domingo, 18 de dezembro de 2022

Compilação Número Um (1992)

Por esta altura, gostamos de analisar os alinhamentos colectâneas de êxitos e esta é sem dúvida que merece uma análise. Após o lançamento do primeiro volume em finais do ano anterior, em 1992 a série de colectâneas "Número Um" teve mais dois volumes, um CD/LP editado no Verão e um duplo volume pensado para o mercado natalício. Eu na altura ainda não tinha aparelhagem, nem sequer um rádio com cassetes, senão provavelmente queria ter este volume da série, já que está recheado dos maiores sucessos do ano de 1992. 


O terceiro volume da série "Número 1" foi editado pela EMI - Valentim de Carvalho e na versão CD continha trinta e uma faixas.  E o anúncio televisivo já aguçava o apetite:




CD1
1. Too Much Love Will Kill You - Brian May: Sabiam que além de guitarrista dos Queen, Brian May é um cientista especializado na astrofísica? Em 1992, May tinha editado o álbum a solo "Back To The Light", que incluía esta balada na qual ele reflectia sobre o fim do seu primeiro casamento. A canção foi inicialmente gravada para o álbum "The Miracle" dos Queen (1989), mas foi posta de lado porque foi dada preferência aos temas compostos em conjunto pela banda. A versão dos Queen interpretada por Freddie Mercury acabou por ser incluída no álbum póstumo "Made In Heaven" (1995) e lançada como o quarto single. 
2. How Do You Do! - Roxette: Por esta altura, os Roxette eram incontestavelmente a banda sueca de maior sucesso mundial pós-ABBA. Nesse ano de 1992, o duo editou o álbum "Tourism" que reunia temas gravados ao vivo e outros temas inéditos gravados durante a digressão do álbum "Joyride". Por exemplo, incluía duas canções gravadas num quarto de hotel em Buenos Aires. O single de apresentação foi "How Do You Do!", gravado em Estocolmo, e que rapidamente se tornou mais um dos hits incontornáveis dos Roxette, chegando ao n.º 1 dos tops na Noruega e na Espanha. Lembro-me que na altura, era uma das canções mais utilizadas nos concursos de dança na minha escola do 2.º ciclo. 
3. Good Stuff - The B'52s: Gozando um renovado sucesso graças aos hits "Love Shack" e "Roam" e à participação da vocalista Kate Pierson em "Shiny Happy People" dos R.E.M. (que vinham da mesma cidade: Athens, no estado americano da Geórgia), os The B-52's lançaram o álbum "Good Stuff", o único em que não participou a outra vocalista Cindy Wilson, que fez uma pausa para se dedicar à família. A faixa-título foi o single de lançamento e é uma das minhas preferidas da banda. Recordo-me do videoclip psicadélico, que foi um dos últimos utilizados pela RTP como tapa-buracos na programação. 
4. It's My Life - Dr. Alban: Quando o nigeriano Alban Nwapa foi estudar medicina dentária para a Suécia e começou a fazer alguns biscates como DJ e rapper para pagar os estudos e mais tarde a sua clínica, estava longe de imaginar que se tornaria toda uma estrela internacional graças a hits como "Hello Afrika", "Sing Hallelujah" e sobretudo "It's My Life", com o seu triunfante refrão sing-along. Na produção estava Denniz Pop, que depois também produziria sucessos para nomes como Ace Of Base e Backstreet Boys.  
5. One - U2: Assim reza a lenda: esgotados por todo o sucesso e promoção dos álbuns "The Joshua Tree" e "Rattle And Hum", os U2 chegaram a Berlim em 1990 na vésperas da reunificação da Alemanha em busca de inspiração para o álbum seguinte, mas em vez disso as tensões e as divergências criativas entre a banda só se exacerbaram ainda mais, ao ponto de uma ruptura estar iminente. Até que uma progressão de acordes de The Edge em guitarra acústica captou a atenção de todos e o produtor Daniel Lanois sugeriu tentarem trabalhar uma canção à volta disso. Como que intervenção divina, Bono Vox tem logo uma ideia para a letra e a melodia e com todos em sintonia, surge uma canção que lhe deu um alento e uma nova direção para aquele que seria o álbum "Achtung Baby" de 1991. Essa canção era "One" que foi o terceiro single e rapidamente se tornou uma das canções mais emblemáticas da banda. "One" teve três videoclips: o mais conhecido é o de Bono Vox a fazer lispync sentado numa mesa de restaurante; há ainda outro filmado em Berlim com alguns planos dos membros da banda vestidos em drag e do pai de Bono e um com imagens de búfalos a corrererem em câmara lenta, a partir da fotografia da capa do single (o autor da fotografia, David Wojnarowicz, morreu de SIDA meses depois da edição do single, sendo essa uma das razões pelas quais todas as vendas de "One" reverteram na luta contra a doença). "One" é também uma das canções mais versionadas do U2, tendo sido gravada por nomes tão díspares como Mica Paris, Johnny Cash, Pearl Jam, Vanessa Paradis e Joe Cocker. Em 2006, os U2 regravaram uma versão em dueto com Mary J. Blige. Recordo ainda a versão em fusão com "(I Wish I Knew How It Would Feel To Be) Free" de Nina Simone que os Lighthouse Family lançaram em 2001.     
6. Não Sou O Único - Resistência: Originalmente uma faixa do mítico álbum "Circo De Feras" dos Xutos & Pontapés, "Não Sou O Único" foi o primeiro single do álbum "Palavras Ao Vento" do supergrupo Resistência, que reunia nomes como Tim, Miguel Ângelo, Pedro Ayres Magalhães e Olavo Bilac e desde então que rivaliza com o original como a versão mais popular, assim como o outro hit do disco, a versão de "Nasce Selvagem". Ainda em 1992, os Resistência lançaram um segundo álbum "Mano A Mano". 
7. Walking On Broken Glass - Annie Lennox: Com as tensões entre ela e Dave Stewart a chegarem ao ponto de rutura dos Eurythmics em 1990, a escocesa Annie Lennox estreava-se a solo em 1992 com álbum "Diva". Este "Walking On Broken Glass" foi o segundo single e teve um marcante videoclip com a estética do século XVIII e a participação de John Malkovich e Hugh Laurie. 
8. Sleeping Satellite - Tasmin Archer: Segundo a própria Tasmin Archer, "Sleeping Satellite" foi escrita em 1989 por alturas do 20.º aniversário da aterragem na Lua por Armstrong, Aldrin e Collins, com a letra a reflectir sobre os avanços da Humanidade e da tecnologia e se algo importante se perdeu no processo. Após Archer assinar contrato com a EMI em 1990, a canção foi lançada como single de apresentação do álbum "Great Expectations" e rapidamente chegou ao n.º1 do top britânico. Tasmin Archer editou desde então mais três álbuns (o mais recente "On" em 2006) mas nunca mais se aproximou do sucesso de "Sleeping Satellite" que no entanto permanece como um intemporal clássico dos anos 90. 
9. Rhythm Is A Dancer - Snap!: Poder-se-ia pensar que o colectivo alemão Snap! nunca superaria o estrondoso sucesso do hit de 1990 "The Power", foi o que alcançaram em 1992 quando "Rhythm Is A Dancer" dominou as pistas de dança e as ondas de rádio em todo ao mundo, atingindo o n.º 1 dos tops do Reino Unido (onde esteve no topo durante seis semanas), Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Irlanda, Israel, Países Baixos, Suíça e Zimbabwe e chegando ao top 5 nos Estados Unidos. Se o refrão cantado por Thea Austin é absolutamente estrelar, já a parte rap interpretada por Turbo B tem sido muito criticada pelo verso "I'm serious as cancer when I say rhythm is a dancer". No Brasil, o tema ficaria associada ao strip-tease masculino porque era muito utilizado nas cenas da telenovela "De Corpo E Alma" que se passavam num clube de strip masculino. Novas versões de "Rhythm Is A Dancer" foram editadas em 1996, 2003 e 2008.       
10. Humpin' Around - Bobby Brown: Desde menino e moço que Robert Barisford Brown está na ribalta, primeiro como parte do grupo New Edition e depois numa carreira a solo iniciada em 1988. Em 1992, Brown lançou o seu terceiro álbum a solo "Bobby", do qual "Humpin' Around" foi o single de apresentação. Mas mais do que a sua música, foi o seu casamento com Whitney Houston que fez Bobby Brown ser notícia nesse ano. 
11. Vida De Marinheiro - Sitiados: Foi uma canção dos Mão Morta, que a banda ainda sem nome viu o título escrito numa maquete, que denominou a banda nacional com o mais triunfante hit de estreia de 1992. Com uma poderosa fusão de rock e sonoridades folclóricas (a fazer lembrar uns Pogues à portuguesa) e as figuras carismáticas do líder João Aguardela e da acordeonista Sandra Baptista, o álbum homónimo dos Sitiados fez grande sucesso, muito por culpa do hit "Vida De Marinheiro" que em 1992 andou na boca de toda a gente. Os Sitiados editariam mais quatro álbuns ao longo dos anos 90, até se separarem no ano 2000. João Aguardela dedicou-se então a outros projectos como Megafone, A Naifa e Linha Da Frente até infelizmente falecer de cancro em 2009 com somente 39 anos.           
12. Ain't No Doubt - Jimmy Nail: O actor e cantor Jimmy Nail teve em 1992 um pico na sua carreira quando este "Ain't No Doubt", influenciado pelo New Jack Swing americano, chegou ao n.º 1 do top britânico. Em Portugal, o papel de mais conhecido de Jimmy Nail como actor será provavelmente o de Agustín Magaldi em "Evita" (1996) ao lado de Madonna.  
13. Feels Like Forever - Joe Cocker: O primeiro volume do Número Um em 1991 incluía a faixa-título do álbum "Night Calls" de Joe Cocker. No ano seguinte, o álbum foi reeditado com alguns temas inéditos incluindo este "Feels Like Forever", escrito por Bryan Adams e Diane Warren. 
14. Disappointed - Electronic: Os Electronic era um super-projecto composto por Bernard Sumner dos New Order e Joy Division, Johnny Marr dos The Smiths e Neil Tennant e Chris Lowe dos Pet Shop Boys. O primeiro single deste colectivo foi "Getting Away With It" em 1989 mas só em 1991 surgiu o álbum homónimo. Tennant e Lowe abandonaram o projecto em 1994, mas os Electronic continuaram até 1999, com mais dois álbuns, onde colaboraram nomes como Karl Bartos dos Kraftwerk. Este "Disappointed" foi um single à parte, que viria a ser incluído na banda sonora do filme "Cool World" e acabou por ser o mais bem-sucedido dos Electronic em termos de tabelas de vendas chegando ao n.º 6 do top britânico e, segundo diz a Wikipedia, ao n.º 8 em Portugal.   
15. Take A Chance On Me - Erasure: Em 1992, fazia dez anos que os ABBA tinham iniciado um longo interregno (apenas quebrado em 2021). Porém esse ano é considerado o ano da redescoberta do quarteto sueco, com o lançamento da colectânea campeã de vendas "ABBA Gold" mas, antes disso, com o EP "Abba-Esque" dos Erasure, onde o duo britânico versionou quatro canções dos ABBA: "S.O.S.", "Voulez-Vous", "Lay All Your Love On Me" e "Take A Chance On Me". A promoção incidiu mais sobre esta última, com um inesquecível videoclip com Andy Bell e Vince Clarke transvestidos de Frida Lynstaad e Agnetha Faltskog e um rap de MC Kinky. O EP foi n.º 1 em vários países europeus, incluindo no Reino Unido. Mais tarde, os Bjorn Again, a mais famosa banda de tributo aos ABBA, lançaram um single intitulado "Erasure-ish" com duas versões de canções dos Erasure.   
16. Hazard - Richard Marx: Conhecido pelas suas baladas e temas soft-rock, terá sido surpreendente para os fãs de Richard Marx saber do tema mais tétrico do segundo single do álbum "Rush Street", contando a história de um homem ostracizado na cidade titular do Nebraska que é acusado da morte de Mary, a jovem com quem tinha uma relação de amizade (ou algo mais). O narrador declara a sua inocência ao longo da canção, mas foca-se sobretudo no facto de desde criança as gentes da cidade lhe tratarem como um pária, deixando o mistério da morte em aberto. O mistério e negrume da canção estão presentes no famoso videoclip a preto e branco. 

CD2
1. Sangue Oculto - GNR: Trinta anos antes de dar título a uma telenovela da SIC com Sara Matos a fazer de não sei quantas gémeas, "Sangue Oculto" foi um dos maiores hits nacionais de 1992. Se o Grupo Novo Rock já contava então com mais de uma década de sucesso no activo, o álbum "Rock In Rio Douro" catapultou Rui Reininho e companhia para um pico de popularidade quase inaudito, multiplicando discos de platina e culminando num concerto no Estádio de Alvalade para 40 mil pessoas, na altura a maior audiência de sempre de um concerto de uma banda portuguesa. "Sangue Oculto" contava com a participação de Javier Andreu, vocalista da banda espanhola La Frontera, sendo pois cantada em português e castelhano, e tenho de admitir que gostava mais do refrão cantado por Andreu ("al huir de una investida/ es como saltar una hoguera/ la barrera de fuego una frontera").     
2. Lobo-Hombre En Paris - La Unión: E continuando na língua de Cervantes, os La Unión foram uma das bandas mais importantes do rock espanhol dos anos 80. Porém cá deste lado da Península o seu momento mais notório foi precisamente em 1992 com o álbum ao vivo "Tren De Largo Recorrido", gravado num concerto em La Coruña, que finalmente deu a conhecer ao público português o tema mais embelmático da banda, "Lobo-Hombre En Paris", originalmente editado em 1984. (Desconheço se a versão incluída nesta compilação é a original ou a gravada ao vivo.) Os La Unión continuaram activos por mais anos, mas em 2020 o vocalista Rafael Sanchez anunciou o fim da banda e o início de uma carreira a solo, mas o baixista Luis Bolín ainda actua sob o nome de La Unión. Em Abril deste ano, o guitarrista Mario Martinez faleceu de cancro da laringe. 
3. Jesus He Knows Me - Genesis: O álbum "We Can't Dance" dos Genesis (que ainda hoje é o penúltimo da banda e o último com Phil Collins) continuava em alta e o quarto single era uma paródia aos tele-evangelistas, precisamente numa altura em que vários deles estavam a ser investigados por todo o tipo de falcatruas devido à vida de luxo obtida à custa das doações dos fiéis. 
4. Damn I Wish I Was Your Lover - Sophie B. Hawkins: Provavelmente um dos primeiros hits globais explicitamente sobre o amor e desejo sexual de uma mulher por outra (sendo que esta está numa relação abusiva com outrem) foi o tema que lançou a carreira da cantora e compositora americana Sophie B. Hawkins (o B é de Ballantine), que se define a si própria como omnisexual. Hawkins teve mais alguns temas de sucesso nos anos seguintes como "Right Beside You" e "As I Lay Me Down To Sleep".     
5. Tão Só - Sétima Legião: A banda de "Sete Mares" e "Por Quem Não Esqueci" lançou em 1992 o álbum "O Fogo", de onde foi extraído este "Tão Só". Os Sétima Legião regressariam para mais um álbum ao vivo, "Auto da Fé" (1994) e outro de estúdio, "Sexto Sentido" (1999), antes de terminarem em 2000 com um disco best-of. 
6. Baker Street - Undercover: Depois de ter ficado famosa por ser a rua da residência de Sherlock Holmes, Baker Street em Londres deu título a um tema do escocês Gerry Rafferty de 1978. O tema contém um dos mais lendários solos de saxofone da história da música pop, tocado por Raphael Ravenscroft e foi um hit em todo ao mundo, chegando ao n.º dos tops da África do Sul, Austrália e Canadá. Em 1992, o trio britânico Undercover lançou uma cover eurodance de "Baker Street" que chegou ao n.º 2 do top britânico (o original foi até ao n.º 3). Um dos membros dos Undercover é Steve McCutcheon, ou Steve Mac, que mais tarde viria a tornar-se um importante compositor e produtor.     
7. Too Funky - George Michael: "Too Funky" foi uma das faixas destinadas ao segundo volume do álbum "Listen Without Prejudice" de George Michael, mas com o cantor embrenhado numa disputa legal com a Sony Music, esse disco nunca se materializou. Em vez disso, foi um dos três temas que George Michael entregou para a colectânea "Red Hot + Dance", cujas vendas revertiam a favor da pesquisa e da luta contra a SIDA, e que também incluiu temas de artistas como Madonna, Lisa Stansfield e Seal. "Too Funky" é célebre pelo seu videoclip passado num exubertante desfile de moda do criador Thierry Mugler e que tinha a participação de top models famosíssimas como Linda Evangelista, Tyra Banks, Estelle Hallyday, Eva Herzigova e Nadja Aumermann. (Menos famosa mas para mim a mais impactante no vídeo era Emma Sjöberg com o seu corpete com manípulos e espelhos de mota!) Existe também um videoclip alternativo, realizado pelo próprio Mugler, em que aparecem os futuros actores Justin "Alex Karev" Chambers e Djimon Honsou.  
8. Jump - Kris Kross: Chris Kelly e Chris Smith, que é como quem diz Mac Daddy e Daddy Mac, que é como quem diz, Kris Kross, tinham somente treze anos quando em 1992 alcançaram um hit global e um clássico do hip hop com "Jump", que entre outros momentos de ribalta, os levou a actuarem na digressão Dangerous de Michael Jackson. Os Kris Kross editariam mais dois álbuns. Chris Kelly faleceu em 2013 com apenas 34 anos.  
9. Ellegibo (Una História de Ifa - Ejigbo) - Ellegibo: Originalmente gravado pela cantora brasileira Margareth Menezes, "Elegibô (Uma História de Ifa - Ejigbo)" ficou conhecido pela sua inclusão na banda sonora do filme "Orquídea Selvagem". Eu recordo-me depois que em 1992, foi utilizado no anúncio a uma bebida (não me recordo qual), o que levou a uma versão eurodance de produção espanhola sob o nome Ellegibo, que foi n.º 1 do top espanhol durante seis semanas e cujo sucesso se estendeu à pistas de dança deste lado da fronteira. 
10. Tudo Ou Nada - Zero: João Loureiro ainda estava a cinco anos de assumir pela primeira vez a presidência do Boavista, pelo que na altura ainda era mais conhecido por ser o vocalista dos Ban. Após o álbum "Mundo de Aventuras", três elementos da banda viraram as agulhas para outro projecto, os Zero com ex-GNR Alexandre Soares, do qual resultou um álbum homónimo e o hit "Tudo Ou Nada".  
11. Heading For A Call - Vaya Con Dios: Após o sucesso do álbum "Night Owls" de 1990 que continha dois do maiores hits dos Vaya Con Dios, "What's A Woman" e "Nah Neh Nah", a banda belga passou por um período crítico em 1991 quando o membro fundador Dirk Schoofs deixou a banda em diferendo com a vocalista Dani Klein, acabando por morrer pouco tempo depois. Com os Vaya Con Dios a se tornarem basicamente um projecto de Klein acompanhada por vários músicos, 1992 viu a edição do álbum "Time Flies" do qual este "Heading For A Fall" foi o single de apresentação. Os Vaya Con Dios continuariam até 2014 mas regressaram para mais um disco em 2022.  
12. Sympathy - Marillion: Para comemorar dez anos de existência, os Marillion lançaram o seu álbum best of "A Singles Collection", que continha doze dos singles da banda britânica e mais dois temas inéditos. Nos Estados Unidos, o disco teve o título "Six Of One, Half-Dozen Of The Other", indicando que seis singles eram da era liderada por Derek "Fish" Dick que deixou o grupo em 1988 (que conteve os hits "Kayleigh" e "Lavender" e a outra meia dúzia eram da era com Steven Hogarth como vocalista (função que mantém até hoje). Um dos temas inéditos era este "Sympathy", originalmente gravado pelos Rare Bird in 1970
13. What God Wants Part 1 - Roger Waters: Sobretudo conhecido como baixista e principal letrista dos Pink Floyd, sendo portanto preponderante na criação de álbuns tão lendários como "The Dark Side Of The Moon", "Wish You Were Here" e "The Wall", em 1983 Roger Waters deixou a banda para uma carreira a solo, cujo maior sucesso comercial foi com o terceiro álbum "Amused To Death", que contou com colaborações de nomes como Jeff Beck, Patrick Leonard, Randy Jackson e Rita Coolidge do qual este "What God Wants - Part 1" (existem mais duas partes) foi o single de apresentação e o único tema  a solo de Waters a chegar ao top 40 britânico. 
14. America: What Time Is Love - KLF: Depois de terem sido o mais bem-sucedido colectivo electro-dance britânica do início dos anos 90, os KLF terminaram em 1992 literalmente um estrondo, com uma actuação nos Brit Awards onde foi disparada pólvora seca de uma metralhadora. "What Time Is Love?" teve três versões diferentes, sendo a mais conhecida aquela intitulada como "America: What Time Is Love" que contou com a voz de Glenn Hughes, que integrou bandas como Deep Purple e Black Sabbath. 
15. O Hábito Faz O Monstro - Rádio Macau: O álbum "A Marca Amarela", do qual este "O Hábito Faz O Monstro" foi a faixa de maior destaque, encerrou o primeiro capítulo da vida dos Rádio Macau, com Xana e Flak a seguirem projectos a solo antes de regressarem com novo disco em 2000 e uma nova sonoridade.   

Playlist com as 31 canções:

sábado, 3 de dezembro de 2022

O Jogo do Stop e o Scattergories

Há dias eu apercebi-me que a última vez que joguei ao Stop foi em 2011: foi durante uma escapadinha de fim-de-semana prolongado entre amigos no Algarve. Não sei bem como é que nunca mais joguei este jogo nos últimos onze anos, basicamente nunca mais se proporcionou a ocasião por entre as vicissitudes da vida adulta e quando eu tinha vontade, não tinha com quem jogar. O que me entristeceu um pouco pois foi sempre um dos meus jogos preferidos da infância e adolescência, e que me lembro de jogar praticamente desde que aprendi a escrever. 



Certamente que todos os que estão a ler este texto conhecerão o Jogo do Stop pelo que não me vou demorar a explicar as regras básicas, ainda que muitas regras variassem consoante os grupos. Com a minha família e amigos, convencionou-se que a pontuação seria de 5 pontos para quem desse a mesma resposta válida numa das categorias, 10 pontos para respostas válidas diferentes e 20 pontos para quem tinha uma resposta numa categoria mas o(s) adversário(s) não tinha(m) qualquer resposta válida. Eu tinha o especial cuidado de clarificar o que era válido em cada categoria, perguntando por exemplo ao(s) meu(s) parceiro(s) de jogo se em "Cidades" só valiam cidades portuguesas ou se podiam ser incluídas cidades estrangeiras, ou até mesmo se tinham de ser mesmo cidades ou se podiam ser vilas ou aldeias. Também ocasionalmente eu tentava que o K, o W e o Y fossem incluídos no jogo, pelo menos no momento em que um dos jogadores recitava mentalmente o abecedário, mas por razões óbvias, era raro alguém aceitar essa sugestão. 

Com o tempo, fui aprendendo a utilizar algumas rewpostas fora do mais óbvio: por exemplo, Bolívia nos países com B quando os outros escreviam Brasil ou Bélgica, Covilhã nas cidades com C quando Coimbra era a reposta mais frequente ou Turquesa quando os outros se debatiam para achar cores com T. As minhas categorias preferidas eram os Países e os Nomes e as que gostava menos era as de Cores e de Frutos por não haver grande variedade de resposta. Por vezes, tentava convencer a mudar o nome de categoria para Comida, só para alargar as repostas para além da frutaria (mas não-raro, insistiam de que só podia ser frutos).

Claro que os momentos mais caricatos do jogo era quando alguém se afoitava a dar uma resposta fora de mão, na esperança que fosse validada. Isso era sobretudo frequente nas Cores, onde não faltava quem tentasse considerar Ferrugem, Ouro, Tabaco ou Malhado como cores, ou até inventassem nomes como Fumé (um primo meu alegava que viu essa "cor" numa embalagem de collants). Recordo ainda que certa vez outro primo meu insistiu que Palhavã deveria ser considerada como cidade! Eu próprio por vezes não conseguia convencer a aceitarem Cru como cor, embora eu visse esse tom de branco amiúde nos catálogos da La Redoute, ou que mesmo antes do colapso da União Soviética, havia outro país europeu começado por L que não Luxemburgo, embora na altura eu não soubesse pronunciar ou escrever correctamente Liechtenstein (dizia "Lichisten" ou algo que valha).  



Em 1988, o Jogo do Stop foi elevado a outro nível quando foi convertido num jogo de tabuleiro sob o nome Scattergories, comercializado pela MB (actual Hasbro). O jogo incluía folhas com as diferentes categorias que geralmente eram mais específicas que as do Jogo do Stop convencional (por exemplo, "raças de cães", "objetos metálicos") e espaços para escrever as respostas, pastas para esconder as folhas, um cronómetro e um dado com 20 das 26 letras do alfabeto. (Se não estou em erro, na versão portuguesa o dado não incluía as letras K, Q, W, X, Y e Z.)  



Em Portugal, o Scattergories foi lançado no mercado em 1992 e o anúncio depressa se tornou mítico. Nele o dono do jogo submete os seus amigos aos seus caprichos, como ameaçar ir-se embora com o jogo quando não leva a sua avante ou de obrigá-los a aceitar respostas mirabolantes. ("Sim, aceitamos barco." "Como animal aquático?"/"Um animal de companhia a começar por P? "Uma pulga!") 


Posteriormente, houve uma nova dobragem do anúncio com algumas alterações; por exemplo a voz feminina que dizia "É giro, giro, giro, giro!", diz agora "É tão divertido!"

O diálogo da versão portuguesa era praticamente decalcada da versão espanhola com a diferença que o animal de companhia começado por P era um "pulpo" (polvo) e não uma pulga.


 E já agora eis o anúncio original americano. 


(Cá para mim, que ninguém nos ouve, mais valia aquelas pessoas fazerem uma vaquinha para comprarem um jogo só para elas, em vez de ficarem refém dos caprichos do caixa-de-óculos.) 

Eu tive uma versão abreviada do Scattergories quando eu fiz uma coleção do Planeta Agostini com jogos de tabuleiro. Entretanto surgiram novas variantes, como uma versão em jogo de cartas ou em jogo de computador e online, bem como uma versão do Stop concebida e distribuída pela portuguesíssima Majora.
No entanto, pelo menos em Portugal, creio que o bom velho Stop a papel e caneta continua a ser mais popular. 


E vocês? Que memórias têm dos vossos jogos do Stop e/ou do Scattergories? Contem tudo nos comentários.

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