terça-feira, 18 de abril de 2017

A Gala dos Bigodes de Ouro (1992)

por Paulo Neto

O bigode é uma instituição em declínio. Ainda não há muito tempo, era expectável que todo o homem português com mais de trinta anos trouxesse orgulhosamente uma acumulação peluda entre o nariz e o lábio superior, fosse ela farfalhuda ou rala. Hoje em dia porém, pode-se dizer que reinam duas correntes em termos de pilosidade facial: a de aqueles que primam pela ausência de pêlos na cara (senão mesmo no corpo inteiro) e a de aqueles, que como eu, que preferem ter a barba completa. Os tempos mudaram de tal forma que até figuras públicas nacionais que outrora tiveram um bigode como imagem de marca já há algum tempo que o dispensaram, como por exemplo António Sala e Fernando Pereira.



Nascido em Lisboa a 14 de Março de 1959, mas orgulhoso das suas raízes alentejanas, Fernando Pereira foi o primeiro em Portugal a transformar a capacidade de imitar vozes conhecidas numa carreira musical. Aliás foi o primeiro cantor com um relativo estatuto de estrela que eu vi a actuar num concerto ao vivo nos idos de 1987. Para além dos seus concertos, Fernando Pereira também tornou-se conhecido na televisão, por ter sido o primeiro apresentador do concurso "Casa Cheia" em 1990, e em 1993, apresentou também o primeiro programa de karaoke da televisão nacional, "Cuidado Com As Imitações". Em meados dos anos 90, o seu talento chegou aos Estados Unidos, onde durante alguns anos actuou em vários casinos americanos, incluindo um casino em Atlantic City, propriedade de um tal de Donald Trump.
Em 1991, Fernando Pereira vivia um período áureo da sua carreira, pois além dos seus trabalhos em televisão e de espectáculos no Casino Estoril e um pouco por todo o país, teve um inesperado sucesso comercial com o seu álbum de 1990 "Com Humor E Carinho" que continha hits como "Miquelina" e "Afilamentos Das Alâmpadas". Foi por essa altura que ele gravou um programa especial que viria a ser exibido na RTP a 3 de Março de 1992, terça-feira de Carnaval, e a representar Portugal no Festival Rosa de Ouro de Montreux, "A Gala dos Bigodes de Ouro". Recordo-me bem de quando vi esse programa pois esse dia de Carnaval foi um dia em cheio, porque houve uma viagem em família em que fomos almoçar à Nazaré e ficámos para ver o corso carnavalesco local e o serão foi passado a ver "A Gala Dos Bigodes de Ouro", do qual tinha umas vagas memórias, novamente aclaradas quando vi o programa disponível na internet, no Sapo Vídeos.



Se já há vários anos que Fernando Pereira dispensou o seu icónico bigode, no início dos anos 90 ele exibia-o orgulhosamente, de tal forma que se tornou símbolo desde programa especial de humor, gravado no Casino Estoril em finais de 1991, "A Gala dos Bigodes de Ouro", uma paródia aos espectáculos de entregas de prémios, onde teve a oportunidade de imitar diversas vozes conhecidas.
Pereira escreveu os textos em parceria com Luis Tomás e Mário Lindolfo, e protagonizou o programa secundado por Margarida Reis, Maria João Lucas e Óscar Branco, com participações especiais de Nucha, Paulo de Carvalho, Roberto Leal, a Miss Portugal 1991 Maria Fernanda Silva, Carlos Castro, Rui Veloso e Eusébio, além do corpo de baile de "Viva Mozart", o espectáculo então em cena no Casino Estoril por ocasião dos 200 anos da morte do lendário compositor austríaco. Entre os figurantes presentes na assistência, reconheci a actriz Margarida Martinho.  



- Ao som de "Rock Me Amadeus", os bailarinos do espectáculo "Viva Mozart" (incluindo algumas bailarinas de seios à mostra!) executam o número de abertura do espectáculo. Enquanto isso, as duas assistentes Margarida (Margarida Reis) e Bárbara (Maria João Lucas) conversam enquanto se preparam para entrar no palco, em especial sobre um serviço paralelo que Bárbara presta em privado, alegadamente por solidariedade, recebendo apenas lembranças por tal. Um dos clientes já lhe deu uma deusa da felicidade, um quadro do Menino da Lágrima, uma cabeça de javali e um atendedor de chamadas japonês.

- Fernando Pereira dá início ao espectáculo recordando anteriores galardoados dos Bigodes de Ouro como Eça de Queiroz, Einstein, Charlie Chaplin, Salvador Dali, Joseph Stalin e Zviad Gamsakhurdia, (o primeiro presidente pós-independência da antiga república soviética da Geórgia, que curiosamente já tinha sido deposto num golpe de estado quando o programa foi para o ar).

- Prémio Melhor Lançamento (anunciado por Nucha):
Saddam Hussein em "Tempestade do Deserto ou Ventinhos do Kuwait"
Eusébio a chutar com o pé que tem mais à mão
Bryan Adams em "Everything I Do (I Do It For You)" (ou seja, "Tudo O Que Faço É Por Ti E Pelos Nossos Filhos") da banda sonora do filme "O Rabinho dos Bosques", em que o baterista é atingido por uma seta.
Bryan Adams sobe ao palco para agradecer o prémio o qual dedica aos seus vários filhos e às suas pretéritas, presentes e futuras esposas. (Curiosamente na altura, o verdadeiro Bryan Adams não era casado nem tinha filhos, aliás só foi pai pela primeira vez em 2011 aos 51 anos!).

- Um homem de aspecto estranho (Fernando Pereira) entra no Casino em busca de Bárbara, pedindo informações ao porteiro (Óscar Branco).

- Prémio A União Faz A Força (anunciado por Paulo de Carvalho):
Bee Gees
Trio Odemira
Duo Yeltsin/Gorbachev
É exibido um videoclip a preto e branco de "Stayin' Alive" dos Bee Gees, onde um dos irmãos Gibb trinca uma cenora com os seus dentes de coelho.
O prémio é entregue a Artur Oliva, cantor e compositor romântico diplomado e produtor de óleos e azeites.

- Numa conversa com um empregado de bar do casino (novamente Óscar Branco), fica-se a saber que o homem estranho que procura Bárbara chama-se Diamantino e foi ele que lhe ofereceu a deusa, o javali, o Menino de Lágrima e o atendedor de chamadas da marca...Hiropito.

- Prémio Melhor Penteado (anunciado por Roberto Leal)
Marge Simpson
Tina Turner
Sinead O'Connor
Enquanto é exibido o videoclip de "The Best" de Tina Turner, uma nota de rodapé anuncia que a vitória de Tina Turner se deveu a uma troca de envelopes e a ligações próximas da sua prima com o produtor do espectáculo. (Ainda dizem que é das carecas que eles gostam mais...) Ao receber o seu prémio, Tina Turner congratula-se que, mais que pela sua voz, foi finalmente reconhecida pelas suas pernas.



- Margarida e Bárbara voltam a conversar sobre a actividade paralela desta, onde ela recebe todo o tipos de clientes, solteiros, casados, até senhoras. Enquanto isso, o momento musical de Willie Nelson, Julio Iglesias e uma Diana Ross insuflável é interrompido por Diamantino, disfarçado de empregado de mesa, a gritar por Bárbara.

- Segue-se mais um momento de bailado de "Viva Mozart". Disfarçado de bailarina, Diamantino neutraliza um bombeiro (outra vez Óscar Branco), para lhe roubar o disfarce. O rodapé anuncia "Tabaco só ao balcão" e "Hoje há pipis" (!?!). E ficamos a descobrir que em 1992, a RTP ainda usava o método das cruzinhas para anunciar o início de um novo programa no outro canal.

- Prémio Inocência (entregue por Carlos Castro)
Madonna
Avô Cantigas
Cicciolina
Surgem imagens do videoclip "Like A Prayer" onde Madonna torce o nariz ao cheiro dos pés do santo negro do altar. Ao receber o prémio, Madonna tenta exprimir-se em português, mas acaba por falar em castelhano.




- Prémio Mensagem (anunciado por Maria Fernanda Silva, Miss Portugal 1991)
Mário Soares (ao som de "L'Important C'est La Rose")
Cavaco Silva (ao som "Don't You Forget About Me")
Papa João Paulo II (ao som de "Ai Timor")
No entanto, o vencedor não é nenhum dos três nomeados mas sim Juan Luis Guerra com "Borbujas de Amor". No seu vídeo de agradecimento, Juan Luis Guerra reclama contra o imperialismo português na República Dominicana. (Mal sabia ele que nos anos vindouros, haveria uma invasão turística de portugueses em Punta Cana e afins).

- Prémio Operação Plástica (anunciado por Rui Veloso)
Michael Jackson
Cher
Miss Corações Solitários (personagem da telenovela "Kananga do Japão" interpretada por Karen Acioly)
Dado o empate entre Michael Jackson e Miss Corações Solitários, o primeiro ganha o desempate por moeda ao ar (ECU ou coroa?). No entanto, ao receber o prémio, Michael Jackson é vaiado pelo público e leva com um bigode e pêras (literalmente).

- Prémio Especial (entregue por Eusébio):
Amália Rodrigues que interpreta o seu êxito "São Os Caracolitos". Diamantino tenta invadir o palco com uma guitarra eléctrica mas é impedido.

- Margarida fica inconsolável quando Bárbara lhe revela que Mozart morreu. Só os bons é que se vão.

- Durante a actuação da ária "Papageno Papagena" da ópera "A Flauta Mágica" de Mozart, após mais uma desastrosa invasão de palco de Diamantino, é revelado o motivo pelo qual ele procurava desesperadamente Bárbara. Esta faz uns biscates como contabilista e ajuda pessoas como Diamantino a preencher o formulário do IRS!


- A gala termina de novo ao som de "Rock Me Amadeus" com bailarinas de seios à mostra.

Revendo o programa vinte e cinco anos depois, denotei que os momentos de humor não era tão certeiros e sofisticados como eu me lembrava, mas tive imenso gosto em redescobrir um programa que fez rir o Paulo de 1992.
Fernando Pereira continua hoje em dia a exibir o seu talento como imitador em Portugal e além fronteiras, demonstrando que quando o artista é um bom artista, não precisa de talismãs, mesmo se esse for um bigode de ouro.  

  


segunda-feira, 17 de abril de 2017

Batatas Fritas Pála-Pála (1973)



Batatas fritas catitas! Uma "tara" de sabor!
Segundo o site da PepsiCo Portugal, as batatas fritas Pála-Pála fazem as delícias dos portugueses desde 1972 - um ano antes desta publicidade - na época produzidas pela modesta empresa "Laprovar", Sociedade de Produtos Aliementares, Lda, adquirida em 1987 pela PepsiCo.

A descrição das batatas fritas e dos processo de fabrico é bastante humorado, com as primeiras frases a parecer promoção a alguma revista ou filme para adultos:
"Louras, lourinhas, gostosas!
Enxutas! Apetitosas! Cresquilíssimas!
São batatas Laprovar. São de provar e chorar por mais, e mais, e mais!
Batatas fritas Pála-Pála são de inteira confiança! Enquanto são preparadas...mãos ao alto!...ninguém toca nas Pála-Pá-la!
O "automático" é que manda!
Descasque, corte, secagem e fritura - em óleo especial para melhor paladar.
Por isso as Pála-Pála resultam sempre...cresquilíssimas!
Um pacote de Pála-Pála, marcha sempre a qualquer hora, um gosto que afugenta o tal "rato". Uma "tara" de sabor!"

Detalhe da mascote, um miúdo sardento, fisga enfiada nos calções e um boné de pala gigante:
Hoje em dia as Pála-Pála ainda estão no mercado, com o símbolo actualizado, mas apelando à nostalgia:


Imagem Digitalizada da revista "Condor (Amarelo)" Nº 65 (30/06/1973) e Editada por Enciclopédia de Cromos.

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quinta-feira, 13 de abril de 2017

Bandeiras Nestum

O leitor Luís Filipe Ramos fez-me recordar este brinde que vinha nos veteranos flocos de cereais Nestum (em Portugal desde 1958, com o favorito Nestum Mel a chegar só em 1971) e a nostalgia fez-me imediatamente começar a procurar material para este cromo. Que afinal é muito escasso.


Além de serem colecções bonitas e educativas, estas bandeiras - com poste e base em plástico - sempre podiam ser usadas para complementar os exércitos de Masters do Universo, dos soldadinhos de plástico ou quem sabe até ornamentar o quintal de alguma Barbie mais nacionalista.
Ainda tenho uma dessas bandeiras, que sobreviveu mais ou menos incólume ao passar do tempo, mas infelizmente não a fotografei antes de a desterrar novamente para as profundezas de alguma caixa na arrecadação.

Foto: Ana Trindade. Edição: Enciclopédia de Cromos.

Este brindes que saíram nos anos 80 ( e creio que ainda nos anos 90) existiram sobre várias temáticas: Futebol, sinais de transito, mas lembro-me melhor das bandeiras dos países.
Além da bandeira do país, um autocolante no verso da bandeira incluía informação de cada nação, como o nome, a superfície, população, capital, moeda e claro, as línguas oficiais.
Podem carregar sobre as imagens para as aumentar:




Nota: Fotos encontradas na Internet, editadas pela Enciclopédia de Cromos.

Vários vídeos a publicidades antigas do Nestum desapareceram da Internet, sobrando ainda este resistentes:

Nestum (1987):



 Os Mini-Tarzan e Jane e o Nestum Figo (1991):



Mais Nestum de 1991, a doutrinar a criançada para serem yuppies sem alma:


Como bónus, despeço-me com um video sobre "Como Se Faz - Nestum":


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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Salsa E Merengue (1996-97)

por Paulo Neto

Tal como a RTP no início dos anos 90 exibiu algumas telenovelas brasileiras aos fins-de-semana (com destaque para "Felicidade", "Despedida de Solteiro" e "Araponga"), a partir de 1997 a SIC também optou por emitir algumas telenovelas aos sábados e domingos. A primeira a ocupar esse espaço da grelha foi "Salsa E Merengue", exibida no Brasil entre 1996 e 1997, que tinha a particularidade de ser a primeira telenovela escrita pelo conhecido actor Miguel Falabella (o eterno Caco Antibes de "Sai De Baixo"), em parceira com Maria Carmen Barbosa, sob direcção de Wolf Maya. Era uma telenovela pela grande dose de humor, embora também abordasse temas sérios como a corrupção e foi uma das poucas a ter um tema não brasileiro no genérico, o célebre "1, 2, 3, Maria" de Ricky Martin, o primeiro grande êxito internacional do cantor porto-riquenho. Aliás, Martin gravou uma versão especial para a telenovela em que vez de "um pasito pa'lante, Maria", cantava "baila salsa e merengue, Maria". No Brasil, há ainda quem se lembre de "Salsa E Merengue" como a "novela Uepa!".



Anabel (Arlete Salles)

Anabel Muñoz (Arlete Salles) é uma cubano-brasileira, proprietária de um salão de festas na Travessa do Vintém, um bairro típico do Rio de Janeiro. Viúva há vários anos, Anabel tem cinco filhos: o sedutor e ambicioso Valentim (Marcos Palmeira) que gere uma escola de condução, a agitada Remédios (Bia Nunes), a melancólica Amparo (Thaís de Campos), a sensual Assunção (Gabriela Alves) e o simpático António (Alexandre Barillari). Na casa de Anabel vive ainda a sua sogra Imaculada (Estelita Bell). Anabel guarda um segredo: antes de se casar com o pai dos seus filhos, teve um caso com o malfeitor Urbano (José Wilker), de quem teve outro filho que teve de abandonar no hospital por não ter condições para o criar.

Eugénio (Marcelo Antony), Madalena (Patrícia França), Valentim (Marcos Palmeira)



Amparo (Thaís de Campos), Remédios (Bia Nunes), Assunção (Gabriela Alves),
Imaculada (Estelita Bell), António (Alexandre Barillari) e Neném (Maria Gladys)


Esse filho é Eugénio Amarante Paes (Marcelo Antony), perfilhado por um casal rico, Guilherme (Walmor Chagas) e Bárbara (Rosamaria Murtinho). Para poupar o desgosto da mulher, que deu à luz um nado-morto, Guilherme decidiu levar o bebé abandonado por Anabel e fazê-lo passar pelo filho de ambos. Eugénio tornou-se um homem educado e altruísta, que não julga as pessoas apenas por aquilo que têm, e que se prepara para suceder ao pai no negócio da exploração de minérios. O seu único dissabor é Teodora Bentes da Gama (Débora Bloch), a sua ex-mulher que não se conforma com o divórcio e azucrina-lhe constantemente para retomarem a relação.

Eugénio, Teodora (Deborah Bloch), Clarice (Adriane Garambone),
Bárbara (Rosamaria Murtinho) e Guilherme (Walmor Chagas)



Numa viagem à estância de Roseira Santa, Eugénio conhece Madalena (Patrícia França) e os dois rapidamente se apaixonam. Para ficar mais perto de Eugénio e para expandir o seu negócio nas artes têxteis, Madalena muda-se para a Travessa do Vintém e Valentim fica interessado nela. Entretanto, Eugénio descobre tem leucemia e precisa de um transplante de medula de um familiar. É então que a verdade vem ao de cima e Eugénio descobre que não é filho de Guilherme e Bárbara. À medida que a história avança, descobre-se que o único que pode salvar Eugénio é Valentim, precisamente o seu rival pelo amor de Madalena.

Adriana (Cristiana Oliveira) e Heitor (Victor Fasano)


Ruth (Laura Cardoso) e Gilda (Ariclê Perez)


Para complicar ainda mais as coisas, existe Adriana Queiroz (Cristiana Oliveira), uma sensual manequim, disposta a tudo para subir na vida, encorajada pela sua mãe Gilda (Ariclê Perez) e a sua tia Ruth (Laura Cardoso). Como tal, envolve-se com Guilherme e alia-se ao sócio deste, Heitor (Victor Fasano) que pretende roubar-lhe a liderança da empresa. Isto para além de também estar metida com o trapaceiro Edgar (Dartagnan Júnior). E como se não bastasse, quando Adriana conhece Valentim, surge uma paixão escaldante entre ambos.

Bolla (Oswaldo Loureiro) e Marinelza (Zézé Polessa)
António e Kelly (Maria Maya)
Candinho (Marcos Oliveira) e Socorro (Stella Miranda)

Além da família Muñoz, a Travessa do Vintém é a morada de várias e divertidas personagens: a desbocada Neném (Maria Gladys) entre beijos e turras com Lázaro (Luís Salem); a doceira Dayse (Rosi Campos) que apesar da dedicação do seu jovem e bem-parecido marido Moa (Johnny Rudge), é bastante insegura; Socorro (Stella Miranda) a fofoqueira do bairro, casada com o avarento Candinho (Marcos Oliveira); Walmir Bolla (Oswaldo Loureiro), o manda-chuva do bairro, a sua fogosa esposa Marinelza (Zezé Polessa) e a sua filha Kelly (Maria Maya), eterna apaixonada de António. Igualmente divertidas eram as cenas de Teodora com a sua criada arraçada de índia Sexta-Feira (Mara Manzan).

Sexta-Feira (Mara Manzan)


Vasco (Paulo Pires) e Adriana


"Salsa & Merengue" contou ainda com a participação de dois actores portugueses, Marques D'Arede e Paulo Pires, respectivamente no papel de Rodolfo e Vasco Tavares Quintais. Rodolfo é um empresário português amigo dos Amarante Paes que acaba por se encantar por Anabel. Já o seu filho Vasco, aparentemente um rapaz exemplar, é na verdade um bandido, envolvido no tráfico de droga e vai ser mais um que se envolve com Adriana. Do elenco fizeram ainda parte nomes como Cláudio Cavalcanti (Dr. Olavo), Diogo Vilela (Caio), André Gonçalves (Walter), Ricardo Petraglia (Tito), Chico Diaz (Ramiro), Adriana Garambone (Clarice), Mônica Torres (Lídia), Jacqueline Laurence (Eglantine), Juliana Baroni (Inês), Marcos Paulo (Gaspar) e Nelson Xavier (Bento). Suzana Vieira teve uma participação especial no papel de uma actriz de telenovelas que se refugia na Travessa do Vintém após um escândalo sexual.   

A história acabou por tomar rumos diferentes do que aqueles inicialmente pensados pelos autores, já que o público preferiu Madalena com Valentim e como tal os dois ficam juntos no final. Teodora, inicialmente pensada como a vilã principal, passou a antiheroína cómica. Numa tentativa de reconquistar Eugénio, faz uma inseminação artificial para o convencer que está grávida dele, mas o plano sai furado ao dar à luz dois bebés negros! Mesmo assim, Teodora acaba de novo ao lado do ex-marido, recuperado da doença, criando juntos o casal de gémeos. Elevada a vilã principal, Adriana também acaba bem no fim: consegue a sua parte na herança de Guilherme, com quem entretanto se casara, livra-se das chantagens de Heitor e mantém Vasco como seu amante. Curiosamente o papel de Adriana era para ser de Malu Mader, mas esta recusou por motivos pessoais, sendo esta a segunda vez que Cristiana Oliveira tomava um papel original de Mader, depois da Tatiana de "Quatro Por Quatro".



Embora tenha tido tanto sucesso por cá como no Brasil, a exibição de "Salsa & Merengue" em Portugal ficou um pouco desgastada pelo arrastamento da exibição ao longo de vários meses, por vezes com episódios de três horas, o que acabou por cansar aqueles que acompanhavam a telenovela por cá. No entanto, "Salsa & Merengue" primou pelos diálogos cheios de humor, pela óptima realização e por boas interpretações do elenco. A banda sonora da telenovela gerou três discos: além dos habituais álbuns com os temas nacionais e internacionais da telenovela, foi editado ainda "Bailando Salsa E Merengue" com vários temas de...pois claro, salsa e merengue.

Genérico:


Chamada de elenco:





    

sexta-feira, 7 de abril de 2017

O Bocas (1987-88)



Apesar de "O Bocas" ou "As Aventuras do Bocas" (no Brasil "Olé, Ollie") ser um anime - animação japonesa - "Geragera Bus Monogatari" de final dos anos 80 - exibida originalmente entre 7 de Abril de 1987 e 29 de Março de 1988 - que se espalhou pelo mundo através da Saban ("Power Rangers") "Ox Tales", começou como uma co-produção holandesa e japonesa. Alias, o material de origem é holandês, a banda desenhada - ou melhor, as tiras "Boes", criadas por  Wil Raymakers e Thijs Wilms em 1980 e ainda em publicação, segundo consta.



A Wikipedia menciona que apesar de estas tiras sem diálogos serem "para toda a família", incluíam alguns gags escatológicos e sexuais. Não me lembro disso na versão televisiva!

O genérico inicial:
Cá por Portugal fomos brindados com uma bela dobragem em português, com o elenco encabeçado por Canto e Castro ("Abelha Maia", "Heidi", "A Esfera Ki", "Duarte e Companhia", etc) como Bocas, o boi protagonista que anda em duas patas e calça socas de madeira, e Irene Cruz ("As Aventuras de Tom Sawyer", "A Volta ao Mundo de Willy Fog", etc) na voz de Ted, a tartaruga amiga de Bocas. Curiosamente, nas versões holandesa e italiana Ted é uma tartaruga fémea. Apesar da dobragem para a nossa língua, o genérico manteve a canção em holandês (que até ao dia de hoje julgava ser em alemão...).
O título em inglês - "Ox Tales" - aparenta ser um trocadilho com a famosa receita "Ox Tails" - o Rabo de Boi. Humor negro, imaginem chamar "Arroz de Pato" aos "Duck Tales (1987-90)". A única explicação que me vem à cabeça para escolherem chamar "Bocas" ao boi é que na canção de abertura "Boes" soa a "Bouche", que é "boca" em francês... Mas isso é a minha teoria...


A Wikipédia em português indica que antes de passar com grande sucesso no intervalo das votações no "Agora Escolha" (1986-94) tinha sido exibido nas tardes infantis da RTP-2, no Brinca Brincando, indica o blog "Série de Animação"
Basicamente a acção do desenho animado decorria na quinta do Bocas, um local que mais parecia um jardim zoológico dada a variedade de bicharada que Bocas acolhia, de tartarugas a polvos, leões, gorilas, golfinhos, zebras e muitos mais. Na quinta aconteciam todo o tipo de situações bizarras e cómicas que Bocas e Ted tentavam resolver - mas que sempre se complicavam - ao longo dos episódios de 12 (ou 15)  minutos de duração, num total de 102. Creio que em Portugal se terá seguido a tendência de exibir dois episódios de cada vez. Como foi parcialmente editada em VHS e mais tarde em DVD entre nós, é por enquanto fácil de encontrar videos dos episódios em português do "Bocas" no Youtube.

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terça-feira, 4 de abril de 2017

Fogo Com Fogo (1986)

por Paulo Neto

Quando a pesquisa sobre um cromo te faz descobrir outro cromo...Foi o que aconteceu enquanto procurava imagens e vídeos no YouTube para o meu texto sobre o filme "Splash - A Sereia". Link puxa link, fui dar a um trailer de um filme de 1986 do qual as únicas e muito remotas memórias que eu tinha era de ver exemplares em VHS nos clubes de vídeo da minha terra. Como a premissa era semelhante à de um dos meus tesourinhos dos anos 80 preferidos, "Reckless - Jovens Sem Rumo", fiquei com curiosidade para vê-lo e acabei por visualizá-lo na íntegra num daqueles uploads manhosos do YouTube, com o ecrã aumentado e a música acelerada.



"Fogo Com Fogo" (no original "Fire With Fire", "Brincando Com O Fogo" no Brasil) foi realizado por Duncan Gibbins e protagonizado por Virginia Madsen e Craig Sheffer e é uma fusão ao estilo eighties de duas arreigadas narrativas fílmicas, a da boa moça e do bad boy que se perdem de amores e a dos jovens apaixonados em luta contra tudo e contra todos.



Joe Fisk (Sheffer) é um jovem do lado errado da lei que vai parar a um acampamento/reformatório para rapazes problemáticos algures no estado do Oregon, comandado pelo autoritário agente Duchard (Jon Polito), que nunca se separa da sua espingarda e nunca hesita em ameaçar de dar a provar o gosto da pólvora aos jovens detidos. Durante um exercício numa floresta, Joe depara-se com uma bela jovem a flutuar no lago. Essa beldade é Lisa Taylor (Madsen), uma aluna exemplar de um colégio de freiras local, que está a fazer um trabalho fotográfico onde ela recria o quadro "Ophelia" de John Everett Millais e que fica igualmente fascinada por Joe.




Os dois voltam a encontrar-se durante uma ida ao cinema (para ver "Sexta-Feira 13 - Parte V") e ao perceber que Joe é um dos rapazes do reformatório, Lisa propõe à direcção um baile no colégio para os rapazes da instituição, como um gesto da caridade para com esses jovens desfavorecidos. Surpreendentemente, e apesar de milhares de regras e a ameaça de qualquer atrevimento ser cortado logo pela raiz, as freiras do colégio aceitam a proposta. Obviamente que tanto as alunas do colégio como os rapazes do reformatório recebem a notícia com grande entusiasmo e o baile decorre animadamente ao som de vários hits da época. Joe e Lisa finalmente conversam enquanto dançam e esse contacto só faz arder ainda mais a paixão que surgiu entre ambos. 
Mesmo com o colégio e o reformatório a proibirem qualquer contacto com membros do sexo oposto, os dois jovens vão arranjando maneira de se contactarem e de se encontrarem, acabando por consumar a paixão num mausoléu do cemitério local. Mas quando a relação é descoberta, Joe e Lisa lançam-se numa fuga contra as autoridades, até ao confronto final com Duchard.




"Fogo Com Fogo" foi mais um daqueles filmes que tiveram um sucesso modesto nos cinemas mas que se popularizaram através da venda e aluguer em vídeo, gerando posteriormente edição em DVD e BlueRay. Não é um filme em que se veja algo de muito original, profundo ou verosímil (embora ao que parece seja baseado em factos verídicos) mas que entretém e beneficia bem do efeito cápsula do tempo. A minha cena preferida é a do baile onde são tocados hits de Prince (deve ser o único filme além de "Purple Rain" onde se ouviu "Computer Blue"), Huey Lewis & The News, John Waite, Stephanie Mills e Bryan Ferry, para além do tema-título do filme, interpretado pelos Wild Blue.

       
Virginia Madsen e Craig Sheffer, apesar de já na altura estarem bem na casa dos vinte, têm bastante química e são convincentes como o casal adolescente protagonista. A irmã do actor Michael Madsen já tinha no currículo dois papéis icónicos: a princesa Irulan em "Dune" e a violoncelista objecto da paixão do computador Edgar em "Elctric Dreams - Amor e Música".



Jon Polito, famoso pela sua participação em vários filmes dos irmãos Coen (e falecido em Setembro passado), é o único secundário que rouba algum destaque ao parzinho protagonista como o autoritário chefe do reformatório (que por algumas cenas com Sheffer, fiquei com a ideia que umas das razões daquela agressividade toda para com Joe era por não poder deitar-lhe a mão de outra forma). Destaque ainda para Myron, o amigo de Joe (J.J. Cohen), conhecido como "The Mapmaker", e para três experientes actrizes no papel de três freiras do colégio: Kate Reid, Jean Smart e Ann Savage, com esta última, um ícone do cinema série B dos anos 40, a regressar aos filmes após mais de trinta anos, para fazer da madre superiora do colégio. Foi também o primeiro filme do actor D.B. Sweeney ("A Bela Memphis", "Jardins de Pedra", "Taken 2") como outro dos rapazes detidos no reformatório.
Convém ainda salientar a fotografia de Hiro Narita, sobretudo nas cenas da floresta, filmadas no estado canadiano da Columbia Britânica. E se o filme parece ter muito de videoclip, não é à toa, já que o realizador Duncan Gibbins era um conhecido realizador de videoclips (Eurythmics, Wham!, George Michael, Bananarama, Communards). Infelizmente, Gibbins faleceria em 1993 num incêndio.

Craig Sheffer e Virginia Madsen na actualidade

Craig Sheffer continua activo em cinema e na televisão, destacando-se o seu desempenho no filme "Duas Vidas E Um Rio", ao lado de Brad Pitt, no clássico de culto de terror "Nightbreed" e na série "One Tree Hill". A carreira posterior de Virginia Madsen continuou a ser bastante prolífica no cinema e na televisão (actualmente está na série "Designated Survivor") mas só conseguiu de novo grande notoriedade com o seu papel em "Sideways" (2004), para o qual foi nomeada para um Óscar e recebeu várias distinções. Consagrava-se assim finalmente aquela que, apesar de alguns papéis icónicos, nunca esteve no mesmo pedestal de outras louras de Hollywood suas contemporâneas, embora não ficasse a dever em nada à maioria delas em beleza e talento.  

Existe uma conta no Tumblr (criada por uma fã portuguesa, Cláudia Matos Silva) dedicada ao filme:
http://firewithfire1986.tumblr.com/

Trailer:


Wild Blue "Fire With Fire"


Cena do baile:







domingo, 2 de abril de 2017

Transformers - Robots Que Se Podem Transformar (1990)

Um achado numa revista insuspeita da Disney: publicidade aos action figures dos clássicos Transformers da Geração 1, na época com a série animada em exibição na RTP aos Sábados de manhã: "Transformers Em Acção (1984-87)"! A revista "As Melhores Histórias Nº 36" é de Dezembro de 1990, mesmo a tempo da época natalícia desse ano! O que eu desejei ter um "Optimus Supremo (Optimus Prime) o Líder dos Heróis Autobóticos" no sapatinho! Também não me queixava se me oferecessem um "Megatrão - O Diabólico Líder dos Decépticos".

"Transformers: Robots Que Se Podem Transformar".


Imagem Digitalizada da revista "As Melhores Histórias" Nº 36 (20/12/1990) e Editada por Enciclopédia de Cromos.



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