Mário Soares, o ex-Presidente da República, ex-Primeiro-Ministro - Mário Alberto Nobre Lopes Soares - nasceu a 7 de Dezembro de 1924, em Lisboa e faleceu no dia 7 de Janeiro de 2017.
Destacou-se ainda antes na oposição ao regime de Salazar, pela qual foi preso 12 vezes - cumprindo um acumulado de 3 anos atrás das grades - e depois deportado para São Tomé e Príncipe e mais tarde levado ao exílio em França. No regresso a Portugal depois do 25 de Abril e durante o PREC foi a figura de proa do "campo democrático" como diz a Wikipedia. Entre 1974 e 75 foi Ministro dos Negócios Estrangeiros e um dos impulsionadores da descolonização - que lhe valeu ódio de muitos até à actualidade - e da adesão à então CEE (Comunidade Económica Europeia). Aliás, foi o próprio que assinou o Tratado de Adesão já perto do final do seu terceiro mandato como Primeiro-Ministro, entre 1983 e 85. Já havia ocupado o cargo entre 1976 e 1977; e em 1978.
Foi também o segundo Presidente da República Portuguesa eleito por sufrágio universal na Terceira República (depois do 25 de Abril), e o primeiro não militar desde 1926. Eleito para dois mandatos, 1986-1991 e 1991-1996; em 2006 candidatou-se pela terceira vez, sendo derrotado por Cavaco Silva.
Há muitos anos tive o prazer de cumprimentar pessoalmente Mário Soares no Aeroporto de Faro, creio que já depois do final do seu segundo mandato. Na altura surpreendeu-me pela simpatia e vigor. Vivendo aqui num recanto do Algarve menos turístico é raro cruzar com "celebridades" e figuras que estamos habituados a ver na televisão ou a ler em revistas e jornais.
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2016 não quis terminar sem juntar mais uns nomes à sua grande ceifa de celebridades e entre o Natal e o fim de ano, despedimo-nos de George Michael, Carrie Fisher e a mãe desta, Debbie Reynolds.
Carrie Fisher permanecerá para a eternidade como a ultra-lendária Princesa Leia da saga "A Guerra das Estrelas". Mas eu - revelação chocante! - nunca me interessei muito pelo universo "Star Wars", o único filme inteiro que eu vi foi o infame Episódio 1 "A Ameaça Fantasma" (sim, o do Jar-Jar Binks) e só sei da história dos episódios 4 a 6 muito por alto. Talvez por isso, é-me particularmente fácil dissociar Carrie Fisher do seu papel mais mítico, até porque Fisher ao longo dos sessenta anos que esteve neste mundo foi muito mais que a princesa Leia: foi o fruto da união de duas estrelas como Eddie Fisher e Debbie Reynolds (e mais tarde enteada de Elizabeth Taylor), foi Hollywood no seu mais melhor mais cintilante e no seu pior mais excessivo, foi actriz com inúmeras aparições em filmes e séries de televisão, foi uma escritora de sucesso, foi alguém com um apurado sentido de humor e até lhe foi dada a permissão rara em Hollywood para uma mulher para envelhecer como um ser humano normal.
Tudo isto para dizer que o papel de Carrie Fisher que mais me marcou foi o de melhor amiga de Meg Ryan no filme "Um Amor Inevitável", um papel secundário mas em que Fisher arrasa em cada cena que aparece. É uma personagem que facilmente podia cair na caricatura da mulher desesperada mas a quem Fisher consegue dar bastante dignidade. No original "When Harry Met Sally", "Um Amor Inevitável", filme de 1989 realizado por Rob Reiner e escrito por Nora Ephron, é um clássico da comédia romântica, com Billy Crystal e Meg Ryan no papel de um homem e uma mulher cuja relação vai-se gradualmente transformando de antipatia a amizade e por fim em amor.
Em 1977, Harry Burns (Crystal) e Sally Albright (Ryan), viajam de Chicago para Nova Iorque onde vão iniciar as suas carreiras após a universidade. A viagem é pautada por grandes discussões sobre as relações entre homens e mulheres, com os dois a terem opiniões bastante divergentes. Harry acredita que um homem e uma mulher não podem ser apenas amigos porque a parte sexual, mútua ou unilateral, acaba sempre por se meter no caminho. Sally irrita-se com algumas das tiradas dele e com a sensação de que ele se está a tentar engatá-la, mesmo sendo namorado de uma amiga dela.
Cinco anos mais tarde, os dois reencontram-se num avião: Sally namora com Joe (Steven Ford), um vizinho de Harry e este está noivo de Helen (Harley Kozak). Durante o voo, os dois conversam sobre a vida desde que se viram pela última vez e sobre o inevitável tópico de relações entre homens e mulheres. Harry procura excepções na sua teoria da impossibilidade de um homem e uma mulher serem apenas amigos mas não consegue.
Passados mais cinco anos, Harry e Sally reencontram-se novamente e desta vez Harry deixa as regras e teorias de lado e propõe que eles sejam amigos. Os dois acabam por ser um fonte de apoio mútuo já que os dois terminaram as suas relações: Sally terminou com Joe porque ela queria ter uma família e ele não e Harry viu o seu casamento acabar quando Helen o trocou por outro. Pelo meio, vão tendo conversas sobre o seu tópico preferido, relações entre homens e mulheres, e os dois vão apreciando cada vez mais a companhia um do outro.
Durante uma saída a quatro, os melhores amigos de Harry e Sally, Jess (Bruno Kirby) e Marie (Carrie Fisher) apaixonam-se e rapidamente ficam noivos. Já Sally e Harry vêm a sua amizade num impasse depois de os dois terem sexo num momento vulnerável quando Harry consola Sally que ficou triste com a notícia do noivado do seu ex Joe, com a tensão a culminar numa grave discussão durante o casamento de Jess e Marie. A amizade entre ambos parece perdida até que na noite de Ano Novo, Harry declara-se a Sally, confirmando que há muito que os dois estavam apaixonados, mas eram teimosos demais para o admitir.
Ao longo do filme, vão surgindo depoimentos de vários casais idosos que relatam a forma como se conheceram e se apaixonaram, sendo o último testemunho dos próprios Harry e Sally que relatam como foi o casamento de ambos, três meses depois de terem reatado.
Com muito conteúdo do filme baseado nas experiências pessoais do realizador Rob Reiner, da argumentista Nora Ephron, do produtor Andy Scheimann e do próprio Billy Crystal, "Um Amor Inevitável" deixou a sua marca no género da comédia romântica graças aos seus diálogos vivos e acutilantes. Por exemplo, ajudou a estabelecer alguns conceitos que agora tornaram-se comuns como "mulher de alta manutenção" e "namoro de transição". Juntamente com "Conta Comigo" e "A Princesa Prometida", ajudou a confirmar Rob Reiner como um realizador de topo e catapultaria Nora Ephron para grande sucesso como argumentista e mais tarde também realizadora. A química entre Billy Crystal e Meg Ryan também foi uma mais-valia, bem secundados pelo resto do elenco, sobretudo Carrie Fisher, mas já lá vamos.
Porque sim, importa falar sobre a mais famosa cena do filme, aquela em que Sally simula um orgasmo no meio de um restaurante cheio de gente, em que todos ficam especados a olhar para ela com um ar atónito. Tudo começa quando Harry afirma que nenhuma uma mulher fingiu orgasmos com ele e Sally demonstra que é bastante fácil para uma mulher fingi-los e que provavelmente já houve quem fingisse com ele. Segue-se a tal simulação que termina com Sally a voltar à sua refeição com um olhar vitorioso, Harry com ar comprometido de quem perdeu uma discussão e uma mulher no restaurante a dizer para o empregado: "Quero o mesmo que ela!" (Essa mulher era Estelle Reiner, a mãe do realizador. A filha adoptiva deste, Tracy Reiner, também entrou no filme como Emily, uma jovem doceira que surge como namorada de Harry numa cena de um encontro de amigos em casa de Jess). O restaurante existe mesmo em Manhattan, de seu nome Katz's Delicatessen, tornou-se obviamente local de romaria e sobre a mesa onde Ryan e Crystal filmaram a cena existe este sinal:
Mas se a dupla protagonista domina o filme, Carrie Fisher não deixa Billy Crystal e Meg Ryan brilharem sozinhos no papel de Marie, a amiga de Sally que anda há dois anos envolvida com um homem casado que apesar dos esforços dela (como por exemplo comprar um grande bouquet de rosas e fingir que foi outro homem que lhe deu) não pretende deixar a esposa mas que acaba por se apaixonar por Jess, o melhor amigo de Harry, quando os dois são apresentados. À medida que o filme avança, Marie e Jess dão a entender que torcem secretamente para que Harry e Sally fiquem juntos também.
Sem dúvida que Nora Ephron, sabendo do apurado sentido de humor de Carrie Fisher, terá feito questão em providenciar a sua personagem com algumas deixas geniais. E Fisher é exímia e hilariante em cada cena que entra. Por exemplo, nesta primeira cena em que Marie aparece, Sally revela a ela e a Alice (Lisa Jane Persky), outra amiga, que acabou tudo com Joe. A primeira reacção de Marie é exclamar "O Joe está disponível?" e a segunda é sacar do seu ficheiro de contactos para arranjar alguém para Sally, culminando com ela a dobrar um ficha quando lhe dizem que um dos seus contactos está casado (que como já se viu, não é necessariamente um impedimento para Marie).
Por fim destaque para a banda sonora, cheia de vários standards de jazz interpretados por Harry Connick jr.
No dia 26 de Setembro de 1987 o Mundo (os EUA) ficou a conhecer as aventuras do extraterrestre ALF (em forma animada e sem restrições de orçamentos e logísticas) no seu planeta natal, Melmac, portanto antes da sua nave se despenhar na terra, no começo da sitcom original em imagem real ("ALF, Uma coisa do outro mundo" em Portugal, e no Brasil "ALF, o ETeimoso", título que ainda tornava mais óbvia a paródia ao E.T. de Steven Spielberg) que começou a exibição cerca de um ano antes, com o sucesso que se conhece.
A animação durou duas temporadas, contabilizando 26 episódios em que o espectador conhece a vida e costumes de Melmac (obviamente antes da explosão nuclear que o destruiu), e os amigos e família de ALF, obviamente tratado pelo nome de baptismo: Gordon Shumway. No inicio e final de quase todos os episódios o ALF - na versão real, em pelo e osso - surgia no ecrã para falar com os espectadores.
Na sua segunda temporada, ALF: The Animated Series era exibida junto a outra animação: "ALF Tales" (1988-89, 21 episódios) com os personagens a encarnar contos clássicos como a Cinderela ou o Capuchinho Vermelho, mas sempre com a vertente na comédia.
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O que passava na TV na década de 80, momentos antes ou enquanto se tentava desenroscar a rolha da garrafa de champanhe/espumante e engolir as passas todas sem engasgar? O que se via na TV na Véspera e no Dia de Ano Novo? Algumas delas eram - e são inevitáveis - como a Mensagem de Ano Novo pelo Presidente da República ou o Sequim d'Ouro. Mergulhei nos arquivos do "Diário de Lisboa", no tempo em que Portugal ainda só tinha 2 canais de televisão, e foi isto que encontrei:
Como sempre, podem clicar sobre as fotos para as verem em tamanho maior.
1980
31 Dezembro 1980 (4º-feira)
Em 1980, nem na véspera de Ano Novo se escapava ao Tempo de Antena. Ao serão, a aposta para a passagem de ano em simultâneo nos dois canais do Estado: "TV Show" - "Produção de António Andrade, cenografia de Filipe e Melo e Realização de Vítor Manuel." Portanto, o conteúdo do programa é uma incógnita. Algum dos nossos leitores se recorda? [NOTA: O nosso atento leitor Rui Craveiro complementou no nosso Facebook que o "TV Show" começou no mês de Novembro, "apresentado pelo Henrique Mendes" ("A Caça Ao Tesouro", "Ponto de Encontro") "que regressava aos quadros da RTP após alguns anos sem fazer qualquer determinado programa televisivo em Portugal", "fazendo com que tivesse sido naquele dia um especial fim de ano". Obrigado Rui!]
Na RTP-2 apostou-se na música, visto que antes foi transmitido o "Concerto de Fim-de-Ano", um "programa musical da General Electric" com apresentação do lendário John Wayne, e posteriormente outro "Programa musical - com a participação de Joan Baez (Nota: "Rejoice in the sun")".
1 Janeiro 1981 (5ª-feira)
No Portugal pós-revolucionário mas católico a primeira emissão do novo ano arrancava com a "Missa do Dia Mundial da Paz" na RTP-1 (Nota: em 2017 continua a haver missa). Depois dose dupla de "Eurovisão" com "transmissão directa de Garmissh dos Saltos de Esqui" e "Concerto de Ano Novo". O único momento da emissão dedicado aos mais pequenos foi o "Velhos contos do Japão", na rubrica "Tempo dos Mais Novos" (o "Sequim d'Ouro" de 1980, vencido pela pequena Maria Armanda e o seu "Eu Vi Um Sapo" foi emitido no dia 25 de Dezembro). Já depois do Telejornal, a "Mensagem do Ano novo pelo Presidente da República general Ramalho Eanes". Ainda na mesma temática, cerca de meia hora de "Música Coral" e a "Mensagem do Ano Internacional dos Deficientes" e à frente uma dose de "Variedades".
1981
31 Dezembro 1981 (5º-feira)
Na RTP-1, encerrava-se o ano com o "Saba Dá Bádu" especial, com Tónia Carrero como uma das atracções principais. No segundo canal, dose dupla de cinema: "Um Americano em Passadena" e "A Vida de Fernandel".
1 Janeiro 1982 (6ª-feira)
Na RTP-1, "Eucaristia" a abrir 1982, "Saltos de Ski" à hora de almoço. Antes do obrigatório "Concerto de Ano Novo", "Vinicius para crianças". Cinderela e bailado clássico de tarde. Depois do Telejornal, adivinhem, a "Mensagem do Fim de Ano pelo presidente da República" e depois "Os Marretas vão ao cinema" e "Caetano Veloso em Lisboa". Na RTP-2, quase no fecho, uma hora de "Rod Stewart"; e "Telethon", uma maratona televisiva ( television + marathon. Aportuguesado para "teleton".) para angariação de fundos para caridade que costuma incluir espectáculos de variedades.
1982
31 Dezembro 1982 (5º-feira)
No primeiro canal, o destaque da noite vinha depois do episódio de "Gente fina é outra coisa", com "Boa Noite Ano Novo" (com direito a genérico de PAT - Álvaro Patrício), anunciado da seguinte forma: "programa de variedades nacionais e internacionais e filmes de longa metragem que se prolongará até às 08:55 do dia 1 de Janeiro. No emissão de fim de ano, serão transmitidos os últimos 10 minutos da corrida de S. silvestre, pelas 2:45, em colaboração com a TV Globo, via satélite". Satélite, crianças, satélite! Alta tecnologia. Entretanto no segundo canal optou-se por um filme com Spencer Tracy - "A Montanha" e a telenovela "Cabocla" (1979).
1 Janeiro 1983 (6ª-feira)
Assim que terminou a maratona do "Boa Noite Ano Novo" no primeiro canal, quem ainda estava acordado podia saltar imediatamente para a "Missa directa de Roma", via Eurovisão (também ouviram na vossa mente a música do separador?). Ski antes do "Concerto de Ano Novo". Eis que já depois de almoço chega o"Sequim d'Ouro" 1982, seguido de "Jogos de Natal" e um episódio da "Galáctica". Depois das intrigas de "Dallas", encerrou-se a emissão com "Uma Noite com Lisa Minelli" (no Youtube na íntegra: "An Evening with Lisa Minnelli"). Na RTP-2, a primeira noite do ano desvanece ao som de "Jazz".
1983
31 Dezembro 1983 (Sábado)
O prato principal da RTP-1 vinha depois do "O Tal Canal": "Especial fim de ano - Era uma vez...83", assim sumariado: "Skechtes (cenas de revista) e canções (muitas canções). Para fechar, o clássico musical "Um americano em Paris" com Gene Kelly. Na RTP-2, a seguir à retrospectiva do ano que finda em "Hoje convidamos", encerrou-se a emissão com a aventura de James Bond "007 - Agente Indecente". Está tudo bem se não reconheceram o título, não foi gralha, não era uma paródia: "007 - O Agente Irresistível" ("The Spy Who Loved Me") foi primeiro conhecido assim no nosso país. Sempre achei que o James Bond era um bocado badalhoco e indecente...
1 Janeiro 1984 (Domingo)
No primeiro dia de 84, na RTP-1 a habitual dose de "Missa de paz", "Concerto de Ano Novo" e "Mensagem de Ano Novo pelo Presidente da República". A RTP-2 e a sua vertente cultural fechavam a noite com "Teatro para sempre "Nina"".
1984
31 Dezembro 1984 (2ª-feira)
Na véspera do 1985 a RTP-1 apresentou a "Revista do Ano", um "panorama do ano prestes a acabar no campo da música, desporto e espectáculo, para além dos balanços nas várias áreas da informação." e "Isto é Espectáculo" ("Momento de cinema e espectáculo." Para saber mais, tinha que ficar para ver.) Na RTP-2 a fechar a emissão o bailado "La Silfid".
1 Janeiro 1985 (3ª-feira)
No primeiro dia do ano, depois de almoço o "Sequim d'Ouro" 1984, com a "transmissão do certame infantil realizado em Novembro na cidade italiana de Bolonha, com a participação de João Nuno (Salvado) pelo nosso país" com o tema "Etciù! - Atchim!". Santinho!
Depois da mensagem de Ramalho Eanes, "Circo de Monte Carlo" e o musical "Grease - Brilhantina" na rubrica "Noite de Cinema".
Para o final de 1990 e rumo à última década do século XX (e por coincidência, o ano em que completei um década de vida), o réveillon da RTP fez-se com um especial de humor de Herman José, "Crime Na Pensão Estrelinha", que ficaria como um dos pontos altos da sua obra e do humor nacional.
Depois dos diferendos devido à interrupção abrupta de "Humor de Perdição", Herman José regressou em força à RTP nesse ano de 1990, primeiro com a exibição de "Casino Royal" no início do ano e depois iniciando a sua apresentação de "A Roda da Sorte", conduzindo este célebre concurso ao longo de quatro anos como mais ninguém no mundo o fez. Pelo meio, também continuou activo na rádio com as suas crónicas na TSF.
"Crime Na Pensão Estrelinha" funcionava a dois níveis: por um lado, havia a história do tal crime do título e por outro havia todo um número de sketches e números musicais incluídos no programa que as personagens da história vêem pela televisão.
Lista de reprodução de "Crime Na Pensão Estrelinha" com 9 dos 10 capítulos do DVD, mais o extra "Na Pista do Crime":
Mas vamos à história: na Pensão Estrelinha, os hóspedes reúnem-se para celebrar a passagem de ano, enquanto na televisão transmite o programa "Adeus 90, Olá 91!", apresentado por Serafim Saudade.
No entanto para os hóspedes são poucas as razões para festejar já que são todos alvos de chantagem e humilhação do dono da pensão, o desprezível Neves (Canto e Castro), que todos o odeiam. Maria Estrelinha (Maria Vieira), a anterior dona da pensão que herdou do pai, não herdou porém o talento para gestão do seu progenitor e odeia o Neves porque a apanhou numa curva, e empréstimo puxa empréstimo, ficou ele dono da pensão e ela reduzida a uma espécie de governanta; Lelo (Vítor de Sousa), funcionário do banco Velha Rede, odeia o Neves porque este sabe do desfalque que ele deu no seu banco; a mulher de Lelo, Célia (Ana Bola), uma nortenha de Vila do Conde, odeia o Neves porque também caiu nas malhas financeiras dele, quando ficou sem capital para gerir a sua boutique e satisfazer a sua paixão por roupa chique; Preciosa (Lídia Franco), a esposa do Neves, odeia o marido porque mantém um caso com o filho deste; Lacerda (José Pedro Gomes), militante de esquerda odeia o Neves porque ele representa todos os males capitalistas que ele abomina; Tónia (Rita Blanco), uma dentista brasileira companheira de Lacerda, odeia o Neves mas muito disfarçadamente, "sacou?"; Lita Gomes (São José Lapa), actriz de teatro independente, famosa pela sua representação da Fedra num cenário em forma de sapato, cheia de tiradas dramáticas e sempre apertada de dinheiro odeia o Neves porque ele exige que ela pague "em géneros" as dívidas que ela tem na pensão; e Bruno (Nuno Melo), o jovem filho de Neves, odeia o pai porque sim.
Como tal, todos se juntam para elaborar um plano para acabar com o Neves de uma vez por todas: deitar "discretamente" no flûte de champanhe do crápula uma boa dose de uma mistura fatal de bromopatasona, glimificatona e tranatanita. O plano resulta e o Neves bate as botas ao bater das doze badaladas. O detective Hércules Pirô (Herman José) é chamado à pensão para descobrir o enigma do crime. Será que ele vai descobrir o verdadeiro culpado? E será que, mesmo morto, o Neves ainda fica a rir?
Os diálogos eram pautados por vários trocadilhos como por exemplo aquele em que Estrelinha pergunta "Alguém quer um pedaço de quiche?" ao que Preciosa responde "Qui(s)che o destino que eu passasse este fim de ano em sofrimento!"
O programa também teve alguns momentos musicais, onde Herman José vestia um boneco semelhante ao intérprete original da música de que fazia uma versão, adaptada por Rosa Lobato Faria. O meu preferido é quando ele faz de uma cantora ao estilo Lena D'Água para cantar "Sempre Que O País Me Quiser" (versão de "Sempre Que O Amor Me Quiser") e no final vê-se aflita no meio de tanto fumo. Algumas dessas adaptações eram sobre os candidatos às eleições presidenciais de 1991: o já referido "Sempre Que O País Me Quiser" era sobre Basílio Horta, candidato do CDS; "Marinho Dos Olhos Doces" (versão de "Amélia dos Olhos Doces") era sobre (claro!) Mário Soares que viria a ser reeleito nesse sufrágio; "Apesar Do Tempo Frio" ( versão de "Porto Sentido") era sobre Carlos Carvalhas, o candidato do PCP; e apesar de não ter chegado formalmente a ser candidata, a deputada de "Os Verdes" Maria Santos teve direito a uma canção, uma versão de "Morena Morenita" mas não houve porém nenhuma canção para Carlos Marques, que foi candidato pela UDP.
As outras canções foram "As Velhinhas À Volta Da Braseira" (versão de "Os Meninos do Huambo"),
"Em Quem Eu Voto" (versão de "Nem Às Paredes Confesso"), "Oh Melgas Oh Melgas" (versão de "Oh Elvas Oh Elvas"), e uma versão de "Pelos Caminhos de Portugal".
Outros famosos sketches:
Entrevistas nas delegações da RTP no Porto com o incomparável José Estebes, na da Merdaleja com a não menos mítica Maximiana e na de Serpa, para uma entrevista à esteticienne Ivete Marise, preocupada com a doença das vacas loucas e que volta e meia exclama: "Adérito, filho, volta que tás perdoado!". Ivete Marise regressaria no réveillon seguinte no Hermanias Fim De Ano como consultora sentimental.
Outra personagem que apareceu aqui (e que voltará no ano seguinte) é o jovem delinquente Zé Chunga com o seu bordão "A malta é jovem!"
"O Trevo da Morte", paródia de "O Trevo da Sorte", um dos muitos concursos exibidos na altura pela RTP. Mas n' "O Trevo da Morte", os concorrentes arriscavam-se a levar um tiro do apresentador se não soubessem as respostas às perguntas.
Felizberto Lalande, ou como o próprio diria "Fewisberto Wawande", o presidente da "Associação Daqueles Que Não Sabem Dizer os L's".
O emigrante português em Berlim que assistiu à reunificação da Alemanha e que mesmo sem ver a família há 15 anos, a sua mulher continua a ter filhos seus…
Rosa Lobato Faria promove o seu livro "Palincalunga e os 40 Catrapangalongos", advertindo que ao contrário do que diz na contracapa, as receitas das vendas não revertem a favor da UNICEF ("foi só um truque para vender mais") e que o livro contém vários erros ortográficos para que a leitura fique mais interessante.
Na altura, Filipa Vacondeus aparecia num espaço de culinária das manhãs da RTP onde executava pratos que se podiam fazer com sobras de outras comidas. Seguindo essa filosofia, Herman José encarnou Filipa Vasconcelos que faz um delicioso menu de fim de ano com as batatas que lhe sobraram: gaspacho de batata, chá com cascas de batata, postas de batata com puré de batata, hambúrguer de batata com batata frita e para sobremesa, mousse de batata. Desta vez nem sequer havia paprika!
De referir ainda o tema do genérico do programa, com um pé no tema da Pantera Cor-de-Rosa e outro no "Vogue" da Madonna, cuja versão instrumental também foi utilizada nos separadores da "Roda da Sorte".
Segundo o próprio, Herman José escreveu o programa em quatro dias (dois sábados e dois domingos). As gravações decorreram nos estúdios da RTP no Lumiar ao longo de três semanas. A realização foi de Fernando Ávila. Após a sua exibição no réveillon 1990/91, "Crime Na Pensão Estrelinha" foi reexibido na íntegra em Fevereiro de 1991 (a reposição em Janeiro desse ano foi interrompida pelos acontecimentos na Guerra do Golfo) e passou várias vezes na RTP Memória aquando do final do ano. Em 2007, o programa foi editado em DVD.
Com letra, música, arranjos e produção de George Michael, "Last Christmas" só não teve um maior êxito imediato porque na época teve que competir com "Do they know it's Christmas?" (Band Aid, com participação dos "Wham!") e "We All Stand Together" (Paul McCartney).
Apesar de ser um dos temas natalícios tradicionalmente mais ouvidos no final do ano, provavelmente 2016 será o ano que mais rolará nas ondas das rádios e nos leitores de mp3; consequência do falecimento de metade - a mais famosa - do duo "Wham!" (com ponto de exclamação, sim!), George Michael [25 de Junho 1963 - 25 de Dezembro de 2016]. Além dos "Wham!" (1981-86), George Michael (Georgios Kyriacos Panayiotou) coleccionou variados êxitos a solo ("Careless Whisper", "Freedom 90") , e escândalos.
O famoso vídeo:
No vídeoclip - realizado por Andy Morahan ("Duelo Imortal III" e muitos videoclips) - um grupo de amigos passa o Natal num resort de ski. Os personagens de George Michael e Andrew Ridgeley estão acompanhados das respectivas namoradas. Mas a respectiva de Ridgeley - Kathy Hill - já foi a de George Michael - com direito a flashback e tudo - que no Natal anterior lhe ofereceu o coração, mas no dia seguinte lhe deu com os pés. Uma situação ainda não bem resolvida, portanto...
O Pai Natal chora junto ao cadáver da rena Rodolfo, morta por um huskey raivoso, informa a legenda.
Podem acompanhar a letra:
Um pormenor interessante desta edição portuguesa, é o vale destacável incluso no single: um Vale de 100$00 na compra do LP ou cassete "Make It Big", dos "Wham!"- obviamente - à venda em Janeiro de 1985. Já não consegui aproveitar o Vale porque o prazo terminava em Fevereiro do mesmo ano...
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"Se quiser oferecer às suas amigas um presente especial, aqui tem a resposta para o seu problema. A nossa colecção de doces, inclui deste estrelas de Natal comestíveis, até pequenos pacotinhos de oferta, com bolinhos e bolachas de massapão." Na primeira página (acima) os ingredientes e receitas para "Grandes Estrelas de Natal", "Cajadinhos" e "Bolas de Pipocas".
De seguida, umas fotos de fazer salivar:
E as receitas e ingredientes para "Rebuçados-pendentes", "Pacotinhos de massapão" e "Comboio Doce".
Imagino que este último seria um êxito entre a criançada, um comboio que se podia comer!
Algum dos nossos leitores ou familiares tentou reproduzir com êxito estas receitas da revista Maria?
Boas Festas, Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Páginas retiradas da revista Maria 318, de Dezembro de 1984.
Imagem Digitalizada e Editada por Enciclopédia de Cromos.
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