segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quem é Quem?

por Paulo Neto

Todos os anos, um dos primeiros sinais do arranque da quadra natalícia é a overdose de anúncios a brinquedos na televisão. Quando era petiz e assistia aos espaços de desenhos animados da RTP em finais de Novembro e ao longo do mês de Dezembro, era certo que nos intervalos iria levar com um bombardeamento de jogos e brinquedos que me deixavam em êxtase e com esperanças de receber alguns deles pelo Natal. Obviamente que eu me interessava mais por aqueles essencialmente direccionados aos rapazes (Playmobil, Lego, Transformers, Micro Machines, carros telecomandados, as pistas de automóveis, os jogos de tabuleiro, as consolas de jogos) e só a custo suportava os milhentos anúncios de Barbies, Nenucos e Barriguitas.

Infelizmente não recebi a grande maioria dos brinquedos anunciados que eu cobiçava, como por exemplo, os carros telecomandados Nikko, a estação de serviço de cinco andares da Galp ou os jogos Pulgas Na Cama e Traga-Bolas. Claro que na hora da verdade acabava por não ficar decepcionado pois lá recebia aquele Playmobil que me deixava de olhos arregalados quando o via numa loja ou outros brinquedos menos célebres a quem eu dedicava a mesma atenção que dedicaria aqueles anunciados na TV.  



Um dos jogos que muitos, incluindo eu, sonhavam receber a cada Natal era o "Quem É Quem"? Como não podia deixar de ser, o jogo tinha um anúncio mítico: "Acertei! E ganhei no Quem É Quem!"


O jogo era simples, consistindo apenas em dois tabuleiros, cada um com um lote de divertidas personagem com caras mais ou menos cómicas com nomes anglo-saxónicos. Estranhamente no lote de personagens, pelo menos na versão comercializada em Portugal, não figurava o Jack, a personagem que o miúdo do anúncio adivinha. Através de perguntas com resposta de Sim ou Não, cada jogador tinha de descobrir qual era a personagem escolhida pelo adversário antes que este descobrisse a sua. Por exemplo, se tinha chapéu, cabelo louro, nariz grande, bigode... Consoante as respostas, os jogadores iam eliminando hipóteses baixando os painéis com as personagens excluídas. Quando só tivesse duas ou três hipóteses finais em aberto, o jogador era obrigado a arriscar.  
Lembro-me que ninguém gostava quando lhe calhava uma mulher pois eram apenas cinco mulheres (na primeira versão, chamavam-se Anita, Anne, Claire, Maria e Susan) e os homens eram bem mais. Por isso, habitualmente estabelecia-se uma regra de que não se podia perguntar logo qual o sexo da personagem. 




Apesar da sua simplicidade, o "Quem É Quem" era a cada Natal um dos presentes mais desejados, tanto por rapazes como por raparigas. Eu só o tive bem mais tarde, já no final da adolescência, ao comprar a versão "jogo de viagem" mas ainda assim eu, o meu irmão e até a minha mãe ainda nos divertimos a jogar, o que prova que o apelo do "Quem É Quem" transcendia idades.

Pelo que sei, o "Quem É Quem" continua a ser comercializado mas num anúncio que eu vi recentemente, parece que agora está todo electrónico e XPTO, com luzes e botões. 


sábado, 30 de novembro de 2013

My Holiday Girl - Mini Pop (1974)

Anúncio ao single "My Holiday Girl", o último lançado pelo quarteto juvenil "Mini Pop", e definido como "um êxito perigoso". Imagino que o "perigoso" seja para combinar com o sinal de trânsito com que os petizes foram fotografados. E com umas belas fatiotas, acrescente-se!

My Holiday Girl - Mini Pop:


O próprio videoclip no Youtube fornece informação sobre o grupo "Mini-Pop", que - quais Pokemons - "evoluiram" para os "Jáfumega" (Latin'America, La Dolce Vita).

Reproduzo na integra o texto que acompanha o video ( que é uma variação do texto da Wikipedia):
"Mini-Pop foi um grupo infantil que iria dar origem aos Jáfumega. O conjunto , composto por 4 elementos, de idades compreendidas entre os 7 e os 11 anos de idade, formou-se no ano de 1969. O grupo dos irmãos Barreiros (Pedro, Mário e Eugénio)e do amigo Abílio foi dinamizado pelo Pai Mário Barreiros. Mais tarde veio a juntar-se ao agrupamento (1977) o ainda jovem idoso Vitor Barbosa, mais conhecido como o "Cambraia". Esta nova aquisição veio impulsionar e dar um novo fôlego à musica nacional portuguesa, com uns insequecíveis "brilharetes" de guitarra neo-rockabilliana de retoques barrocos mas sempre eclécticos. A guitarra usada por este génio da guitarra foi uma Fender Stradivarius americana com Texas Special assim como uma Gibson Les Paul Standard gold top.
Gravaram dois singles para a editora Zip-Zip. O maior sucesso foi uma versão de "A Casa" (Era Uma Casa Muito Engraçada).
Ao vivo o repertório do grupo nunca foi tão comercial como em disco. Actuaram com bastante sucesso no Festival de Vilar de Mouros de 1971.
Passaram para a Movieplay onde gravaram um primeiro single com os temas "Delta Queen" e "Beggars Can't Be Choosers".
Participaram depois no Festival RTP da Canção de 1973 com "Menina de Luto".
Lançaram o single "Days Of Summer/Vaya Con Dios". Gravaram novo single, "My Holiday Girl", com temas de Paulo de Carvalho e Mike Britton.
Durante 10 anos de carreira gravaram sete singles e participaram em cerca de 300 espectáculos. Também tentaram entrar em Espanha como "Tanga", o nome escolhido para a internacionalização.
Após o fim do grupo transformaram-se nos Jafumega, uma das bandas que marcou a década de 80 em termos musicais. Um dos elementos (Abílio) integrou a banda rock Roxigénio."

Mais algumas músicas do grupo:

Ladrar à Lua (1971):

Menina de Luto (1973) Festival da Canção 1973:


Publicidade retirada da revista Tele Semana nº 56, de 15 de Fevereiro de 1974.

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Aparelhagem de Ginástica Kettler (1974)

A maquineta para fazer exercicio que ilustra o anúncio á Aparelhagem de Ginástica "Kettler" parece uma tábua de passar a ferro mas com a possibilidade de deixar o seu usuário preso pela cintura enquanto a esborracha. Ou se calhar é só a minha imaginação...

Publicidade retirada da revista Tele Semana nº 56, de 15 de Fevereiro de 1974.

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Pedro Malagueta


Encontrando esta capa do disco no Instagram, pesquisei para saber quem era este cantor conhecido pelo singelo nom de guerre "Pedro", qual Prince português do Ultramar. Pegando no título do single, "Somewhere This Summer" rapidamente cheguei ao nome "Pedro Malagueta". Imediatamente, o meu sentido-de-aranha titilou, o nome não me era estranho. Olhando melhor à espartana página de Wikipédia,  mistério resolvido: Este Pedro é o Pedro Malagueta que nos encantou nos anos cromos com a bela versão portuguesa de "Era Uma Vez O Espaço..." - que confessso, está semrpe comigo no leitor de mp3. Anos atrás, no meu Youtube, coloquei um video com essa música, segui as confiáveis "fontes" da Internet que indicavam que o cantor do tema era o famoso Paulo de Carvalho. Pareceu-me bem, e assim indiquei na descrição do vídeo, até ter sido corrigido por um utilizador atento. Aproveito para pedir desculpa por durante alguns dias/meses ter contribuido para espalhar o "boato" de que era Paulo de Carvalho que cantava a música.

Voltando a Pedro Malagueta, nasceu em 1951 em Angola, podem ver a lista de singles e prémios na Wikipédia: "Pedro Malagueta". Ainda é mencionada a sua participação em vários grupos, um dos quais - "Férias" - participou no Festival RTP da Canção de 1977.
Foto: Site "Festivais da Canção".
O grupo ficou em 7º lugar nessa edição do certame. Na foto acima, Pedro Malagueta com a t-shirt da letra "I". Curiosamente, em 1º lugar ficou o grupo "Os Amigos", constituido entre outros por... Paulo de Carvalho! A foto e a informação retirada do excelente site "Festivais da Canção", vale a pena visitar!


 Uma actuação com o grupo "Heartbreakers Soul Band":


Se encontrarem mais videos, partilhem nos comentários!

No Myspace do artista podem ouvir um tema de 2007: "Puro Cubano".
Como não consegui encontrar um video ou áudio do tema do single, recordo aqui o belo genérico de "Era Uma Vez O Espaço":


O tema foi composto por Michel Legrand e na versão francesa interpretada por Jean-Pierre Savelli [ouvir]. Prefiro a "nossa" versão!

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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Helene Curtis (1974)

Anúncio aos champôs/shampoos da marca "Helene Curtis", "usados pelas mulheres mais belas do mundo". E sim, leram bem, podemos encontrar a variedade "Go Gay" entre outras variedades como Ovo, Framboesa, Limão ou Morango. Duvido que a brigada do politicamente correcto deixasse passar essa hoje em dia!

Publicidade retirada da revista Tele Semana nº 56, de 15 de Fevereiro de 1974.

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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Vidas Em Jogo (1984)

por Paulo Neto

Creio que nem mesmo George Orwell poderia prever no seu tempo que o ano de 1984 a quem ele conferiu toda uma mitologia seria um dos anos mais emblemáticos da cultura pop. Por exemplo, poucos anos podem se gabar de uma lista tão extensa de filmes e músicas que hoje são considerados verdadeiros clássicos. E o filme que hoje analisamos, deixou a sua marca em ambas as frentes. 



Confesso que este é daqueles filmes que nunca vi do princípio ao fim, mas que fui apanhando aos pedaços, sempre que algum canal de televisão (sobretudo o Hollywood) o exibia. Na sua estreia, "Vidas Em Jogo" ("Against All Odds" no original) já tinha diante de si toda uma grande promoção atrás de si. Para começar o realizador era Taylor Hackford, que vinha do sucesso de "Oficial e Cavalheiro", a comunicação social tinha amplamente divulgado os principais ingredientes do filme - acção, intriga e erotismo e numa prática na altura ainda não muito vista, o tema principal do filme "Against All Odds (Take A Look At Me Now)", interpretado por Phil Collins, já era um hit e vinha acompanhado de um videoclip que era basicamente um trailer para o filme. 




"Vidas Em Jogo" é um dos mais célebres exemplos de uma breve tendência em Hollywood de modernizar clássicos da era do film noir com a estética dos anos 80 e uma generosa dose de erotismo. O outro famoso exemplo é "Noites Escaldantes" que readaptou o clássico noir "Pagos A Dobrar". No caso de "Vidas Em Jogo", a inspiração foi o filme "O Arrependido" ("Out Of The Past", 1947) com Robert Mitchum, Jane Grier e Kirk Douglas. 



Terry Brogan (Jeff Bridges) é um jogador de futebol americano no ocaso da sua carreira. Falido e dispensado da sua equipa, Terry aceita a proposta de um seu conhecido, Jake Wise (James Woods), um dono de um bar nocturno envolvidos em negócios obscuros. Wise contrata-o para encontrar a sua namorada Jessie Wyler (Rachel Ward, no seu primeiro papel após a série "Pássaros Feridos") que lhe roubou 50 mil dólares e fugiu sem deixar rasto. Coincidentemente, Jessie é também a filha da nova dona da antiga equipa (Jane Grier, a protagonista feminina de "O Arrependido"). 



Terry descobre Jessie no México, mas intrigado por ela, não a denuncia imediatamente. Após um breve jogo de gato e rato, Terry e Jessie tornam-se amantes e vivem momentos idílicos e sensuais naquele cenário paradisíaco (incluindo sexo no interior de uma pirâmide azteca). O idílio termina abruptamente quanto são surpreendidos por Hank Sully (Alex Karras), o antigo treinador de Terry, que foi contratado por Jake para os encontrar. O confronto termina com Jessie a matar Sully, o que leva Terry a terminar a relação e voltar para Los Angeles.



Quando regressa, Terry fica estupefacto ao ver Jessie de novo com Jake como se nada tivesse passado, descobre que Ben Caxton (Richard Widmark), o sócio da mãe de Jessie, é o líder da rede de corrupção desportiva em que Jake está envolvido e que é o alvo de uma cilada para o incriminarem da morte de um advogado corrupto. E mais do que nunca, Terry e Jessie vêem as suas vidas em jogo…


Onde a história de "Vidas Em Jogo" mais diverge de "O Arrependido" é no final, bem menos trágico ainda que não seja o mais feliz para os protagonistas.


Pelo que pude ver do filme, ele ainda hoje cumpre plenamente a função de entretenimento. Bridges e Ward formam um par extremamente sensual (até pelos cânones actuais) e cheio de química e James Woods consegue habilmente que a sua personagem fuja do vilão estereotipado. Richard Widmark,  antiga estrela do noir e dos filmes de gangsters, é um secundário de luxo. Além das cenas quentes entre os protagonistas, ficou  também na retina uma frenética cena de corrida automóvel entre as personagens de Bridges e Woods ao volante de um Porsche e de um Ferrari respectivamente pelas ruas de Los Angeles. E como em vários outros casos, o efeito de nostalgia e "cápsula do tempo" também têm jogado a favor do filme.



Como é óbvio, o tema principal do filme, na voz de Phil Collins, também ajudou ao sucesso do filme e ainda hoje é visto como um dos pontos altos do repertório de Collins. E o videoclip-trailer é um dos mais emblemáticos do género, com Phil Collins a cantar no meio de uma plataforma luminosa rodeado de água e com uma cascata atrás dele. Curiosamente a banda sonora também incluía temas a solo de Peter Gabriel e Mike Rutherford, dois colegas de Collins nos Genesis. Também fizeram parte da banda sonora temas de Stevie Nicks, Big Country e Kid Creole & The Coconuts, sendo que estes últimos também aparecem no filme.



Trailer:













Nail Control (1974)

Este "Nail Control" anuncia-se como a solução para quem tem o hábito de roer as unhas. Não quero imaginar o que estará dentro deste produto para pincelar as unhas. "Verá que nunca mais as tornará a roer a partir dai." Eu nunca roi unhas, dava cabo delas com os próprios dedos, portanto isto não iria funcionar comigo. Mas já há muitas anos que parei de fazer isso. Troquei foi por outro hábito bem pior...


Publicidade retirada da revista Tele Semana nº 56, de 15 de Fevereiro de 1974.

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Tele Cor (1974)

Engenhoca americana para ver televisão a cores seis anos antes das emissões a cores começarem em Portugal; através de um "filtro para o ecran, que matiza e restitui as cores originais." Além dessa maravilha, prometia tornar "a erva mais verde e o céu mais azul. Além disso suaviza os contrastes, reduz  deslumbramento e descança a vista.". Havia algo do género na casa de um vizinho, mas não me pareceu nada impressionante. Sempre tenho ouvido dizer que isto era uma banhada, algum leitor confirma em primeira mão, como era o resultado de um destes filtros?

Publicidade retirada da revista Tele Semana nº 56, de 15 de Fevereiro de 1974.

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