Raquel e Maria de Fátima |
Afonso e Solange |
Enquanto isso, Raquel também vem para o Rio de Janeiro em busca da filha, onde rapidamente faz grandes amigos como Audálio (Pedro Paulo Rangel), cujo optimismo inquebrável lhe vale a alcunha de Poliana. Raquel começa por vender sanduíches na praia mas gradualmente vai conseguindo estabelecer um negócio próspero na restuaração ao mesmo tempo que se apaixona por Ivan Meirelles (António Fagundes), que trabalha na companhia de aviação TCA, uma das maiores empresas do grupo Roitman. Ivan é recém-separado de Leila (Cássia Kis) com quem tem um filho adolescente Bruno (Danton Mello), e vive com o seu pai Bartolomeu (Cláudio Correia e Castro) mais a segunda mulher deste, Eunice (Íris Bruzzi) e a filha dela, Fernanda (Flávia Monteiro). Ivan tem bom fundo mas acredita que nem sempre a honestidade é o melhor caminho e que por vezes há que se desviar dela para subir na vida, algo que vai levantar problemas na sua relação com Raquel.
Raquel e Ivan |
César e Odete |
Fátima acaba por ficar noiva de Afonso, cuja mãe Odete (Beatriz Segall) é a dona do império dos Roitman. Odete é a típica milionária arrogante que se acha superior a todos, até mesmo ao próprio Brasil, pelo que raramente evita ir ao seu país de nascença, preferindo viver em Paris. Para conquistar a confiança da futura sogra, Fátima alinha no plano de Odete para separar Raquel de Ivan, com quem pretende casar a sua filha Helena (Renata Sorrah).
Celina, Eugénio e Helena |
Helena é pintora e tem um problema grave de alcoolismo, no qual se refugiou desde a morte do seu outro irmão, num acidente do qual ela se crê culpada. Helena foi casada com Marco Aurélio (Reginaldo Faria), o vice-presidente do Grupo Roitman e director da TCA, de quem teve um filho, Tiago (Fábio Villa Verde). Marco Aurélio é um homem arrogante e desonesto que nunca ligou para a ex-mulher e que despreza o filho, cuja sensibilidade do rapaz e o seu interesse pelas artes o levam a pensar que Tiago é gay. No entanto, Tiago acabará por se apaixonar por Fernanda e namorar com ela. Da família Roitman faz ainda parte Celina (Natália Thimberg), que ao contrário da irmã Odete, é uma mulher bondosa e a grande protetora dos sobrinhos, desconfiando das intenções da Fátima.
Fátima tem a sua grande oportunidade quando Ivan e Raquel acham uma mala com dinheiro que Marco Aurélio desviou da TCA. Raquel quer devolver o dinheiro enquanto Ivan é tentado a ficar com ele porque ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Fátima descobre a mala e foge com ela, levando a mãe a crer que foi Ivan e causando a ruptura da relação. Como tal, Fátima tem a benção de Odete para casar com Afonso e até aplaude as atitudes da futura nora quando Raquel descobre tudo e desmascara Fátima. Ivan também acaba por casar com Helena, mas prontamente arrepende-se e procura de novo Raquel, mas Odete está disposta a tudo para os separar e elabora um plano de sabotagem para arruinar o negócio de Raquel.
Fátima casa com Afonso e passa a viver no maior dos luxos, sustentando também César, e acaba por engravidar. Mas quando a relação de Fátima e César é descoberta, a rapariga é desprezada por Afonso e Odete e colocada sob vigilância até se saber quem é o pai do filho. E assim que fica provado que o pai é César, Fátima é expulsa da casa dos Roitman e fica completamente sozinha, até porque César entretanto se envolve com Odete. Raquel também lhe nega auxílio, aceitando apenas cuidar do neto. Fátima decide então aproximar-se de Marco Aurélio e vingar-se dos Roitman dando um grande golpe.
Marco Aurélio e Leila |
Também as coisas começam a correr mal para Odete: apaixonada por César, decepciona-se quando descobre que ele ainda se encontra com Fátima. E no mesmo dia em que descobre de todos os roubos e desvios que Marco Aurélio fez na TCA, é assassinada a tiro. O mistério sobre quem terá sido o assassino domina a recta final da novela até que no último episódio é revelado que tinha sido Leila, que entretanto casara com Marco Aurélio e que desconfiava do envolvimento dele com Fátima, sendo esta o seu alvo e não Odete.
Se não estou em erro, "Vale Tudo" foi ainda a primeira telenovela a incluir um casal lésbico que vivia abertamente junto: Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska) vivem juntas há doze anos e gerem uma pousada em Búzios, além de serem investidoras no negócio de Raquel. Cecília é irmã de Marco Aurélio que nunca aceitou a sua homossexualidade, mas tal não lhe impede de, quando ela morre num acidente, de tentar ficar com a herança da irmã e deixar Laís sem nada.
Cecília e Laís |
No final, Raquel consegue recuperar os seus negócios depois de terem quase falido devido às sabotagens orquestradas por Odete e fazer a cadeia de restaurantes prosperar de novo. Porém, Ivan é condenado a um ano de prisão pelo seu envolvimento em algumas falcatruas da TCA, ao longo do qual, escreve um livro chamado "Vale Tudo" denunciando as corrupções de que foi testemunha no mundo empresarial. Após cumprir a pena, Ivan e Raquel ficam finalmente juntos e felizes, criando em conjunto o filho de Fátima. Afonso e Solange reconciliam-se e têm uma filha. Helena conhece William (Dennis Carvalho), um ex-alcoólico que lhe incentiva a frequentar os Alcoólicos Anónimos e dá os seus primeiros passos rumo à recuperação, descobrindo também que fora vítima do gaslighting de Odete, a verdadeira responsável do acidente que vitimou o irmão. E Laís vê a justiça a dar-lhe razão na sua luta pela herança de Cecília e volta encontrar o amor junto de outra mulher, Marieta.
Aldeíde e Consuelo |
Do elenco fizeram ainda parte actores como Rosane Gofman (Consuelo), Maria Gladys (Lucimar), Daniel Filho (Rubinho), Stepan Nercessian (Jarbas), Marcos Palmeira (Mário Sérgio) e na sua estreia na Globo, Marcello Novaes (André).
"Vale Tudo" foi uma telenovela muito bem conseguida em toda a linha, tendo tido grande sucesso tanto no Brasil como em Portugal, com excelentes desempenhos de todo o elenco e a mestria já habitual de Gilberto Braga, sendo considerada uma das melhores obras do célebre teledramaturgo. Regina Duarte, António Fagundes, Lídia Brondi, Glória Pires e Carlos Alberto Ricelli desempenharam habilmente os vários pontos do espectro da ética ou da falta dela mas sem dúvida que foi Beatriz Segall quem mais brilhou como Odete Roitman, que ficaria eternizada como uma das vilãs mais icónicas e odiadas da história das telenovelas brasileiras. Até porque um dos seus traços principais era o ódio ao Brasil. Lembro-me que na cena do seu funeral, algumas personagens comentavam que ser enterrada no Brasil e não num país que Odete considerava mais desenvolvido e digno de si foi o pior castigo que a megera poderia ter tido.
Em 2002, "Vale Tudo" teve uma adaptação latino-americana co-produzida pela Rede Globo e a Telemundo, na altura em que ainda era raro ver telenovelas brasileiras adaptadas para esse público. A telenovela portuguesa "Tempo De Viver" de 2006, protagonizada por Alexandra Lencastre e Margarida Vila-Nova, também foi claramente inspirada por "Vale Tudo" que também contrapunha uma mãe honesta e trabalhadora contra uma filha pérfida e interesseira, à caça de um noivo rico e envolvida com um gigolô.
Genérico de abertura (versão original):
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