por Paulo Neto
Uma das coisas mais consensuais entre aqueles que foram crianças nos anos 80 foi que a sua infância foi marcada por uma idade de ouro da animação, com personagens e séries tão marcantes que é impossível um actual trintão não ficar de olhos a brilhar de nostalgia à menção de séries como por exemplo "D'Artacão e Os Moscãoteiros", "Os Amigos Do Gaspar", "Tom Sawyer" ou "Candy-Candy".
Tal como já referi aqui a propósito das "Fábulas da Floresta Verde", várias da séries animadas dessa altura eram protagonizadas por animais, com pouco ou nenhuma intervenção humana. Outra inesquecível série desse rol foi "Tao Tao - Histórias de Animais de Todo O Mundo", um coprodução de 1983 do Japão, da Áustria e da Alemanha, também conhecida por cá como "O Panda Tao Tao".
Era assim a canção do genérico:
Longe num bosque da aurora
É onde hoje o sonho mora
E num segundo
Te oferece o mundo!
Anda conhecer o amigo
Panda, que fala contigo
E fico atento
Às flores e ao vento.
O Panda Tao Tao,
O doce Tao Tao
Escuta com muita atenção a mãe
Que conta histórias para ti também
A série passava-se "num país a que os homens chamam China" no vale Wai-San, onde o pequeno panda Tao Tao vive com a sua mãe. Além das alegres brincadeiras com os seus amigos, os macacos Kiki e Chon Chon, o coelho Puuh e o esquilo Purpur, o jovem panda também adora ouvir histórias contadas pela sua mãe. É habitual que os animais do vale se juntem para ouvir a Mãe Panda contar uma história a cada episódio, cuja moral é significativa para a situação mostrada no início de cada episódio.
Por exemplo no primeiro episódio, uma gralha macho amiga de Tao Tao está triste por não ter uma poupa vermelha como a fêmea pertencente a outra espécie de ave por quem está apaixonado e como tal, a família dele impede o namoro. A Mãe Panda contou então a história de quando o Criador deu cor a todos os animais, uma gralha que ainda não tinham sido colorida pelo Criador, com a paleta e o pincel deste pediu a uma amiga coruja para que lhe pintasse de modo a ser a ave mais colorida do bosque. Mas a coruja, invejosa, acabaria por pintá-la de preto e bege. No fim da história, todos os animais concordaram que mesmo que nem todos sejam muito coloridos, todos eles têm a sua beleza e a gralha decide aceitar-se tal como é e procurar uma fêmea da sua espécie.
O Hugo Silva, do blog "Ainda Sou Do Tempo", recorda-se particularmente da mensagem de "love conquers all" do episódio "O Rei Crocodilo" onde o dito cujo faz uma viagem perigosa para buscar um remédio para a sua esposa gravemente doente, sem imaginar que não passava de uma tramoia do malvado Ministro para chegar ao trono, fazendo com que o Rei não resistisse aos perigos da viagem.
Algumas das histórias contadas aos longo dos 52 episódios eram bem conhecidas como "Os Três Porquinhos", "O Gato Das Botas", "O Rato Do Campo E O Rato Da Cidade" e "O Patinho Feio", outras eram adaptações de lendas de vários locais do mundo, em especial da China e do Japão. Porém, o último episódio "O Elefante Dos Sonhos" não se tratava de uma história contada pela Mãe Panda, mas sim uma aventura vivida por Tao Tao e seus amigos.
A série estreou em Portugal em 1987 no "Brinca Brincando" e uma vez mais teve um excelente trabalho de dobragem, dirigida por António Montez e com nomes como Cláudia Cadima (que além de ser a voz do Tao Tao, foi a tradutora da versão alemã, que a RTP adquiriu), Ermelinda Duarte (Mãe Panda e a cantora do genérico), Fernanda Figueiredo (Puuh), Margarida Rosa Rodrigues (Kiki), Leonor Poeira (Chon Chon) e António Feio. "Tao Tao" também se fez destacar pela originalidade dos bonecos, diferentes do que era habitual ver na animação japonesa, e pela utilização de imagem real nos cenários.
Segundo o site Brinca Brincando, antes da série, houve um filme de 1981 sobre a vida de um panda também chamado Tao Tao e são imagens desse filme que surgiam no genérico final. Por exemplo, a fêmea panda que surge com Tao Tao sob um arco-íris não é a sua mãe mas sim uma panda companheira.
De referia ainda que a música da série era da autoria do checo Karel Svoboda, o mesmo compositor de "A Abelha Maia" e "Nils Holgersson".
Como não podia deixar de ser, a série também gerou a inevitável caderneta de cromos, bem como livros de histórias e para colorir. Também por cá já houve alguma edições em DVD, nomeadamente a do Planeta De Agostini que em 2008 lançou a série completa com a dobragem original em 26 DVD.
Genérico:
O último episódio "O Elefante dos Sonhos"
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