sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

NOW 99 (1999)

por Paulo Neto

Depois dos Jackpots e dos Polystars dos anos 80 e das colectâneas N.º 1 (com e sem Fido Dido), editadas entre 1991 e 1996, uma nova série de compilações de êxitos surgiu em 1999 e tem continuado até hoje. A série britânica de colectâneas "Now That's What I Call Music!" começou em 1983 e desde então três volumes da série são editados a cada ano (vai actualmente no volume 95, fora as edições especiais). Outros países acabaram por criar a sua versão nacional da série, começando com a África do Sul em 1984, e Portugal iniciou a sua em 1999, com o simples título "NOW", numa colaborações entre as editoras EMI, Universal e Sony Music, com os responsáveis certamente cientes de que os volumes importados da série britânica estavam a vender-se bem no nosso país.



O primeiro volume da série portuguesa NOW foi editado em Dezembro de 1999, com a denominação de "NOW 99", reunindo vários sucessos do ano de 1999 (e alguns ainda de 1998), e rapidamente tornou-se um sucesso de vendas, até porque havia uma lacuna neste tipo de compilações desde a descontinuação da série "N.º 1". Desde então, fora as edições especiais como a comemorativa dos 10 anos em 2009, têm sido editado 31 volumes da série portuguesa. Inicialmente eram editados dois volumes por ano, um por altura do Verão, outra pelo Natal, mas desde 2011 que só é editado um volume anualmente, regra geral entre Novembro e Dezembro.


Eu não comprei este primeiro volume da série pois na altura eu preferia adquirir os volumes importados da série britânica, que até ficavam mais ou menos pelo mesmo preço. No entanto, uma cópia de "NOW 99" foi uma peça importante para mim na noite da passagem de ano de 1999 para 2000, que a minha família passou numa quinta de um amigo do meu pai e onde acabei por ser o DJ da festa, já que pus a tocar várias das 37 músicas aqui incluídas.
Assim sendo, vamos analisar cada uma das canções:


CD1

1. "...Baby One More Time" Britney Spears: E começamos logo com aquele que foi sem dúvida o grande hit do ano de 1999. Pois foi neste ano que Britney Spears afirmou-se como a grande popstar dos primórdios do século XXI. Na altura com apenas 17 anos, Spears fez sucesso com este clássico pop que ficou para sempre gravado na jukebox mental de toda a gente e o single vendeu dez milhões de cópias em todo o mundo. O respectivo álbum com o mesmo nome vendeu também aos milhões e single seguintes "Sometimes" e "(You Drive Me) Crazy" cimentaram a ascensão fulgurante de Britney Spears. E isto era só o começo de um percurso cheio de altos e baixos mas sempre cheio de notoriedade para Spears. Igualmente lendário era o videoclip, onde Britney Spears aparecia vestida de colegial, dando azo a várias fantasias libidionas na mente de muitos jovens (e até menos jovens).
"...Baby One More Time" marcou também a ascensão do sueco Martin Sandberg, mais conhecido como Max Martin, como o grande guru da produção e composição de música pop que é hoje. Martin tinha composto o tema para as TLC que o rejeitaram, acabando por ser Britney a gravar a versão definitiva. E o resto foi história.
2. "Livin' La Vida Loca" Ricky Martin: A cena musical de 1999 foi também marcada pela revolução latina, onde a música pop latino-americana acabou por fazer sucesso em mercados onde ainda não tinha chegado. Os dois cantores tidos como os líderes da revolução eram dois nomes já conhecidos de Portugal há algum tempo mas até então relativamente desconhecidos fora dos países latinos. Um deles era o porto-riquenho Ricky Martin que já tinha tido sucessos internacionais como "1, 2, 3, Maria" e "La Copa De La Vida". Mas foi com o seu primeiro álbum a solo em inglês (que continha um dueto com Madonna) que Ricky Martin conquistou o mundo, sobretudo com um single tão irresistível como "Livin' La Vida Loca", que chegou ao 1.º lugar de tudo o que era top. Agora até dá para rir por razões óbvias, mas na altura um Ricky Martin em frenéticos movimentos de ancas estava para as fantasias femininas como uma Britney Spears colegial estava para as masculinas.
3. "Boom, Boom, Boom, Boom!" Vengaboys: Os Vengaboys eram daquelas ideias tão pirosas e kitsch que só podiam mesmo dar certo. Na sua essência tratava-se basicamente de um projecto eurodance criados por dois produtores holandeses, mas quem dava a cara pelo grupo eram quatro vocalistas que formavam uma espécie de Village People mistos, cada um assumindo uma personagem com roupa a condizer: a tropa (Kim Sasabone, de origem brasileira), o cowboy (Roy den Burger), a disco-girl (Denise Post-van Rijswijk) e o marinheiro (Robin Pors). Com esta formação, o grupo obteve vários hits internacionais entre 1998 e 2000, como "Up & Down" ou "We Like To Party", mas este "Boom, Boom, Boom, Boom!" foi o maior deles, uma super-básica mas apelativa malha eurodance perfeita para animar tudo o que era festa de verão nos idos de 1999. Recordo-me que o meu irmão contou-me que cantava-se então na escola dele uma versão alternativa e gastronómica que era assim: "Boom, boom, boom, boom,/ Batatas com atum/ Ketchup e maionese/ É o que me apetece." Embora sem o sucesso de outrora e com alguns hiatos e mudanças na formação, os Vengaboys continuam no activo editando novo material e actuando ao vivo um pouco por todo o mundo.   
4. "That Don't Impress Me Much" Shania Twain: Era uma vez uma cantora country, com dois álbuns bem recebidos por público e crítica do género, casada com um famoso produtor de bandas rock, quer alcançar o sucesso noutros mercados, mas sem alienar os fãs de country. Seria possível agradar a gregos e troianos? Sim, porque a cantora chamava-se Shania Twain e o marido Robert "Mutt" Lange. Para o seu terceiro álbum, "Come On Over" Twain e Lange pretendiam quebrar as barreiras do country convencional. Mas após a edição original de 1997, em 1998 foi editada a versão internacional do álbum onde a maioria das canções foram re-gravadas numa sonoridade mais pop, o que permitiu a Shania Twain entrar noutros mercados, nomeadamente na Europa. A canadiana já tinha tido alguns sucessos internacionais com as baladas "You're Still The One" e "From This Moment One", mas foi com a nova versão de "That Don't Impress Me Much" em 1999 que Shania Twain afirmou-se como uma estrela global. O tema era um perfeito exemplo da aposta de Twain em dar uma na cravo e outra na ferradura, havendo uma versão country e uma versão dançável que foi a que fez sucesso na Europa e é a que foi incluída neste CD. Ficou para a história da letra em que Shania Twain recusa pretendentes sabichões, vaidosos ("OK, so you're Brad Pitt!") ou obcecados pelo seu carro e ainda mais inesquecível foi o vídeo com Twain no deserto num sensual fato com estampado de leopardo a rejeitar a boleia dos garbosos viajantes que ela encontra pelo caminho. O sucesso foi tal que o álbum vendeu 40 milhões de cópias em todo o mundo e é o sexto álbum mais vendido de sempre nos Estados Unidos. Shania Twain e Robert Lange pareciam então ser a parceria perfeita quer a nível matrimonial, quer profissional até que o casamento de ambos acabou em cenas dignas de telenovela em 2008.
5. "I Want It That Way" Backstreet Boys: Os Backstreet Boys já faziam sucesso há algum tempo e eram então indiscutivelmente a maior boy band do mundo (os NSync só vieram fazer-lhes sombra no ano seguinte) mas em 1999 atingiram outro patamar com o terceiro álbum "Millenium", cujo primeiro single "I Want It That Way" a escalar ao topo de tudo o que era top de vendas (é o único single a ser n.º 1 no Reino Unido) e tornando-se rapidamente o seu maior sucesso comercial. Mais uma daquelas canções do ano de 1999 que ficaram gravadas na mente de todos, mesmo se a letra não fazia muito sentido, nomeadamente no que respeito ao título. Kevin Richardson, um dos membros da banda, justificou-se com o facto do inglês não ser a língua materna do autor da canção, o já referido sueco Max Martin.
6. "When You Say Nothing At All" Ronan Keating: Originalmente gravada pelo cantor country Keith Whitley em 1988, depois versionada por Allison Krauss em 1995, a versão mais popular de "When You Say Nothing At All" surgiu em 1999 na voz do irlandês Ronan Keating, naquele que foi o seu primeiro single a solo. O tema fez parte da banda sonora de um dos maiores filmes do ano "Notting Hill" e ajudou a lançar a carreira a solo de Keating após o fim dos Boyzone. Gosto sobretudo do solo com instrumentos irlandeses (não sei dizer quais) a meio da canção. Agora uma confidência: foi esta música que eu cantei em 2009 no casting para o concurso "Atreve-te A Cantar", apresentado por Bábara Guimarães. (Não, não fui seleccionado.)
7. "How Will I Know (Who You Are)" Jessica: Depois de fazer coros para os Ace Of Base e Dr. Alban, a sueca Jessica Folcker iniciou em 1998 uma carreira em nome próprio que mantém até hoje, do qual a balada "How Will I Know (Who You Are)" continua a ser o seu tema mais conhecido fora da Suécia. Jessica foi mais uma artista que na altura estava sob a alçada das criações do já referido Max Martin. Aliás, o seu primeiro single "Tell Me What You Like" soa como um rascunho de "...Baby One More Time". (Pesquisem para confirmar.)
8. "Lullaby" Shawn Mullins: Embora esta compilação pretendesse reunir os hits do ano de 1999, algumas canções do ano anterior também acabaram por ir cá parar. Em 1998, o cantor e compositor de folk-rock Shawn Mullins teve o seu hit mainstream com "Lullaby" do seu álbum "Soul's Core", cujo vídeo tinha a participação da actriz Dominique Swain que protagonizou a remake de 1997 de "Lolita". Mais preocupado em fazer a música que quer do que em perseguir o sucesso de "Lullaby", Shawn Mullins continua na sua discreta mas bem activa carreira musical.
9. "Sing It Back (Boris Dlugosch remix)" Moloko: Há canções que ganham toda uma nova vida graças a uma remistura de dança, e as três canções seguintes são o exemplo disso. Reza a lenda que durante uma festa em Sheffield, a irlandesa Roisin (pronuncia-se "rosheen") Murphy chegou ao pé de Mark Brydon e perguntou-lhe se ele gostava da camisola justa que ela trazia vestida. Foi o início de uma relação amorosa e musical em que os dois formaram o duo de pop alternativo Moloko (o nome da bebida alucinogénea referida no livro "A Laranja Mecânica"). Originalmente, "Sing It Back" era uma faixa drum & bass perdida por entre o segundo álbum da dupla até que o DJ alemão Boris Dlugosch pegou nela e transformou-a num sucesso que arrasou nas pistas de dança e projectou os Moloko para notoriedade. A dupla continuou até 2003, quando Brydon e Murphy terminaram a relação. Roisin Murphy prosseguiu depois numa bem-recebida carreira a solo.
10. "Sun Is Shining" Bob Marley vs. Funkstar Deluxe: De vez em quando, há quem pegue no repertório de uma defunta glória musical para um remix para girar nas discotecas (enquanto a dita glória provavelmente também gira no túmulo). Em 1999, o DJ dinamarquês Martin Ottesen aka Funkstar Deluxe pegou em "Sun Is Shining", originalmente gravado por Bob Marley & The Wailers em 1971, tema relativamente desconhecido enquanto Marley era vivo, para um remistura de dança que não tardou a arrasar nas pistas de dança. Foi a primeira vez que os herdeiros de Marley autorizaram um remix de uma das suas músicas. Em 2000, Funkstar Deluxe fez outro remix de outro tema de Bob Marley, "Rainbow Country", bem como de outros artistas como Barry White e Grace Jones.  
11. "September 99 (Phats & Small remix)" Earth, Wind & Fire: Continuamos com remisturas e outra vez de uma música dos anos 70. "September" foi originalmente gravada em 1978 pelo lendário e numeroso agrupamento Earth, Wind & Fire. Em 1999, para promover uma colectânea de êxitos para o mercado europeu, "Ultimate Collection", além de reunir no disco os grandos sucessos da banda, foi lançada uma versão de "September" remisturada pela dupla britânica Phats & Small, que nessa altura fazia sucesso nas pistas de dança com temas como "Turn Around" e "Feel Good", apresentando o tema a uma nova geração. Aliás eu não conhecia na altura o original e do repertório dos EW&F só conhecia o incontornável "Boogie Wonderland" e pouco mais. Por incrível que pareça, os Earth Wind & Fire ainda estão no activo ao fim de quase cinco décadas, gravando discos e actuando ao vivo. O último disco de originais data de 2014.  
12. "Miami" Will Smith: Na altura Will Smith estava no pico da sua carreira tanto como artista musical como actor de cinema. O seu primeiro álbum a solo "Big Willie Style" foi um enorme sucesso com hits como "Gettin' Jiggy Wit It", "Just The Two Of Us" e este "Miami", enquanto no grande ecrã estrelava em blockbusters como "O Dia da Independência", "Men In Black" e "Inimigo do Estado". Mas nesse ano de 1999, Smith protagonizou um dos maiores flops do ano "Wild Wild West" e se calhar é por isso que o tema desse filme, que foi mais um hit internacional apesar do fracasso do filme, não está incluído neste disco, tendo-se optado por "Miami", um single de 1998, onde Smith presta homenagem à famosérrima cidade do estado da Flórida. "Miami" continha um sample do tema de 1980 "The Beat Goes On" dos The Whispers, e o vídeo tinha a participação da actriz Eva Mendes, que viria a contracenar com Will Smith em "Hitch - A Cura Para O Homem Comum".
13. "Outside" George Michael: Em Abril de 1998, George Michael foi preso em Beverly Hills por ter-se insinuado a um polícia à paisana numa casa de banho pública, tendo sido condenado a uma multa e 80 horas de serviço comunitário e levado o cantor a confirmar a sua homossexualidade. O escândalo podia significar o fim da carreira do ex-Wham mas George Michael deu a volta por cima. Meses mais tarde para promover o álbum de best of da sua carreira a solo, decidiu usar o vídeo de "Outside", um dos temas inéditos do disco, para parodiar o incidente, criando uma Los Angeles distópica em que pessoas apanhadas em vários actos afectivos e/ou sexuais em público são detectadas por helicópteros e videovigilância e detidas por polícias.
14. "Bailamos" Enrique Iglesias: O terceiro filho de Julio Iglesias já era um ídolo desde 1995 em Espanha, Portugal, Itália e América Latina, quando iniciou a sua carreira, mas tal como Ricky Martin, foi promovido a estrela global em 1999 graças à vaga de artistas latinos que conquistaram novos públicos a cantar em inglês. Outro tema da banda sonora de "Wild Wild West", "Bailamos", escrito e produzido pela mesma equipa que criou o megahit "Believe" para Cher, foi n.º 1 nos Estados Unidos e Espanha.
15. "Mi Chico Latino" Geri Halliwell: A ex Ginger Spice Geri Halliwell lançou em 1999 o seu primeiro álbum a solo, do qual o segundo single foi "Mi Chico Latino" que incluía algumas passagens em castelhano, em homenagem à sua mãe que era de origem espanhola. O tema bem solarengo e alegre encaixou perfeitamente na vaga latina do verão de 1999 e deu a Halliwell o seu primeiro n.º 1 a solo no top britânico. Embora aparecesse bastante sensual no videoclip com um biquini preto, Geri Halliwell revelou mais tarde que na altura lutava contra episódios de bulimia.
16. "Doo Dah" Cartoons: Se os Vengaboys já eram uma ideia bem kitsch, os Cartoons era uma ideia super louca: era um colectivo dinamarquês que fazia versões euro-dance de antigos êxitos de rockabilly, em que os seis membros da banda actuavam como se fossem desenhos animados de carne e osso, com roupas e cabeleiras extravagantes. Os Cartoons tiveram dois hits internacionais em 1999: "Witchdoctor" um original de 1958 de Ross Bagdasarian e este "Doo Dah", uma adaptação de uma cantilena do cancioneiro americano do século XIX "Camptown Races", que foi usada numa campanha da McDonald's. O projecto Cartoons durou até 2001, com um breve ressurgimento em 2005, tendo vendido dois milhões de discos em todo o mundo. Segundo a Wikipedia, um dos elemento femininos do grupo, Karina "Boop" Jensen, faleceu a 16 de Julho deste ano, vítima de cancro da mama.
17. "You Needed Me" Boyzone: Já falamos dele a solo, agora temos de novo Ronan Keating com os Boyzone. Um dos temas inéditos do álbum best of "By Request" do quinteto irlandês, "You Needed Me" foi originalmente gravado pela cantora canadiana Anne Murray em 1978 tendo sido n.º 1 nos Estados Unidos. A versão dos Boyzone foi por sua vez n.º 1 no Reino Unido e Irlanda. Os Boyzone terminariam no ano 2000, para os membros se dedicarem aos respectivos projectos a solo, tendo-se reunido em 2008 para uma digressão e gravação de novos temas, até que a morte de Stephen Gately em 2009 interrompeu os planos de uma segunda vida do grupo.
18. "The Ex Factor" Lauryn Hill: Em 1998, a parcela feminina dos Fugees não podia estar mais em alta. O seu primeiro álbum a solo "The Miseducation of Lauryn Hill" foi um sucesso de vendas, granjeou os maiores elogios da crítica e recebeu uma saraivada de prémios. Parecia o início de uma carreira a solo que elevaria Hill como uma das grandes cantoras e compositoras da sua geração. Porém pouco tempo depois, Lauryn Hill decidiu retirar-se da vida pública, desiludida com a fama e a indústria musical, e desde então só editou um álbum MTV Unplugged. Ela ainda hoje vai actuando e compondo (e tendo filhos, num total de seis) mas nunca mais quis regressar aos discos e à ribalta. Inclusivamente em 2013 cumpriu três meses de prisão por evasão fiscal.
Este "Ex-Factor" foi o segundo single do seu único álbum a solo e diz-se que é sobre a sua relação com Wyclef Jean dos Fugees, com quem teve um caso secreto.
19. "Strange Foreign Beauty" Michael Learns To Rock: A banda dinamarquesa Michael Learns To Rock foi formada em 1988 e desde então vendeu mais de 11 milhões de discos, a maioria deles na Ásia. Em 1995, uma das suas canções "That's Why You Go Away" obteve alguma rotação nas rádios portuguesas. Talvez por causa disso, em 1999 vieram cá a Portugal promover extensivamente o seu álbum best of "MLTR", dando alguns concertos e aparecido em vários programas como "A Roda dos Milhões", "Big Show SIC" e "Top+". Como tal, este "Strange Foreign Beauty" passou bastante nas rádios nacionais e chegou até esta colectânea. Mesmo reduzidos de quarteto para trio desde 2000, os Michael Learns To Rock continuam no activo e são ainda muito populares no seu país e na Ásia. Por exemplo, foram a primeira banda estrangeira a tocar no Cambodja em 2005.

CD2
1. "If You Had My Love" Jennifer Lopez: Hoje por hoje ela é mais uma cantora que vai fazendo alguns filmes mas em 1999, Jennifer Lopez era "outra actriz que queria ser cantora". Convém não esquecer que Lopez na altura até tinha uma respeitável carreira na representação, tendo sido nomeada para um Globo de Ouro pelo seu papel em "Selena", tinha filmado com Oliver Stone ("U-Turn") e Francis Ford Coppola ("Jack") e foi muito elogiada no seu desempenho em "Romance Perigoso" ao lado de George Clooney. Mas tendo começado no teatro musical, Lopez também sempre aspirou a uma carreira musical e nesse ano, editou o seu primeiro álbum "On The 6", e o primeiro single "If You Had My Love" foi um sucesso imediato. O respectivo videoclip continua a ser um dos mais recordados, num mundo onde era possível vigiar J.Lo em sua casa através da internet.
2. "Summer Son" Texas: A banda escocesa Texas (que retirou o seu nome do filme "Paris, Texas") teve o seu auge em 1997 com a edição do seu quarto álbum "White On Blonde" que foi campeão de vendas e produziu hits como "Say What You Want" e "Black Eyed Boy". Em 1999, a banda liderada por Sharleen Spiteri cumpria a ingrata tarefa de continuar o êxito com o álbum "The Hush". "In Our Lifetime" foi o primeiro single e fez parte da banda sonora de "Notting Hill", mas o grande sucesso desse álbum foi "Summer Son", que com a sua batida frenética e atmosfera solarenga, foi perfeita para o verão quente de 1999. O respectivo e bizarro videoclip, com Sharleen a rebolar na cama com um homem que esporadicamente se transforma num sol é um dos mais famosos do grupo. Os Texas continuaram no activo em 2008. Desde esse hiato, Sharleen Spitteri tem enveredado por uma carreira a solo.
3. "All Star" Smash Mouth: A banda californiana Smash Mouth tinha alcançado a notoriedade em 1997 graças a hits como "Walkin' On The Sun", mas foi em 1999 que editaram aquela que se tornaria a sua canção mais famosa, "All Star". Inicialmente, o tema foi escrito para o filme "Mystery Men", uma paródia aos filmes de super-heróis com Ben Stiller, Greg Kinnear, William H. Macy e Jeaneane Garofalo, mas que foi um fracasso de bilheteira. Contudo seria a inclusão de "All Star" noutro filme que transformou o tema num clássico: o primeiro filme do "Shrek" (2001).
4. "Canned Heat" Jamiroquai: Tal como os Texas, os Jamiroquai vinham de um álbum de grande sucesso, "Travelling Without Moving" de 1996, que continha os hits "Virtual Insanity" e "Cosmic Girl" e pretendiam continuar a maré alta com álbum "Synchronized" em 1999. O primeiro single, "Canned Heat", com influências do funk e do disco, rapidamente tornou-se outro dos temas mais populares da banda.
5. "Erase/Rewind" Cardigans: Os suecos Cardigans tinham-nos habituado a canções melancólicas e fofinhas como "Carnival" e o megahit "Lovefool". Por isso foi um choque quando o álbum de 1998 "Gran Turismo" marcou uma mudança de rumo para sonoridades e temas mais obscuros e até a voz angelical de Nina Persson parecia soar mais tétrica. Daí que este "Erase / Rewind", sobre o direito de uma pessoa a mudar de opinião, fosse um dos temas menos pesados do álbum, tendo também sido incluído no filme "Nunca Fui Beijada" com Drew Barrymore.
6. "You Get What You Give" New Radicals: Depois de vários anos a tentar singrar na música, Gregg Alexander finalmente alcançou o sucesso com os New Radicals, que na verdade era mais um projecto individual com a ajuda de amigos e alguns músicos recrutados para as gravações do que uma banda, com mais uma das canções mais marcantes de 1999, "You Get What You Give". Desde Alexander a fazer tudo para soar igual a Mick Jagger (quando ouvi a canção pela primeira vez, pensava que era dos Rolling Stones), à letra onde ele ameaçava dar um chuto no rabo de gente como Beck, Courtney Love e Marilyn Manson ao videoclip onde jovens se revoltavam num centro comercial e aprisionavam adultos engravatados, tudo no tema era épico. Por cá ainda se ouviu o single seguinte "Someday We'll Know" mas quiçá satisfeito por ter conquistado o sucesso, Gregg Alexander arrumou o projecto New Radicals na gaveta e tem desde então trabalhado como compositor, tendo escrito canções para nomes como Ronan Keating, Enrique Iglesias, as Spice Girls Melanie C e Geri Halliwell, Rod Stewart e Carlos Santana. Em 2014, foi nomeado para o Óscar de Melhor Canção como autor do tema "Lost Stars" do filme "Num Outro Tom".  
7. "Thursday's Child" David Bowie: Despedimo-nos do grande David Bowie no início deste ano, mas em 1999, ele ainda era um cinquentão que estava aí para as curvas. Nesse ano, Bowie editava o álbum "The Hours", cujo primeiro single foi este "Thursday's Child", um tema bastante introspectivo e sem dúvida dos mais acessíveis de entre a fase final da sua carreira, marcada por sonoridades mais experimentalistas.
8. "Sweetest Thing" U2: Reza a história que Bono Vox escreveu "The Sweetest Thing" como pedido de desculpa à sua esposa Ali Hewson por não estar presente no aniversário dela, quando a banda estava a gravar o mítico álbum "The Joshua Tree". A canção foi gravada em 1987 e foi o lado B de "Where The Streets Have No Name". Em 1998, por ocasião do lançamento de uma compilação com os êxitos dos U2 de 1980 a 1990, o tema foi regravado para promover o disco. 
9. "You'll Follow Me Down" Skunk Anansie: Portugal foi um dos países onde a banda rock britânica Skunk Anansie obteve mais sucesso e estes também há muito que retribuem a paixão pelo nosso país, e cada novo disco implica sempre uma passagem obrigatória por cá. A banda liderada pela carismática Deborah Ann Dyer, mais conhecida como Skin, teve um período particularmente áureo em 1999 com o terceiro álbum "Post Orgasmic Chill" que foi dupla platina em Portugal (até o meu pai comprou um exemplar!) que continha temas esmagadores como "Charlie Big Potato", "Secretly", "Lately" e a fechar o ciclo, a balada sing-along "You'll Follow Me Down". 
10. "Promises" Cranberries: Os Cranberries são outra banda dos anos 90 que ainda hoje é bem recebida por cá. Os tempos do megasucesso de meados da década com hits como "Linger" e "Zombie" já estava para trás, mas a banda irlandesa continuava em força em 1999 com o quarto álbum "Bury The Hatchett", do qual "Promises" foi o primeiro single.
11. "She's In Fashion" Suede: Os Suede eram outra banda que vinham de um álbum de enorme sucesso, "Coming Up" de 1996, e que agora tinham a dura tarefa de continuar na onda com o álbum seguinte. "Head Music" não teve tanto êxito como o predecessor mas tinha os seus momentos agradáveis como "She's In Fashion", o tema mais conhecido deste álbum.
12. "The Rockefeller Skank" Fatboy Slim: Depois de ter integrado os Housemartins nos anos 80, Norman Cook desdobrou-se em vários projectos e avatares na primeira metade dos anos 90 (Beats International, Freak Power, Pizzaman, Mighty Dub Catz) até se afirmar como produtor topo de música de dança sob o pseudónimo Fatboy Slim. "The Rockefeller Skank" de 1998 foi o seu primeiro single sobre este alias e cedo os versos "right about now, the funk soul brotha, check it out now, the funk soul brotha" bem como aquele acelerar a meio, quase como num arrancar de mota, tornaram-se inesquecível. No entanto, e apesar de "The Rockefeller Skank" ter sido utilizado como o tema principal do jogo FIFA 1999, creio que faria mais sentido incluir outros temas de Fatboy Slim que saíram em 1999 como "Praise You" e "Right Here Right Now". 
13. "Hey Boy, Hey Girl" Chemical Brothers: Não sendo irmãos de sangue,Tom Rowlands e Ed Simons já tinham mostrado o resultado da química da sua irmandade profissional para a música electrónica com hits como "Block Rockin' Beats". 1999 foi o ano do seu terceiro álbum "Surrender" do qual o primeiro single "Hey Boy Hey Girl" tornou-se rapidamente um dos temas mais populares da dupla.
14. "Coffee And TV" Blur: 1999 viu também um novo álbum dos Blur, simplesmente intitulado "13", o número de faixas contidas no disco. Para o segundo single "Coffee & TV", Damon Albarn cedeu o microfone ao baixista Graham Coxon, até porque a letra era bastante pessoal para este. O videoclip foi um dos mais divertidos da banda, com a história de pacote de leite animado com uma foto com uma foto de Coxon, dado como desparecido, à procura dele pelas ruas de Londres. 
15. "All About The Money" Meja: Outro tema de 1998 que veio parar ao "NOW 99". A sueca Meja Beckman começou a sua carreira no grupo The Legacy Of Sound até enveredar por uma carreira a solo em 1996. Em 1998, obteve um inesperado hit internacional com "All About The Money", uma canção sobre os efeitos nefastos do materialismo. O outro êxito internacional de Meja foi um dueto com Ricky Martin em 2000, "Private Emotion". Meja continua no activo, sendo ainda popular na Escadinávia e no Japão.  
16. "A Good Sign" Emilia: Filha de pai etíope e mãe sueca, Emilia Mitiku teve um hit mundial no início de 1999 com "Big Big World". Quem não se recorda do refrão "I'm a big, big girl,/ In a big, big world,/ It's not a big, big thing/ If you leave me"? Este "A Good Sign" foi o single seguinte. Embora nunca mais tivesse sequer aproximado do sucesso do seu single de estreia, Emilia continua sempre activa na sua carreira. Em 2009, tentou representar a Suécia no Festival da Eurovisão, ficando em nono lugar na pré-selecção nacional. 
17. "Fossanova" Belle Chase Hotel: E chegámos às duas faixas nacionais do disco. Depois do sucesso dos Silence 4 em 1998, cantar em inglês deixou de ser um estigma para as bandas portuguesas e muitos outros projectos nacionais na língua de Shakespeare também alcançaram grande notoriedade. Um deles foram os Belle Chase Hotel, grupo de Coimbra liderado por JP Simões (sempre adorei esta designação, parece o nome de uma firma tipo "JP Simões - Reparações de electrodomésticos - fazemos orçamentos grátis") e que cativou com a sua sonoridade ao mesmo tempo retro e actual. O tema mais conhecido do primeiro álbum é "Sunset Boulevard" mas neste disco optou-se por incluir a faixa que deu nome ao álbum. 
18. "My Wonder Moon" Hands On Approach: E fechamos com chave de ouro com um dos hits nacionais do ano e uma canção que, dezassete anos depois, ainda ouço com bastante alegria. Beneficiando do efeito Silence 4, os Hands On Approach conquistaram tudo e todos com o seu primero single "My Wonder Moon", o que fez com que em 1999 a banda de Setúbal fosse uma das mais requisitadas para concertos pelo país fora. Ouvir "My Wonder Moon" faz-me sem dúvida recuar até ao ano de 1999, à minha primeira Queima das Fitas em Coimbra, ao logótipo humano de candidatura do Euro 2004 no Estádio do Jamor e a um Portugal e a um Paulo que agora parecem tão distantes que até dá para duvidar se existiram mesmo. (Mas eu sei que sim.) Os Hands On Approach também continuam até hoje, não muito prolíficos em termos de material editado, mas ainda somando uns êxitos ocasionais. 

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