durante a degustação da feijoada.
Hoje em dia, a haver "feijoadas" na Ponte Vasco da Gama (assim denominada por nesse ano se assinalarem os 500 anos da chegada do navegador à Índia) serão aquelas feitas a altas horas da noite a mais de 300km por hora.

Ponte Vasco da Gama
Cobertura da SIC da Inauguração da Ponte Vasco da Gama:




2. Houve dois referendos em Portugal (mas ninguém quis saber)
Pela primeira vez na democracia portuguesa, o povo português foi chamado a votar em não um mas em dois referendos: o da interrupção voluntária da gravidez no dia 28 de Junho e o da criação de regiões administrativas a 8 de Novembro. Em ambas consultas, houve grande abstenção inviabilizando o seu valor vinculativo que só seria efectivo caso houvesse mais de 50% de votos.
O referendo sobre o aborto visava a despenalização da interrupção voluntária da gravidez por decisão da mulher até às 10 semanas da gestação em estabelecimentos de saúde, numa tentativa de acabar com os milhares de abortos clandestinos no país. O tema dividiu bastante a opinião pública mas na hora da chamada às urnas, os portugueses preferiram ficar em casa (ou ir à praia ou à Expo, pois foi um belo dia de Verão) com a abstenção a chegar aos 68%. O "Não" venceu tangencialmente (50,9%) e só nove anos mais tarde, num novo referendo é que a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas da gestação foi despenalizada. Eu cheguei a ir com os meus pais ao local de voto mas apesar de já ter completado 18 anos e ter cartão de eleitor, eu ainda não constava dos cadernos eleitorais e não pude exercer o meu voto (que seria no "Sim").

O meu primeiro acto como cidadão eleitor foi então no referendo da regionalização, que visava a criação em Portugal Continental da criação de regiões administrativas, para uma maior descentralização dos órgãos do poder. A proposta que foi a referendo previa 8 regiões: Entre Douro e Minho, Beira Litoral, Beira Interior, Estremadura e Ribatejo, Região de Lisboa e Setúbal, Alentejo e Algarve. O referendo tinha duas perguntas: se o eleitor concordava com a regionalização e se estava de acordo em concreto com a região da sua área de recenseamento. (Votei "Não" em ambas as perguntas, mas já não me recordo bem porquê.)
Os 51% de abstenção voltaram a inviabilizar a vinculação do referendo, em que o "Não" ganhou de forma clara nas duas perguntas (60,67% e 60.62%). O Alentejo foi a única região em que ganhou o "Sim" (embora nas sondagens o Algarve fosse sempre tido como a única região favorável). Um dos grandes defensores do "Não" foi Marcelo Rebelo de Sousa, na altura líder do PSD.

O referendo sobre a regionalização realizou-se a 8 de Novembro de 1998


3. "A Voz" calou-se
Foi em 1998 que nos despedimos de Frank Sinatra, um dos maiores artistas musicais do século XX. Aquele a quem se chamou de "A Voz" faleceu a 14 de Maio em Los Angeles aos 82 anos.
Outros famosos falecidos em 1998 foram o cantor/compositor (e primeiro marido de Cher) Sonny Bono, o cantor austríaco Falco autor do clássico eighties "Rock Me Amadeus", Tim Maia, pioneiro da soul music brasileira que os portugueses recordam sobretudo por "Um Dia De Domingo" em dueto com Gal Costa, Rob Pilatus um dos membros do duo pop caído em desgraça Milli Vanilli, o sanguinário líder do Cambodja Pol Pot, a actriz Maureen O'Sullivan famosa por ter sido a Jane de vários filmes em que Johnny Weissmuller fez de Tarzan e a tricampeã olímpica de 1988 Florence Griffith-Joyner, também conhecida como Flo-Jo, ainda hoje a recordista mundial dos 100 e 200m.





R.I.P. 1998: Frank Sinatra, Maureen O'Sullivan, Sonny Bono, Flo-Jo


4. Nasceram várias estrelas que hoje dão cartas no showbiz
A 8 de Agosto de 1998 (precisamente no dia em que faleceu o meu avô Alfredo), nasceu Shawn Mendes, o cantor canadiano filho de pai algarvio que é uma das popstars do momento.
Nascidos também neste ano são as actrizes Elle Fanning ("Comprámos Um Zoo", "Maleficent") e Ariel Winter (a Alex de "Modern Family"), o rapper XXXTentación, o cantor americano Khalid, o cantor/actor/Youtuber espanhol Abraham Mateo, o futebolista francês Kylian Mbappe e o actor Jaden Smith, primeiro filho em comum dos actores Will Smith e Jada Pinkett-Smith (aliás a sua mãe surge grávida dele no videoclip do pai "Just The Two Of Us", lançado nesse ano).




Geração de 1998: Shawn Mendes, Elle Fanning, Mbappé, Ariel Winter


5. O snowboard estreou-se nos Jogos Olímpicos
Os 18.ºs Jogos Olímpicos de Inverno tiveram lugar em Nagano no Japão entre 7 e 22 de Fevereiro de 1998. 72 países (incluindo Portugal) competiram nos segundos Jogos Olímpicos de Inverno em continente asiático. Entre os principais feitos, destaque para a incrível proeza do esquiador austríaco Hermann Maier que sobreviveu a uma monumental queda no prova de descida para dias depois ganhar as provas de slalom gigante e de slalom super gigante e para a vitória da muito jovem americana (15 anos) Tara Lipinski na patinagem artística feminina.

Estes Jogos marcaram o regresso do curling, a estreia do hóquei em gelo feminino e a permissão para os hoquistas do gelo das ligas profissionais americanas competirem nos Jogos Olímpicos. O Canadá foi liderado pela lenda do desporto Wayne Gretzky mas nem sequer chegou ao pódio, com o torneio a ser surpreendentemente vencido pela República Checa.
Mas um dos pontos altos dos Jogos de Nagano foi a estreia olímpica do snowboard, que há muito o COI desejava poder integrar no programa olímpico. No entanto, essa estreia foi marcada pela polémica do vencedor do slalom em snowboard, o canadiano Ross Rebigliati, que acusou marijuana no organismo. Rebigliati chegou a ser desqualificado mas depois foi reintegrado como medalhado de ouro, sob alegação que a marijuana não estava na lista de substâncias proibidas e que a presença da substância no seu organismo devia-se a fumo passivo e não fumada por ele próprio.
Curiosamente desde a sua retirada desportiva, Ross Rebigliati tem sido um defensor do consumo de marijuana para fins medicinais e em 2013, abriu o seu negócio de venda legal de cannabis.

Ross Rebagliati com a medalha que perdeu e voltou a ganhar


6. Vimos nos cinema a Terra à beira de ser destruída por um asteróide...duas vezes!
No cinema, o filme do ano 1998, ainda que estreado em 1997, foi "Titanic" que bateu recordes atrás de recordes e gerou uma histeria como raramente se viu à volta de um filme. Mas entre os vários blockbusters desse ano, observou-se a curiosidade de ter havido dois filmes sobre uma ameaça de um asteróide em rota de colisão com a Terra e de um grupo de astronautas que têm como missão destruir o dito cujo antes do impacto.

"Impacto Profundo" contava não só a história desses astronautas mas também a de pessoas comuns a lidar com o perigo iminente, como um casal de adolescentes ou uma jornalista. O elenco contava com nomes como Elijah Wood, Téa Leoni, Vanessa Redgrave, Robert Duvall, James Cromwell, Leelee Sobieski e Morgan Freeman (como o presidente dos EUA). Realizado por Mimi Leder, é ainda hoje um dos 20 filmes realizados por mulheres mais rentáveis de sempre (e o segundo do século XX).
Ben Affleck e Liv Tyler em "Armageddon"

Mas meses mais tarde, "Armageddon", dirigido por Michael Bay, obteve ainda mais sucesso. Bruce Willis, Ben Affleck, Liv Tyler e Billy Bob Thornton lideravam o elenco sobre um asteróide do tamanho do Texas que ameaça colidir com a Terra, com os serviços secretos americanos a contratar um grupo de experientes estivadores de petróleo para colaborar com astronautas para a destruição do asteróide. "Armageddon" foi o filme mais rentável de 1998 (excluindo "Titanic" por ter estreado no ano anterior) e o tema principal "I Don't Want To Miss A Thing" dos Aerosmith foi também um dos grandes hits do ano.
Outros filmes de 1998: "Doidos Por Mary", "O Grande Lebowski", "Truman Show - A Vida Em Directo", "A Paixão De Shakespeare", "O Resgate Do Soldado Ryan", "The Wedding Singer", "Mulan", "Vida De Insecto", "Godzilla", "A Cidade Dos Anjos", "Hora De Ponta", "A Barreira Invisível" e "O Príncipe Do Egipto". 

7. Tornou-se definitivamente aceitável as bandas portuguesas cantarem em inglês.
Até 1998, salvo alguns casos pontuais, a música feita em Portugal na língua inglesa estava sobretudo remetida ao universo do heavy metal, e perdurava o estigma de que cantores e bandas cantarem em inglês era como que uma afronta à nossa língua. Sempre que uma banda que cantava em inglês, como por exemplo os Blind Zero e os Joker, era entrevistada na televisão, lá vinha a sacramental pergunta: "Mas porque é que vocês não cantam em português?".
Mas em 1998, três bandas oriundas da Beira Litoral editaram os seus primeiros álbuns, cuja qualidade era tão indiscutível e apelativa, que se tornou impossível torcer o nariz ao facto dos seus repertórios serem sobretudo em inglês: os Belle Chase Hotel de Coimbra com o álbum "Fossanova", os The Gift de Alcobaça com "Vinyl" (em 1996, já tinham editado o mini-álbum "Digital Atmosphere") e os Silence 4 de Leiria com "Silence Becomes It", este último obtendo um sucesso particularmente avassalador, como já referi aqui.




"Fossanova", "Vinyl" e "Silence Becomes It" - três álbuns que marcaram a música nacional em 1998


8. Uma selecção multicultural da França foi campeã mundial de futebol
Sessenta anos depois, a França voltava a organizar um Campeonato Mundial de Futebol, o primeiro com 32 equipas. Portugal não se apurou, ao contrário de países como África do Sul, Croácia, Japão e Jamaica que se apuraram pela primeira vez.


Na final, uma França com um plantel a reflectir a sua multiculturalidade em nomes como Zidane, Lizarazu, Desailly, Thuram, Djorkaeff e o luso-descendente Robert Pires apequenou na final um Brasil detentor do título e principal favorito (com Ronaldo a jogar debilitado) vencendo por 3-0. A estreante Croácia surpreendeu ao conquistar o terceiro lugar.

Zinedine Zidane levantando o troféu da França campeã mundial


9. Nobel de José Saramago
A 10 de Dezembro, José Saramago tornou-se o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prémio Nobel da Literatura, 49 anos depois do primeiro Nobel português de Egas Moniz. Consagrava-se assim o autor de obras como "Memorial do Convento", "A Jangada de Pedra", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "O Ano Da Morte de Ricardo Reis". Confesso que até agora, ainda só li um livro de Saramago, "Todos Os Nomes", curiosamente aquele que era o seu mais recente por altura do Nobel.

O rei da Suécia entrega o Prémio Nobel da Literatura a José Saramago


10. A Sport TV iniciou as suas emissões
A 16 de Setembro de 1998, estreava a Sport TV, o primeiro canal premium português dedicado à temática desportiva. Na altura, o seu principal atractivo era o seu exclusivo dos jogos das principais ligas europeias de futebol (Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha, Holanda e França), dando também atenção a várias outras modalidades. O sucesso do canal cresceria sobretudo a partir da época 2004/05, quando garantiu o exclusivo dos jogos da Primeira Liga nacional.
Actualmente, a Sport TV contra com 7 canais (um deles em sinal aberto), mais os seus equivalentes em HD.

A Sport TV foi o primeiro canal pay-per-view português

Na televisão nacional estrearam as séries "Médico De Família", "Ballet Rose", "Major Alvega", "Camilo Na Prisão", "O Diário De Maria" e "Uma Casa Em Fanicos", as telenovelas "Terra Mãe" e "Os Lobos", o programa homónimo de Fátima Lopes e a "Roda Dos Milhões". 
Lá fora estreavam séries como "Will & Grace", "O Sexo E A Cidade", "Dawson's Creek", "That 70's Show", "Charmed - As Feiticeiras", "The King Of Queens" e "The Powerpuff Girls".  

11. Bill Clinton safou-se do caso Monica Lewinsky
A faceta de womanizer do então Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton era por demais conhecida. Enquanto candidato à Casa Branca, Gennifer Flowers afirmou ter tido uma relação com Clinton e já Presidente, Paula Jones acusou-o de assédio sexual durante o seu cargo como governador do Arkansas. Mas quando vieram à luz as ligações de Clinton já eleito Presidente a uma estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky, o mundo ficou em choque. Entre as confissões de Lewinsky secretamente gravadas por Linda Tripp, uma funcionária da Casa Branca, estavam relatos de sexo oral na Sala Oval e um vestido azul que guardava ainda vestígios de sémen presidencial.
Clinton a princípio negou o envolvimento com Lewinsky, com a famosa frase "I did not have sex with that woman!" mas mais tarde, admitiu ter tido uma relação "imprópria" com ela. Ao longo do ano, decorreu o processo de impeachment (o terceiro da história americana), tendo Clinton sido ilibado em Novembro.
Em 2015, Monica Lewinsky deu uma conferência TED em que definiu a sua experiência em todo este processo como sendo ela "o paciente zero" de perder a reputação devida a humilhação na internet, uma causa que tem abraçado nos últimos anos.



12. O Google foi criado numa garagem
Foi a 4 de Setembro de 1998 que Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes de doutoramento da Universidade de Stanford na Califórnia, lançaram o Google como empresa, com a garagem de uma amiga de ambos a funcionar como sede.
Quando a internet ainda era um enorme baldio por explorar, Page e Brin desenvolveram um motor de busca online com a tecnologia PageRank que analisava as relações entre os diversos sites e determinava aqueles que eram mais relevantes para cada pesquisa. O nome Google vem de "googol", o termo para o número formado pelo algarismo 1 e cem zeros. Um dos financiadores iniciais do projecto foi Jeff Bezos, o dono da Amazon.
O resto foi a história até ao império que o Google é hoje.


13. Madonna e Cher voltaram de novo ao topo
1998 teve música para vários gostos. Só para nomear uma dúzia, tivemos hits como: "I Think I'm Paranoid" Garbage, "C'est La Vie" B*Witched, "Ghetto Supastar" Pras feat. Mya & Ol' Dirty Bastard, "Intergalactic" Beastie Boys, "Music Sounds Better With You" Stardust, "Truly Madly Deeply" Savage Garden, "Deixa-me Olhar" Além Mar, "Eu Sei, Tu És" Santamaria, "Life" Des'Ree, "High" Lighthouse Family, "Doo Wop (That Thing)" Lauryn Hill e claro, "My Heart Will Go On" de Céline Dion. Foi também neste ano que as futuras princesas da pop, Christina Aguilera e Britney Spears, lançaram os seus primeiros singles.
Mas 1998 foi o ano em que duas divas veteranas mostraram que ainda estavam aí para as curvas.
Depois de toda a controvérsia à volta do álbum "Erotica" e do livro "Sex" em 1992 que apesar do relativo sucesso, deixaram a sua imagem junto da opinião pública bastante afectada, Madonna passou os anos seguintes a tentar suavizar a sua imagem. E depois de ter sido Evita e de ter dado à luz a sua filha Lourdes, 1998 viu Madonna voltar a mostrar porque era a rainha da pop aos 40 anos com o álbum "Ray Of Light". Produzido por William Orbit e inspirado pelas incursões de Madonna no ioga e na Cabala, o álbum testemunhava a transformação da "Material Girl" em mãe espiritual. "Ray Of Light" foi um grande êxito entre o público e a crítica e temas como a faixa-título e sobretudo "Frozen" foram hits globais.

Ainda neste ano, vimos Cher, aos 52 anos e com quase quatro décadas de vida artística, a escalar ao cimo de tudo o que era top com "Believe", que rapidamente tornou-se um dos seus temas mais emblemáticos. Reza a lenda que foram precisos seis anos, cinco compositores e três produtores para criar "Believe", mas ninguém perdeu pela demora. Aliás, dois dos seus compositores, Mark Taylor e Brian Rawling foram altamente requisitados posteriormente, compondo temas dançáveis para outras divas veteranas como Diana Ross e Tina Turner. "Believe" também é creditado como sendo o tema que popularizou a utilização do "auto-tune". 


14. Geri sai das Spice Girls e George Michael foi apanhado numa casa de banho
Em 1998, duas notícias que marcaram o mundo da música:
A 9 de Abril de 1998, George Michael foi preso em Beverly Hills por ter-se insinuado numa casa de banho pública a um polícia à paisana. O escândalo levou o cantor a ser condenado a uma multa e a 80 horas de trabalho comunitário, bem como a assumir publicamente a sua homossexualidade. Meses mais tarde, aquando da edição do seu álbum best of, George Michael parodiaria o incidente no videoclip de "Outside", um dos temas inéditos do disco, onde se via uma Los Angeles distópica onde pessoas que praticavam actos afectuosos ou sexuais em público eram apanhadas em helicópteros e detidas pela polícia.


As Spice Girls ainda dominavam em 1998 mas a 31 de Maio, a Ginger Spice Geri Halliwell anunciava a sua saída do grupo. Os motivos para a sua saída nunca foram bem explicados, além da habitual "exaustão e desgaste psicológico" - especulando-se desde altercações físicas com algumas das outras raparigas do grupo e até a uma alegada conversão à Cientologia (rapidamente negada). As outras Spice Girls prosseguiram como quarteto, tendo dedicado o seu single de Natal "Goodbye" à sua ex-parceira. Além de preparar o material para o seu álbum a solo, Geri Halliwell passou o resto de 1998 nas suas funções como embaixadora da Boa Vontade da ONU, participando em várias campanhas de planeamento familiar e prevenção de saúde feminina.   

As Spice Girls ficaram menos picantes com a saída da Ginger Spice


15. O homem mais bonito do mundo foi eleito em Portugal
Actualmente parece que a indústria dos concursos de beleza masculina está em crescimento, mas nos anos 90 estes eventos ainda eram raros. Ainda assim, Portugal teve a honra de receber a segunda edição do Mister World, que pertence à mesma organização da Miss Mundo, que se realiza bienalmente desde 1996.
Troia foi o cenário recebido para acolher 43 dos mais garbosos espécimenes de todo o mundo e a cerimónia foi transmitida na SIC, com Júlia Pinheiro como uma das apresentadoras e actuações musicais dos Silence 4, de Fafá de Belém e do duo sueco Graaf.
O venezuelano Sandro Finoglio foi eleito o vencedor com German Cardoso de Porto Rico em segundo lugar e o francês Grégory Rossi em terceiro. Portugal foi representado por Rubim Fonseca (hoje em dia conhecido por fazer parte desse rol de "famosos por não-se-sabe-bem-porquê" que aparecem muito na imprensa cor-de-rosa nacional) e apesar de não ter ficado entre os 12 semifinalistas, não saiu de mãos a abanar pois recebeu o prémio de Mister Fotogenia.

Sandro Finoglio, da Venezuela, foi eleito Mister World 1998 em Tróia


16. A Miss Mundo foi vítima de violação semanas antes de ganhar o título
A israelita Linor Abargil foi coroada Miss Mundo 1998 e pouco depois, veio-se a saber da sua impressionante história. Apenas sete semanas antes da sua eleição, durante uma viagem a Milão, Abargil tinha sido violada e ameaçada com uma faca pelo seu agente de viagens. Inicialmente libertado pelas autoridades italianas por falta de provas, o violador, um cidadão israelo-egípcio, acabaria por ser capturado pelas autoridade israelitas que detectaram provas de ADN no seu carro e foi condenado a 16 anos de prisão.
Linor Abargil tornou-se uma porta-voz da luta contra a violência sexual e é actualmente advogada. Em 2013, a sua história foi alvo de um filme documentário, "Brave Miss World".




17. Uma cantora transgénero ganhou o Festival da Eurovisão
O Festival da Eurovisão de 1998 realizou-se na cidade inglesa de Birmingham e desde logo foi marcado pela participação da representante israelita Sharon Cohen, mais conhecida como Dana International, que tinha efectuado uma operação de mudança de sexo cinco anos antes.
Com o tema "Diva", Dana International obteve a terceira vitória para Israel no certame e trouxe o debate das questões da transgénero para a ordem do dia, como nunca antes se vira na Europa.
Portugal foi representado pelo colectivo Alma Lusa, que incluía José Cid e a vencedora da segunda edição dos "Chuva de Estrelas" Inês Santos com a canção "Se Eu Te Pudesse Abraçar", ficando em 12.º lugar.
No ano em Portugal recebe finalmente o Festival da Eurovisão, a Enciclopédia vai ter textos sobre três edições passadas, e a de 1998 vai ser uma delas, por isso fiquem atentos. 

Viva la Diva: Dana International celebra a vitória na Eurovisão


18. Portugal ganhou a final europeia do "Chuva de Estrelas"
Portugal ainda estava a dezanove anos de vencer o Festival da Eurovisão, mas em 1998, o país teve outra vitória num concurso musical europeu. A terceira final europeia do "Chuva de Estrelas" realizou-se a 25 de Abril de 1998 em Amesterdão, com a participação de oito países: Alemanha, Espanha, Holanda, Hungria, Noruega, Polónia, Portugal e Suécia.
O representante português foi Carlos Bruno, o vencedor nacional do "Chuva de Estrelas" desse ano, imitando Michael Stipe dos R.E.M. em "Everybody Hurts, que acabaria por vencer. (Curiosamente em segundo lugar ficou a representante da Polónia imitando Sinead O'Connor em "Nothing Compares 2 U", tal como uma antiga vencedora portuguesa do "Chuva de Estrelas"). Tal como no programa em Portugal, durante a actuação de Carlos Bruno, as câmaras focaram-se na sua mãe que chorava inconsolavelmente a ouvir o filho
Carlos Bruno editou em 2001 o seu primeiro disco "Entre Palavras" e chegou a namorar a actriz Núria Madruga (que neste ano de 1998 foi revelada no filme "Zona J"), mas desde então que tem andado fora dos espectros da fama, embora continue a cantar.



19. Foi comercializado o Viagra
A 27 de Março de 1998, a agência farmacêutica americana a aprovava a venda e prescrição do sildenafil, mais conhecido pelo seu nome comercial Viagra, produzido pelos laboratórios Pfizer. Inicialmente pensado como um fármaco para problemas cardíacos, descobriu-se mais tarde que era eficaz no tratamento da disfunção eréctil. 
A União Europeia aprovaria o Viagra no mesmo ano e no final de 1998, o então já famoso comprimido de losango azul já estava disponível para venda nos países membros, incluindo obviamente Portugal.   
Mesmo com várias contraindicações e a possibilidade de alguns efeitos adversos, o Viagra tornou-se rapidamente um dos fármacos mais vendidos. Apenas nos seus três primeiros anos de comercialização, as suas receitas rendaram à Pfizer mil milhões de dólares. Só em 2020, houve mais de 2 milhões de receitas nos Estados Unidos.



    
20. A Expo 98 foi o grande acontecimento nacional do ano (senão mesmo da década!)
Last but not least. A não ser que alguém tenha passado o ano de 1998 debaixo de um rochedo, neste pequeno rectângulo à beira-mar plantado foi impossível escapar à Expo 98. Quem não foi lá, pelo menos viu as imagens na televisão e terá ouvido pelo menos 200 vezes por dia a palavra "Expo", tal foi a magnitude do maior acontecimento nacional de 1998.


Entre 22 de Maio e 30 de Setembro, onze milhões de pessoas visitaram a Exposição Universal dedicada aos oceanos, recuperando uma zona degradada na parte oriental de Lisboa que viria a tornar-se o Parque das Nações, agora uma das zonas mais emblemáticas da capital. 143 países participaram no evento e além das exposições, decorreram bastantes actividades culturais de concertos na Praça Sony com bandas em voga na altura como Garbage ou Savage Garden a exibições de teatro, dança e poesia. Um dos ex-libris era o Oceanário, o maior aquário interior da Europa e ainda hoje um dos mais visitados pontos turísticos de Lisboa. E claro está, o merchandising - oficial ou contrafeito - com a mascote Gil vendeu-se que nem ginjas. Para quem não foi, a RTP levou a cabo uma "Expo TV" com várias horas de emissão dedicadas a todos os acontecimentos da Exposição. 


Eu fui à Expo nos últimos dois sábados (19 e 26 de Setembro) e dei preferência a visitar pavilhões dos diversos países. Como era habitual estas últimas semanas foram o período de mais afluência, já que muitos portugueses deixaram tudo para a última hora e daí que havia pavilhões que tinham filas de espera de várias horas, como por exemplo o da Alemanha. Cheguei a ouvir relatos de quem chegava a meter crianças de dez anos em carrinhos de bebé só para ter prioridade nessas filas. O pavilhão em que tive mais tempo à espera foi o do Mónaco (uma hora) porque só podiam entrar cinquenta pessoas de cada vez e a cada leva, era exibido um filme em 3D. Lembro-me que os meus preferidos foram o da Croácia, da Eslovénia, do Chile, da Turquia, do Reino Unido e da Islândia. Mas o que mais me impressionou foi toda a arquitetura envolvente desde a Gare do Oriente aos diversos pavilhões, passando pela entrada na Porta do Sol (onde agora está o Centro Comercial Vasco da Gama), tão à frente de tudo o que tinha visto em termos arquitetónicos que me fez questionar se estava mesmo em Portugal e no ano 1998, e não no estrangeiro algures no século XXI.




A Expo 98 teve mais de 11 milhões de visitantes de todo o mundo

Reportagem da RTP sobre o primeiro dia da Expo 98 (23-05-1998)







E quais são as vossas memórias do ano 1998? Contem aqui nos comentários ou na página do Facebook da Enciclopédia de Cromos.


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