por Paulo Neto
AVISO: Este texto menciona algumas canções cujos títulos contêm palavras consideradas obscenas. Por norma, evitamos utilizar linguagem profana neste blogue, que se pretende destinar-se a todas as idades, mas por uma questão de precisão, optei por manter esses termos, que aparecerão a rasurado.
Tempo para revisitar mais uma compilação antiga, e desta vez recuamos até 1995 para o volume desse ano da série "Hit Parade". Concebida pela Polygram Portugal, esta série (herdeira da também célebre "Polystar") editou tomos anuais entre 1987 e 1996, todos eles lançados por altura do mercado natalício (à excepção do volume final de 1996, editado no Verão), rivalizando com outra famosas séries de compilações como "Jackpot" e "Número 1". Aliás, já analisámos aqui o volume de 1988.
A compilação tinha o apoio da Antena 3 e um dos principais incentivos era o facto do duplo CD/cassete ter o preço de um disco unitário.
Eu tive esta compilação em cassete. Ao todo cada CD e cassete tinha quinze faixas, num total de trinta. Talvez por estar limitada a uma única editora (ao contrário do que se sucedia por exemplo com as colectâneas do "Número 1", que resultavam de uma colaboração entre várias editoras), nem todos as canções incluídas eram das mais badaladas desse ano. Eu próprio nunca tinha ouvido algumas das canções quando ouvi as cassetes pela primeira vez, mas em geral foi uma boa descoberta.
Posto isto, vamos à análise das trinta músicas. Clicando nos título, há um link para cada canção no YouTube.
CD1
1. Sheryl Crow "Run Baby Run": Ao fim de vários anos de uma sinuosa carreira na música (que passaram por fazer coro na digressão "Bad" de Michael Jackson), Sheryl Crow finalmente se afirmou como cantora e compositora com o seu álbum de estreia "Tuesday Night Music Club" de 1993. Mas foi a partir do início de 1995, após Crow ter vencido três Grammys (incluindo Melhor Revelação e Disco Do Ano para "All I Wanna Do") que o álbum teve grande repercussão nos países europeus, incluindo Portugal, onde foi comercializado uma versão que incluía um disco extra com seis canções gravadas ao vivo. Este "Run Baby Run" tinha sido originalmente o primeiro single, mas após o sucesso de singles posteriores como "All I Wanna Do" e "Strong Enough", foi reeditado na Europa. Segundo a própria Sheryl Crow, a canção foi escrita após as eleições presidenciais americanas de 1992, que marcaram a transição de George W.H. Bush para Bill Clinton, e fala sobre uma jovem mulher dividida entre o espírito hippie dos seus pais e o conservadorismo da sua comunidade.
2. Faith No More "Evidence": Formados em 1979 em São Francisco, os Faith No More alcançaram o sucesso mainstream com álbum de 1989 "The Real Thing" (em especial com o single de 1990 "Epic"), naquela altura em que começavam vertentes mais alternativas do rock começavam a vingar junto do grande público e onde foram tentativamente metidos no saco do movimento grunge. Mas a verdade é que a banda californiana sempre fez por evitar que lhes colassem rótulos e nunca teve medo de experimentar diferentes géneros e sonoridades. E o seu álbum de 1995 "King For A Day… Fool For A Lifetime" foi um dos seus mais eclécticos, com influências de jazz, bossa-nova e até música chinesa, e até incluía uma canção parcialmente cantada em português intitulada "Caralho Voador"! Os dois primeiros singles do álbum, "Digging The Grave" e "Ricochet" seguiam as suas sonoridades mais heavy metal, mas este "Evidence" era um tema bem mais relaxante, com sons jazz-funk.
3. Xutos & Pontapés "Circo De Feras (Ao Vivo '95)": Além fronteiras, já era comum vários cantores e bandas lançarem álbuns de concertos acústicos que popularizaram o termo unplugged mas foi só em 1995 que essa onda chegou a Portugal e quem melhor para inaugurar o unplugged à portuguesa do que os Xutos & Pontapés? Como o título indica "Ao Vivo Na Antena 3" foi gravado nos estúdios da Antena 3 após um convite de Henrique Amaro, num concerto intimista no qual os Xutos reinventaram vários dos seus temas, destacando-se a nova versão de "O Homem Do Leme" com aquela introdução em guitarra portuguesa que rapidamente se sobrepôs ao original no imaginário nacional. Mas para esta colectânea, a escolha recaiu num dos seus grandes clássicos, "Circo De Feras".
4. Ugly Kid Joe "Milkman's Son": Temos agora outra conhecida banda rock californiana. Em 1992, os Ugly Kid Joe viram o seu álbum de estreia "America's Least Wanted" tornar-se um campeão de vendas, graças a hits como "Everything About You" e a sua versão de "Cats In The Cradle". O segundo álbum "Menace To Sobriety" surgiu em 1995, do qual este "Milkman's Son" foi a faixa principal. Mesmo sem o sucesso comercial do álbum anterior, o disco foi bem recebido pela crítica. Os Ugly Kid Joe terminaram em 1997 após a edição do terceiro álbum "Motel California", mas reformaram-se em 2010 e têm continuado no activo desde então, actuando nos Estados Unidos e na Europa, e lançando mais um EP em 2012 e um álbum em 2015.
5. Da Weasel "Adivinha Quem Voltou": Os Da Weasel tinham-se estreado em disco em 1993 com um EP em inglês de seu título "More Than 30 Mother F*****s" (sim, com os asteriscos). Após algumas mexidas na formação, como a saída de Armando Teixeira e a entrada de Bruno "Virgul" Silva, o primeiro álbum longa-duração surgiu em 1995 em português "Dou-lhe Com A Alma". O primeiro single, "Adivinha Quem Voltou", tornou-se um hit, tendo sido adaptado como tema do programa "Top SIC", e foi o primeiro passo da ascensão imparável de Carlos "Pacman" Nobre e companhia como o maior conjunto hip hop português, cujo sucesso se estenderia pelos álbuns e anos seguintes.
6. Lloyd Cole "Like Lovers Do": Portugal foi um dos países onde o britânico Lloyd Cole estabeleceu uma sólida base de fãs, primeiro como líder dos Commotions e depois na sua carreira a solo, e como tal, desde os anos 80 que Cole tem actuado regularmente no nosso país. Aliás, foi o primeiro artista estrangeiro que eu vi actuar ao vivo, na Queima das Fitas de Coimbra, com uma nova banda, The Negatives. 1995 viu a edição do seu quarto álbum a solo "Love Story" do qual foi extraído este "Like Lovers Do", que foi o seu maior hit a solo no Reino Unido.
7. Del Amitri "Roll To Me": Os escoceses Del Amitri já levavam dez anos de actividade quando em 1995 obtiveram um dos seus maiores hits com "Roll To Me", do álbum "Twisted", que surpreendentemente chegou ao top 10 do top americano. É um tema curtinho (2 minutos e 12 segundos) mas bem-disposto, complementado pelo videoclip onde a banda surge na forma de bebés com cabeças de adultos. Em 2020, foi anunciado que os Del Amitri iriam lançar o seu primeiro álbum desde 2002.
8. Extreme "Unconditionally": Em 1991, os Extreme alcançaram a fama com o álbum "Pornograffiti", sobretudo com a balada "More Than Words", que se tornou um hit global e um clássico da baladaria dos anos 90. Portugal sentiu o sucesso como sendo um pouco seu já que o guitarrista da banda era o açoriano Nuno Bettencourt (considerado em 1991 o melhor guitarrista do Mundo pela imprensa da especialidade) que não se coibia de exibir as suas raízes com a bandeira portuguesa em evidência nos concertos da banda (e no videoclip de "More Than Words") e actuando ao vivo envergando a camisola do Benfica. "More Than Words" era uma excepção no repertório hard-rock puro e duro da banda, porém os efeitos do seu sucesso ainda fizeram com que o quarto álbum dos Extreme, "Waiting For The Punchline, do qual foi extraída a balada "Unconditionally", gerasse algum interesse. A partir de 1996, os Extreme têm-se reunido intermitentemente, com os membros dedicando-se nos intervalos a outros projectos como discos a solo, produção para outros artistas (como por exemplo, o álbum de estreia de Lúcia Moniz, produzido por Nuno Bettencourt) e a breve incursão do vocalista Gary Cherone nos Van Halen.
9. Boyz II Men "Water Runs Dry" (Star Mix Edit): Desde 1992 que os Boyz II Men viviam um período áureo graças a hits avassaladores como "End Of The Road", "Motownphilly", "I'll Make Love To You" e "On Bended Knee", graças à combinação esmagadora das vozes dos quatro membros do grupo: Nathan Morris, Wanya Morris, Shawn Stockman e Michael McCary. Este "Water Runs Dry", retirado do seu segundo álbum "II", não estava bem no patamar dos seus maiores sucessos mas mesmo assim chegou ao top 5 nos Estados Unidos e no Canadá. Actualmente, os Boyz II Men actuam como trio, com a saída de Michael McCary em 2003 devido a problemas de saúde. (Não encontrei a versão que estava na colectânea no YouTube, denominada "Star Mix Edit", por isso o link é para a versão original).
10. Paulo Mendonça "If You Ever Come Back To Me": Paulo Mendonça é um músico português radicado há largos anos na Suécia. O seu terceiro álbum "11 PM" foi o primeiro a ser editado no seu país natal e como tal, Mendonça veio a Portugal promovê-lo, dando alguns concertos e actuando em alguns programas de televisão como o "All You Need Is Love".
11. Amy Grant "Big Yellow Taxi": Com mais de quarenta anos de carreira, a cantora americana Amy Grant é considerada a rainha da pop cristã, mas também se aventurou em sonoridades mais seculares, destacando-se o dueto de 1987 com Peter Cetera "Next Time I Fall In Love" e sobretudo o seu hit global de 1991 "Baby Baby". Em 1994, Grant lançou o álbum "House Of Love" do qual foi extraído esta versão de "Big Yellow Taxi" de Joni Mitchell.
12. Joey Tempest "We Come Alive": Rolf Magnus Joakim Larsson ou Joey Tempest é sobretudo conhecido como vocalista dos Europe, que garantiram a imortalidade musical em 1986 com o incontornável "The Final Countdown". Três anos após o fim da banda, Tempest lançou em 1995 o seu primeiro álbum a solo "A Place To Call Home" que lhe permitiu explorar outras sonoridades, como o blues-rock deste "We Come Alive". Após terem reformado brevemente para um concerto na passagem de ano de 1999/2000 (que serviu de pretexto para a edição de um remix de "The Final Countdown"), os Europe reuniram-se em 2004 e continuam activos desde então.
13. Jann Arden "Could I Be Your Girl": Embora virtualmente desconhecida no resto do mundo, a canadiana Jann Arden é uma das mais populares cantoras do seu país. Este "Could I Be Your Girl" veio do seu segundo álbum "Living Under June" de 1994 mas seria o single seguinte "Insensitive" a sua canção mais conhecida para além das fronteiras do Canadá, sobretudo devido à sua inclusão no filme "Um Mundo de Rosas" com Christian Slater.
14. Blues Traveller "Run Around": Formados em 1987 em New Jersey, os Blues Traveller alcançaram o sucesso mainstream graças ao seu quarto álbum "four" de 1994, do qual foi extraído este "Run Around" que lhes daria um Grammy e que foi escrito pelo vocalista John Popper sobre um crush que tivera em tempos pela ex-baixista da banda. O videoclip da canção era reinterpretação de "O Feiticeiro De Oz" com quatro personagens simbolizando Dorothy, o Homem-Lata, o Espantalho e o Leão vão a um concerto e descobrem que a banda jovem e cool que está em palco estavam a fazer playback dos verdadeiros Blues Traveller, escondidos atrás de uma cortina.
15. Zucchero "Pane E Sale": Aparentemente foi uma professora primária que deu a Adelmo Forniciari a alcunha de Zucchero ("açúcar" em italiano), alcunha essa que adoptou como seu nome artístico para uma carreira musical que dura há cinquenta anos, com mais de sessenta milhões de discos vendidos em todo o mundo e um sem-fim de colaborações com prestigiados artistas. Este "Pane E Sale" foi retirado do seu sétimo álbum de estúdio "Spirito DiVino".
CD 2
1. Jimmy Sommerville "Hurts So Good": Depois de ter integrado os Bronski Beat e os Communards, a partir de 1989, o escocês Jimmy Sommerville iniciou uma carreira a solo com o álbum "Read My Lips". O segundo álbum, "Dare To Love", surgiu seis anos mais tarde, do qual se destacaram os singles "Heartbeat" e esta versão de "Hurts So Good". Originalmente gravado em 1971 por Katie Love & The Four Shades Of Black, a canção foi mais popularizada pela versão de 1973 de Millie Jackson. Já a versão de Sommerville invocava a versão reggae de Susan Cadogan e foi produzida por Richard Stannard e Matt Rowe que ficariam conhecidos pela produção do primeiro álbum das Spice Girls. Jimmy Sommerville continua activo na música, mesmo que o seu célebre tom castratto já não seja o que era. O seu último álbum é de 2014.
2. Wet Wet Wet "Don't Want To Forgive Me Now": Em 1994, os Wet Wet viveram o maior momento da carreira graças à sua versão de "Love Is All Around", incluída no filme "Quatro Casamentos E Um Funeral". que ficou 14 semanas no top britânico de singles. Como tal, o álbum subsequente da banda escocesa "Picture This" gerou muita expectativa. Além de incluir "Love Is All Around", o disco gerou mais dois hits, "Julia Says" e este "Don't Want To Forgive Me Now". Depois de vários hiatos e reuniões, actualmente o vocalista Marti Pellow actua a solo e os Wet Wet Wet com um novo vocalista, Kevin Simm.
3. Pedro Abrunhosa & Os Bandemónio "Tavez F...": Em 1994, Pedro Abrunhosa & Os Bandemónio alcançaram um sucesso bombástico com o álbum "Viagens", que vendeu que nem pãezinhos quentes, multiplicou concertos esgotados em todo o país e elevou Abrunhosa ao estatuto de ícone maior da música nacional. Antes de se focarem no segundo disco, foi editado um mini-álbum, "F", cujo tema principal era "Talvez Foder" que com o seu refrão provocador e contagiante (embora a letra também falasse nos demais conflitos e problemas do mundo), deixou muito português a trautear "E tu e eu o que é temos p'ra fazer? Talvez foder, talvez foder!". "F" continha quatro versões desse tema: a versão original e a versão censurada (que se ficava por um "talvez fo..."), ambas numa versão curta e noutra mais prolongada, bem como novas remisturas de "Não Posso Mais", "Socorro" e "É Preciso Ter Calma". "F" - que o meu pai comprou em cassete e chegou a tocar no carro - vinha creditado como PA&B e é também esta designação que veio nesta compilação.
4. Ultimate KAOS "Right Here": Agenciados pelo famigerado Simon Cowell, os Ultimate KAOS foram um quinteto r&b londrino que tinha como particularidade de ter vocalista principal um bem jovenzinho Haydon Eshun que só tinha nove anos quando o grupo começou e em 1995 Eshun ainda mal tinha entrado na puberdade. Este "Right Here" com uns pulsantes arranjos de rock é um dos temas mais interessantes dos Ultimate KAOS, mas os mais conhecidos serão "Some Girls" de 1994 e "Casanova" em 1997. Em 2018, Haydon Eshun fez parte do elenco da produção do West End de "Thriller - Live", dedicado à obra de Michael Jackson.
5. Black Out "Sinfonia Do Amor": Um dos primeiros projectos de soul-funk português, os Black Out tinham editado em 1995 o seu álbum homónimo de estreia, do qual o primeiro singles foi este "Sinfonia Do Amor". As duas faces mais proeminentes da banda eram o casal Beto Medina e Kika Santos. Eu cheguei a ver os Black Out ao vivo e posso dizer que Kika Santos era toda uma diva r&b em palco sem nada a dever àquelas Made in USA. Outros hits da banda foram "Sono Profundo" e "Paixão", bem como "Vá Vem" do segundo álbum "Melodia Da Noite" (1998). Mas pouco depois, Kika Santos deixou os Black Out para uma carreira a solo e integrar outros projectos. Em 2001, editou o álbum "Soul Mayor".
6. East 17 "Hold My Body Tight": Para quem não apreciava as boybands certinhas, com um visual cuidado e coreografias sincronizadas, os East 17 era a alternativa mais street e menos polida, com Brian Harvey, Tony Mortimer, Terry Coldwell e John Hendy emanando uma aura de bad boys. Muito embora o seu repertório também tivesse malhas dançáveis (como o meu tema preferido deles, "House Of Love" de 1992) ou baladas como o natalício "Stay Another Day" de 1994. Este "Hold My Body Tight" foi o último single do seu segundo álbum "Steam". Entre hiatos, recomeços e mexidas na formação da banda, os East 17 ainda continuam no activo se bem que Terry Coldwell seja o único membro original.
7. Lisa Moorish "I'm Your Man": Activa na música desde a adolescência, a britânica Lisa Moorish finalmente obteve alguma notoriedade em 1995 com os singles "Mr. Friday Night" e esta versão bem curiosa de "I'm Your Man" dos Wham! com a participação de George Michael himself. Lisa Moorish continua no activo em vários projectos e compondo para outros artistas, mas acabaria por ficar mais famosa ao dar à luz uma filha de Liam Gallagher dos Oasis, durante um relacionamento que aconteceu enquanto ele estava casado com a actriz Patsy Kensit.
8. Utah Saints "Ohio": Apesar do nome, os Utah Saints não são do estado americano do Utah mas sim da cidade very british de Leeds. Jez Willis e Tim Garbutt formam este duo de música electrónica que é creditado como pioneiro da arte de criar temas musicais a partir de várias canções pop, como é o caso dos seus temas mais conhecidos "What Can You Do For Me" de 1991 (com um sample de "There Must Be An Angel" dos Eurythmics) e "Something Good" de 1992 (com um sample de "Cloudbusting" de Kate Bush). Este "Ohio" continha três reconhecíveis samples: "Fire" dos Ohio Players (daí o título), "That's The Way I Like It" de KC & The Sunshine Band e "Somebody Else's Guy" de Jocelyn Brown. Gosto bastante do videoclip onde aparentemente 3 de Agosto de 1995 foi proclamado o Dia do Mundo Ligado e se vêem cenas aparentemente passadas em vários pontos do Mundo, reflectindo aqueles tempos em que se olhava para um futuro globalizado com optimismo.
9. Matt Goss "The Key (Joe T. Vanelli Remix)": Depois do sucesso alcançado nos finais dos anos 80 com os Bros, a par do seu irmão gémeo Luke, Matt Goss tentava agora uma carreira a solo, mas este "The Key" foi o seu único tema a obter alguma notoriedade. Em Portugal, as rádios optaram por passar sobretudo o remix de Joe T. Vanelli que estava incluído nesta colectânea. Ainda assim, Matt Goss continuou a editar discos e a actuar ao vivo. Em 2017, ele e o irmão gémeo deram alguns concertos revisitando o repertório dos Bros.
10. Boyzone "So Good": Os irlandeses Boyzone davam ainda então os primeiros passos rumo ao sucesso. Depois da versão de "Love Me For A Reason" dos Osmonds e de "Key To My Life", este "So Good" era o seu terceiro single e o respectivo videoclip foi o único em que se podia vê-los a fazer uma típica coreografia de boyband. (Os próprios foram os primeiros reconhecer que não foi uma boa ideia…) Os Boyzone foram somando mais hits nos anos seguintes, como "A Different Beat" e "No Matter What" até 1999, quando cada membro se dedicou a projectos pessoais, com Ronan Keating a ter bastante sucesso a solo. O grupo reuniu-se em 2008 para uma digressão e gravação de novos temas, mas os planos tiveram de ser travados devido à morte de Stephen Gately em 2009 em Espanha. Os quatro membros sobreviventes têm-se reunido para concertos e gravar novo material desde 2013.
11. Cardigans "Carnival": Os Cardigans ainda estavam a alguns anos dos seus maiores êxitos como "Lovefool" e "My Favourite Game", pelo que foi nesta compilação que tive contacto pela primeira vez com o repertório da banda sueca e com a doçura da voz de Nina Persson. Este "Carnival" era retirado do segundo álbum da banda, "Life", que na altura fundia as sonoridades do rock alternativo com o easy listening dos anos 60 e 70. Eu conseguia imaginar este tema na banda sonora de um filme da Nouvelle Vague francesa. Embora não editem um álbum de originais desde 2006, quando entraram em hiato, os Cardigans regressaram o activo em 2012, com Nina Persson a ter uma carreira a solo em paralelo.
12. Pulp "Common People": Durante anos a fio, os Pulp foram um dos segredos mais bem guardados do indie-rock britânico. Mas com o quinto álbum "Different Class" e o movimento da britpop, a banda finalmente atingiu o sucesso. Fundamental para o reconhecimento da banda e as enormes vendas do álbum (mais de 1300 mil cópias no Reino Unido), foi o primeiro single "Common People", uma crítica à ideia que certos membros da classe alta têm de achar piada em tentar viver como "gente comum" (ou como por cá disse uma certa senhora de férias na Comporta, "brincar aos pobrezinhos"). Segundo consta, a canção foi inspirada pelo encontro que o vocalista Jarvis Cocker teve vários anos antes com uma estudante grega que frequentava a mesma escola de artes onde Cocker então estudava cinema que lhe disse que queria mudar-se para o bairro londrino de Hackney e viver como gente comum. (Correm por aí algumas suspeitas de que essa mulher será Danae Stratou, esposa do célebre político grego Yannis Varoufakis.) Anos mais tarde, Jarvis Cocker desenvolveu esta canção sobre uma jovem abastada que pede ao narrador que lhe mostre aquilo que as pessoas comuns fazem (incluindo sexo). A crítica social aliado ao refrão pegadiço e o ritmo contagiante levou a que "Common People" chegasse ao n.º 2 do top britânico.
13. Pop Dell'Arte "My Funny Ana Lana": Um das bandas mais reverenciadas do cena alternativa portuguesa desde meados dos anos 80, os Pop Dell'Arte viveram um dos seus picos de notoriedade com o seu álbum de 1995 "Sex Symbol", de onde foi retirado este "My Funny Ana Lana". Recordo-me de uma actuação da banda no Big Show SIC, com João Peste, num acto de autoparódia, a fazer o playback com um microfone de brinquedo.
14. Donna Summer "I Feel Love (Rollo & Sister Bliss Monster Mix)": Originalmente editado em 1977, "I Feel Love" é tida como um dos primeiros temas da música de dança moderna e um dos mais emblemáticos hits da diva da disco Donna Summer. Em 1995, surgiram novas remisturas do tema, com destaque para este remix de Rollo e Sister Bliss que no ano seguinte alcançariam grande sucesso como membros dos Faithless.
15. Secret Garden "Nocturne": Esta colectânea fecha com chave de ouro com a canção vencedora do Festival da Eurovisão de 1995. Em 13 de Maio desse ano em Dublin, a Noruega vencia o certame pela segunda vez com aquela que é considerada uma das melhores e mais originais canções da Eurovisão. Isto porque "Nocturne" era quase um tema instrumental, com a letra ter apenas 26 palavras na versão original em norueguês, com Gunnhild Tvinnereim cantando uma estrofe no início da canção e outra no fim e com o resto da canção a ser conduzido pelo violino de Fionnuala Sherry. Nesta compilação, foi incluída a versão em inglês mas o link é da versão em norueguês.
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