A animação é cada vez mais sofisticada que os putos de hoje certamente acharão as séries animadas com que crescemos nos anos 80 e 90 como muito arcaicas. E até podem ser, mas muitas delas, apesar de serem de uma extrema simplicidade técnica, conseguiam deixar a sua marca. Foi o caso desta, a série de animação britânica "Raggy Dolls", que por cá teve o título de "Os Farrapinhos". Foi uma série criada por Neil Innes e produzida pela Yorkshire Television, num total de 111 episódios exibidos em terras britânicas ao longo de nove temporadas entre 1986 e 1994. Por cá as primeiras temporadas passaram entre 1991 e 1992, aos domingos de manhã na RTP1 e creio que as restantes foram exibidas nos anos seguintes.
"Os Farrapinhos" narrava as aventuras de sete bonecos provenientes de uma fábrica de brinquedos, que por diversos motivos, sobretudo por defeito de fabrico, foram parar ao cesto dos brinquedos rejeitados. São eles: o Saco Triste (voz de Fernando Gomes), um protótipo de um brinquedo com demasiado enchimento e por isso considerado demasiado caro para ser produzido, sendo que, como o seu nome indica, é um boneco bastante dado à melancolia; a Pintas (voz de Isabel Ribas), uma boneca que por acidente ficou manchada de tinta e que se assume como a líder do grupo; o Hi-Fi (voz de Joel Constantino) um boneco falante que devido a uma queda ficou com uma ligeira gaguez; Lúcia (voz de Cristina Carvalhal), uma boneca com os membros alinhavados que fica toda desconjuntada quando se assusta; Trás-Prá-Frente (voz de Fernando Gomes) que por engano ficou com a cabeça colocada com a cara virada para as costas, mas apesar disso é bastante habilidoso a arranjar coisas; Claude (voz de António Feio), um boneco pintor francês que não tem nenhum defeito, simplesmente perdeu o ferry que o levaria para França onde seria comercializado e como não podia deixar de ser é o mais artístico do grupo e tem queda para a cozinha; e a Princesa (voz de Fernanda Figueiredo) cuja história passada é contada no genérico: numa linha de produção de bonecas princesas saiu toda maltrapilha, mas apesar do seu exterior andrajoso, mantém a postura de uma princesa. Entre as outras personagens recorrentes existem duas figuras humanas: o Sr. Lopes, dono da fábrica de brinquedos e Florinda Fontes, a cozinheira do refeitório da fábrica.
Estes outcasts formam um círculo de amigos extremamente unido e, longe do olhar humano, vivem aventuras tanto dentro da fábrica como nas suas imediações, como por exemplo num campo onde está o espantalho Pão Integral.
Tecnicamente não era uma série muito elaborada. Por exemplos havia planos quase estáticos, onde apenas as bocas das personagens se mexiam. Mesmo assim a série deixou a sua marca no Reino Unido e noutros países devido à simpatia dos bonecos e à sua bela mensagem de amizade, respeito pelas diferenças e a humildade.
Ao princípio a série era dobrada por vários actores (cujos nomes foram acima referidos) sobre direcção de António Feio, que além da voz de Claude, era também a voz da narração. Mas recordo-me que numa fase mais adiantada, António Feio fazia a narração e as falas das personagens sempre na mesma voz, o que resultava um pouco estranho, sobretudo quando as personagens femininas falavam. Também ao princípio a série era exibida por cá com o tema do genérico inicial interpretado por Neil Innes, o criador da série, mas mais tarde o tema teve uma versão em português embora não me recorde quem cantava. Lembro-me isso sim da letra:
Quem me dera ser igualzinho a qualquer um
Ter defeito não é defeito nenhum
Não t'aflijas se fores parar
Ao cesto dos defeitos
Como os Farrapinhos (Farrapinhos), Farrapinhos (Farrapinhos),
Quem não tem o seu?
Os Farrapinhos (Farrapinhos), Farrapinhos (Farrapinhos),
São como tu e eu?
Pois se ouvires burburinhos,
Troças e risinhos, sempre a comentar
Faz como os Farrapinhos
E deixa-os lá falar
Por cá não houve nenhuma merchandising da série, mas no Reino Unido existe uma colecção de DVD e de livros ilustrados.
Genérico (música em inglês):
Excerto:
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