segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

What's Love Got To With It (a canção: 1984, o filme: 1993)

por Paulo Neto

No passado dia 26 de Novembro, Tina Turner completou três quartos de século de vida, cimentando a sua reputação como a mais sexy septuagenária do mundo. Apesar da sua longa carreira, quando se fala no repertório de Tina Turner, é inevitável não mencionar "What's Love Got To Do With It", que em 1984 ressuscitou a sua carreira, elevando-a de glória do passado a superestrela da década de 80. 


"What's Love Got To Do With It" é uma daquelas canções que andaram de mão em mão a serem atribuídas a vários artistas e editoras até finalmente serem gravadas e espalharem a sua magia. Foi inicialmente entregue a Cliff Richard, depois a Phyllis Heyman e Donna Summer. Os britânicos Bucks Fizz chegaram a gravar uma versão mas entretanto, Roger Davies convenceu Tina Turner a gravá-la, embora esta inicialmente não tivesse acreditado muito no tema. O resto foi história, com a canção a ser um êxito mundial (n.º 1 nos Estados Unidos, Canadá, Austrália) e a catapultar aos 44 anos carreira de Tina Turner para alturas nunca antes atingidas. Em 1985, "What's Love Got To Do With It" ganhou o Grammy para Disco do Ano e Tina não hesitou em chamar Roger Davies para receber o prémio com ela, visto que foi ele que a convencera a gravar o tema. 
Na altura, como eu nada sabia de inglês, vá-se lá saber porquê (talvez por causa do gato que aparecia na capa do disco), eu julgava que ela estava a cantar sobre um gato, e eu cantava algo como "What's love, Gato du, Gato du miau..."   
Além disso, o respectivo videoclip, na sua simplicidade de ter apenas Tina a saracotear por Nova Iorque, também se tornou lendário. 


Depois vários hits se seguiram, cimentando-a como uma das grandes divas da música. E em 1993, surgiu o filme sobre a sua vida, intitulado (como era óbvio) "What's Love Got To Do With It" (um dos poucos filmes que em Portugal mantiveram o título original sem nenhuma achega em português) que se tornou um dos êxitos-surpresa desse ano, com realização de Brian Gibson e com Angela Bassett no papel de Tina.



O filme começa quando Tina Turner era a pequena Anna Mae Bullock (Rae'ven Larrymore Kelly) numa pequena cidade do Tennessee, onde desde logo se destaca pela sua voz no coro de igreja. Criada pela avó devida ao abandono de ambos os pais, Anna Mae reúne-se anos mais tardes com a mãe e a irmã em Saint Louis. Durante uma actuação aberta num concerto, ela capta a atenção de Ike Turner (Laurence Fishburne), o carismático líder da banda Kings Of Rhythm e depressa a relação profissional se transforma em romântica, acabando a banda por mudar o nome para Ike & Tina Turner Review.



À medida que o sucesso da banda aumenta, Ike, com ciúmes do talento da esposa e um crescente vício em cocaína, torna-se cada vez mais abusivo e violento com Tina, que recorre ao budismo como escape para o seu sofrimento. Após mais uma briga feia a bordo de um avião, Tina consegue fugir do controlo de Ike. Após um complicado divórcio, onde apenas fica com o direito de manter o seu nome artístico, Tina ganha a vida a cantar em hotéis e bares até um encontro com Roger Davies muda de novo a sua vida, tornando-se seu agente e ajudando-a a concretizar os seus sonhos de se tornar estrela do rock. 


Apesar de algumas alterações aos factos verídicos (como o facto de Craig, o primeiro filho de Tina, não ser na verdade filho de Ike mas de outro músico da banda) e de uma personagem fictícia, Jackie, (interpretada por Vanessa Bell Calloway, que curiosamente também entrara no videoclip de "What's Love Got To Do With It"), uma amiga que apoia Tina nos seus piores momentos e que a inicia no budismo, o filme foi um êxito e introduziu a história da vida de Tina Turner aos seus fãs mais jovens que não conheciam a fase inicial da sua carreira. Angela Bassett e Laurence Fishburne (que recusou cinco vezes o papel de Ike até saber que Bassett ficara com papel de Tina) foram nomeados para os Óscares e as suas carreiras ganharam um enorme fôlego. 

O álbum da banda sonora foi igualmente um sucesso, com Tina Turner a regravar os seus êxitos antigos, juntamente com temas inéditos incluindo "I Don't Wanna Fight" que se tornou mais um êxito mundial.

Trailer:


"I Don't Wanna Fight":


              

sábado, 29 de novembro de 2014

Publicidade da Sumol com cães chamados Alex (1993-1997)

por Paulo Neto



Confesso que nunca fui grande apreciador de Sumol. Embora apreciasse várias bebidas gaseificadas em petiz (não tanto agora) como as colas (nunca tomei partido na rivalidade Coca-Cola/Pepsi), as bebidas de lima-limão (idem aspas Sprite/7Up) e até mesmo a gasosa Rical, quanto a sumos de fruta sempre preferi aqueles sem gás como TriNaranjus ou Sucol aos gaseificados como Sumol e Frisumo. No entanto, a Sumol é daquelas marcas que fazem parte do nosso crescimento, quer pelo consumo propriamente dito. quer pelas várias campanhas de publicidade que apareciam na televisão ao longo dos anos. Já falei aqui em como a minha mãe reparou num doppelganger meu num anúncio da Sumol no Natal de 1987 e o David já relembrou o magnífico brinquedo que podíamos adquirir com três caricas de Sumol e cinquenta escudos.

Já nos anos 90, os dois anúncios mais marcantes da marca dessa década tinham como protagonistas dois cães, ambos chamados Alex.

O primeiro era de 1993 e era um de uma série de anúncios protagonizados pelo mesmo actor (cujo nome não me recordo). Lembro-me que no primeiro deles, o actor fazia de conta que estava a fazer surf mas no fim vinha-se a saber que estava num cenário com uma prancha de surf suspensa. Mas o mais lendário dos anúncios dessa campanha foi sem dúvida aquele em que o actor apresenta um cão chamado Alex que ficava num pé de vento diante da simples visão de latas de Sumol. Porém, o clímax surgia no final quando o actor perguntava-lhe "Certo, Alex?" para depois se ouvir um "Certo!" supostamente vindo da boca do canídeo. Devido a esse anúncio, os rapazes de nome Alexandre decerto tiveram que aturar centenas de vezes gente que lhes vinha dizer: "Certo, Alex?"


Quatro anos, foi a vez de outro cão chamado Alex protagonizar outro anúncio. Na praia, depois de um rapaz (um então desconhecido Diogo Morgado) atirar um pau para que o cão dele o possa trazer de volta, o outro rapaz mostra uma lata de Sumol ao seu próprio cão e diz-lhe: "Alex, busca!" Então o animal lança-se num percurso desenfreado de regressa a casa do rapaz, apanhando diversos transportes públicos no caminho, regressando à praia com duas latas de Sumol só para que o dono lhe aponte uma máquina onde se vendem latas do dita bebida, deixando o pobre Alex desmaiado com o choque e o esforço.

 

E uma vez mais, os Alexandres da altura foram forçados a ouvir "Alex, busca!" milhentas vezes.



  

Capas TV Guia - Parte 4


A Enciclopédia de Cromos volta à carga com mais uma dose de capas vintage da revista "TV Guia"! Nesta quarta entrega, vamos ver as capas dos Nº 25 a 32.

"TV Guia" Nº 25 [28 de Julho a 3 de Agosto 1979]
Uma espectacular capa com destaque para o filme "Moonraker" (em Portugal "007 - Aventura No Espaço") o quarto filme protagonizado por Roger Moore no papel do espião mais famoso de todos os tempos. Moore ainda voltaria a encarnar James Bond mais 3 vezes. Nota de "Ultima Hora" para a decisão do Governo de utilizar o sistema PAL (Phase Alternating Line) para a TV a Cores em Portugal. [Mais detalhes.] Ainda menção á "nova série das 4ªs feiras na RTP 1", "Serpico" que já abordamos na Parte 3. E na RTP 2 "a série policial de Outubro", a mítica "Zé Gato" (melhor que o título previsto: "Um Gato no Caixote do Lixo") protagonizada por Orlando Costa, Zé Gato himself. Segundo a Wikipedia, foi dos primeiros programas destinados a promover a RTP 2 como uma canal autónomo e não apenas um canal de repetições.
"TV Guia" Nº 26 [ 4 a 10 de Agosto 1979]
As emissões regulares a cores só começaram no ano seguinte (com o Festival da Canção de 1980 ) mas anuncia-se "RTP com cor e melhor equipamento" nas emissões experimentais que avançariam no mês seguinte com os Jogos Sem Fronteiras a cores ( apresentados por Eládio Clímaco e Fialho Gouveia, na Praça de Touros de Cascais). Sobre os Jogos sem Fronteiras dessa semana: "Funchal <> para Bona". E a pergunta no topo: "Teledramáticos: O  que são?". Apesar de ser um termo (geralmetne pejorativo) muito utilizado para classificar desde sitcoms a telenovelas, apurei que podemos definir "teledramáticos" como "telefilmes" ou melhor, um tipo de série de telefilmes "reagrupando os episódios sob um mesmo tema". Maria Elisa, na RTP desde 1973, onde entrou como locutora, fixando-se depois na área da informação, nomeadamente em entrevistas. A capa desta revista "do Lumiar para S. Bento", faz referência à jornalista ter sido nesse ano a porta-voz do Governo de curta-duração encabeçado por Maria de Lourdes Pintasilgo
"TV Guia" Nº 27 [ 11 a 17 de Agosto 1979]
Quando publiquei esta capa no Facebook da Enciclopédia, tivemos direito a um comentário da própria retratada: Fátima Medina, uma das caras mais famosas da TV nacional, tendo a apresentadora dedicado quase três décadas a trabalhar na RTP, onde entrou no concurso de locutores de 1978 (Margarida Mercês de Melo, Fernanda Bizarro, Helena Ramos, Manuela Moura Guedes, Teresa Cruz, Isabel Bahia,...). Veja um vídeo recente da SIC que recorda a carreira: "Fátima Medina, uma cara da televisão".   
"TV Guia" Nº 28 [ 18 a 24 de Agosto 1979]
Dominando a capa duas figuras sorridentes: Herman José e Sandra Barsotti, juntos em "Música e Mergulhos". Até ao momento não encontrei informação sobre esse programa (?). Se algúm leitor de boa memória quiser partilhar, agradecemos! Herman José dispensa apresentações, e  Sandra Barsotti é uma actriz brasileira  famosa nos anos 70 pelas participações no género cinematográfico de "pornochanchada" (filmes eróticos ou pornográficos geralmente com grande dose de comédia) e que em Portugal era conhecida do pequeno ecrã como uma das protagonistas da telenovela de sucesso "O Casarão".
Na foto mais pequena "Will Shakespeare" (Life of Shakespeare / William Shakespeare: His Life & Times) mini-série de 1978, co-produzida entre o Reino Unido e a Itália, e protagonizada por Tim Curry. Cada episódio era uma dramatização do processo de criação de uma das famosas peças do bardo. Assinala-se também o sétimo aniversário da RTP Madeira.
"TV Guia" Nº 29 [ 25 a 31 de Agosto 1979]
Grande destaque para a locutora da RTP Isabel Bahia (foi uma das figuras públicas que em 1984 recordou o seu melhor Natal na revista Maria). O famoso escritor brasileiro Jorge Amado, que nas ultimas décadas viu tantos trabalhos seus adaptados à televisão, cinema e teatro, falou em 1979 com a TV Guia sobre telenovelas, sem dúvida abordando o ainda recente êxito de "Gabriela". Dez anos depois desta entrevista outro grande sucesso foi adaptado na novela "Tieta".
Num canto: "Jogos de Verão" (não confundir com o concurso homónimo de 1989)
"TV Guia" Nº 30 [ 1 a 7 de Setembro 1979]
Uma personalidade incontornável da TV nacional: Fialho Gouveia "o impulsionador dos 'Jogos' de Cascais", que - indica o leitor Rui Craveiro, se refere à "8ª e última emissão dos Jogos Sem Fronteiras 1979 realizada em Cascais - antes da finalíssima em Bordéus, França". Na foto pequena "a última revelação do 'Écran Mágico', o concurso sobre cinema que já falámos antes.

"TV Guia" Nº 31 [ 8 a 14 de Setembro 1979]
Outra figura incontornável do espectaculo português, desta feita na área musical: a lendária Simone de Oliveira. "Uma mulher chamada Simone". Sobre este  programa apenas encontrei menção numa biografia do escritor António Gomes D'Almeida: Guião de 12 programas para a RTP, de parceria com Varela Silva e Rogério Bracinha: “Uma Mulher chamada Simone". Varela Silva era actor e marido de Simone. Em sites como o IMDB, e a Wikipédia, no ano de 1979, o único programa atribuído a Simone é "O Espelho dos Acácios" (comédia com nomes como Nicolau Breyner, Camilo de Oliveira, etc). Curiosamente, em 2003 foi lançada uma biografia da cantora: "Um País Chamado Simone". "Santo Antero - Vida e Obra de Antero de Quental" prevista estrear em Outubro de 1979 (Ver recorte).
"TV Guia" Nº 32 [ 15 a 21 de Setembro 1979]
Duas lendas do pequeno ecrán, uma do Brasil outra de Portugal: Jô Soares e Vasco Granja. O primeiro regressa com "Planeta dos Homens" e Vasco Granja é descrito como "animador" de crianças e adultos. Num canto da revista pode-se ler a interrogação: "Nova telenovela a cores já em Outubro?", que era o futuro êxito "Dancin' Days" (1978-79). Podem ler algumas curiosidades sobre a emissão da novela aqui, cortesia do leitor Rui Craveiro.




Para breve, mais capas da TV Guia! Novamente, agradecimentos ao leitor Miguel Meira, que gentilmente nos enviou o seu espólio de capas desta revista, e claro, aos outros leitores que forneceram detalhes importantes sobre os assuntos em discussão!

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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

As Gémeas Voltam Ao Colégio (1982)


"Todas as amigas da Lilly já leram os livros da Colecção Gémeas". A Lilly que é mencionada no anúncio é a amiguinha do Sport-Billy.
Há uns anos aproveitei uma feira das velharias para adquirir por uma pechincha cinco livros da autora Enid Blyton. Não conhecia os títulos, mas imaginava algo na linha de "Os Cinco" ou "A Aventura". Afinal, "O Colégio das Quatro Torres" ("Malory Towers") não era bem o que eu estava à espera. Basicamente, é Hogwarts sem magia, dragões, vilões e Harry Potter. E pela descrição dos livros, a anterior série de livros "As Gémeas no Colégio de Santa Clara" ("The Twins At St. Clare's") é dentro do mesmo género: raparigas a serem educadas em colégios internos para serem exemplares senhoras. Ao contrário das publicidades anteriores Editoral Notícias aos "Os Cinco" e "Os Sete", esta "Colecção Gémeas" não é constituida por extensão póstumas escritas por outros autores, mas da própria Enid Blyton. No original, foram publicados 6 livros, entre 1941 e 1945. Já no século XXI, mais três titulos foram escritos por Pamela Cox.

  1. "As Gémeas no Colégio de Santa Clara" ("The Twins At St. Clare's" - 1941)
  2. "As Gémeas Voltam ao Colégio" ("The O'Sullivan Twins" - 1942)
  3. "O 3º Período em Santa Clara" ("Summer Term at St. Clare's" - 1943)
  4. "O Segundo Ano no Colégio de Stª Clara" ("Second Form at St. Clare's" - 1944)
  5. "Claudina no Colégio de Santa Clara" ("Claudine at St.Clare's" - 1944)
  6. "Cinco Raparigas de Stª Clara" ("Fifth Formers at St. Clare's" - 1945)

Capa do Nº 2: "As Gémeas Voltam ao Colégio":
Como o meu colega Paulo Neto bem em recordou, também passou nos nossos pequenos ecrãs a série de anime inspirada nos livros, "As Gémeas de Santa Clara":
O genérico da altura da exibição do Canal 1, em 1994, um par de anos depois da estreia da RTP2:


Anúncio retirado da revista "Sport Billy" Nº 5 (de 1982). Imagem editada por Enciclopédia de Cromos. Créditos ao uploader original.

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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sport-Billy - Cadernos Escolares (1982)


A franquia "Sport-Billy" nasceu na banda desenhada, mas ao ser desenvolvida a série animada foi criado um enorme sucesso na primeira metade dos anos 80. Todo o tipo de merchandising foi comercializado, incluindo os obrigatórios calendários, cromos e também estes caderno escolares, para os míudos poderem levar para a escola o seu personagem favorito e exibi-lo aos outros colegas. A imagem acima é, basicamente, a capa de um dos cadernos, com o personagem título, Sport-Billy, a acelerar num carros de Fórmula 1.
Entretanto, consegui encontrar online os ditos cadernos escolares com oito capas diferentes, cada qual com a sua modalidade desportiva:
Podem ver também esta colecção de 8 cadernos no blog "O Brinquedo Antigo":

 Vela, Equitação, Mergulho e Asa Delta:
"O Brinquedo Antigo"
Escalada, Fórmula 1, Judo e Windsurf:
"O Brinquedo Antigo"
Se me enganei a nomear os desportos não se zanguem, para mim desporto é chinês...

Segundo o blog, a colecção é da Firmo, dimensões A5, datados de 1981.

Anúncio retirado da revista "Sport Billy" Nº 7 (de 1982). Imagem editada por Enciclopédia de Cromos. Créditos ao uploader original.

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terça-feira, 25 de novembro de 2014

"Love Changes (Everything)" Climie Fisher (1987)

por Paulo Neto

Existem várias músicas dos anos 80 que ainda ouço com o mesmo prazer que as ouvia na altura. É o caso desta, o maior êxito do duo britânico Climie Fisher composto por Simon Climie e Rob Fisher. Os dois conheceram-se em 1986 nos célebres estúdios Abbey Road em Londres, quando tocavam para outros grupos. Decidiram então enveredar por um projecto comum e em 1987 editaram o álbum "Everything". O sucesso surgiu devido a dois factores: Simon Climie alcançou um grande hit como compositor de "I Knew You Were Waiting For Me", um dueto entre George Michael e Aretha Franklin que foi n.º1 em vários países, e o quarto single do grupo, "Rise To The Occasion", finalmente lhes deu alguma notoriedade, sobretudo devido a um remix hip hop da faixa, alcançando algum sucesso internacional, sobretudo na África do Sul onde foi n.º 1.    


"Love Changes (Everything)" tinha sido o segundo single do duo mas tinha passado despercebido. Porém após "Rise To The Occasion", uma nova versão foi editada em 1988 e rapidamente tornou-se um clássico dos anos 80. Na canção, Simon Climie canta que aos dezassete anos, o que parecia ser uma curte fugaz tornou-se um paixão de caixão à cova e aí descobriu como o amor tem tanto de maravilhoso como de lixado (para não dizer o termo escolhido por Miguel Esteves Cardoso). E para a história ficou o refrão que sintetiza tudo, polvilhado com uns inesquecíveis "tu-ruu-ruu-ruu-ruu-tum":

"Love changes, changes everything,
Love makes you fly and breaks your wings.
Love changes, changes everything,
Love makes the rules from fools to kings.
Love changes, love changes everything."  

O respectivo videoclip a preto e branco também é sobejamente conhecido, cheio de imagens icónicas como o rapazinho da bateria, as cantoras do coro - uma negra com turbante e blusão de ganga e outra caucasiana com um corpete e mini saia, a modelo de vestido preto com uma menininha loura pela mão e sobretudo Simon Climie cantar segurando uma toalha enrolada com ambas as mãos. Pelo vídeo é notório que Simon Climie assumia claramente o protagonismo na banda enquanto Rob Fisher contentava-se com um foco mais secundário, normalmente escondido atrás de óculos escuros. "Love Changes (Everything)" esteve no top 10 de vários países e foi o único hit da banda nos Estados Unidos. Ganhou também o prestigiado prémio Ivor Novello. 



Ainda nesse ano, como era habitual com todos os hits da época, os Ministars também versionaram o tema para o álbum "É Altamente" com o título "Nave Azul". Infelizmente não encontrei na net essa versão mas lembro-me do refrão: "Já fomos argonautas, hoje somos astronautas, fazemos descobertas, galáxias incertas, ilhas desertas, já fomos argonautas" e que o disco, que recebi no Natal de 1988, tinha também uma versão instrumental de "Nave Azul" para que pudéssemos cantar em karaoke avant-la-lettre.

Quanto aos Climie Fisher, seguiram-se mais uns quantos singles mas que ficaram aquém das expectativas e após o fracasso do segundo álbum, Simon e Rob seguiram caminhos separados e passaram a compor para outras pessoas. Rob Fisher compôs para nomes como Rick Astley mas em 1999, faleceu aos 42 anos de cancro nos intestinos. Simon Climie ainda grava ocasionalmente álbuns a solo mas obteve mais sucesso como compositor e produtor, trabalhando com artistas como Eric Clapton, B.B. King, Rod Stewart, Lara Fabian e Michael McDonald.

Uma versão de dança de "Love Changes (Everything)" teve algum sucesso em 2004 nos países nórdicos. A versão original foi incluída no jogo "Grand Theft Auto IV".

    


  

  

domingo, 23 de novembro de 2014

Cicciolina na Assembleia da República (1987)



A Internet é mesmo um reservatório de memórias! Recentemente deparei-me com este vídeo da comunidade de Facebook "Tesouros da TV Portuguesa". Estou chocado - não pela exibição dos seios de Cicciolina (aka Ilona Staller, aka Elena Anna Staller), a na altura deputada do italiano Partido Radical - mas por não ter memória deste evento! Em 1987, tinha apenas 8 anos, mas já era um miúdo atento aos assuntos da vida política. Basta ver que no ano anterior rabisquei a porta de casa com slogans das campanhas de Mário Soares e "Foreitas" do Amaral. Espero sinceramente que me tenham dado umas bolachadas por causa disso.

O Palácio de S. Bento, a casa da Assembleia da República Portuguesa tem sido palco das mais diversas situações além de debates, tais como discussões acesas, ministros a fazerem corninhos, anedotas de gosto duvidoso, mas em 19 de Novembro de 1987, deve ter sido a primeira e última vez que seios foram descobertos em público (embora fora da câmara principal) qual  versão mais atrevida do busto da república francesa (ou mesmo da portuguesa).



A deputada poetisa Natália Correia não perdeu a oportunidade de dedicar um poema ao acontecimento e o seu impacto na ala mais conservadora e púdica da política portuguesa. Encontrei o texto no blog "Folha de Poesia":
"Estava o Parlamento em tédio morno
Do Processo Penal a lei moendo
Quando carnal a deputada porno
Entra em S. Bento. Horror! Caso tremendo!

Leda à tribuna dos solenes sobe
A lasciva onorevole Cicciolina
E seus pares saudando ali descobre
O botão rosado da tettina.

Para que dos pais da Pátria o pudor vença,
Do castro bracarense o verbo chispa:
«Cesse a sessão em nome da decência
Antes que a Messalina mais se dispa.»

Mas - ó partidas que prega a estatuária! -
Que fazer no hemiciclo avesso ao nu
Ali ostenta sem pudor nenhum?

Eis que o demo-cristão então concebe
As vergonhas velar da escultura.
Honesta inspiração do céu recebe
E moção apresenta de censura:

«Poupado seja à nudez viciosa
O olhar parlamentar votado ao bem.
Da estátua tapem-se as partes vergonhosas.
Ponham-lhe cuequinhas e soutiens.»"

Cicciolina abraça Natália Correia

As provas do "crime":


A "Rua Sésamo" podia ter usado as imagens para ensinar a contar:

Ou então se calhar, não...

Provavelmente o dia mais excitante da vida da Assembleia da República.

Naturalmente, a imprensa agarrou a história.
Uma reportagem da RTP, com as imagens 'ao vivo' e a cores, não censuradas:


Actualização: Reportagem de Cesário Borga, que indica que os destapamento de seios terá sido na Tribuna dos Convidados, sem imagens, infelizmente. Vídeo disponível no Arquivo RTP: "Cicciolina na Assembleia da República" [1987-11-19].e Back-up no Internet Archive.


E na imprensa escrita, uma descrição dos acontecimentos protagonizados pela "pornodeputada" e o "jogo do empurra" sobre a responsabilidade do convite que deu origem a esta "pedrada no marasmo da sessão":
"Diário de Lisboa" [20 Novembro 1987]
"Diário de Lisboa" [20 Novembro 1987]
A visita a Portugal devia-se à outra carreira de Cicciolina, a de cantora, com actuação no Coliseu dos Recreios,e a imprensa também lhe dedica algumas palavras: "Cicciolina descobre: homens portugueses são muito tímidos."
"Diário de Lisboa" [20 Novembro 1987]
"Diário de Lisboa" [21 Novembro 1987]
 Tenho pena do sentinela, que nem pode olhar...


Actualização: Enquanto Cicciolina se encontrava por terras de Camões, ainda participou no programa "Já Está", exibido na RTP2 dia 26 de Novembro de 1987:


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sábado, 22 de novembro de 2014

Socidel (1982)

Curiosamente, nos desenhos é um homem de idade que pratica as modalidades normalmente associadas com a juventude radical, publicado numa revista direccionada aos mais jovens.
"Presente em todas as modalidades desportivas"




Veja também:


Anúncio retirado das revista "Sport Billy" Nº 8 (de 1982). Imagem editada por Enciclopédia de Cromos. Créditos ao uploader original.

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