terça-feira, 13 de setembro de 2016

Modas de vestuário dos anos 90

por Paulo Neto

Há uns tempos, numa das minhas navegações pelo YouTube, descobri um vídeo que falava sobre as dez modas dos anos 90 que definiram a década, e dei comigo a voltar atrás no tempo e a lembrar-me de roupas que eu, os meus conhecidos e toda a gente em geral usava nessa década e é curioso recordar algumas dessas tendências. Comparados com os excessos fashion dos anos 80, as modas dos anos 90 são consideravelmente menos embaraçosas, mas algumas delas não dão para ser lembradas sem evitar algum rubor no rosto. Vejam se lembram destas roupas e acessórios aqui revelados.

 


Calções de ciclista: Além dos inevitáveis fatos de treino (que no início da década até primavam por cores garridas e materiais vistosos), a principal peça de roupa que prolongou nos anos 90 a tendência de usar-se roupa para desporto fora de contextos desportivos da década anterior, foi sem dúvida os calções de lycra pelo joelho que anteriormente pertenciam quase exclusivamente à indumentária dos ciclistas. Mas as peças de lycra continuaram em força na transição entre décadas e os calções de ciclista tornaram-se um must-have para ambos os sexos, sobretudo para a prática desportiva mas não necessariamente apenas para tal. A cor de eleição desses calções era o preto, mas existiam em diversas cores. 


Recordo-me de ver na escola raparigas que saíam à rua e iam às aulas (que não de Educação Física), tanto isoladamente como por debaixo de saias, calções ou vestidos e de rapazes a jogar à bola com esse calções debaixo de calções normais. Eu tive um par de calções pretos mas limitei o seu uso às aulas de Educação Física e para andar em casa.





Botas da tropa femininas: Se as botas de estilo militar já eram um artigo popular entre o mercado masculino (como por exemplo as famosas Doc Martens), nos anos 90, as raparigas perceberam que essas botas não precisavam ser apenas domínio exclusivo das indumentárias das punks e das metaleiras e que podiam ser conjugadas com as mais diversas peças de roupa como mini-saias e até vestidos mais ou menos de gala. Por exemplo, Liv Tyler conjugou como ninguém essas botas com um top e uma mini-saia no filme "Empire Records" (aliás o guarda-roupa da personagem de Liv Tyler nesse filme é quase uma síntese da moda dos anos 90) e recordo-me de Dulce Pontes no Natal dos Hospitais de 1995 a cantar o seu hit "A Brisa do Coração" com um vestido preto curto com tules e umas botas até ao joelho e de a minha mãe a dizer "Se não ficavam melhor ali uns saltos altos com aquele vestido em vezes dessas botas!"


E alguns rapazes também se afoitaram a fazer algumas combinações inéditas com os seus pares de botas, como por exemplo eu no Verão de 1993 que cheguei a usar botas com calções de ganga e uma T-shirt de capuz. E por falar nisso...



T-shirts de capuz: Foi nos idos de 1991 que foi decidido que os capuzes deixariam de ser exclusivos dos kispos e das sweat-shirts e que fazia todo o sentido serem incluídos em T-shirts. No primeiro catálogo da La Redoute que veio parar à nossa casa, a T-shirt de capuz era descrita como must-have desse Verão para ambos os sexos. E embora não tivessem assim grande utilidade, apesar do calor do Verão e do estilo que alguns rappers tinham com o capuz enfiado na cabeça, a sério é que não tardou a que, das barracas de feira às lojas mais conceituadas, as T-shirts de capuz vendiam-se que nem pãezinhos quentes. Eu tive duas, uma azul-escura com cordões brancos e uma vermelha em que os cordões da mesmas cor estavam enfiados por uma série de atilhos. E mesmo sem motivos para usar o capuz, eram peças de eleição do meu armário nessa altura.



Camisas de flanela: Se bandas como Nirvana e Pearl Jam tinham a ambição de marcar a história da música com o estilo grunge, decerto que não teriam em mente que ao fazê-lo, deixariam também um fashion statement. Mas como até era um estilo bastante acessível, não tardou a fazer sucesso até mesmo para quem não era fã do género. Bastava uma camisa de flanela em xadrez, umas calças rasgadas e uns ténis gastos ou umas já referidas botas estilo militar. Mas apesar dessa simplicidade, não tardou até os designers da indústria de moda também elaborarem as suas criações high end do estilo grunge. Mesmo depois do fim do auge do grunge, o estilo prolongou-se pela segunda metade da década até porque também encaixava no polémico estilo heroin chic. Mas do estilo grunge, a peça mais icónica era sem dúvida a camisa de flanela: abotoada, desabotoada ou enrolada à volta da cintura, não só dava um estilo do caraças como também era confortável. Eu tive algumas camisas dessas, não que eu fosse fã do grunge (aliás só comecei a apreciar mais o repertório dos Nirvana e dos Pearl Jam uns anos mais tarde), mas porque eram extremamente confortáveis nos meses mais frios. Cheguei mesmo ter duas sobrecamisas de flanela para usar debaixo das camisas normais.



Saias com meias altas: Antes de Britney Spears causar pensamentos libidinosos em grande parte da população masculina com o vídeo de "Baby One More Time" em 1998, o estilo colegial já tinha tido uma vaga de sucesso quando em meados da década se popularizou a moda de se conjugar vestidos ou saias mais ou menos curtas com meias altas que tanto podiam ir ao joelho como até a meio da coxa em vez dos tradicionais collants. Como essas meias eram dos mais diversos materiais, da lycra até à malha, era um look que até se podia usar no Inverno, e vinham em todo o tipo de cores e  padrões. Não tardou que várias raparigas e mulheres adoptassem esse look feminino que era bastante agradável aos olhares masculinos. As personagens do filme "Clueless - As Meninas de Beverly Hills" ilustraram bem esta moda.



Colares chokers: No que diz respeito ao que se usava ao pescoço a peça de eleição eram os colares cingidos à volta do pescoço, cujo termo em inglês é "choker". E os chokers são como os chapéus, há muitos. Podiam ser umas tiras simples, outras mais grossas com um pendentes como usaram Sharon Stone em "Sliver - Violação de Privacidade" e Natalie Portman em "Léon - O Profissional". Também havia uns de plástico que davam uma ilusão de tatuagem. 


Para os rapazes, a versão do choker mais popular era aquela com imitações de conchas, como usou Adam Sandler no filme "Airheads- Cabeças Ocas".






Sapatos de plataforma: Na segunda metade da década, os sapatos de plataforma invadiram todos os tipos de pavimentos. Fossem botas, sapatilhas, sandálias ou saltos altos, o importante eram aqueles cinco a dez centímetros de sola que acrescentavam mais altura àquela que os calçasse. Outra vantagem é que quando se quisesse matar o caruncho lá de casa em 1998, bastava dar uma festa e ter muitas convidadas femininas. Com tanto sapato de plataforma a palmilhar o soalho, não havia caruncho ou barata que sobrevivesse.


As grandes incentivadoras desta moda foram as Spice Girls, sobretudo a "Scary Spice" Melanie B, a "Baby Spice" Emma e a "Ginger Spice" Geri (já que a "Sporty Spice" Melanie C. e a "Posh Spice" Victoria eram praticamente inseperáveis respectivamente dos seus ténis e dos seus stilettos), que exibiam orgulhosamente as suas plataformas de cores garridas e de alturas vertiginosas.




Tops pelo umbigo: os anos 90 foram a década da libertação do umbigo. Nunca antes os umbigos femininos foram tão vistos a olho nu, libertos das barreiras de tecido que outrora os ocultavam. Primeiro porque os biquínis massificaram-se e passaram a estar disponíveis para todo o tipo de corpos. Depois porque os crop tops tornaram-se omnipresentes assim que chegavam os primeiros dias mais quentes de cada ano, em diversas cores e feitios: de alças, com mangas curtas ou compridas, em cai-cai, ao estilo camiseiro, atados nas costas, tudo valia para mostrar ao mundo o umbigo, sobretudo se este tivesse um piercing. Cantoras como Gwen Stefani, Britney Spears e Christina Aguilera ajudaram a tornar esta peça num ícone.   




Bolsa de cintura: Também conhecidas como saco-banana ou pelo termo inglês "fanny pack", as bolsas de cintura tornaram-se por um breve espaço de tempo um acessório fashion e depois disso ainda perduraram mais algum tempo devido à sua funcionalidade. Para elas, porque há sempre qualquer coisa que é urgentíssimo trazer antes de sair para à rua e não cabe tudo na mala de mão, e para os homens, porque não tinham aquele cunho ameninado das malas a tiracolo e deste modo não era preciso trazer tudo nos bolsos das calças. Eu acho que cheguei a ter um ou dois, mas não me recordo de ter-lhes dado grande uso. E como não podia deixar de ser, havia em todas as formas e feitios. Das cores mais discretas às mais berrantes, de apenas um fecho a uma data de compartimentos, da lona ao cabedal.





A febre das marcas: Outra herança dos anos 80 que passou para a década seguinte foi a importância das marcas. Quanto mais roupa de marca se tivesse, maior era o status que se tinha. Essa ideia sempre me fez confusão pois sempre achei que pagar o dobro do preço por uma peça só porque tem um certo logótipo cosido é algo absurdo e porque não é por não usar roupa de marca que uma pessoa anda melhor ou pior vestida. E não conseguia deixar de fazer um sorriso trocista sempre que alguém, rapaz ou rapariga, na minha escola fazia grande alarde quanto às marcas das roupas que trazia vestida. (Nunca me esqueci de uma vez em que uma colega minha contou à turma que uma conhecida dela fez questão de lhe mostrar em plena rua que trazia um soutien da Peter Pan!) 
Nas gangas, as Levi's ainda reinavam, mas as Diesel  e das Pepe Jeans também eram apreciadas e suplantaram as Lois e as Lee, referências dos anos 80. E quanto a sapatilhas, assistiu-se à ascensão da Reebok que rompeu com o triunvirato Adidas-Puma-Nike, bem como o ressurgimento das Converse All Stars. Tal era a ditadura destas marcas que dava a ideia que era crime não ter pelo menos um par de ténis de uma destas cinco marcas que a minha mãe soube dessa lei não-escrita e ofereceu-me aos 15 anos uns ténis da Puma sem sequer eu lhes ter pedido. Da Reebok, não tive ténis, mas comprei uma T-shirt no Gaia Shopping durante uma visita de estudo da minha turma do 11.º ano ao Norte do país.   

De que outras modas de vestuários dos anos 90 é que vocês se lembram? Escrevam nos comentários ou no Facebook e quem sabe se este texto não tem uma sequela.

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1 comentário:

  1. Gostei muito de ver as minhas colegas do secundário com as saias de xadrez e meias grossas acima do joelho :D

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