quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ponto de Encontro (1995-2002)

por Paulo Neto

Por ocasião do 21.º aniversário da SIC, planeio durante este mês de Outubro recordar programas míticos dos primeiros anos da estação de Carnaxide. Depois de "Chuva de Estrelas", é a vez de "Ponto de Encontro".



Numa era em que as pessoas estão mais contactáveis do que nunca e onde é cada vez mais fácil localizar por onde é que anda alguém, já nos custa imaginar que outrora vivemos num tempo onde não havia telemóveis e internet e era bastante fácil perder o paradeiro dos nossos conhecidos devido às vicissitudes da vida, muitas vezes para o resto da vida. 

Era essa a simples premissa do programa "Ponto de Encontro", estreado na SIC em 1995. Nele, familiares e amigos que levavam anos ou até décadas sem qualquer contacto reencontravam-se por fim. Por vezes sucedia que alguns dos procurados nem sonhasse com a existência daquele que os procurava. Foi o que aconteceu a uma senhora aqui da minha terra, conhecida da minha mãe, que ficou a saber que tinha um meio-irmão de quem ela nunca tinha ouvido falar, devido ao programa. 





"Ponto de Encontro" também marcou o regresso à televisão de Henrique Mendes, um dos rostos mais populares do primórdios da RTP, onde trabalhou de 1958 a 1974. Depois da Revolução, não conseguindo afastar a conotação ao antigo regime, Mendes emigrou para o Canadá onde ficou até 1979, tendo regressado para trabalhar na Rádio Renascença. O programa permitiu apresentá-lo a uma nova geração, que o encarou como uma espécie de um avô janota que entrava pela nossa casa, algo que foi reforçado quando Henrique Mendes entrou na série "Médico de Família".

Em cada programa, sucediam-se vários encontros emocionados entre ente-queridos, muitas vezes com lágrimas à mistura. Mas ao contrário de programas como "Perdoa-me" e "All You Need Is Love", não se verificava tanto uma exploração da lágrima fácil e do sentimentalismo, até porque a condução de Henrique Mendes primava por ser sóbria e séria, sem ser desprovida de empatia. Esses factores contribuíram para o prolongado êxito do programa.

A longevidade do programa (esteve no ar até 2002 e foram gravadas mais de 200 emissões) não só dava a ideia de que metade de Portugal parecia que andava à procura da outra metade, como reflectia o facto de que apesar de sermos um país pequeno, durante muito tempo houve grandes distâncias - não apenas quilométricas - a separar as nossas diferentes regiões e populações umas das outras. E pensar que hoje basta muitas vezes apenas procurar no Facebook por velhos conhecidos…

Henrique Mendes faleceu em 2004, apenas dois anos após o fim do programa.


Promos do programa (1995): 






Excerto do programa: 






O programa na rubrica "Grandes Momentos SIC 20 anos"




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3 comentários:

  1. Um programa espectacular e emocionante, apresentado pelo "Sr. Telejornal dos Anos 60", um dos melhores locutores e profissionais da nossa história, o sr. Henrique Mendes.
    Lembro-me sempre de que quando haviam os encontros aguardados dos familiares desaparecidos, a música e o momento de emoção faziam-me chorar de uma maneira altamente horrenda, e a minha avó era a mesma coisa.
    E fazer um programa destes, numa época em que não existiam as facilidades que hoje temos, graças à evolução dos tempos, foi um grande exemplo de serviço público numa emissora de TV privada, e que a TVI segue uma vez por semana no programa da manhã "Você na TV", mesmo sem o sucesso de outrora, mas com o mesmo objectivo de trazer a felicidade àqueles a quem a vida foi ingrata e má, por razões adversas.
    Mais um programa histórico da nossa TV.

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    Respostas
    1. Apesar do aspecto de exploração dos sentimentos, fico sempre fascinado a ver programas deste género :D

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    2. Caro amigo, faço minhas as suas palavras.

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