segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Publicidade de Natal na RTP (1987)

Artigo reciclado de um artigo anterior de 2012





Analisando três blocos publicitários da RTP 1 do dia 23 de Dezembro de 1987, durante a transmissão do filme "Os Salteadores Da Arca Perdida". (Vídeos do canal Máquina Do Tempo, a partir do acervo de Afonso Gageiro.)


Um dos nomes incontornáveis da publicidade dos anos 80, o televisor Sony Black Trinitron, que de tanto aparecer na televisão, fazia-me parecer o Rolls Royce dos televisores. E claro está, no final lá vinha a famosa voz masculina a dizer "It's a Sony!". A marca japonesa era tão credenciada nos anos 80 e 90, que por exemplo, quando pude comprar o meu primeiro walkman, só havia uma marca possível a considerar.
Uma das diversas marcas que elevavam a fasquia da virilidade e elegância masculina. As camisas Victor Emanuel! (não, não é o actor de "Os melhores anos" e que fazia a voz do burro Pavarotti na "Quinta das Celebridades").
Um dos clássicos presentes de Natal para as mães: o mini-aspirador portátil Black & Decker. Este anúncio não é o que contem o famoso jingle "Não tem fio e não tem pilhas", relatando em vez disso o afã de uma dona de casa a limpar a sala antes da iminente visita da sogra.  
Célebres marcas nacionais que (julgo eu) já foram à vida #1: os pneus Mabor!
Carlos Cruz profere os votos de Festas Felizes do arroz Caçarola (que anos mais tarde, iria aparecer proeminente na primeira encarnação do concurso "O Preço Certo", apresentado por Cruz).
Além do esfregão Bravo tradicional, os encarregados de lavar a loiça do almoço de Natal tinha um novo: o esfregão Bravo  Inoxidável. E como miúdo tótó que se deixava levar por tudo que via na TV como eu era, lembro-me de chegar a pedir à minha mãe para comprar este esfregão só para saber se era mesmo tão fofinho como a actriz do anúncio declarava que era. (Pelo que me lembro, nem por isso.)
Uma das minhas prendas do Natal desse ano: o álbum "Muita Lôco" dos Ministars, oferecido por uns tios. Os arqui-rivais dos Onda Choc tinham surgido no início desse ano com o primeiro álbum homónimo (que tinha recebido nos meus anos em plena convalescença de papeira) e agora voltavam a ser campeões de vendas no Natal, versionado temas como "Contentores" dos Xutos & Pontapés, "I Wanna dance With Somebody" de Whitney Houston e "Lover Why" dos Century
Um curioso anúncio da gasolina Mobil de que já não me lembrava com um senhor em dificuldade em subir uma ladeira virtual até atestar com Mobil Superpower.
Uma boa prenda para os dias frios de Dezembro: o termo-ventilador Braun, portátil e "pendurável".
Uma sugestão de prenda mais cultural: o livro "Cerâmica Portuguesa e outros estudos" de José Queiroz.


- Célebres marcas nacionais que (julgo eu) já foram à vida # 2: cafés A Brasileira - Porto. Eles são (eram?) café.
- Depois do termoventilador, a Braun sugere-nos agora a força do vapor com o ferro de engomar Braun Vapor 6000 (ainda do tempo em que nenhum electrodoméstico digno do seu nome podia prescindir de ter um número - sobretudo "não sei quantos-mil" atrelado)     
- Eternos inevitáveis na publicidade natalícia eram os anúncios a perfumes. Neste vemos uma mulher tipicamente eighties a representar o perfume Quartz, "o presente que nenhuma mulher pode recusar".
- Um anúncio teaser com um estranhíssimo boneco (aqueles cornos pareciam ser braços de gente) que se dizia ser "o Bafo da Sorte" e que escrevia "6/47" num vídeo previamente "bafejado". Mais tarde vir-se-ia a saber que era uma campanha de promoção ao Totoloto, que brevemente passaria ter 47 números para escolher em vez dos iniciais 45.
Anúncio cheio de semi-megalomania eighties às baterias e pilhas Tudor.
- Outro anúncio que me ficou gravado na memória: o do espumante Raposeira onde, numa festa, um homem e uma mulher escapuliam-se para debaixo de uma mesa com uma garrafa de espumante e dois flûtes. Lembrava-me bem deste anúncio devido à parte em que ela não resiste em fazer chocar os flûtes, ao que ele responde com um "sssh" para não chamar atenções.
- Célebres marcas nacionais que (julgo eu) já foram à vida # 3: o óleo Tianica.
- Também este anúncio de Natal da Sumol com um coro infantil ficou-me na memória porque sempre que dava na televisão, a minha mãe dizia que eu era parecido com o miúdo de casaco amarelo e cachecol branco que segura uma cartolina que foram a letra O de Sumol. (Aos 5:19, o segundo a contar da direita na fila de cima).
- Interessante anúncio ao Volkswagen Golf, com um carro a ser magicamente montado peça a peça, condutor incluído. Mítico o slogan: "Não é um carro, é um Volkswagen!"
- Mais uma sugestão livreira: "África Negra" de Paula Costa e Susana Marta.


- Mais uma sugestão livreira: "África Negra" de Paula Costa e Susana Marta
Eis que surge Madonna herself, que acabava de editar o álbum "You Can Dance" que continha remisturas de vários dos seus êxitos e um tema inédito: "Spotlight".
- Mais um livro, desta vez um clássico moderno da literatura portuguesa, "Um Amor Feliz" de David Mourão Ferreira, que já ia na quarta edição. O livro, que relata a relação amorosa entre um escultor viúvo e uma mulher espanhola casada, chegou a ser adaptado para uma mini-série que passou na RTP no início dos anos 90, com Rui Mendes no principal papel.
- Um anúncio ao espumante Freixenet Carta Nevada, em tons tão dourados que não sei como não houve retinas feridas quando dava este anúncio na televisão.
- Um grão de café fantasiado de Pai Natal dá os votos de Boas Festas em nome da Delta Cafés.
- Uma variação do anúncio da Mobil de há cinco minutos atrás, desta vez com um senhor num camião.
- Para terminar, um anúncio do Grupo Amorim, dedicado à indústria da cortiça.

Extras: 

Mais dois intervalos do mesmo dia


Inclui a programação para o dia seguinte (Véspera de Natal)


Momento de continuidade com Helena Ramos (onde esta esclarece que não existia o 51.º capítulo da telenovela "Roque Santeiro")



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