Costuma-se dizer que só se aprecia algo quando o perdemos. Não que seja uma questão existencial, e apesar de eu não pertencer ao público alvo, os livros da Anita fazem parte da minha infância, na estante aqui de casa ou na das amigas da minha irmã.( Não tenho vergonha de dizer que li um ou outro - apesar de já ser um pouco velho na altura - mas fartava-me de ler colecções de mistério e aventura mais "cor de rosa". Ler é um vício, e quando já não havia mais livros do "Hitchcock" (na realidade o escritor foi Robert Arthur) na biblioteca Gulbenkian cá da terra, marchavam a Filipa (a "Lili" de Marguerite Thiébold) ou a Nancy ("Os Inquéritos de Nancy", a famosa Nancy Drew de Carolyn Keene ).
Muitas raparigas os receberam, e recebem, nos aniversários ou Natal. Mas em mais um efeito da normalização global, o portuguesíssimo "Anita" foi substituído pelo internacional "Martine", aliás o nome original da jovem rapariga a que tudo acontecia, desde festas de anos a ir ás compras, a ser mamã ou dona de casa prematuramente.
É estranho que tantas décadas depois, esta nova editora (Zero a Oito) decida mudar um nome tão enraizado em várias gerações de portugueses; como aconteceu recentemente aos pobres Estrumpfes que passaram a Smurfs para a nova geração de fãs, à boleia do filme em live action. Provavelmente decisão da corporação internacional...
Além do nome aportuguesado, muitos outros países baptizaram a jovem Martine: por exemplo, a Anita para os nuestros hermanos é "Martita", "Debbie" nos EUA, "Cristina" na Itália, ou "Mimmi" na Suécia, entre outros.
Além do nome aportuguesado, muitos outros países baptizaram a jovem Martine: por exemplo, a Anita para os nuestros hermanos é "Martita", "Debbie" nos EUA, "Cristina" na Itália, ou "Mimmi" na Suécia, entre outros.
Mas independentemente dos títulos, é de esperar que daqui a algumas décadas os volumes da colecção continuem a preencher as prateleiras de jovenzinhas, talvez quem sabe novamente com o nome português tradicional.
A personagem título dos livros foi criada em 1954, pela dupla belga Marcel Marlier (1930-2011) - o ilustrador - e Gilbert Delahaye (1923-1997), o escritor. A saga das aventuras quotidianas de Anita e amigos, acompanhados pelo cão Pantufa (Patapouf) começou com o "Martine à la ferme" (Anita na Quinta) (1954) e terminou (por agora?) com o 60º livro em 2010: "Martine et le prince mystérieux" (Anita e o Príncipe Misterioso - nada a ver com as bruxarias do Harry Potter, imagino). Desde 1997, devido ao falecimento de Delahaye a escrita esteve a cargo de Jean-Louis Marlier - filho de Marcel Marlier, até à morte deste último no ano 2010. As peripécias de Anita chegaram a Portugal em 1966, publicadas pela Editorial Verbo.
Gostava de destacar algumas paródias que de tempo a tempo surgem na Internet, capazes de destruir infâncias, como...Anita embebeda-se, etc... E só vou por aqui os mais suaves:
Existe há quase uma década uma série de sites estilo "Martine Cover Generator", gostava de saber se existe versão automática portuguesa. Pensando melhor, com a mudança de nome, os portugueses também podem usá-los. Sugestões para quem perceber francês: "Top 30 des détournements de « Martine », la parodie qui ne vieillit pas".
A personagem título dos livros foi criada em 1954, pela dupla belga Marcel Marlier (1930-2011) - o ilustrador - e Gilbert Delahaye (1923-1997), o escritor. A saga das aventuras quotidianas de Anita e amigos, acompanhados pelo cão Pantufa (Patapouf) começou com o "Martine à la ferme" (Anita na Quinta) (1954) e terminou (por agora?) com o 60º livro em 2010: "Martine et le prince mystérieux" (Anita e o Príncipe Misterioso - nada a ver com as bruxarias do Harry Potter, imagino). Desde 1997, devido ao falecimento de Delahaye a escrita esteve a cargo de Jean-Louis Marlier - filho de Marcel Marlier, até à morte deste último no ano 2010. As peripécias de Anita chegaram a Portugal em 1966, publicadas pela Editorial Verbo.
Para minha surpresa, descobri hoje que em 2012 foi lançada uma série animada em computador ("Martine") e dois videojogos.
Algumas imagens do volume que encontrei aqui em casa, "Anita na Escola de Vela" ("Martine fait de la voile" de 1979) edição portuguesa de 1989, tinha a minha irmã 7 aninhos:
Como disse antes, passei os olhos em alguns exemplares dos livros há muitos anos, e a impressão com que fiquei é que boa parte do encanto da colecção, alem das deliciosas e características pinturas que ilustram a prosa, é o seu didactismo tão tradicional e antiquado, que imagino cause repulsão nos extremistas do politicamente correcto, com os argumentos de uma visão limitada do papel de uma criança, futura mulher, na sociedade. Ou talvez esteja a exagerar, sobre um livro infantil, porque até não encontrei online as habituais críticas anacrónicas de que são alvo por exemplo os livros de Enid Blyton.Algumas imagens do volume que encontrei aqui em casa, "Anita na Escola de Vela" ("Martine fait de la voile" de 1979) edição portuguesa de 1989, tinha a minha irmã 7 aninhos:
Gostava de destacar algumas paródias que de tempo a tempo surgem na Internet, capazes de destruir infâncias, como...Anita embebeda-se, etc... E só vou por aqui os mais suaves:
Existe há quase uma década uma série de sites estilo "Martine Cover Generator", gostava de saber se existe versão automática portuguesa. Pensando melhor, com a mudança de nome, os portugueses também podem usá-los. Sugestões para quem perceber francês: "Top 30 des détournements de « Martine », la parodie qui ne vieillit pas".
Destas frases de fãs que pervertem hilariantemente o sentido das inocentes ilustrações, esta é a minha favorita: "Martine cache un cadavre" (Martine esconde um cadáver).
Ainda sobre a mudança de nome, em 2015:
Na Imprensa nacional:
Para os nostálgicos, a Anita vai ser sempre a Anita.
Brevemente, conto ainda colar na Enciclopédia os cromos das outras Anitas dos anos cromos, a de Marco Paulo e José Cid.
Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos". Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr".
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Boa tarde, no artigo fala em que a colecção termina no nº 60... não, tenho o nº 111 da colecção antiga (1982), onde muitos não são dos mesmos autores nem da "Anita" mas com textos e grafismos semelhantes. Depois mais umas quantas histórias da "Anita" numa colecção mais recente que tenho o nº 44 de 2006
ResponderEliminarBoa tarde Raquel. Ando á procura da lista completa mas não estou a encontrar... Sabe onde poderei consultar? Tenho muitos de quando era miúda mas gostaria de adquirir os que faltam da colecção :) Obrigada
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