quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

"Susanna" The Art Company (1984)

por Paulo Neto

Houve várias canções nos anos 80 com nomes de raparigas, mas apenas uma conseguiu tornar-se célebre tanto na versão em inglês como na versão em português. Claro que falo de "Susanna" dos holandeses The Art Company e prontamente versionada em português pelos Queijinhos Frescos. Com esta dose dupla, as Susanas deste país tiveram que suportar durante anos a fio coros espontâneos a trautearem o refrão. Até eu próprio cheguei a apanhar por tabela, quando no 7.º ano os meus colegas descobriram que eu tinha um fraquinho por uma Susana e durante para aí uma semana só para me chatearem, lá cantarolavam "Susana, Susana..."



Os VOF De Kunst (nome original da banda) foram fundados em 1983 na cidade holandesa de Tillburgo. A versão holandesa, "Suzanne", foi o seu primeiro single e foi um sucesso imediato nos Países Baixos. Quando a versão em alemão também escalou os tops na Alemanha, a banda decidiu gravar uma versão em inglês sob o nome de The Art Company e inevitavelmente "Susanna" tornou-se um hit em toda a Europa Ocidental, incluindo Portugal.

A história da canção é bem simples e muitos de nós podemo-nos identificar nela. O vocalista Nol Havens conta que finalmente está sozinho com a tal Susanna que há muito andava de olho, uma música a tocar, estão os dois no sofá, cada vez mais próximos, ele vai avançando, põe o braço à volta dos ombros dela, mexe-lhe no cabelo, ela não parece oferecer resistência, a coisa promete...mas toca o telefone e é engano. Para desgraça dele, esse momento estragou toda a atmosfera romântica, a Susanna recuperou a lucidez e agora só quer conversar e nem pensar em lhe deitar a mão. Eu só tinha quatro anos quando a canção foi editado e ainda não sabia nada de inglês, mas lembro que gostava quando tocava na rádio por dois motivos: os ruídos de encorajamento ao vocalista quando ele tenta engatar a Susanna e a interrupção da música durante a cena do telefone, onde se nota bem a frustração dele.



Como ainda não tinham surgido os Ministars ou os Onda Choc, eram os Queijinhos Frescos que na altura tinham o monopólio das versões infanto-juvenis em português de hits estrangeiros e por isso foram eles que em 1985 versionaram a canção. Como na altura o Queijinho que cantava ainda não tinha idade para pensar em engatar miúdas, na versão em português, ele apenas acusa a tal Susana de ser muito vaidosa e rezava o refrão: "Susana, Susana, Susana, não gastes o espelho!"


Nos anos 90, a canção também foi gravada em espanhol em 1992 por um Ricky Martin pré-fama e em 1995 por Marco Paulo

Os VOF De Kunst/The Art Company não tiveram mais nenhum hit internacional mas continuaram a ter algum sucesso no seu país ao longo da década de 80. Hoje em dia, dedicam-se mais a compor música para produções teatrais mas ainda actuam ocasionalmente. Em 2013, editaram um álbum de canções de Natal, o primeiro registo em disco da banda desde 1994. 


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