terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Natal dos Hospitais (Partes 2, 4 e 6 redux)

por Paulo Neto

Devido às vicissitudes do Youtube, alguns dos vídeos de três artigos dedicados ao "Natal Dos Hopsitais" não se encontram mais disponíveis e por isso decidi condensar esses três artigos (referentes às partes 2, 4 e 6) aqui. 


Pela sua longevidade e tradição, ainda que se diga que já não é o que era nem coisa que se pareça, a verdade é que tem o seu quê de reconfortante saber que em breve a RTP levará a cabo mais uma edição do "Natal dos Hospitais". Todos nós temos memórias das edições dessa lendária emissão natalícia nos anos 80 e 90, que nos mantinha presos à televisão a assistir ao interminável desfile de artistas. Não sei se é pelo o açúcar que o tempo adiciona às nossas memórias, mas dava a ideia que mesmo os cantores mais pimba avant-la-lettre eram mais dignos que os cantores pimba actuais, que havia mais artistas e grupos prestigiados outrora e que as horas da maratona televisiva custavam menos a passar. Também tenho pena que desde há mais de dez anos que o programa seja emitido ainda em período escolar, pois recordo ver o "Natal dos Hospitais" em tempo das sempre deliciosamente ansiadas Férias de Natal, onde era um dos vários pontos altos desse sublime período.

A primeira edição do "Natal dos Hospitais", iniciativa do "Diário de Notícias" e da RDP, teve lugar em 1944. Entre os artistas presentes estiveram, como se vê na foto em baixo, Vasco Santana e Mirita Casimiro (a eterna Maria Papoila), então casados.



Recordemos agora algumas actuações nos Natais dos Hospitais dos anos 80 e 90:


Em 1989, Catarina Furtado era uma jovem de 17 anos, finalista da Escola de Dança do Conservatório Nacional. No Natal dos Hospitais desse ano, longe de se imaginar que iria apresentar futuras edições do programa na RTP, marcou presença num número de dança coreografado por Jorge Trincheiras, ao som de "Adestes Fidelis" na voz de Luciano Pavarotti. Catarina é a segunda a entrar em palco, dançando com outros colegas do seu curso: Alexandra Pinto, Carla Pereira, Liliana Mendonça, Jorge Mira e Sandra Rosado. Reconheci esta última, a ruiva, do filme "Rasganço".


De 1989, o futuro presidente do Boavista, João Loureiro com a sua banda, os Ban, num dos seus mais famosos hits "Dias Atlânticos".

Ainda em 1989 com a actuação dos GNR, todos eles vestidos de forma bem formal, sobretudo Rui Reininho de papillon e camisa de folhos. Nesse ano, o Grupo Novo Rock (que é o que quer dizer a sigla do grupo) lançara o álbum "A Valsa dos Detectives" que continha duas das minhas canções preferidas da banda: "Morte Ao Sol" e este "Impressão Digital".



Continuando em 1989, José Cid canta um medley dos seus hits, incluindo "Um Grande Grande Amor", "Na Cabana Junto À Praia", "Os 20 Anos" e "A Minha Música".


Na batalha Onda Choc vs. Ministars, eu pendia para o lado destes. Tive os três primeiros álbuns deles (contra apenas uma cassete dos Onda Choc) e quando nunca surgiam na televisão com menos de três rapazes (o que significava que era mais d'homem gostar dos Ministars que dos Onda Choc). Muitos de vós reconhecerão esta versão de "I Wanna Dance With Somebody". E serei o único a lembrar-me desta árvore de Natal giratória do cenário do "Natal dos Hospitais" de 1987?


Seguindo para 1997, ainda no campo dos grupos infanto-juvenis que versionavam temas estrangeiros, quem não se lembra da Malta Pop (com uma aceitável quota de dois rapazes) que nos anos 90 ousaram desafiar o domínio dos Onda Choc (por esta altura, os Ministars já tinham ido à vida). 

 

Recuando até 1991, is Fernando Mendes (quando ainda só vestia no máximo o tamanho L), numa rábula da recista "Vamos A Votos" com Rosa Villa ou o encontro entre uma mulher "discreta" e um homem que tem sempre as (duas) palavras certas para dizer! 


Afinal eu não estava equivocado quando eu tinha memórias que uma das edições do "Natal dos Hospitais" não teve o habitual palco de auditório mas sim numa escadaria do hospital. Foi em 1992, creio que no Santa Maria, em que os cantores iam descendo um lance de escadas até ao palco improvisado. Foi o caso da malograda Cândida Branca-Flor que cantou "Ei Rosinha", uma adaptação de um tema tradicional de Cabo Verde.


No Natal de 1992, Anabela ainda estava a alguns meses de vencer o Festival da Canção com o incontronável "A Cidade (Até Ser Dia)". Mas desde tenra idade que a cantora natural da Cova da Piedade já tinha dado provas do seu talento. Nesse de ano 1992, não só Anabela tinha editado um novo álbum "Encanto" do qual se incluía este "Histórias de Encantar" como fazia parte do elenco da telenovela "Cinzas" como uma jovem aspirante a fadista.


Lena D'Água editou nesse ano de 1992 um álbum de temática infantil "Ou Isto Ou Aquilo" em que musicou poemas da poetisa brasileira Cecília Meirelles. É o caso deste "Todos Querem Ser Pastores" onde Lena surgiu acompanhada por um grupo de crianças.



Em 1997, Fernando Monteiro (quem?) num comovente tributo à população idosa, tão negligenciada pela nossa sociedade, no tema "A Velhinha No Passeio".



 A quadra natalícia também propiciava que vários artistas se reunissem numa cantiguinha de Natal, como se sucede neste caso que junta nomes como Marante, Maria Lisboa, José Alberto Reis e Filipa Lemos numa fase pré-Santamaria.


Ou ainda em 1997, esta canção onde andaram de mãos dadas vários cantores como Mónica Sintra, Claudisabel e Chiquita.


Foi em finais de 1997 que os Excesso irromperam para preencher a lacuna de boybands nacionais e também não podia deixar de marcar presença no Natal Dos Hospitais com o seu grande hit "Eu Sou Aquele". Ao que parece, os cinco rapazes andavam tão atarefados de um lado para o outro que alguns até se esqueceram de vestir camisas! 

De regresso aos anos 80, duas figuras imortais: Fernando Pessa e Amália Rodrigues. (E um cameo da "Senhora De Cavaco Silva")



E para terminar, como não podia deixar de ser, Herman José no seu avatar José Estebes, em 1990 acompanhado por Ana Bola e Vítor de Sousa, a cantar o imortal "Vamos Lá Cambada". A certa altura, outros artistas também surgem no palco e Herman aproveita para cantar excertos de outras canções deles como "O Anel de Noivado" dos Trio Odemira e "Trocas Baldrocas" de Cândida Branca-Flor. 


quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Um Conto de Natal do Mickey (1983)

 por Paulo Neto

O conto "A Christmas Carol", ou "O Cântico De Natal", de Charles Dickens, originalmente publicado em 1843, é por demais conhecido de tantas vezes que já foi adaptado em teatro, televisão e cinema (quer em live action, quer em animação). O meu primeiro contacto com a história do avarento Ebenezer Scrooge foi num telefilme de 1984 com George C. Scott (o actor que famosamente rejeitou o Óscar que ganhou por "Patton") no principal papel, que a RTP1 exibiu no dia 22 de Dezembro de 1988, um dia antes da estreia em Portugal do filme "Scrooged" (com o infeliz título tuga de "SOS Fantasmas") uma adaptação modernizada de "O Cântico De Natal" protagonizado por Bill Murray.




No entanto, foi no Natal de 1991 que eu descobri aquela que seria de longe a minha adaptação preferida de "O Cântico de Natal", quando eu e o meu irmão recebemos de presente a cassete VHS "O Natal de Mickey Mouse" que continha "Um Conto de Natal do Mickey" ("Mickey's Christmas Carol"). Tratava-se de uma featurette (termo que designa um filme maior que curta-metragem mas menor que uma longa metragem) de 1983 de cerca de 26 minutos, com produção e realização de Burny Mattinson onde as várias personagens de Disney desempenhavam as personagens do conto de Dickens, cujos momentos mais dramáticos da história eram atenuados com o típico humor Disney. Este era o primeiro lançamento cinematográfico da Disney com o Rato Mickey desde 1953. 




A nossa VHS continha verdade quatro curtas-metragens Disney de temática natalícia, sendo que "Um Conto de Natal do Mickey" era a terceira e a mais longa. As duas primeiras faziam parte da série "Silly Symphonies" e não tinham diálogo, apenas música e sons: "The Night Before Christmas" (1933) e "Winken, Blinken & Nod" (1938) e a quarta era "Pluto's Christmas Tree" (1952) em que o Mickey leva para casa uma árvore de Natal que vem-se se a saber ser aquela onde vivem o Tico e o Teco que fazer das suas para irritação do Pluto. Tal como "Um Conto de Natal do Mickey", esta curta-metragem era dobrada em português do Brasil. O meu irmão gostava tanto destas quatro histórias que viu a nossa cassete incontáveis vezes (muitas delas comigo) ao longo do ano inteiro, incluindo no pico do Verão. 



Mas de volta a "Um Conto de Natal do Mickey", impunha-se que fosse Tio Patinhas a fazer de Ebenezer Scrooge, pois o seu nome original é Scrooge McDuck. Na Londres Vitoriana, reina a alegria da quadra natalícia, excepto para o ganancioso e avarento Scrooge, dono de uma firma de contabilidade e agiotagem, que só a muito custo permite que o seu mal-pago mas leal empregado Bob Cratchit (Rato Mickey) tire meio dia de folga no Natal, rejeita o convite do seu sobrinho de Fred (Pato Donald) para a Ceia de Natal e recusa o apelo de dois colectores de peditórios para os pobres. 



Nessa noite, ao regressar a casa, Scrooge recebe a visita do fantasma de Jacob Marley (Pateta), o seu antigo sócio que morrera sete anos antes, que revela que devido à sua ganância foi condenado no Além a vaguear com um monte de correntes e que o avisa que caso não mudar, Scrooge sofrerá semelhante destino. Marley avisa ainda que nessa noite três espíritos o irão visitar.
O Fantasma do Natal Passado (o Grilo Falante) recorda-lhe os tempos em que Scrooge era jovem e mais generoso que numa festa de Natal conheceu Isabel (Margarida), o amor da sua vida. Porém o namoro acabou quando ele se tornou mais ganancioso e escolheu o dinheiro em vez do amor dela, perdendo Isabel para sempre. 



O Fantasma do Natal Presente (o Gigante de "Mickey e o Pé de Feijão") leva-o a visitar a Consoada da família de Bob Cratchit, onde apesar da pobreza em que vivem e da pouca comida na mesa, todos estão felizes por estarem juntos. Scrooge fica sensibilizado com Tiny Tim, o filho debilitado de Bob, a quem o Fantasma prevê que ele não viva muito mais tempo caso a situação da família não mude.
O Fantasma do Natal Futuro (Bafo De Onça) transporta-o para o cemitério onde revela a Scrooge que Tim morreu com a sua família chorosa diante da sua campa. Depois, a conversa de dois coveiros que comentam que ninguém apareceu no funeral do defunto cuja sepultura estão a cavar chama a atenção de Scrooge, que verifica com horror que se trata da sua própria sepultura, para onde o Fantasma o atira.



Após esta experiência, Ebenezer Scrooge acorda na Manhã de Natal como um homem completamente mudado. Como tal, dirige-se a casa dos Cratchit com um saco cheio de comida e brinquedos, não sem antes fazer um generoso donativo aos colectores que rejeitara no dia anterior e aceitar o convite de Fred para o jantar de Natal. Em casa dos Cractchit, Scrooge finge que continua o mesmo e que só trouxe mais roupa para lavar mas quando os filhos descobrem os brinquedos no saco, Scrooge revela que não só vai aumentar o seu salário como fazer dele o seu sócio. O filme acaba com Scrooge sentado numa cadeira e pegando Tiny Tim no colo que diz a famosa última frase do conto: "E que Deus abençoe a todos nós!".    

Também presentes na featurette aparece a Minnie como a mulher de Bob Cratchit e versões jovens do Mickey e da Minnie como os seus filhos, enquanto a Vovó Donalda, o Huguinho, o Zezinho, o Luisinho, o Gansolino, a Clarabela, o Tico e o Teco podem ser vistos na cena da festa de Natal em que Scrooge e Isabel se apaixonam bem como os Três Porquinhos a cantarem na cena inicial. Também foram incluídas várias personagens do filme "As Aventuras de Ichabod e do Sr. Sapo", nomeadamente o Sr. Sapo como Fezziwig, o antigo patrão e mentor de Scrooge, o Rato e a Toupeira como os colectores de peditórios para os pobres e as Doninhas como os coveiros do cemitério. 

"Um Conto de Natal do Mickey" foi exibido nos cinemas em 1983 em conjunto com uma reexibição de "O Livro Da Selva" no Reino Unido e de "Bernardo E Bianca" nos Estados Unidos, tendo depois sido incluída em várias antologias para televisão e vídeo. Foi também nomeada para o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação. Na versão original, este foi o filme em que Alan Young se estreou como a voz oficial do Tio Patinhas (Bill Thompson, a voz inicial, falecera em 1971), que continuaria a sobrar até ao fim da sua vida em 2016, nomeadamente na série "Duck Tales". 


Trailer:



Making of:






quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Festival da Eurovisão 2001

 


O 46.º Festival da Eurovisão da Canção teve lugar a 12 de Maio de 2001 no Estádio Parken em Copenhaga na Dinamarca, após a vitória desse país no ano transacto. O estádio, considerado como uma das catedrais do futebol dinamarquês (tendo por exemplo acolhido alguns jogos do Euro 2020), tinha uma cobertura retráctil e as suas dimensões proporcionaram que este fosse a edição do Festival da Eurovisão com a maior audiência de sempre com 38 mil espectadores. 

Porém, devido aos custos de organizar o espectáculo num recinto daquelas dimensões, certamente não terá havido orçamento suficiente para a iluminação, por que a sensação que dava é que estava muito escuro no estádio e alguns do espectadores nem conseguiam ver bem o palco, que por sua vez notava-se não ter iluminação suficiente e ser grande demais para algumas das actuações. Os apresentadores foram Soren Pilmark e Natasja Crone-Back que tiveram a particularidade de falarem quase sempre em rima. Um dos momentos mais caricatos foi quando os apresentadores mostraram o troféu a ser entregue ao vencedor, gerando-se um burburinho quando Pilmark pegou desajeitadamente no troféu e deixou-o cair no chão, estilhaçando-se todo. Mas tudo não passou de uma brincadeira e o verdadeiro troféu foi parar intacto às mãos do vencedor. 
A actuação de intervalo esteve a cargo dos Aqua, que cantaram uma medley dos seus hits (com uma Lene Nystrom inesperadamente asneirenta na parte de "Barbie Girl"), acompanhados pelo Safri Duo, a dupla percussionista cujo tema "Played-A-Live" fazia furor nas pistas de dança da altura.  

Após a ausência no ano anterior devido às regras de relegação, Portugal voltava a participar bem como Bósnia-Herzegovina, Eslovénia, Grécia, Lituânia e Polónia, ao passo que Áustria, Bélgica, Chipre, Finlândia, Macedónia, Roménia e Suécia ficaram de fora devido aos baixos resultados do ano anterior. 
Os votos de dezassete dos 23 países participantes vieram do televoto, enquanto Bósnia-Herzegovina, Rússia e Turquia optaram por um júri e Croácia, Grécia e Malta um método 50% de cada. Eládio Clímaco assegurou os comentários para a RTP e Margarida Mercês de Melo foi a porta-voz dos votos de Portugal. 

Como é hábito analisaremos as canções concorrentes por ordem inversa da classificação.

Haldor Lagreid (Noruega)


Two Tricky (Islândia)


O último lugar foi repartido pela Noruega e a Islândia com três pontos. Um nome consagrado no teatro musical norueguês, Haldor Lagreid cantou deu interpretação dramática de "All By Myself" "On My Own" e os telespectadores cá do burgo devem ter gostado, pois os três pontos da Noruega vieram de Portugal. Já a Islândia recebeu 1 ponto da Noruega e 2 da Dinamarca, representada pelo duo Two Tricky com "Angel", um tema pop bastante simpático mas não muito memorável. Ao que parece, uma polémica na final nacional islandesa devido ao regulamento imposto pela TV local que obrigava que todas as canções fossem cantadas em islandês e a contestação de vários artistas de poderem escolher o idioma que queriam chegou até a ser debatido no Parlamento. Por fim, o duo composto pro Kristjan Gislasson e Gunnar Olsson cantou em inglês (a versão islandesa tinha como título o nome feminino "Birta") mas de pouco lhes serviu.

Gary O'Shaughnessy (Irlanda)

Piasek (Polónia)


Com cinco pontos do Reino Unido e um de Portugal, a Irlanda ficou-se pelo 21.º lugar, naquele que era na altura o pior resultado de sempre do país com mais vitórias na Eurovisão. Gary O'Shaugnessy cantou a balada "Without Your Love" mas este registo que valera tantas vitórias à Irlanda no passado já estava datado. Curiosamente o seu sobrinho Ryan foi o representante irlandês na edição de 2018 em Lisboa.
A Polónia apostou num dos seus cantores mais populares, Andrzej Piaseczny ou simplesmente Piasek, com o tema "2 Long", mas ficou-se pelo 20.º lugar com onze pontos. O look não ajudou já que ele surgiu em palco envergando um casaco de pele cuja tecelagem parecia abruptamente interrompida (valendo-lhe o prémio de Barbara Dex) e que a meio da actuação jogou para o chão. Além disso, as cantoras de coro vestidas como odaliscas também não encaixavam no estilo da canção. A par da sua carreira na música, Piasek entrou de 1997 a 2010 numa série de televisão, onde fazia de… cantor.

Michelle (Países Baixos)

 
Arnis Mednis (Letónia)

Os Países Baixos e a Letónia ficaram ambos em 18.º lugar com 16 pontos. Coube à representante holandesa Michelle ser a primeira a actuar com a balada new age "Out On My Own" e parecia que ela vinha de dar uma aula de ioga. Porém, Portugal aprovou e foi o país que deu mais pontos aos Países Baixos, seis. Actualmente Michelle Courtens é professora de canto.
Depois de uma auspiciosa estreia no ano anterior, em que conseguiu o terceiro lugar, desta vez a Letónia teve uma prestação mais modesta. Arnis Mednis cantou "Too Much", um tema que bem podia ter pertencido aos Rednex. Porém, no ano seguinte, as coisas correriam pelo melhor à Letónia.  

MTM (Portugal)

Portugal foi representado pelo duo MTM (Marco, Tony e Música), composto por Marco Quelhas e Tony Jackson. Este era natural de Angola, tendo vindo para Portugal para estudar medicina. Já Marco Quelhas tinha tido algum êxito como vocalista da banda Karamuru e durante a década de 90, tentou a sua sorte várias vezes no Festival Da Canção, mas até então só vencera como co-autor da canção vencedora de 1993, "A Cidade (Até Ser Dia)" de Anabela. 
O Festival da Canção de 2001 foi o mais extenso até então, com cinco semifinais (a primeira delas ainda em Outubro de 2000) de dez canções cada em cinco cidades diferentes (Setúbal, Leiria, Faro, Funchal e Ponta Delgada). As duas primeiras canções de cada semifinal apuraram-se para a grande final que decorreu no Europarque de Santa Maria da Feira a 7 de Março de 2001. No entanto, devido à tragédia da queda da Ponte de Entre-Os-Rios três dias antes, a final não foi transmitida em directo, sendo exibida uns dias mais tarde. Entre os nomes mais sonantes que participaram, destaco Lura, Mónica Ferraz e Ana Laíns, assim como Mané Crestejo e Rosete Caixinha que nos próximos anos ficariam conhecidos por participações em programas de talentos. 
Contudo a meu ver, quantidade não significou qualidade, e o nível geral das canções foi pouco elevado. A canção vencedora "Só Sei Ser Feliz Assim" não era excepção, sendo um tema simpático mas já datado e será porventura a menos lembrada de todas as nossas canções eurovisivas. Portugal foi o último país a receber pontos mas com a diáspora portuguesa a mobilizar-se, Portugal recebeu 12 pontos da França e mais seis da vizinha Espanha e ficou-se pelo 17.º lugar.
Este resultado significou uma nova relegação e Portugal não participaria no Festival de 2002. No entanto, a história poderia ter sido diferente. Isto porque para a edição de 2002, a EBU decidiu alargar o número de países participantes para 24 e sobrando duas vagas, convidou os primeiros dois países de entre os relegados, Israel e Portugal. A televisão israelita aceitou mas a RTP, a braços com problemas  administrativos e financeiros, declinou e a vaga passou para a Letónia que aceitou… e não é que ganhou nesse ano?´

Tal Sondak (Israel)


Lindsay Dracass (Reino Unido)


Nesta edição, apenas três países não recorreram, inteira ou parcialmente, ao inglês para as suas canções: Portugal, Espanha e Israel, que ficou em 16.º lugar com 25 pontos (incluindo um 10 da França). Tal Sondak cantou "En Davar" ("não importa") um tema com alguns toques latinos, mas foi um pouco prejudicado pelos cantores de coro que não estiveram muito bem afinados.
O Reino Unido foi representado pela jovem Lindsay Dracass, de 16 anos com o tema dance-pop "No Dream Impossible" que ficou em 15.º lugar com 28 pontos. Apesar deste ser o seu único momento de notoriedade, Lindsay continuou ligada à música e mais recentemente foi um dos cem jurados do "All Together Now" britânico. 

Nino (Bósnia-Herzegovina)

SKAMP (Lituânia)


Será que Nino Prses pediu emprestadas algumas roupas ao Pedro Abrunhosa, incluindo um dos seus pares de óculos? Depois de ter integrado várias bandas, Nino dava os seus passos como artista a solo e representou a Bósnia Herzegovina com o tema "Hano" onde cantava o seu amor a uma Hana. Ficou em 14.º lugar com 29 pontos. 
Depois de 1994 e 1999, a Lituânia participou pela terceira vez, com o grupo Skamp e o tema funk-disco "You Got Style", ficando em 13.º lugar com 35 pontos. O trio tinha-se formado em 1998 e era composto por Vilius Alesius, Erica Jennings, natural da Irlanda, e Victor Diawara, de ascendência malinesa. Em 2006, Diawara integrou o grupo LT United que obteve o melhor resultado da Lituânia até ao momento, um sexto lugar, com o rotundo "We Are The Winners".

Mumiy Troll (Rússia)

Sedat Yuçe (Turquia)

Vanna (Croácia)


A Rússia foi representada pela banda rock Mumiy Troll, activa desde 1983 e liderada desde sempre pelo vocalista Ilya Lagutenko. Com "Lady Alpine Blue" obtiveram o 12.º lugar com 37 pontos
Sedat Yuçe foi o representante da Turquia com a balada "Sevgiliye Son" ("o fim do amor"), que lhe valeu 41 pontos e o 11.º lugar.
Ivana Ranilovic-Vrdoljak, ou simplesmente Vanna, foi a representante da Croácia com "Strings Of My Heart", um tema que fazia lembrar um pouco a música de "O Barco Do Amor", alcançado o décimo lugar com 42 pontos. Entre a vitória na pré-selecção croata e a participação eurovisiva em Copenhaga, Vanna deu à luz uma filha!  

Fabrizio Faniello (Malta)

Michelle (Alemanha)


Graças aos 12 pontos da Dinamarca, o último país a votar, Malta saltou do 13.º para o nono lugar. Fabrizio Faniello cantou "Another Summer Night", um tema de latin-pop. Graças a esta participação, Faniello conseguiu obter alguma notoriedade fora do seu país, sobretudo com o seu single de 2004, "The Whistle Song (I'm In Love)". Em 2006, voltou a representar Malta no Festival da Eurovisão com "I Do" mas desta vez ficou no último lugar da final. A sua irmã Claudia também representaria o país em 2017.
Tal como os Países Baixos, a Alemanha fez-se representar por uma Michelle. Mas se a Michelle holandesa era mesmo Michelle, no caso da Michelle alemã, era o stagename de Tanja Hewer que cantou a balada "Wer Liebe lebt" ("quem vive o amor") na versão bilingue em alemão e inglês. A canção alemã ficou em oitavo lugar com 66 pontos (com Espanha e Portugal a darem 10 pontos cada). Michelle continua activa na sua carreira na Alemanha. Segundo a Wikipedia, em 2009 terá anunciado o fim da carreira, pelo menos com o nome Michelle, com álbum precisamente chamado "Goodbye Michelle", mas regressaria no ano seguinte.

Nusa Derenda (Eslovénia)

David Civera (Espanha)


Com 70 pontos, a Eslovénia repetiu o sétimo lugar de 1995 que, até 2021, permanece como o melhor resultado deste país. Nusa Derenda cantou o tema eurodance "Energy".
A vizinha Espanha foi representada por David Civera, natural de Teruel, província de Aragón. Civera participara em vários programas de televisão, como a versão espanhola do "Chuva De Estrelas" onde imitou Enrique Iglesias, mas foi com a sua participação na Eurovisão que a sua carreira arrancou. Em Copenhaga, cantou "Dile Que La Quiero" acompanhado por duas bailarinas ucranianas, obtendo um sexto lugar com 76, incluindo 12 de Israel. Uma das canções da pré-selecção espanhola de 2001 também fez algum sucesso por cá nesse ano, "Yo Quiero Bailar" de Sonia & Selena. Quanto a David Civera, obteve mais alguns hits nos anos seguintes (quando eu fui de férias a Espanha em 2002, tocava muito uma música dele que era "Que la detengan, que es una mentirosa...") e o seu último álbum, de 2016, assinalava quinze anos de carreira. 

Friends (Suécia)

Com uns rendondinhos cem pontos, a Suécia ficou em quinto lugar. O grupo Friends cantaram "Listen To Your Heartbeat" com nítida influências dos ABBA e até também tinham uma vocalista loura (Nina Inhammar) e outra morena (Kim Kärnfalk). Mas aparentemente ABBA não era a única influência, pois alguns notaram algumas semelhanças com "Liefde Ist Een Kaartspeel", a canção que tinha representado a Bélgica em 1996. A princípio os autores da canção sueca negaram, mas os autores da canção belga interpuseram uma acção legal através da SABAM (a Sociedade Belga de Autores) e o processo acabou com um acordo monetário entre ambas as partes. Em 2004, Nina Inhammar e Kim Kärnfalk lançaram um álbum como duo.  

Natasha St. Pier (França)

Não deixou de ser surpreendente o facto da canção da França ter sido cantada em francês e inglês, mas no fundo até fazia algum sentido pois a sua representante Natasha St. Pier era natural de New Brunswick, a única província do Canadá que tem as duas línguas como idiomas oficiais. Natasha cantou a balada "Je N'Ai Que Mon Âme" ("só tenho a minha alma") alcançando o quarto lugar com 142 pontos (incluindo 12 pontos de Bósnia-Herzegovina, Rússia e Portugal). Natasha St. Pier tem tido desde então uma carreira de grande sucesso nos países francófonos e foi mentora na versão belga do "The Voice".  

Antique (Grécia)

A Grécia obteve o seu melhor resultado de sempre até então, ao alcançar o terceiro lugar com 147 pontos, incluindo 12 pontos da Suécia e da Espanha. Os representantes era o duo Antique composto por Helena Paparizou e Nikos Panagiotidis, ambos nascidos na Suécia no seio de famílias imigrantes gregas com "I Would (Die For You)", um solarengo tema bilingue que eu facilmente imaginaria facilmente a ser tocada numa praia da ilha de Mykonos. Na minha opinião, a vitória deveria ter sido discutida entre Grécia e França. No entanto, aqueles que previam nos Antique aqueles que trariam a primeira vitória da Grécia na Eurovisão não estavam enganados de todo, pois o triunfo grego chegaria quatro anos depois com Helena Paparizou a solo.  

Rollo & King (Dinamarca)

Depois da vitória no ano anterior, a Dinamarca obteve mais um excelente resultado, ficando em segundo lugar. O duo Rollo & King defenderam o tema com sonoridades country "Never Ever Let You Go". Soren Poppe e Stefan Nielsen usaram os nomes dos seus cães para nomear o grupo, cujo álbum de 2000 tinha tido grande sucesso no seu país. No entanto quem acabou por dominar as atenções foi Signe Svendsen, a cantora recrutada que cantou ao lado de Poppe. A canção dinamarquesa obteve 177 pontos, com seis países.

Dave Benton & Tanel Padar (Estónia)

Contudo desde o início da votação que a Estónia tomou a liderança e apesar de a Dinamarca ter chegado a ameaçar, este país báltico ganharia com uma confortável margem. A Estónia arrecadou 198 pontos, com pontuações máximas de nove países e o único país que não deu quaisquer pontos foi Portugal. Tanel Padar (que tinha feito coro na canção da Estónia de 2000) e Dave Benton (natural da ilha caribenha de Aruba, pertencente ao Reino dos Países Baixos) defenderam o tema disco-pop "Everybody" acompanhados nos coros pela dance crew 2XL e o seu triunfo foi uma surpresa pois a canção não figurava entre as favoritas. E ainda hoje, não falta quem considere uma das vitórias menos meritórias da história do Festival da Eurovisão, até porque tanto antes como depois, a Estónia levou canções amplamente consideradas como sendo melhores. 



No entanto, este triunfo estoniano não deixa de ser um marco histórico pois tratava-se da primeira vitória no certame de um país da antiga União Soviética e, à parte a vitória da Jugoslávia de 1989, de um país leste-europeu. Além disso, Dave Benton tornou-se o primeiro cantor negro a vencer o Festival da Eurovisão e, com 50 anos à altura do certame, o cantor mais velho a conseguir tal proeza. Por amor a uma estoniana que conheceu num navio de cruzeiro, Benton mudou-se para aquele país. (Curiosamente, em 1981, competiu no Festival da OTI sob o seu verdadeiro nome Efrén Benita, representando as Antilhas Holandesas.)  

Festival da Eurovisão 2001 (comentários em polaco)








sábado, 27 de novembro de 2021

Sábado À Noite (2001-02)

 por Paulo Neto

Depois do cinco anos ao leme do "Big Show SIC", no início de 2001, João Baião mudou-se para a RTP para protagonizar um programa para as noites de Sábado, precisamente chamado "Sábado À Noite". ("O Big Show SIC" continuou entretanto por mais alguns meses conduzido por José Figueiras.) Ao todo "Sábado À Noite" teve 52 emissões entre 20 de Janeiro de 2001 e 5 de Janeiro de 2002. 


Este regresso à RTP foi um regresso às origens para João Baião. Embora tivesse entrado em várias séries da RTP como "Caixa Alta", "Chuva De Maio" e "Um Solar Alfacinha", foi em 1992 com a "Grande Noite" que Baião teve o seu primeiro grande momento de notoriedade junto do grande público. E "Sábado À Noite" recuperava um pouco o espírito da "Grande Noite", já que também tinha a direcção de Filipe La Féria e também transferia elementos do teatro de revista para a esfera televisiva. 
Por outro lado, também havia um certo quê de "Saturday Night Live" em "Sábado À Noite" uma vez que grande parte do programa decorria em directo num palco com assistência em estúdio e a cada semana havia um convidado especial que estava presente tanto no palco como nos sketches pré-gravados, bem como um convidado musical. 



Além de João Baião, Cristina Oliveira foi também presença constante em todos os programas. Vítor de Sousa também integrou  o elenco fixo sendo substituído por José Manuel Rosado (que viria falecer cinco meses depois do último programa exibido). O programa tinha ainda um corpo de baile e um grupo de cantores residentes, que incluía nomes que tinham alguma notoriedade tanto antes como depois como Telmo Miranda, Vanessa Silva, Lura, Paulo Vintém, Paula Sá, Carla Moreno, Susana Pinto e Silvana Faustino

Os cantores e os bailarinos também participavam em vários dos sketches pré-gravados, que parodiavam vários episódios da actualidade da altura, sobretudo os programas de televisão então exibido. Por exemplo, "Noites Africanas" parodiando as "Noites Marcianas", "Pimbastars" parodiando o "Popstars" (o programa que originou a girlband Non Stop) ou "Abandonada" que satirizava as telenovelas da TVI. Outro sketch que eu nunca esqueci foi uma paródia ao anúncio da Rádio Comercial (quando era "a rádio rock") em que uma beldade fazia playback de célebres temas rock, mas aqui um João Baião de cabeleira longa e maquilhagem promovia "a Rádio Sábado À Noite em RTP.0" e fazia lipsync de temas como "Na Minha Cama Com Ela", "São Lágrimas" ou "Chupa No Dedo" bem como sirenes da polícia, um cão a ladrar e a Marta da OK Tele Seguro! Recordo ainda um sketch em que João Baião imitava Manuela Moura Guedes a tentar acusar um rapaz chamado Joãozinho de delinquência até que o miúdo se revoltava e gritava: "Na SIC, a Maria Rueff imita melhor que tu!", uma alusão ao "Programa Da Maria" em que Rueff também parodiava MMG. 

Além dos sketches e os números artísticos em directo, "Sábado À Noite" também integrava as extracções do Totoloto e do Joker, com João Baião a conduzir os sorteios apoiado pela locução de Maria José Baião (sem parentesco, penso eu de que).   

Estes foram os convidados especiais em cada programa

20/1/2001: Simone de Oliveira e Anjos
27/1/2001: Alexandra, João Portugal, Henrique Feist, José Manuel Lourenço, Ricardo Castro e João Prim
3/2/2001: Marco Paulo, Helena Vieira, Eládio Clímaco, Henrique Feist e Isabel Noronha
10/2/2001: Cidália Moreira, D'Arrasar, Professor Karma e Heitor Lourenço
17/2/2001: Maria De Lima, Cristina Castro Pereira, Henrique Feist e António Leal
24/2/2001: Ana Zanatti e Artur Agostinho
3/3/2001: Rita Ribeiro, Rita Guerra e Beto
10/3/2001: Luís Aleluia, Carlos Quintas e Miguel & André
17/3/2001: Lenita Gentil, Francisco Mendes e Tiago Sepúlveda
24/3/2001: Lia Gama, Cláudia Modesto, André Sardet, Domingos e Dionísio Castro
31/3/2001: Lídia Franco e Milénio
7/4/2001: Florbela Queiroz e Pedro Miguéis
14/4/2001: Anabela e Xanadú
21/4/2001: Fernando Pereira
28/4/2001: Luísa Barbosa e Adelaide Ferreira
5/5/2001: Margarida Carpinteiro, Dellirium e MTM (representantes de Portugal no Festival da Eurovisão desse ano)
12/5/2001: Cazanova
19/5/2001: Maria Armanda (a fadista, não a cantora de "Eu Vi Um Sapo") e Gonçalo (que é como quem diz, o Gonzo dos Excesso)
26/5/2001: Tó Cruz e João Prim
2/6/2001: Maria João Abreu e José Raposo
9/6/2001: Kika Santos e Hexa Plus
16/6/2001: Maria José Valério e Alexandra
23/6/2001: Maria Da Fé, Isabel Angelino e Filipa Gordo
30/6/2001: Inês Santos e Entre Aspas
7/7/2001: Sílvia Rizzo e Luís Represas
14/7/2001: Clemente e Raúl Marques & Os Amigos Da Salsa
21/7/2001: Nucha e Pedro Bargado
28/7/2001: Ana, Marta Soares e Rui Sá Jr.
4/8/2001: Bonga e UHF
11/8/2001: Paulo de Carvalho e Faces
18/8/2001: Mónica Sintra e Entre Aspas
25/8/2001: Luís Represas e Tó Leal
1/9/2001: Santamaria
8/9/2001: José Alberto Reis e Quinteto Jazz de Lisboa
15/9/2001: Rodrigo e Tó Leal
22/9/2001: Pilar Homem de Melo e Non Stop (provavelmente na sua última actuação em televisão enquanto quinteto já que Fátima Sousa sairia do grupo pouco tempo depois)
29/9/2001: Marco Paulo
6/10/2001: Ágata e Ana Brito e Cunha
13/10/2001: Nuno da Câmara Pereira
(Os quatro episódios entre 20/10 e 10/11 de 2001 não foram disponibilizados.)
17/11/2001: Anita Guerreiro, Maria João Abreu e José Raposo
24/11/2001: Maria Armanda, Fernando Gomes e Elsa Galvão
1/12/2001: Artur Garcia, Octávio de Matos e Lena Coelho
8/12/2001: Anabela, Florbela Queiroz e Rosa Villa
15/12/2001: Cidália Moreira, Rosa do Canto e Joel Branco
22/12/2001: Carla Andrino, Carlos Cunha e Anjos
29/12/2001: António Calvário, Natalina José e Carlos Paulo
5/1/2002: Alice Pires, Mariema e Camacho Costa




Além de quadros associados ao teatro de revista, os quadros em directo também podiam abranger outras as áreas, nomeadamente o teatro musical (onde foram interpretados temas de musicais como "Grease", "Cabaret", "Cats" e "Jesus Cristo Superstar"). 


De destacar que no programa de 15 de Setembro de 2001, João Baião, Cristina Oliveira e Tó Leal mais os cantores e bailarinos do programa envergaram trajes típicos de vários pontos do mundo para cantar uma medley de "Let It Be", "Um Abraço A Moçambique" e "We Are The World"; embora Baião tenha afirmado que se tratava de uma coincidência, como os ataques do 11 de Setembro tinham sido nessa semana, este momento musical acabou por ganhar outro relevo.  

"Sábado À Noite" encontra-se disponível no Portal de Arquivos da RTP.

Emissão na RTPi do segundo programa:


Número de "Grease" com João Baião e Ana Rita Inácio


Vanessa Silva canta "Fado Ribeirinho"


Ana Rita Inácio, Carla Moreno, Cláudia Baião, Silvana Faustino, 
Susana Pinto e Vanessa Silva cantam "Natural Woman"




Silvana Faustino e Telmo Miranda cantam "Mi Buenos Aires"


O "Coro de São João do Estoril" canta "Bacalhau À Portuguesa"
na gala dos "Repolhos D'Ouro
"



Sketch do Casting das "Pimba Stars"

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Totoloto - Parte 2 (1985-)

por Paulo Neto

O ano era 1985. Portugal recuperava lentamente de uma grave crise financeira e estava em vias de aderir à Comunidade Económica Europeia. Foi então que mais de duzentos anos após a criação da Lotaria Nacional e 24 anos depois do início do Totobola, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa decidiu criar mais um jogo de apostas, o Totoloto. Em 2015, o David Martins fez aqui um artigo sob o Totoloto e agora sou eu que quero dar a minha perspetiva.  



O primeiro sorteio do Totoloto foi emitido pela RTP no dia 30 de Março de 1985. Inicialmente os apostadores tinham de escolher seis números entre 1 e 45 e caso acertassem entre três a seis números, tinha direito a um prémio monetário. Além dos seis números da chave, era sorteado o número suplementar que caso houvesse uma aposta deste número com cinco dos outros números extraídos também teria um prémio a ser atribuído. E foi também na sua génese que nasceu o lendário slogan/jingle: "É fácil, é barato, dá milhões!".



Segundo o Diário de Lisboa, o principal prémio do primeiro sorteio foi repartido entre um casal lisboeta e um apostador anónimo de Seia que acertaram nos números 7, 10, 13, 21, 34 e 39, sendo o número suplementar o 12, com 9341 contos para cada um. (Nos boletins, se os apostadores não quisessem ter a sua identidade revelada em caso de prémio, assinalavam com uma cruz no quadradinho destinado a esse efeito.) 



O programa de cinco minutos ia para o ar na RTP1 todos os sábados antes do noticiário da noite sob presença do júri do concurso, cada membro representando uma das três entidades supervisoras do concurso: o departamento de apostas mútuas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Governo Civil de Lisboa e a Inspeção Geral das Finanças, que em cada emissão apareciam no ecrã sentados a uma mesa. Entre as várias apresentadoras, a primeira e aquela que seria mais associada ao programa era Cândida Gerardo, uma das contratadas em 1978 num concurso da RTP para as funções de locução de continuidade que recrutou vários nomes que rapidamente fizeram parte do imaginário televisivo nacional. Segundo o jornal "Tal & Qual", Cândida Gerardo terá sido mesmo uma das primeiras pessoas a registar um boletim do Totoloto. 
  





As esferas com os números que tinham cores diferentes consoante o número das dezenas, eram lançadas numa tômbola mecânica, e uma a uma, as bolas dos seis números da chave saíam por uma ranhura e rebolavam por uma calha. Depois saía a bola do número suplementar, que iria parar a outra calha. Por fim, a apresentadora recebia do júri umas chapas com os números sorteados que ela colocava numas ranhuras por ordem numérica para facilitar a verificação. No monólogo da despedida, a apresentadora dizia a famosa frase: "Se esta foi a chave em que apostou, aceite desde já os nossos parabéns." Caso ninguém acertasse na chave, o prémio acumulava para a semana seguinte, que seria de jackpot. Também recordo-me do tema instrumental do genérico da autoria de Júlio Pereira

O Totoloto depressa conquistou os portugueses, que sonhavam com o grande prémio. Só no primeiro sorteio, foram registadas onze milhões de apostas (cada boletim poderia conter entre duas e dez apostas) e não tardou a superar o Totobola em termos de popularidade. Embora devido à sua curta duração, não fosse elegível para o ranking das audiências, as emissões dos sorteios do Totoloto paravam o país. Na nossa casa não era excepção, pois durante anos a fio a minha mãe jogava todas as semanas no Totoloto, no entanto o máximo que conseguiu foi um 4.º prémio, correspondente a quatro números certos, que lhe rendeu pouco mais de mil escudos. Muito esporadicamente, ela também conseguia o quinto prémio por acertar três números, que valia pouco mais de cem escudos.
Segundo o site "Brinca Brincando" (a quem tenho de agradecer pela milésima vez pelas informações e imagens), ao princípio o apuramento dos vencedores era feito à mão e os funcionários da Santa Casa chegavam a passar 16 horas na execução dessa tarefa. Rapidamente tornou-se necessário encomendar mais máquinas para poder ler todos os boletins registados (por vezes a sobrecarga das máquinas era tal que alguns boletins tinham de ser verificados a olho) assim como a capacidade de produção das gráficas que imprimiam os boletins. 

Os números da tômbola passaram a ser 47 em 1988 e 49 em 1990, que se mantêm até hoje. A febre do Totoloto rendeu várias histórias de tentativas de fraude (que o sistema de microfilme da Santa Casa facilmente conseguia desmascarar), daqueles que viraram a vida com a fortuna conquistada no Totoloto bem como daqueles que viriam mais tarde a perdê-la por completo, de amizades e casamentos desfeitos por causa de prémios, de publicações e esquemas que asseguravam através de manobras manhosas de estatística ter a fórmula exacta para acertar nas chaves. O Diário de Notícias chegou a fazer uma notícia falsa por ocasião do Dia das Mentiras em que o único totalista do Totoloto daquela semana fora...Marcelo Rebelo de Sousa!

A partir de Outubro de 1995, o Totoloto deixou de ser um programa independente e a sua extracção passou a ser integrada em programas da RTP como "Clube Dos Totalistas", "Há Horas Felizes", "Santa Casa" e "Sábado À Noite". 

Foi aliás em 1996, durante uma emissão de "Clube Dos Totalistas" conduzida por Carlos Ribeiro que aconteceu o episódio mais caricato de um sorteio do Totoloto, quando saiu a bola número 0 como número suplementar. Como é óbvio o zero não fazia parte dos números para apostar (pelo que era estranhíssimo que uma bola com o número 0 não só estivesse dentro da tômbola como tivesse sido fabricada de todo). 


Uma vez que o mecanismo da tômbola tinha sido programado para extrair apenas sete das bolas numeradas, demorou-se imenso tempo até ser possível sair uma bola para substituir a do número 0 até que uma assistente do programa conseguiu retirar a bola com o número 7. 
Esse episódio foi famosamente analisado num dos Tesourinhos Deprimentes, onde foi referido o facto de possivelmente pela única vez, um dos membros do júri supervisor do sorteio ter sido obrigado a intervir ao vivo no programa, com Tiago Dores a fazer a piada de que o senhor teve depois "um esgotamento e meteu baixa até hoje". (Li uma vez algures que o senhor em questão não gostou da piada e que tencionava processar os GF. Foi mesmo verdade ou só um rumor?)
Se não me falha a memória, essa chave com o número 0, mesmo após a substituição pelo número 7, foi depois declarada nula pelo departamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e outro sorteio foi efectuado. Porém aceitaram atribuir o prémio a um apostador que tinha acertado os seis números da chave anulada.  



Outra situações que me lembro: ainda nos anos 80, saiu uma vez uma chave em que seis dos sete números sorteados (incluindo o suplementar) eram todos na casa dos trinta (a única excepção foi o número 15) e no início dos anos 90, tinha saído o número 37 mas quando a apresentadora ordenou os números, foi-lhe entregue por engano a chapa com o número 39. Mais tarde, a seguir ao Telejornal, a RTP emitiu uma imagem da tômbola com as bolas sorteadas e as chapas dos números sorteados, onde surgia a chapa com o número 37 e uma voz-off a confirmar que tinha havido um lapso e que era de facto o número 37 e não o 39 que tinha sido sorteado. 

Em Março de 1997, foi criado o Loto 2, onde se efectuava um novo sorteio à segunda feira, destinado aos apostadores que assinaram com uma cruzinha do boletim que também queriam apostar neste sorteio extra. Ao princípio, o sorteio do Loto 2 também era transmitido na RTP mas a partir de Janeiro de 1998 e até 2001, foi integrado no programa "Roda Dos Milhões" da SIC, regressando à RTP após o final do programa. Uns anos mais tarde, os sorteios do Totoloto e do Loto 2 voltaram a ter o seu espaço independente na RTP e depois na SIC.

O Totoloto acabaria por perder popularidade após a criação do Euromilhões em 2004 que com maiores prémios e campanhas publicitárias mais apelativas, acabou por cativar mais os portugueses. Os seus sorteios, realizados em França, foram até hoje transmitidos pela TVI. 

Em Março de 2011, o Totoloto sofreu uma mudança significativa. Agora passava-se a apostar em cinco números de 1 a 49, bem como num número de 1 a 13 numa coluna à parte, a do Número da Sorte. Quem acertar no Número da Sorte, recebe o valor monetário que apostou, existindo prémios monetários para quem acertou pelo menos dois números da chave e um prémio maior para quem acertou nos cinco números da chave e no Número da Sorte. Além disso, passou-se a registar um mínimo de uma aposta, em vez das duas do sistema anterior. Neste sistema, existe 15% de hipóteses de conseguir qualquer um dos prémios, contra 1,9%. Existem dois sorteios semanais ao sábado e à quarta-feira.     

Com o passar do tempo, o sorteio do Totoloto deixou de ser em directo, com a SIC a transmiti-lo em diferido (embora pudesse ser acompanhado em directo no site da Santa Casa). Porém a partir de Março de 2020, com a pandemia, deixou de haver qualquer transmissão do sorteio do Totoloto, com a SIC (e creio que também a SIC Notícias) a divulgar em rodapé as chaves extraídas nos dias de sorteio.

Sorteio do Totoloto em "Clube Dos Totalistas" (18 Maio 1996)


  



quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Colectânea Número Um (1996)

por Paulo Neto


Com o primeiro volume editado no final de 1991, a série de colectâneas de êxitos "Número Um" foi um sucesso de vendas ao longo dos anos seguintes até que em 1996 foi lançado aquele que seria o décimo e último volume. Ao contrário do que sucedera entre 1992 e 1995, naquele ano não tinha sido editado nenhum volume por altura do Verão, mas o Fido Dido, a mascote da Seven Up que tinha adornado as capas de alguns volumes (ao ponto da série também ser conhecida como a das colectâneas do Fido Dido), tinha surgido na capa da compilação "Romantic Rock".    


 
Editado pela BMG, com o apoio da Sony Music e da EMI - Valentim de Carvalho, este derradeiro volume, pensado para a época natalícia, reunia 26 dos principais hits de 1996 (alguns até do ano anterior) abrangendo vários géneros musicais.  

CD 1

1. Queen "You Don't Fool Me": Em Novembro de 1995, os Queen editaram o álbum "Made In Heaven" composto por várias composição de várias sessões de gravações da banda, desde o início dos anos 80 até aos últimos anos da vida de Freddie Mercury. Quatro anos após o falecimento de Mercury, o mundo ainda tinha bem presente a sua perda pelo que este disco ajudou a matar saudades. Entre as faixas dos disco estava por exemplo uma versão de "Too Much Love Will Kill You", editado em 1992 por Brian May, na voz de Freddie Mercury. "You Don't Fool Me" foi o terceiro single do álbum, e segundo Brian May, foi criada pelo produtor David Richards quase a partir do nada, com Richards a pegar em vários versos que Mercury tinha deixado gravado e juntando-os numa só faixa, que depois foi completada pelos três membros sobreviventes. 
2. Pet Shop Boys "Se A Vida É (That's The Way Life Is)": "Bilingual", o sexto álbum dos Pet Shop Boys, tinha nos ritmos latinos uma das principais influências, vindas das viagens que Neil Tennat e Chris Lowe fizeram à América do Sul. E essas influências estavam bem patentes no segundo single que tinha título em português "Se A Vida É", com percussões de samba a marcar o ritmo. Com a sua atmosfera solarenga e o videoclip filmado num parque aquático (onde pode ser vista uma jovem Eva Mendes), tornou-se um dos mais populares singles dos Pet Shop Boys da década de 90. 
3. Céline Dion "Falling Into You": Depois de ter tido um ano de 1995 em cheio graças ao sucesso do seu álbum em inglês "The Colour Of My Love" e do álbum em francês "D'Eux", Céline Dion voltava aos discos com o álbum "Falling Into You" que viria a ganhar o Grammy de Álbum do Ano. O primeiro single era a faixa-título, um original 1994 da cantora argentina Marie-Claire D'Ubaldo. 
4. Take That "How Deep Is Your Love": Originalmente gravado pelos Bee Gees para a banda sonora de "Febre de Sábado À Noite", os Take That, agora já reduzidos a um quarteto depois da saída atribulada de Robbie Williams no ano anterior, lançaram a sua versão de "How Deep Is Your Love" para a promoção do álbum de "Greatest Hits" e como despedida após o anúncio do fim da banda. 
Ainda em 1996, Gary Barlow lançaria o seu primeiro álbum a solo. Os Take That regressariam ao activo em 2006 e desde então têm editado vários álbuns, com mesmo Robbie Williams juntando-se para o álbum de 2011 "Progress". 
5. Oasis "Don't Look Back In Anger": O seu segundo álbum "(What's The Story) Morning Glory?" catapultou os Oasis para um novo patamar de sucesso, tornando-se o álbum mais vendido da década de 90 no Reino Unido e vendendo mais de 22 milhões de cópias em todo o mundo. "Don't Look Back In Anger" foi o quarto single do álbum e o segundo single da banda a chegar ao n.º 1 do top britânico. Foi também o primeiro single dos Oasis cantado por Noel Gallagher em vez do seu irmão Liam.  
6. Tina Turner "On Silent Wings": Aos 57 anos, Tina Turner continuava em boa forma e o seu álbum "Wildest Dreams" foi bem recebido, chegando mesmo ao n.º1 dos tops da Nova Zelândia e da Suíça. Este "On Silent Wings" foi o terceiro single e contou com a participação de Sting.
7. Simply Red "Fairground": "Fairground" foi o single de apresentação do álbum "Life" e causou alguma surpresa por ser uma música atípica no repertório da banda de Mick Hucknall, destacando-se os ritmos afro-brasileiros de percussão (retirados do tema "Give It Up" dos The Goodmen de 1993). "Fairground" seria o único n.º1 dos Simply Red no Reino Unido (chegando também ao topo das tabelas de single em Irlanda e Itália). 
8. Scorpions "You And I": Já com mais de trinta anos no activo, os Scorpions continuavam em forma e o seu 13.º álbum "Pure Instinct" gerou "You And I" mais uma powerballad que rapidamente se tornou essencial no repertório da banda alemã e que foi muito tocada nas rádios portuguesas em 1996.    
9. Eros Ramazzotti "Piú Bella Cosa": O álbum de 1993 de "Tutte Storie" foi um campeão de vendas em Portugal e três anos volvidos, o italiano Eros Ramazzotti regressava aos discos com o álbum "Dové C'é Música", do qual este "Piú Bella Cosa" foi o single de apresentação, que Ramazzotti cantou durante a primeira gala de sempre dos Globos de Ouro da SIC em Maio de 1996. 
10. Toni Braxton "You're Making Me High": Tendo começado com as suas irmãs no grupo The Braxtons, Toni Braxton tinha-se estreado a solo em 1993 com o seu álbum homónimo e em 1996 lançava o seu segundo álbum "Secrets" cuja faixa mais popular foi a esmagadora balada "Un-break My Heart". No entanto, nesta compilação foi incluído o single de apresentação "You're Makin' Me High" que lhe valeu o Grammy de Melhor Interpretação Feminina de R&B e que tinha um vistoso videoclip com a participação das actrizes Vivica A. Fox, Erika Alexander e Tisha Campbell-Brown. 
11. Jamiroquai "Virtual Insanity": 1996 viu a edição do terceiro álbum dos Jamiroquai "Travelling Without Moving" e o primeiro single "Virtual Insanity" depressa se tornaria o maior hit da banda, muito por culpa do icónico videoclip em que Jay Kay se movimentava numa sala em que o chão estava em andamento (na verdade eram as paredes). 
12. Mike & The Mechanics "All I Need Is A Miracle 96": Originalmente uma faixa do álbum de estreia de 1985 dos Mike & The Mechanics, uma nova gravação de "All I Need Is A Miracle" foi gravada em 1996 para o álbum best of da banda "Hits". O tema era cantado por um dos dois vocalistas da banda, Paul Young (não confundir com o cantor de "Every Time You Go Away" do mesmo nome) que infelizmente viria a falecer em 2000 aos 53 anos vítima de ataque cardíaco. 
13. Enrique Iglesias "Si Tu Te Vas": Reza a história que quando o terceiro filho de Julio Iglesias decidiu fazer carreira na música, estava determinado a fazê-lo sem a influência do seu famoso apelido, pelo que gravou demos sob o nome de Enrique Martinez e só depois de conseguir um contrato é que a sua editora descobriria de quem ele era filho. O seu álbum estreia homónimo de 1995 foi editado em Portugal no início de 1996 e rapidamente reproduziu o sucesso vindo de Espanha e da América Latina e elevou Enrique Iglesias a ídolo adolescente. Este "Si Tu Te Vas" foi o primeiro single. Ainda nesse ano, foi editada uma versão do álbum com versões em português (do Brasil) de quatro faixas.    

CD 2
1. Robert Miles "Fable": Foi em 1996 que o DJ e produtor italiano de origem suíça Roberto Concina, ou Robert Miles, teve um grande êxito com "Children", um tema instrumental que fez furor nas pistas de dança de todo o mundo e considerando um marco na história da música de dança. Para o segundo single, Miles jogou pelo seguro e editou um tema semelhante, "Fable", cuja versão principal (que é a  aquela foi incluída nesta compilação) é instrumental, mas também existia uma versão cantada. Mesmo sem repetir o sucesso destes tempos, Robert Miles continuou activo como DJ e produtor até infelizmente falecer de cancro em 2017, com apenas 47 anos.   
2. Spice Girls "Wannabe": É impossível falar na música de 1996 (ou até de toda a década de 90) sem mencionar a ascensão meteórica das Spice Girls. Quando em 1994, foi posto um anúncio de audições para um grupo pop feminino, de certo que ninguém envolvido no processo, em especial as cinco eventuais selecionadas Melanie Brown, Melanie Chisholm, Geri Halliwell, Victoria Adams e Emma Bunton (que substituiu o quinto membro original Michelle Stephenson), imaginaria que dois anos mais tarde, após alguns percalços, esse grupo iria conhecer um sucesso estrondoso à escala global, reinventar a música pop e tornar-se sinónimo da década de 90. Mas foi isso que aconteceu e quando o primeiro single "Wannabe" foi lançado e depressa ficou na cabeça de toda a gente, o primeiro passo para o império das Spice Girls estava dado.    
3. George Michael "Fastlove": Depois de uma atribulada batalha judicial com a sua anterior editora, a Sony Music, George Michael regressava aos discos com o álbum "Older", do qual o segundo single "Fastlove" foi a faixa mais popular muito devido ao visualmente impactante videoclip (onde se podia descobrir um shade à Sony Music, nuns auscultadores com um logótipo semelhante ao da Sony mas onde estava escrito Fony).  
4. Peter Andre "Mysterious Girl": Nascido em Londres e crescendo na Austrália, em 1996 Peter Andre tornou-se um ídolo teen, graças a uma mão cheia de hits do quais o maior foi de longe "Mysterious Girl". (O facto de Peter Andre ter um six pack abdominal bem definido e profusamente exibido também terá ajudado.) Mas a verdade é que "Mysterious Girl" é daquelas canções que sabem mesmo a Verão. Em 2004, após a sua participação num reality show britânico, "Mysterious Girl" foi reeditado e chegou ao n.º 1 do top do Reino Unido. Mesmo sem o êxito de outros tempos, Peter Andre continuou activo na música (e em outros reality shows).     
5. Coolio "Gangsta's Paradise": Já houve aqui um artigo sobre este grande hit do rapper americano Coolio, creditado como um dos responsáveis por levar o gangsta rap ao público mainstream. Como se sabe, "Gangsta's Paradise" foi o tema da banda sonora do filme "Mentes Perigosas" com Michelle Pfeiffer, tinha um sample de "Pastime Paradise" de Stevie Wonder e o refrão era cantado pelo cantor gospel LV, que também editou uma versão a solo do tema.   
6. Mr. President "Coco Jamboo": Outro tema com artigo aqui no blogue e que fez a banda sonora do Verão de 1996, "Coco Jamboo" do trio eurodance alemão Mr. President. Um êxito que se estendeu a toda a Europa, chegando ao n.º 1 dos tops de Áustria, Hungria, República Checa, Suíça e Suécia, com a sua fusão de reggae e eurodance. 
7. Los Del Rio "Macarena": Mas quando se fala em dança no Verão de 1996, tem de se falar na Macarena do duo sevilhano de flamenco Los Del Rio, que graças a uma remistura do colectivo americano Bayside Boys, a adição das partes cantadas por Carla Vanessa, um videoclip cheio de beldades de várias etnias e sobretudo uma coreografia criada pela francesa Mia Freye, foi um autêntico fenómeno mundial. Só nos Estados Unidos, "Macarena" foi n.º 1 do top durante dezasseis semanas e até o Vice-Presidente Al Gore se afoitou a fazer a dança. E quem nunca o tentou fazer que atire a primeira pedra! Ah, em Outubro passado, os Los Del Rio actuaram nos Globos de Ouro. 
8. Delfins "A Nossa Vez": Desde meados dos anos 80 que os Delfins foram paulatinamente se tornando uma das mais populares bandas nacionais, mas nem os próprios poderiam prever que o seu álbum best of "O Caminho Da Felicidade", lançado no final de 1995, catapultá-los-ia para um ano de 1996 que seria o absoluto auge da carreira. O disco foi acumulando discos de platina e tornando-se um dos álbuns mais vendidos de sempre em Portugal e a banda correu o ano inteiro em concertos por todo o país. Mas mesmo com uma agenda preenchidíssima, Miguel Ângelo ainda arranjou tempo para apresentar o programa "Cantigas Da Rua" da SIC e no final de 1996, quando parecia que o único novo material da banda seria o tema "Não Vou Ficar" para o filme "Adeus, Pai", os Delfins editaram um novo álbum "Saber A~Mar". Além dos principais hits dos Delfins, o "Caminho Da Felicidade" incluía dois temos inéditos que foram editados como single, "Sou Como Um Rio" que se tornou um dos seus hits incontornáveis e este "A Nossa Vez", não muito recordado hoje em dia mas que vale a pena uma nova audição.     
9. Rui Veloso "Já Não Há Canções De Amor": Depois do álbum conceptual "Auto Da Pimenta" (1991), o cantor de "Chico Fininho" e "Não Há Estrelas No Céu" regressara aos discos no final de 1995 com o álbum "Lado Lunar". A faixa-título é o tema mais popular do disco, mas nesta compilação foi incluído o segundo single: "Já Não Há Canções De Amor".   
10. Luís Represas "Foi Como Foi": Depois do sucesso do seu primeiro álbum a solo, "Represas" de 1993, o ex-vocalista dos Trovante lançava agora o segundo álbum "Cumplicidades" do qual o primeiro single era este "Foi Como Foi". Entre uma e outra reunião esporádica dos Trovante, Luís Represas continuou a gravar discos mas o seu álbum mais recente, "Cores", já é de 2014. 
11. Pólo Norte "O Grito": A banda de Miguel Gameiro continuava a promover o álbum "Expedição" lançado no ano anterior, e que já tinha gerado o hit "Lisboa". Tendo feito a primeira parte de vários concertos dos Delfins nesse ano de 1996, a colaboração em disco das duas bandas era inevitável e para a edição do single "O Grito", a versão principal era aquela em dueto com Miguel Ângelo. No entanto para esta compilação, a versão que se ouvia era a do álbum.     
12. Ritual Tejo "Nascer Outra Vez": Em 1996, os Ritual Tejo lançaram o seu terceiro álbum, "Histórias De Amor E Mar" e o single de apresentação foi a faixa-título, mas seria o segundo single "Nascer Outra Vez" que se tornaria o maior hit da banda. As crianças que se ouvem a cantar no refrão eram as filhas da cantora Isabel Campelo. 
13. Donato & Estefano "Estoy Enamorado": Para encerrar o segundo CD, um dos temas mais marcantes da telenovela "Explode Coração", a balada "Estoy Enamorado" da dupla Donato & Estefano. Donato Poveda era natural de Havana, Cuba, e o Estefano, de seu verdadeiro nome Fabio Alfonso Salgado, era colombiano, da cidade de Cali. Várias duplas sertanejas brasileiras versionaram depois o tema em português e em Portugal, recebeu o tratamente dos Onda Choc. 

Playlist com as 26 canções

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