sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Ferrero Rocher (1989-)

por Paulo Neto

Cada vez mais parece que o mês de Novembro é uma antecâmara para tudo o que acontece no mês de Dezembro. Não fosse o dia de Todos Os Santos (actualmente desprovido do estatuto de feriado) e o São Martinho e dir-se-ia que Novembro era um mês desprovido de identidade própria em Portugal e que os últimos dois meses do ano era como que um mega-mês ininterrupto. Ainda sou do tempo em que só mesmo no início de Dezembro, quando muito nos últimos dias de Novembro, é que começava a overdose de anúncios natalícios da televisão e tudo o mais relacionado com a quadra. Hoje em dia, é certo em sabido que mal começa Novembro, já vamos ter esse bombardeamento.

Este ano, não é excepção, por entre os novos anúncios da Popota e outras prematuras promoções natalícias, temos os anúncios aos chocolates e bombons com que nós alegremente enchemos o bandulho todos os anos por esta quadra. No entanto, foi com alguma admiração que descobri que a chocolateira Ferrero comemora este ano os 25 anos em Portugal daquela que é a sua piéce-de-resistance: os bombons Ferrero Rocher.

Pois foi nos idos de 1990 que o Ferrero Rocher surgiu em Portugal (surgiu originalmente em Itália em 1982). A chocolateira italiana já tinha uns anos antes conquistado o mercado infantil com os ovos Kinder Surpresa e preparava-se para vencer no mercado adulto (que não é nada menos guloso que o infantil). Se não estou em erro, o Mon Chéri já cá andava por estas bandas um ou dois anos antes, mas embora também seja uma marca muito apreciada e cumpra funcionalidades semelhantes, nunca teve a unanimidade do Ferrero Rocher.



Assim que chegou a Portugal, o Ferrero Rocher venceu pela sua combinação magistral de simplicidade, elegância e gulodice. A saborosa bola composta por uma rugosa carapaça de chocolate e avelã e uma fina camada de wafer que esconde uma pasta de chocolate e praliné e uma avelã inteira. Tudo isto envolvido num chamativo papel prata de cor dourada com um pequeno autocolante com o logótipo e uma forma em papel castanho. (Gostava de saber se mais alguém além de mim também gosta volta e meia de comer a carapaça de modo a manter a camada seguinte de wafer mais ou menos intacta e só então comer o resto, ou de arrancar à dentada aquele restinho de cola que fica na forma castanha depois de descolarmos o papel dourado. Não devo ser o único, certo?)



Não tardou portanto a ser uma dos mais recorrentes presentes de Natal, fosse na semítica caixinha com apenas três bombons, fosse nas opulentas caixas maiores, nomeadamente aquela em forma de pirâmide. Até porque uma caixa de Ferrero Rocher, fosse qual fosse, era sempre uma boa solução para prendas de última hora ou para aquelas pessoas a quem não ligamos muito mas que não obstante às quais se quer obsequiar. Tal era o apelo à gula que os bombons inspiravam, que mesmo os recetores das prendas que punham aquele ar ofendido de "Que falta de imaginação! Vê-se mesmo que compraste isto à última da hora" ou "Vê-se logo que não queres saber pêva de mim!" não se chateavam por aí além pois o rancor ficava adoçado ao primeiro bombom degustado. E assim tem sido de há 25 anos para cá.
Para aumentar a mística, existe ainda a política da Ferrero em vários países, Portugal incluído, de só se vender Ferrero Rocher no Inverno, com a explicação de que o tempo mais quente afecta a qualidade do chocolate. Porém, em países como os Estados Unidos e o México, os bombons vendem-se durante todo o ano. 


Mas claro está, outra imagem de marca são os anúncios televisivos protagonizados por uma elegantíssima senhora de chapéu e vestido da cor do invólucro dos bombons e um motorista entradote e bonacheirão de nome Ambrósio. O primeiro deles, que creio que foi exibido pela primeira vez cá em 1992, com as duas personagens numa limusina, é tão mítico e duradouro que não há tuga que o saiba de trás para à frente os diálogos (com as vozes de Canto e Castro e Fernanda Figueiredo).


- Ambrósio, apetecia-me algo.
- Paramos para a senhora comer alguma coisa?
- Não. É que eu queria algo...bom.
- Compreendo, senhora.
- Apetecia-me Ferrero Rocher.
- Tomei a liberdade de pensar nisso, senhora.
(Abre-se uma portinhola na limusina de onde surge uma pirâmide de Ferrero Rocher).
- Oh, bravo, Ambrósio!

O anúncio teve algumas variantes como a da senhora a ter o seu retrato pintado ou no meio de um leilão. O próprio anúncio da limusina (sem dúvida o mais mítico anúncio a chocolates exibido em Portugal desde o lendário anúncio das Fantasias de Natal) teve algumas variações, como um acrescentar na voz da senhora: "Este Natal/Páscoa vou oferecer Ferrero Rocher a todos os meus amigos" ou "Lês sempre o meu pensamento."

E se na versão portuguesa, as mentes mais perversas conseguem apontar alguma marotice na conversa entre a madame e o chauffeur, a versão espanhola, se só se ouvir o áudio, soa a um preâmbulo a um daqueles filmes dobrados em espanhol para o Canal Íntimo. E mesmo sabendo que a palavra "exquisito" quer dizer requintado em espanhol, tal vocábulo não deixa de soar...esquisito neste contexto.



A versão original dos anúncios é a italiana. No YouTube, existe um video que recompila todas as versões gravadas pelos actores, a senhora e o Ambrósio (aliás, Ambrogio), algumas inéditas por cá e que mostram que o Ambrósio/Ambrogio tinha pratadas de Ferrero Rocher nos mais diversos esconderijos prontos a satisfazer a gulodice da patroa.


Descobri entretanto que os actores dos anúncios são Lee Skelton, uma ex-modelo nascida em 1958 em New Jersey radicada há muitos anos em Itália, e Paul Williamson, um actor inglês nascido em 1929, que entrou em filmes como "O Turista Acidental" e "Emma" e em séries como "O Santo" e "A Minha Família".
Lee Skelton, a Madame do Ferrero Rocher na actualidade

Com ou sem Ambrósios na televisão, o certo é que Ferrero Rocher vai continuar a adoçar muitas quadras natalícias, em Portugal e não só.

Entretanto descobri o primeiro anúncio do Ferrero Rocher em Portugal:


NOTA: Em 2015, data original deste texto, as campanhas do Ferrero Rocher assinalavam 25 anos em Portugal (1990-2015), mas a julgar por este anúncio e outros indícios, o produtor terá chegado ao nosso país em 1989. 
    

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Jogo De Cartas (1989-1992)

por Paulo Neto

Um dos grandes nomes da representação nacional, Nicolau Breyner já há muito que era presença habitual nos programas da RTP quer em programas de humor como "Nicolau No País Das Maravilhas" e "Eu Show Nico", quer em telenovelas como "Vila Faia" e "Origens" ou séries como "Os Homens da Segurança". Mas em 1989, Nicolau Breyner conduziu aquele que ainda é hoje é o seu trabalho mais recordado como apresentador. "Jogo De Cartas", uma adaptação do original americano "Card Sharks", estreou na RTP a 18 de Setembro de 1989 no horário antes do Telejornal e esteve um ano no ar, sendo substituído por "A Roda Da Sorte".





Em cada programa, dois concorrentes competiam para chegar à fase final. Alternadamente, um dos concorrentes tinha de adivinhar a percentagem das pessoas que respondiam afirmativamente a uma pergunta feita por sondagem telefónica e o outro teria de dizer se achava que o número era maior ou menor. O concorrente que acertasse o palpite avançaria no jogo de cartas propriamente dito que consistia em tentar adivinhar se a carta virada teria um valor maior ou menor do que a carta que estava exposta ao lado, dizendo "para cima" ou "para baixo". 

Nesta fase, era habitual a assistência bradar bem alto "para cima" e "para baixo" para ajudar (ou confundir) o concorrente e quando o palpite estava certo, Nicolau exclamava quase em grito de guerra: "PARA CIMAAAAA!" "PARA BAIXOOOO". Foi aliás um dos primeiros concursos com uma extremamente activa interacção entre apresentador e a assistência (apesar de só no último programa é que os membros dela apareceram filmados). Se o concorrente falhasse o palpite, a oportunidade passava para o adversário e repetia-se o processo. Cada ronda de jogo continuava até que um dos concorrentes conseguisse acertar cinco vezes no valor da carta seguinte ou decidisse parar o jogo, para responder a uma nova pergunta de sondagem e, caso ganhasse, ter a oportunidade de substituir a carta em jogo.
Aqueles que nos primórdios da SIC viram o "Água Na Boca" decerto notaram as semelhanças entre este jogo e um dos jogos desse programa, o "Frio Ou Quente" (ou "Fredo / Caldo") que em vez de cartas de jogar tinham fotos com moçoilas com mais ou menos roupa.

Os concorrentes convertiam os pontos alcançados em contos de escudos, suponho que em compras nas Lojas Singer, então patrocinador de tudo o que era concurso. O concorrente com mais pontos acumulados seguia para a segunda fase onde apostaria o dinheiro alcançado bem como mais algum que Nicolau Breyner lhe adicionava em cada palpite sobre se a carta seguinte fosse "para cima" ou "para baixo", ganhando o dinheiro que restasse ao fim de dez apostas-palpites. No final, teria a oportunidade de ganhar um automóvel se respondesse correctamente a uma pergunta de cultura geral. Caso errasse, transitava para o programa seguinte, podendo participar num máximo de três programas consecutivos.



Outras presenças míticas eram das assistentes eram as assistentes do programa, Felipa Garnel e Maria João Lopes, que Nicolau Breyner tratava por Pipinha e Janeca. Havia um gag recorrente em que Nicolau fingia zangar-se com elas caso as cartas que elas traziam para trocar durante o jogo eram pouco favoráveis. Pelo contrário se Felipa Garnel trazia uma carta mais apetecível, era certo e sabido que Nicolau exclamaria "PIPINHAAA!". Se este foi o único momento de notoriedade de Maria João "Janeca" Lopes, os mais atentos já tinham visto Felipa Garnel em "Os Homens Da Segurança", tendo depois colaborado de novo com Nicolau Breyner em "Euronico" (onde por exemplo representou a Dinamarca nos sketches do Mercado Comum) e posteriormente apresentado programas na SIC como "Mundo VIP" e "Confiança Cega".  

O site Brinca Brincando (de onde provêm todas as imagens deste texto) recorda alguns momentos insólitos do programa: uma concorrente que delirou com um berbequim por ser, segundo ela, um electrodoméstico que muito apreciava; outra concorrente que implorou a Nicolau Breyner por mais pontos, certa de que assim receberia mais do que aqueles que Nico atribuía a todos os concorrentes na segunda fase; e um programa em Nicolau Breyner apresentou sempre de óculos escuros, após o aval da assistência no início do programa.




Após um ano de interregno, "Jogo De Cartas" voltaria à RTP na rentrée de 1991, desta vez no horário da manhã, com gravações nos estúdios do Porto e apresentação de Serenella Andrade. As assistentes eram Marta Leal, Patrícia Pereira e Patrícia Bonneville, sendo que uma das Patrícias era tratada por Paty. Mesmo sem o sucesso da edição apresentada por Nicolau Breyner, também esta edição conseguiu um público cativo e manteve o hábito de interacção com a animada assistência. Esta reedição esteve no ar entre Setembro de 1991 e Julho de 1992. 

Apesar da sua simplicidade, "Jogo De Cartas", sobretudo na era Nicolau Breyner, foi um concurso que teve bastante sucesso, com também os telespectadores de todas as idades a quererem dar o seu palpite nas suas casas e a exclamar "Para cima!" ou "Para baixo!". Como o concurso também era perfeitamente fácil de reproduzir em casa com cartas normais, lembro-me de fazer algumas recriações com os meus primos. Inclusivamente, essas brincadeiras tinham direito a uma Janeca residente, já que uma das minhas primas chama-se Maria João. (Curiosamente também tenho uma prima chamada Filipa mas na altura era pequena demais para fazer de Pipinha.)
Até então, tinham sido raros os concursos estrangeiros adaptados para Portugal, pelo que certamente o sucesso de "Jogo de Cartas" foi um dos factores do boom de concursos na programação da RTP nos anos seguintes, como "A Roda Da Sorte", "Casa Cheia", " O Preço Certo", "Palavra Puxa Palavra", "O Trevo Da Sorte" e "Entre Famílias", a maioria deles também adaptados de originais americanos. Infelizmente não existem imagens do programa no YouTube.

Em 2007, no programa da RTP "Superconcurso", dedicado aos concursos exibidos na história da RTP, uma das emissões foi dedicado ao "Jogo De Cartas" com depoimentos de Nicolau Breyner, Serenella Andrade, Felipa Garnel e Maria João Lopes.


       

Capri-Sonne - Anos 80

A imagem de marca dos sumos Capri-Sonne é a invulgar embalagem em que é vendido, uma bolsa de alumínio laminado ou "embalagens ergonómicas flexíveis" por oposição aos tradicionais sumos em lata e garrafa. Segundo a pesquisa que fiz, terá surgido em Portugal nos anos 80, apesar de já existir desde o final dos anos 60. O nome Capri-Sonne foi escolhido - segundo o site da companhia - porque nos anos 60 a ilha italiana de Capri era o símbolo máximo de férias, Mediterrâneo e fruta maturada ao Sol; e dai a combinação "Capri" e "Sonne" ("Sol" em alemão). Esteve ausente - ou pouco presente - do mercado português durante alguns anos, mas este sumo sem gás voltou a ver-se frequentemente nas prateleiras. "Lá fora" usa-se também o nome Capri-Sun.

Um reclame de 1988: "Capri-Sonne", "a festa da fruta".
Publicidade retirada da revista Pato Donald Nº 190, de 1988. 
Uploader original desconhecido. Imagem Editada e Recuperada por Enciclopédia de Cromos.
Nesse reclame de 1988 os sabores apresentados são: Exotic, Limão, Laranja, Maça e Ananás. Actualmente existem sabores com nomes mais invulgares, gosto bastante do de Cola Mix (Cola tipo Coca-Cola genérica, não Cola Cisne).

O famoso anúncio com Eusébio, recuperado pelo Mistério Juvenil, "os futuros campeões bebem Capri-Sonne":


Actualização: 
Um anúncio de 1987 da associação do Capri-Sonne com o Pantera Negra: Capri-Sonne "Dábolas". Bastava recortar "de 3 sacos a palavra Capri-Sonne com o nome do espectivo sabor" e enviar para participar no sorteio de "300 bolas de futebol autografadas por Eusébio!".

Actualização. Imagem digitalizada e Recuperada por Enciclopédia de Cromos.


Publicidade retirada da revista Pato Donald Nº 162, de 1987. 
Uploader original desconhecido. Imagem Editada e Recuperada por Enciclopédia de Cromos.

Muito mais giro é este reclame de 1989 - colocado online pela grande LUSITANIATV - com que qualquer criança - pelo menos do litoral - se podia identificar, os dias de brincadeira na praia:

Esse reclame deve ter sido o mais perto de que estivemos de um "Verão Azul" português. Obviamente, nem os putos são portugueses, como se vê nesta versão em inglês: "80's Ads: Capri Sun" ou esta de 1983.

No estrangeiro a bebida foi popularizada no final dos anos 70 devido a uma grande campanha publicitária pelo lendário Muhammad Ali. O Museu virtual do Capri-Sonne: "The Capri-Sonne Museum".
Não me recordo de cá por casa - fiéis ao Sumol e Tang - sermos grandes consumidores de Capri-Sonne, pessoalmente associo estes sumos a lanches fora de casa, na escola, festas de aniversário, passeios em família ou piqueniques.
Qual o vosso sabor predilecto?


O Cromo de Nuno Markl sobre o Capri-Sonne, que vem com uma advertência:"Não se deve beber num copo.": 


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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Tous - Bollycao - Anos 90


Em conversas com os nostálgicos na Internet, uma das colecção de brindes que é recordada com mais saudades é a dos "Tou", "Tous" ou "Bolly-Tous", pequenos cromos autocolantes que saiam nos pacotes dos bolos recheados de chocolate Bollycaos.

Todos os "Tous" são protagonizados por uma criaturinha verde de ar simpático que ao longo de dezenas de cromos diferentes ilustrava o seu estado de espírito, e ao mesmo tempo contribuiu para a disseminação do uso de "tou" em vez de "estou". (No site Ciberdúvidas um utilizador indica que se deve escrever tou e não 'tou , visto não ser uma "uma contracção, mas, sim, de uma forma que perdeu a sílaba inicial. Este fenómeno chama-se aférese")

A colecção da Ana Trindade obviamente inclui umas boas dezenas de "Tous":



Eis um exemplar da 2ª série que adquiri recentemente numa feira de velharias:




Este anúncio ao Bollycao - disponibilizado online pelo Mistério Juvenil - inclui a apresentação da colecção "Tou":



Segundo informação do Fórum de Numismática, os "Tou" tiveram 2 séries, a primeira com 50 cromos e a segunda com 65. Foram ainda lançados uns "Tou" de tamanho maior e desdobráveis, com 20 para coleccionar.

1º Série:
Fonte: Fórum de Numismática
Da primeira série lembro-me melhor do "Nã Tou", "Tou Invisível", "Tou C'a Mosca", "Tou nas lonas" ou "Tou de rastos".

2º Série:
Fonte: Fórum de Numismática
Recordo-me bem de ver os "Tou Giro", "Tou Astronómico" e o "Tou Glorioso".

"Tou" desdobráveis:
Fonte: Fórum de Numismática
Dos desdobráveis creio que tive o "Tou a dar música", "Tou numa de Hóquei" e "Tou numa de filósofo".

Como habitual, os brindes da Panrico chegavam a Portugal depois de serem comercializados no pais de nuestros hermanos, e os "Tous" não foram excepção, consta que andaram nos Bollycaos espanhóis desde final dos anos 80, com o nome "Tois" ou "Bolly-Tois". Mais detalhes no blog "Por el poder de Grayskull: Los TOIS de Bollycao".



Recentemente ainda foram colocados à venda uma colecção de "Tous" adaptados ao século XXI: "Tou Twitando" por exemplo. Desses não coleccionei nenhuns. Agora os dos anos 90, um sucesso gigantesco que deve ter aumentado em muito as vendas dos Bollycao e o colesterol dos jovens, estavam destinados a decorar um pouco de tudo, desde as capas dos cadernos e livros escolares, portas do frigorífico, guarda-fatos ou janelas dos quartos.
Caros leitores: Quais eram os vossos favoritos, ou que se lembram melhor?


A colecção tinha já sido recordada no "Caderneta de Cromos 221 - Bollycao" [Ouvir/Download do Podcast].
Deixo ficar o link de outra colecção saudosa do Bollycao dos anos 90: "Cromos Videojogos Sega" protagonizados pelo carismático Sonic.

Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos"Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr".

sábado, 31 de outubro de 2015

X-Men: The Animated Series (1992-1997)



Escrevo estas linhas quando se cumpre 23 anos da estreia de "X-Men" ou "X-Men: The Animated Series" [31 Outubro 1992 - 20 Setembro 1997 ]. Um dos rascunhos mais antigos no arquivo da Enciclopédia, esta é uma das minhas séries animadas favoritas de sempre, não posso actualmente garantir se é ou não um prodígio de qualidade, porque já lá vão uns anos, mas sou desde essa altura - talvez ainda uns anos antes - um grande fã das aventuras em BD dos X-Men, os principais mutantes da Marvel, e era uma delicia ver no nosso ecrã a reprodução (bastante fiel) das mais importantes arcos narrativos da banda desenhada dos heróis, principalmente do período de Chris Claremont, mas com os personagens a usarem o visual e uniformes das histórias contemporâneas, no estilo inconfundível de Jim Lee.



Os X-Men são uma equipa de heróis mutantes. No universo Marvel, mutantes são pessoas que nascem com poderes e habilidades extraordinárias. Estas diferenças causam medo e preconceito na população humana e geram perseguições e até genocídios. Desde o inicio, o sector mutante da Marvel serviu como uma alegoria para denunciar problemas da sociedade como o racismo ou a homofobia, referenciar acontecimentos do passado como o Holocausto, e o ambiente sci-fi e poderes sobre-humanos facilitava a abordagem desses temas sem ser demasiado explícito num país tão puritano.

X-Men Nº 1 (1963)


Os X-Men originais surgiram em 1963, na revista de banda desenhada "X-Men" Nº1. E muito antes dos filmes em imagem real, logo nos anos 60 ganharam vida nos chamados "desenhos desanimados" tal a qualidade da animação de "The Marvel Super Heroes" (1966) [genérico], e nos anos 80 como convidados especiais do Homem-Aranha em "Spider-Man and His Amazing Friends" (1981-83) [vídeo], e ainda como protagonistas do piloto falhado "Pryde of the X-Men" (1989) [Vídeo: Episódio Completo Legendado]. Apesar de não dar origem a mais episódios, foi lançado em VHS e até um jogo de luta em 1992: "X-Men".
O sucesso chegou finalmente com a série de 1992, ampliando até a audiência dos X-Men para fora do círculo de leitores de BD.
O genérico é magnifico, a música inesquecível:


O autor da música, Ron Wasserman, também foi o responsável pelo tema da primeira temporada dos "Power Rangers (1993-...)".



O genérico acima apresenta de uma forma muito dinâmica e concisa os heróis protagonistas:



Cíclope/Cyclops/Scott Summers - O torturado e soturno líder de campo dos X-Men. O seu poder é quase uma maldição que não consegue controlar, sendo obrigado a usar 24 horas um visor ou uns óculos especiais, sob risco de involuntariamente causar grande destruição com as suas rajadas ópticas.



Wolverine/Logan - O anti-herói canadiano que depois de uma longa vida de sofrimento procura redenção. O seu poder principal é o de regenerar qualquer ferida que sofra. Possui um esqueleto artificial e garras feitas do material mais forte do planeta, adamantium.



Rogue/Anna Marie - Criada pela vilã Mystique, Rogue tem a habilidade de absorver poderes e memórias através do toque, o que lhe impossibilita ter uma vida normal. Os outros poderes que exibe - invulnerabilidade, super-força e voo - foram permanentemente absorvidos da heroína Ms. Marvel.



Storm/Tempestade/Ororo Monroe - Depois de uma infância como órfã a viver nas ruas, a vida de Ororo mudou na adolescência com o despertar dos seus poderes de controlo do clima que também lhe permitem voar e disparar relâmpagos, por exemplo.



Besta/The Beast/Henry McCoy - Um génio cientifico que ficou preso num corpo grotesco e coberto de pelos azuis durante uma experiência mal sucedida para remover os poderes de habilidade e força.



Gambit/Henry LeBeau - O galã e cafajeste cajun não perde uma oportunidade de se atirar a Rogue, apesar dos poderes desta impossibilitarem qualquer tipo de relação mais séria. Criado entre ladrões e assassinos, Gambit encontra nos X-Men uma família e a oportunidade de usar para o bem os seus poderes de carregar objectos com uma carga explosiva. Mas apesar de poder aplicar poder a qualquer objecto, as suas armas de eleição são os aparentemente inocentes baralhos de cartas.



Jubilee/Jubilation Lee - Resgatada pelos X-Men no primeiro episódio, a órfã Jubilee é a mais nova do elenco e vê em Logan uma figura paternal com um coração de ouro por detrás dos modos brutos. Sempre a tentar incluir-se nas missões dos adultos, a irreverente adolescente funciona como os olhos do espectador a descobrir um mundo e personagens novas.



Jean Grey - No início da carreira - pelo  menos na BD - Jean utilizava o nome de código Marvel Girl. A  poderosa ruiva tem grandes habilidades telecinéticas e de telepatia. Namorada de Cíclope, é cobiçada por Wolverine. Na terceira temporada Jean é dominada pela personalidade da Fénix Negra, uma força cósmica extremamente poderosa e perigosa.



Professor X/Charles Xavier - Um poderoso telepata preso a uma cadeira de rodas, Xavier fundou os X-Men para lutar pela convivência e aceitação entre humanos e mutantes, parando ameaças a toda a humanidade.
No genérico não surge Morph, o membro dos X-Men aparentemente morto no primeiro episódio que tem a capacidade para alterar a sua forma à vontade. Ao longo das temporadas muitos heróis vão surgindo, incluindo os X-Factor (a versão governamental dos X-Men) e a Tropa Alfa (os homólogos canadianos do X-Factor), e versões envelhecidas vindas de futuros pós-apocalípticos dominado pelos Sentinelas - gigantescos robots caçadores de mutantes. Inspirado pelos arcos "Dias de um Futuro Esquecido" (que já tinha inspirado a saga do "Exterminador Implacável") e "Era do Apocalipse" temos personagens que vieram do futuro para modificar o passado: "Bishop" e "Cable".


Os vilões do genérico liderados no genérico por Magneto (Eric Magnus Lensherr, antigo amigo do Professor X, domina os metais) incluem a "Irmandade dos Mutantes" um grupo de terroristas comandados pela metamorfa Mystique: Pyro, Avalanche e Blob. No decorrer da série surgem vilões como os Morlocks (mutantes deformados que vivem em comunidade nos esgotos), Apocalipse, Sr. Sinistro, Dentes de Sabre, Omega Vermelho, Juggernaut, A Falange, Mojo, etc; além de uma série de cameos ou aparições especiais. A Wikipédia tem uma boa lista dos personagens da série: "List of X-Men (TV series) characters" (em inglês).

O site DRG4 tem uma página dedicada aos erros e correcções efectuadas no episódio piloto: "DRG4's Exclusive X-Men Cartoon Pilot Differences". Por terem sido encomendados à ultima da hora, os seis últimos episódios foram animados por outro estúdio, com um estilo de desenho mais simples. No Japão foram utilizados dois genéricos com um estilo muito distinto do da série:


Interessantes, mas não chegam aos pés do original. Outra curiosidade foi a realização de crossovers com outra série de êxito da Marvel nos anos 90: "Spider-Man" (1994-98) [vídeo].
O site "Saturday Mornings Forever" tem muitas informações interessantes sobre esta marcante série animada: "Saturday Mornings Forever - X-Men The Animated Series".





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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Fábulas da Floresta Verde (1973)

por Paulo Neto

As crianças dos anos 80 tiveram várias ocasiões onde ficaram entregues à bicharada. Isto porque eram várias as séries animadas protagonizadas por animais e onde os humanos pouco ou nada intervinham, como "Bana & Flapi", "Jacky, O Urso De Talac" e "O Panda Tao Tao". Mas pessoalmente, dentro desse rol, a minha série preferida era as "Fábulas Da Floresta Verde", uma série anime japonesa de 1973 e estreada em Portugal em 1985 (na versão americana de 1978) e repetida algumas vezes na RTP nos anos seguintes.



A série era baseada numa série de livros com histórias de animais da autoria do americano Thornton Waldo Burgess e focava nas aventuras de um vasto grupo de animais que coabita na Floresta Verde, situada algures na América do Norte. Nos primeiros episódios, a série era focada numa jovem marmota chamada Joca, que primeiro surge como uma cria a seguir os conselhos dos pais e que depois parte para a sua vida independente, descobrindo as peripécias, os perigos e as alegrias de viver na floresta, com a ajuda de uma marmota fêmea chamada Mara, a primeira de muitos amigos que fará na Floresta Verde. (Na altura em que a série estava a ser exibida na RTP, eu tinha um vizinho de nome João, mais conhecido por Joca, com quem eu brincava na minha rua, e uma das raparigas no meu grupo de catequese chamava-se Mara. Como tal, eu imaginava que eram versões humanas dessas personagens, como se essas marmotas animadas se tivessem transformado em miúdos de carne e osso só para conviverem comigo!).

Joca e Mara


Embora Joca e Mara continuassem  a ser os protagonistas relativos ao longo da série e eram muitas vezes aqueles a quem os outros animais recorrem para os ajudar em várias situações, a série rapidamente acabava por dar igual destaque aos outros animais, com cada um a protagonizar um episódio à vez. Alguns desses animais são amistosos como o coelho Pompom, o esquilo Quico, o Avô Rã, o castor Engenhocas, a lontra Zeca, a doninha Faísca, o texugo Gugu, o ratinho Nestor, o rato Tio Rodolfo ou o urso Ursolino. Outros são um pouco irritantes como o gaio Avelar, sempre a avisar os animais da floresta das novidades, sobretudo as mais terríveis para que ele possa repetir: "É terrível! É terrível! É terrível!" e outros são bastante traiçoeiros como o Raposinho, a Avó Raposa, a lontra Tói e o Coiote. É dessa convivência ora pacífica ora tensa entre os diversos animais da floresta, afinal tão semelhante à dos animais da vida real, que se construía a série.

Raposinho
Quico
Pompom
Ursolino
Avelar


Os seres humanos também marcavam presença na história, até porque perto da Floresta havia a quinta do Sr. Silva. Mas essas figuras humanas eram retratadas como seres misteriosos e duvidosos, cuja aproximação não se recomenda, geralmente vistos de costas ou à distância. Provavelmente, da mesma forma como os animais da floresta vêem os humanos na vida real. Foram raras vezes que a série mostrou rostos humanos, como o do João, o filho do Sr. Silva, que costuma armar armadilhas para os animais.

"Fábulas Da Floresta Verde" era uma série particularmente colorida e divertida e que não tardou a cativar os mais pequenos. Uma vez mais, teve um excelente trabalho de dobragem portuguesa onde participaram António Feio, Carlos Daniel, Irene Cruz, Isabel Ribas, João Lourenço, João Perry, José Gomes e Luísa Salgueiro. Também teve o seu merchandising que incluía a inevitável caderneta de cromos, bonecos em PVC, calendários oferecidos com os gelados Globo e uma revista de banda desenhada que segundo o site Brinca Brincando, era directamente traduzido da versão espanhola, com o título "Fábulas do Bosque Verde" e nomes de personagens diferentes como por exemplo, o Joca e a Mara a serem chamados de Joãozinho e Joaninha, por causa dos nomes espanhóis Juanito e Juanita. Também foi um lançado um jogo de tabuleiro e mais tarde uma edição da série em DVD.






Mas claro está, um dos aspectos mais memoráveis da série era o tema de abertura que era da autoria nacional, expressamente composto para a série (algo que creio ter sido caso único), com música de Tozé Brito e letra de António Avelar Pinho. Toca a cantar:

É bom ver na floresta o Sol nascer
É bom imaginar o que irá acontecer
São tantas amizades, são histórias de amizades
Que vão nossos amigos animais viver.

São mil aventuras entre os animais
Fabulosas fábulas de encantar
São mil aventuras, são sensacionais
Fabulosas fábulas que nos fazem sonhar
Que nos fazem sonhar
Que nos fazem sonhar

Genérico:


Versão completa do tema do genérico:




Episódio 47 "A Vaidade do Avelar"


    

         
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