terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Natal dos Hospitais (Partes 2, 4 e 6 redux)

por Paulo Neto

Devido às vicissitudes do Youtube, alguns dos vídeos de três artigos dedicados ao "Natal Dos Hopsitais" não se encontram mais disponíveis e por isso decidi condensar esses três artigos (referentes às partes 2, 4 e 6) aqui. 


Pela sua longevidade e tradição, ainda que se diga que já não é o que era nem coisa que se pareça, a verdade é que tem o seu quê de reconfortante saber que em breve a RTP levará a cabo mais uma edição do "Natal dos Hospitais". Todos nós temos memórias das edições dessa lendária emissão natalícia nos anos 80 e 90, que nos mantinha presos à televisão a assistir ao interminável desfile de artistas. Não sei se é pelo o açúcar que o tempo adiciona às nossas memórias, mas dava a ideia que mesmo os cantores mais pimba avant-la-lettre eram mais dignos que os cantores pimba actuais, que havia mais artistas e grupos prestigiados outrora e que as horas da maratona televisiva custavam menos a passar. Também tenho pena que desde há mais de dez anos que o programa seja emitido ainda em período escolar, pois recordo ver o "Natal dos Hospitais" em tempo das sempre deliciosamente ansiadas Férias de Natal, onde era um dos vários pontos altos desse sublime período.

A primeira edição do "Natal dos Hospitais", iniciativa do "Diário de Notícias" e da RDP, teve lugar em 1944. Entre os artistas presentes estiveram, como se vê na foto em baixo, Vasco Santana e Mirita Casimiro (a eterna Maria Papoila), então casados.



Recordemos agora algumas actuações nos Natais dos Hospitais dos anos 80 e 90:


Em 1989, Catarina Furtado era uma jovem de 17 anos, finalista da Escola de Dança do Conservatório Nacional. No Natal dos Hospitais desse ano, longe de se imaginar que iria apresentar futuras edições do programa na RTP, marcou presença num número de dança coreografado por Jorge Trincheiras, ao som de "Adestes Fidelis" na voz de Luciano Pavarotti. Catarina é a segunda a entrar em palco, dançando com outros colegas do seu curso: Alexandra Pinto, Carla Pereira, Liliana Mendonça, Jorge Mira e Sandra Rosado. Reconheci esta última, a ruiva, do filme "Rasganço".


De 1989, o futuro presidente do Boavista, João Loureiro com a sua banda, os Ban, num dos seus mais famosos hits "Dias Atlânticos".

Ainda em 1989 com a actuação dos GNR, todos eles vestidos de forma bem formal, sobretudo Rui Reininho de papillon e camisa de folhos. Nesse ano, o Grupo Novo Rock (que é o que quer dizer a sigla do grupo) lançara o álbum "A Valsa dos Detectives" que continha duas das minhas canções preferidas da banda: "Morte Ao Sol" e este "Impressão Digital".



Continuando em 1989, José Cid canta um medley dos seus hits, incluindo "Um Grande Grande Amor", "Na Cabana Junto À Praia", "Os 20 Anos" e "A Minha Música".


Na batalha Onda Choc vs. Ministars, eu pendia para o lado destes. Tive os três primeiros álbuns deles (contra apenas uma cassete dos Onda Choc) e quando nunca surgiam na televisão com menos de três rapazes (o que significava que era mais d'homem gostar dos Ministars que dos Onda Choc). Muitos de vós reconhecerão esta versão de "I Wanna Dance With Somebody". E serei o único a lembrar-me desta árvore de Natal giratória do cenário do "Natal dos Hospitais" de 1987?


Seguindo para 1997, ainda no campo dos grupos infanto-juvenis que versionavam temas estrangeiros, quem não se lembra da Malta Pop (com uma aceitável quota de dois rapazes) que nos anos 90 ousaram desafiar o domínio dos Onda Choc (por esta altura, os Ministars já tinham ido à vida). 

 

Recuando até 1991, is Fernando Mendes (quando ainda só vestia no máximo o tamanho L), numa rábula da recista "Vamos A Votos" com Rosa Villa ou o encontro entre uma mulher "discreta" e um homem que tem sempre as (duas) palavras certas para dizer! 


Afinal eu não estava equivocado quando eu tinha memórias que uma das edições do "Natal dos Hospitais" não teve o habitual palco de auditório mas sim numa escadaria do hospital. Foi em 1992, creio que no Santa Maria, em que os cantores iam descendo um lance de escadas até ao palco improvisado. Foi o caso da malograda Cândida Branca-Flor que cantou "Ei Rosinha", uma adaptação de um tema tradicional de Cabo Verde.


No Natal de 1992, Anabela ainda estava a alguns meses de vencer o Festival da Canção com o incontronável "A Cidade (Até Ser Dia)". Mas desde tenra idade que a cantora natural da Cova da Piedade já tinha dado provas do seu talento. Nesse de ano 1992, não só Anabela tinha editado um novo álbum "Encanto" do qual se incluía este "Histórias de Encantar" como fazia parte do elenco da telenovela "Cinzas" como uma jovem aspirante a fadista.


Lena D'Água editou nesse ano de 1992 um álbum de temática infantil "Ou Isto Ou Aquilo" em que musicou poemas da poetisa brasileira Cecília Meirelles. É o caso deste "Todos Querem Ser Pastores" onde Lena surgiu acompanhada por um grupo de crianças.



Em 1997, Fernando Monteiro (quem?) num comovente tributo à população idosa, tão negligenciada pela nossa sociedade, no tema "A Velhinha No Passeio".



 A quadra natalícia também propiciava que vários artistas se reunissem numa cantiguinha de Natal, como se sucede neste caso que junta nomes como Marante, Maria Lisboa, José Alberto Reis e Filipa Lemos numa fase pré-Santamaria.


Ou ainda em 1997, esta canção onde andaram de mãos dadas vários cantores como Mónica Sintra, Claudisabel e Chiquita.


Foi em finais de 1997 que os Excesso irromperam para preencher a lacuna de boybands nacionais e também não podia deixar de marcar presença no Natal Dos Hospitais com o seu grande hit "Eu Sou Aquele". Ao que parece, os cinco rapazes andavam tão atarefados de um lado para o outro que alguns até se esqueceram de vestir camisas! 

De regresso aos anos 80, duas figuras imortais: Fernando Pessa e Amália Rodrigues. (E um cameo da "Senhora De Cavaco Silva")



E para terminar, como não podia deixar de ser, Herman José no seu avatar José Estebes, em 1990 acompanhado por Ana Bola e Vítor de Sousa, a cantar o imortal "Vamos Lá Cambada". A certa altura, outros artistas também surgem no palco e Herman aproveita para cantar excertos de outras canções deles como "O Anel de Noivado" dos Trio Odemira e "Trocas Baldrocas" de Cândida Branca-Flor. 


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1 comentário:

  1. Não sei se é pelo o açúcar que o tempo adiciona às nossas memórias, mas dava a ideia que mesmo os cantores mais pimba avant-la-lettre eram mais dignos que os cantores pimba actuais, que havia mais artistas e grupos prestigiados outrora e que as horas da maratona televisiva custavam menos a passar. Também tenho pena que desde há mais de dez anos que o programa seja emitido ainda em período escolar, pois recordo ver o "Natal dos Hospitais" em tempo das sempre deliciosamente ansiadas Férias de Natal, onde era um dos vários pontos altos desse sublime período.

    O que aconteceu entretanto foi uma coisinha chamada narrowcasting.
    Tenho a ideia que, mais ano, menos ano, és mais ou menos da minha geração - tenho 42. Na altura em que éramos adolescentes/jovens adultos, o narrowcasting, já sendo uma realidade em Portugal (já havia TV por cabo, por exemplo), ainda não era uma coisa deveras generalizada. Daí que, basicamente, aconteciam duas coisas:

    - "Toda a gente", dos mais variados géneros e sensibilidades, ia ao Natal dos Hospitais porque, basicamente, não havia mais nada e porque a TV terrestre ainda tinha um poder e alcance imenso.
    - E porque isso acontecia, programavam a coisa precisamente para uma altura onde pudesse haver o máximo de espetadores possíveis - daí, nesses tempos, o programa dar nas férias escolares.

    Hoje em dia, a TV terrestre, mesmo ainda detendo mais de metade da fatia de mercado televisivo, é praticamente narrowcasting (semi)-alargado e tende a concentrar-se cada vez mais num público mais sénior. Podemos sempre discutir o benefício dessa estratégia (nunca a validade, pois nada há de inerentemente errado nisso), mas é o que é. Desde essa altura, para além da TV por cabo, há todo um ror de outras opções que, das duas, uma: ou não estavam (comparativamente) tão à mão de semear ou nem existiam, de todo. E isso também conta para alguma coisa.
    Enfim, uma perspetiva.

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