terça-feira, 24 de março de 2015

Roda de Fogo (1986-87)

por Paulo Neto


"Roda de Fogo" foi exibida no Brasil entre 1986 e 1987, mas só passou em Portugal em 1990, em substituição de "Vale Tudo". Talvez a escolha da RTP desta telenovela (que por cá foi exibida numa versão condensada de 90 episódios) tenha sido porque, tal como a antecessora, tinha como principais temas a corrupção, os crimes de colarinho branco e a sede do poder. Porém, para muitas pessoas incluindo eu, "Roda de Fogo" ficou na memória sobretudo pela história à volta do único alívio cómico. A telenovela foi o único projecto que partiu de um colectivo de autores denominado "Casa de Criação Janete Clair", em homenagem à lendária autora, que elaborou a sinopse, sendo posteriormente desenvolvida por Lauro César Muniz.





Tarcísio Meira foi o protagonista Renato Villar, um empresário de sucesso que nunca olhou a meios para alcançar a sua fortuna e ascensão. Renato é casado com Carolina (Renata Sorrah), uma união apenas mantida por conveniência e pelas ambições de ambos, que passam pela Presidência do Brasil. As coisas complicam-se quando surge em público um dossier denunciando o uso ilegal do capital de uma das empresas de Renato, que convoca o seu inescrupuloso advogado Mário Liberato (Cecil Thiré) para o defender. Porém dois acontecimentos acabam por virar por completo a vida de Renato: apaixona-se pela incorruptível juíza Lúcia Brandão (Bruna Lombardi) que dirige o processo, e descobre que tem um tumor cerebral.

Renato e Lúcia

Renato, Maura e Pedro
Carolina


Sabendo que tem no máximo seis meses de vida, Renato faz tudo para se regenerar e assim conquistar o amor de Lúcia. Termina o seu casamento com Carolina, encaminha os seus lucros para uma instituição de solidariedade, afasta os seus sócios e antigos parceiros de esquemas e reaproxima-se de Pedro (Felipe Camargo), o filho que resultou de uma relação com Maura Garcez (Eva Wilma), uma ex-guerrilheira. 

É então que Mário se afirma como o grande vilão elaborando um plano para destruir Renato, com a ajuda dos ex-sócios deste: o Benson (Carlos Koerber), abertamente racista mas com uma tara secreta por mulatas, Paulo Costa (Hugo Caravana), primo de Carolina e um ex-governante dos tempos da ditadura, Felipe D'Ávila (Paulo Castelli) um jovem ambicioso e presunçoso. 

Inesperadamente, Renato terá como principais aliadas as três mulheres da sua vida: Lúcia, Maura, que regressa do exílio em Itália, e Carolina, quando se apercebe que o plano também a atinge. No final, depois de limpar o seu nome e passar a direcção das empresas para Pedro, Renato morre feliz nos braços de Lúcia numa ilha paradisíaca.

Mário e Jacinto

"Roda de Fogo" foi uma das primeiras telenovelas brasileiras exibidas em Portugal que abordaram o tema da homossexualidade, pois nas cenas entre Mário e o seu criado Jacinto (Cláudio Curi), um antigo torturador da polícia política, dava-se a entender que a relação entre ambos não era apenas profissional. 

Patativa, Marlene, Bel e Tabaco

Já a outra trama da telenovela podia ser muito séria, se não fosse contada com muito humor. O motorista de Renato, Rosário Patalé, que todos tratam por Tabaco (Osmar Prado), elevava a fasquia da famosa canção do Marco Paulo, e tinha três amores e não sabia de qual gostava mais. Eram elas a sensual aderecista Patativa (Cláudia Alencar), a divertida telefonista Bel (Inês Galvão) a quem Tabaco chama "minha inventora do telefone" e a ingénua Marlene (Carla Daniel), empregada dos Villar. Além de estar dividido pelas três, Tabaco ainda arrasta a asa à japonesa Fátima (Cristina Sano). A situação chega a um tal ponto que Tabaco decide casar com Bel, Patativa e Marlene no mesmo dia mas em horas diferentes. Mas numa das cenas mais célebres, as três aparecem vestidas de noivas na igreja ao mesmo tempo e denunciam o pinga-amor por tentativa de bigamia. Afinal, as três sabiam umas das outras e elaboraram um plano para dar uma lição e obrigar Tabaco a escolher uma delas. Este fica tão traumatizado que acaba por perder a sua potência, recorrendo a um pai-de-santo para a recuperar, o que só acontece depois de ceder aos avanços de Alice (Sylvia Bandeira), uma amiga de Carolina, a quinta mulher que o bruxo vaticinara. 



Tabaco volta a recorrer ao pai-de-santo para o ajudar a escolher uma das sua mulheres, mas a escolha nunca se chega a concretizar: afinal Tabaco já era casado, tendo vindo para o Rio de Janeiro para sustentar a família no interior. No último capítulo, a mulher e os cinco filhos aparecem de surpresa, deixando o motorista sem outro remédio senão desistir da sua vida de Don Juan e entender-se com a família.

O elenco contava ainda com nomes conhecidos como Isabela Garcia (Ana Maria), Joana Fomm (Telma), Yara Cortes (Joana), Mayara Magri (Helena), Cássio Gabus Mendes (Celso), Paulo Goulart (Juiz Marcos), Lúcia Veríssimo (Laís) e Mário Lago (António).   

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1 comentário:

  1. A célebre novela do Tabaco! A última novela da antiga grelha dos anos 80 da RTP, que depois foi substituída pela épica "Tieta".

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