Nada como quebrar as regras de vez em quando. Não se preocupem, não atravessei a estrada foram da passadeira. Vim, qual membro de uma seita trazer a boa nova ás vossas portas - virtuais: a pequena maravilha dos anos 80 que é o filme de 2015 "Kung Fury". Toda a gente menos eu cresceu nos anos 80 a devorar filmes de porrada e tiros em VHS e no cinema e a gastar os polegares nas máquinas de jogos: para vós, esta curta-metragem será o verdadeiro Cálice Sagrado. E para quem é fã da extravagância dessa década também. Fiquem agora com o texto que publiquei no meu blog de cinema: CINE31 - Kung Fury (2015)
Durante uns tempos foi a coisa mais antecipada por este que escreve. Naturalmente depois foi abafado no vórtice de trailers e boatos costumeiros das novidades de cinema. Até que já perto da data de estreia voltou às atenções - não do público em massa, mais entretidos com car porn e super-heróis - em grande estilo, um videoclip cantado e protagonizado por uma das criaturas que é a incorporação dos anos 80: David "Michael Knight" Hasselhoff (para os menos velhos, o Mitch das Marés Vivas. Para os putos, o júri do "America's Got Talent"). E só depois da estreia os sites mainstream descobriram esta tresloucada aventura, que recorda a bizarrice dos filmes e jogos de acção dos anos 80, mas elevando o nível até à estratosfera, não cometendo o erro de reverenciar tanto a fonte como alguns filmes que não passam de cópias aguadas com melhores efeitos. Neste pot-pourri há doses generosas de artes marciais - mais próximas dos clássicos jogos de luta das arcadas - clichés de filmes policiais e buddy movies, vikings com pouca roupa (Barbarianna merecia mais screentime), deuses nórdicos gigantescos, dinossauros, viagens no tempo e o alemåo mais odiado de toda a eternidade: não a Angela Merkl, mas o próprio Kung Fhürer: Adolf Hitler e a sua horda de nazis. Mas O que mais se pode querer? Um plot sem buracos, desenvolvimento de personagens? Mas se procuram diversão este é o vosso filme. Onde mais vão ver uma longa sequência a que só falta as barras de energia para sair directamente de um beat'em up como o Double Dragon?
Em suma, os anos 80, como nunca foram.
O meu maior receio era que apesar do conceito de paródia em anabolizantes ser atraente, que meia dúzia de moneyshots não fossem o suficiente para manter a coerência e interesse numa curta de 30 minutos. Mas não há motivo para preocupações. Sem sequências de encher chouriço, indo directo ao assunto o filme cumpre com distinção o objectivo a que se propôs.
Só nos primeiros 5 minutos já ri feito parvo mais vezes que em muitos filmes inteiros, a inventividade e sentido de humor desta comédia de acção insana - over-the-top é pouco - faz desejar uma versão mais longa.
De poucos em poucos segundas tinha vontade de voltar atrás e tirar um screenshot ou criar um gif animado do que via no ecrã em toda a sua glória chunga e épica. David Sandberg, o sueco dos sete instrumentos ao leme do projecto - financiado por fãs - que realizou, escreveu e protagonizou está de parabéns. Atirem-lhe dinheiro para ele fazer a versão longa-metragem para inevitavelmente nos podermos queixar que afinal a curta era muito melhor.
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