por Paulo Neto
Esta série é um daqueles cromos que têm andado pendentes na minha mente há vários anos, mas que por algum motivo tinha ficado em águas de bacalhau. Porém, ao ter recentemente juntado ao grupo do Facebook Saudade Nostálgica, reavivei as memórias relacionadas com ela. "Sledge Hammer!" passou na RTP1 nas tardes de um Verão no início dos anos 90 (1991, se não estou em erro) exibindo os 41 episódios das duas temporadas de segunda a sexta-feira, tendo sido originalmente exibida nos Estados Unidos entre 1986 e 1988, sob o título de "O Ás Da Polícia".
Tratava-se de uma série que parodiava a trope do polícia agressivo insubordinado com tendência para disparar primeiro e interrogar depois, da qual os filme da saga Dirty Harry com Clint Eastwood são o exemplo mais emblemático.
David Rasche desempenhava a personagem titular, o agente Sledge Hammer, que é tão bronco e alucinado que faria o próprio Harry Callaghan parecer um anjinho. O seu bem mais precioso é sua pistola com quem ele dorme, toma banho e até fala, cuja pega tem gravada a imagem de uma marreta (em inglês, um literal "sledgehammer"). O seu bordão, repetido várias vezes, é "Trust me, I know what I'm doing" ("confie em mim, eu sei o que faço"), muito embora ele raramente saiba realmente o que está a fazer. Outro bordão recorrente de Hammer é "Don't confuse me!", sempre que alguém lhe tenta dizer algo que a sua tacanhez não consegue entender.
Devido à sua falta de vergonha, desrespeito pelas hierarquias, tendência para disparar sem necessidade e opiniões chauvinistas e tacanhas, que lhe vale incontáveis suspensões e processos disciplinares, o certo é que Hammer acaba sempre por apanhar os bandidos de cada episódio (ainda que só muito ocasionalmente tal seja por mérito próprio).
A única que consegue pôr Hammer minimamente na linha é a sua colega Dori Doreau (Anne-Marie Martin), uma agente elegante e astuta, hábil tanto a disparar armas como a dar golpes de karaté. Inesperadamente, Doreau e Hammer acabam por trabalhar bem em conjunto e é frequente ser ela a resolver os casos e a safar Hammer dos sarilhos em que ele inevitavelmente se mete. Apesar da bronquice e do machismo do colega, por vezes Doreau dá ideia de estar atraída por Hammer mas a relação entre os dois mantém-se profissional, ou no máximo dentro de uma amizade.
Quem fica sempre em palpos de aranha por causa de Hammer é o Capitão Trunk (Harrison Page), o chefe da esquadra, a quem a indisciplina de Hammer deixa-o em cólera permanente.
Entre outras personagens recorrentes, destaque para o Dr. Norman Blates (Kurt Paul), o médico legista da esquadra e a metediça repórter Lisa Ellerblub (Diane Saint-Marie), a quem Hammer costuma mandar algumas bocas machistas. Adam Ant, estrela rock do início dos anos 80, entrou num episódio como um agente secreto britânico com quem Hammer tem de medir forças.
Há dois episódios de que me recordo particularmente:
- Um homem, Miles Hammer, surge na esquadra afirmando ser irmão de Sledge, ao que este, mesmo diante das provas, recusa a aceitar. Para piorar, todos simpatizam com Miles, que até convence Doreau a sair com ele, mas ela acaba por descobrir que ele é um impostor. Quando Dori e Trunk investigam a genealogia de Hammer, descobrem que entre os seus antepassados estão Ivan O Terrível, Gengis Khan e Ghandi ("a ovelha negra da família").
- O exército barrica a esquadra com toda a gente lá dentro, incluindo Trunk, Dori e Sledge, por suspeitas de que foram infectados por um gás perigoso cujos efeitos secundários incluem letargia e alucinações (no caso de Hammer, a sua pistola fala com ele usando o cano como boca). Trunk acaba por descobrir que a razão pela qual ele é o único que não foi afectado pelo gás é por ele estar sempre furioso. Por isso, para os "curar", Trunk irrita Dori, chamando-a de burra, e Hammer, atacando a sua masculinidade.
Genérico:
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