Michael Jordan está para o basquetebol como Pelé para o futebol. Mesmo havendo um sem-fim de ilustres nomes que marcaram a história de ambos os desportos, quando acontece fazer o sempre ingrato exercício de escolher apenas um nome como o maior da respectiva modalidade, os nomes destes dois senhores costumam gerar um relativo consenso. Eu já não sou do tempo em que o senhor Edson Arantes do Nascimento maravilhou o mundo com a bola nos pés, mas felizmente sou do tempo em que o senhor Michael Jeffrey Jordan encantava tudo e todos com uma bola nas mãos.
Como a maioria das pessoas cá em Portugal, eu descobri todo o enorme talento de Michael Jordan durante o famoso mítico magazine "A Magia da NBA" que fazia parte da programação desportiva da RTP 2 nas tardes de sábado do início dos anos 90. Mesmo num período áureo da NBA (onde também pontificavam nomes como Magic Johnson, Larry Bird, Shaquille O'Neal, Charles Barkley, Scottie Pippen, Karl Malone e Pat Ewing), os pontos altos eram sem dúvida os jogos dos Chicago Bulls, com Michael Jordan frequentemente a encestar em altos voos com a camisola número 23. A sua popularidade era tal que até aqueles que não sabiam nada da NBA sabiam quem era Michael Jordan.
Em 1996, a popularidade de Jordan era tal que se justificou uma incursão no cinema, num projecto que o juntou ao universo do Looney Toons: o filme "Space Jam", realizado por Joe Pytka.
A história remonta a um acontecimento pessoal de Michael Jordan quando em 1993 chocou o mundo ao anunciar a sua retirada do basquetebol para se dedicar ao basebol, para seguir as pisadas do seu pai, praticante desse desporto. Mas cedo se verificou que de taco na mão, Jordan estava muito longe do talento que tinha como basquetebolista e em 1995, regressou à NBA e aos Chicago Bulls.
Num planeta distante, o parque de diversões Moron Mountain, gerido pelo terrível Swackhammer (voz de Danny DeVitto), está em maus lençóis financeiros e por isso, ele ordena aos seus cinco pequenos esbirros, os Nerdlucks - Pound, Bang, Bupkus, Blank e Nawt - que capturem os Looney Toons para serem as novas escravos atrações de Moron Mountain.
Apesar das suas pequenas dimensões, os Nerdlucks conseguem subjugar os Looney Toons graças às suas armas laser. No entanto, Bugs Bunny convence-os a darem uma oportunidade de eles se defenderem. Pensando que facilmente ganharão às diminutas criaturas, Bugs Bunny e os outros desafiam-no para um jogo de basquetebol.
Mas as coisas complicam-se quando os Nerdlucks roubam os talentos dos jogadores da NBA - Charles Barkley, Pat Ewing, Larry Johnson, Shawn Bradley e Muggsy Bogues - transformando-se nos Monstars, cinco terríveis monstros basquetebolistas.
Aflitos, os Looney Toons trazem Michael Jordan - que deixara o basquetebol e se encontra numa medíocre carreira no basebol - para o seu universo através de um buraco num campo de golfe onde este jogava com Larry Bird e o actor Bill Murray, para os ajudar a ganhar o jogo. Uma atlética coelhinha basquetebolista de nome Lola Bunny também surge para ajudar e desde logo deixa Bugs Bunny caidinho. Stan Podolak (Wayne Knight) o publicista de Jordan também vai parar ao universo Looney Toons para ajudar, apesar da sua falta de destreza.
No final, após muitas voltas e reviravoltas (e uma inesperada ajuda de última hora de Bill Murray), os Looney Toons vencem o jogo, os Monstars revoltam-se contra a opressão de Swackhammer e devolvem os seus talentos aos jogadores de quem os tinham roubado e Michael Jordan regressa ao basquetebol. (De referir ainda a actriz Theresa Randle no papel de Juanita, a então esposa de Michael Jordan e cameos dos actores Dan Castellanetta e Patricia Heaton.)
Apesar de algumas críticas, nomeadamente por parte de Chuck Jones, um dos maiores nomes ligados aos Looney Toons, "Space Jam" foi um sucesso de bilheteira, tornando-se um dos filmes de temática desportiva mais rentáveis de sempre, e sendo creditado por apresentar os Looney Toons a uma nova geração. Em Portugal, o lançamento do filme em vídeo teve a particularidade de ser o primeiro filme de sempre a conter a versão original e a versão dobrada em português na mesma cassete VHS (cá em casa houve uma cassete dessas). A dobragem portuguesa contou com nomes experientes nessa área como Paulo Oom, José Raposo, Carlos Freixo, André Maia, António Marques, Paulo B., Paula Fonseca e Helena Montez.
A banda sonora de "Space Jam" foi também um sucesso. Entre as músicas mais conhecidas da banda sonora estão "For You I Will" de Monica, "Fly Like An Eagle" de Seal, "Space Jam" dos Quad City DJ's e "Hit 'Em High (The Monstars Anthem)" num colaboração que juntou estrelas de rap B-Real, Busta Rhymes, Coolio, LL Cool J e Method Man. Porém o grande hit de "Space Jam" foi sem dúvida "I Believe I Can Fly", a esmagadora balada gospel de R. Kelly. O disco da banda sonora contava ainda com nomes como D'Angelo, Salt N Pepa, Barry White, Spin Doctors e Robin S.
Um segundo filme de "Space Jam" com Lebron James está previsto.
O David Martins chamou-me a atenção para este programa do "Templo dos Jogos" com uma crítica ao jogo do Space Jam para a Playstation.
Trailer:
"I Believe I Can Fly" R. Kelly
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