O algoritmo do Facebook tem-me sugerido páginas e imagens dedicadas à teledramaturgia brasileira e há uns tempos, dei com um post dedicado a esta telenovela, que eu não acompanhei mas que lembro da minha mãe ver.
No início dos anos 90, para além da habitual faixa para as telenovelas da noite de segunda a sexta-feira, a RTP também exibiu algumas telenovelas ao fim-de-semana, começando com "Kananga Do Japão", seguindo-se "Araponga" e "Felicidade". "Despedida De Solteiro" ocupou depois o lugar desta última aos fins-de-semana, porém com a ascensão da SIC, que tinha na sua pareceria com a Rede Globo um dos seus principais trunfos, sensivelmente a meio da trama passou também a dar durante a semana. Aliás foi a antepenúltima telenovela da Globo a passar na RTP (depois só "Mandala" e "Fera Ferida").
Da autoria de Walter Negrão, "Despedida De Solteiro" foi originalmente exibida no Brasil entre 1992 e 1993 na faixa das 18 horas, e em Portugal entre 1993 e 1994. Foi um projecto que avançou às pressas, uma vez que a produção de "Mulheres De Areia", prevista para ocupar a faixa horária, foi adiada devido à gravidez de Glória Pires. Aliás, a cidade cenográfica inicialmente concebida para "Mulheres De Areia" acabou por ser utilizada em "Despedida De Solteiro".
Pasqual Papagaio. Xampu, Pedro e João Marcos
A trama era sobre quatro amigos em busca de justiça após terem sido condenados por um crime que não cometeram e que abalou toda a cidade de Remanso. Prestes a casar-se com Lenita (Tássia Camargo), o amor da sua vida, João Marcos (Felipe Camargo) prepara-se para uma festa de despedida de solteiro de arromba com os seus três melhores amigos: Pedro (Paulo Gorgulho), o líder do grupo, Pasqual (Eduardo Galvão), conhecido como Papagaio e Matheus (João Vitti), alcunhado de Xampu devido aos cuidados com a sua longa melena loura. Mas após uma noite de borga regada a álcool que culminou com um banho de cascata, a tragédia acontece: Salete (Gabriela Alves), uma prostituta que acompanhava os amigos, é encontrada morta junto à cascata e João Marcos é preso com os outros três durante a cerimónia do casamento. Com todos os indícios contra eles, João. Pedro, Pascoal e Xampu são condenados a 21 anos de prisão.
Porém, sete anos mais tarde, os quatro saem em liberdade condicional, decididos a limpar o seu nome a provar a sua inocência. Ao saírem, encontram uma cidade ainda muito abalada pelo acontecimento e dividida entre aqueles que os desprezam e aqueles que acreditam neles. Mas infelizmente, pouco depois, Xampu, que contraiu Hepatite B na prisão, acaba por morrer, mas antes ainda casa-se com Bianca (Rita Guedes), com quem namorava informalmente antes de ser preso.
Flávia
Endurecido pelo tempo na prisão, além de limpar o seu nome, Pedro também está determinado a lutar pelo amor de Flávia (Lúcia Veríssimo), a irmã de Xampu, que assumiu a direção das empresas da família e que também sempre gostou dele. Mas a mãe dela, Emília (Lolita Rodrigues), culpando Pedro por tudo o que aconteceu ao filho, tenta por tudo para impedir o romance.
Vitório e Léo
Pasqual trabalhava no armazém do seu pai mas depois de ter sido preso, a sua irmã Marta (Lucinha Lins) regressou do Rio de Janeiro e transformou o negócio da família num restaurante self-service. Marta acaba por ser revelar a chave de um dos mistérios da trama: é ela a mãe de Léo (Patrick de Oliveira), o menino órfão acolhido pelo velho excêntrico Vitório Da Vinci (Elias Gleizer), o pai adoptivo de Pedro.
Bibi, Sérgio e Lenita
Mas é João Marcos que apanha o maior choque quando descobre que Lenita casou-se com Sérgio Santarém (Marcos Paulo), o advogado de defesa dos quatro amigos no seu julgamento, do qual teve uma filha, Bibi (Fernanda Nobre). No entanto, ela é infeliz no casamento devido à brutalidade e ao vício de cocaína do marido. Além disso, Lenita nunca deixou de amar João Marcos e os dois lutam para ficar juntos, sofrendo com as maldades de Sérgio, o grande vilão da história, que fará tudo para que João e os amigos voltem para a prisão. Aliás, vem-se a saber que, apesar de supostamente os defender no julgamento, foi ele quem se certificou que os quatro amigos seriam condenados.
João, Pedro e Pascoal acabam por ganhar um grande aliado em Mike (Jayme Periard). um misterioso viajante que chega à cidade e que vem-se a descobrir ser advogado. Investigando em conjunto, descobrem que Sérgio Santarém e até mesmo que ele esteve envolvido da morte de Salete. Além disso, vem-se a saber que isso era uma etapa no seu plano contra a família de Xampu e Flávia, pois é na verdade um filho bastardo do pai deles. No final, Sérgio é condenado pelo rapto de Bibi e Léo, e acaba por morrer envenenado pela sua amante Glória (Cinira Camargo), deixando João Marcos e Lenita finalmente livres para iniciar uma vida a dois, assim como Pedro e Flávia. Já Pasqual, dividido entre Socorro (Cristina Mullins), a irmã de João Marcos, e Carol (Leila Lopes), a dona do ginásio da cidade, decide-se por esta.
Bianca e Soraya
Outro núcleo marcante é o da família de Bianca. A sua mãe Soraya (Ana Rosa) sempre teve sonhos de grandeza mas nunca perdeu a pacovice, pelo que instiga a filha a subir na vida a todo o custo. Já o pai Sirineu (Mauro Mendonça) e a sua irmã Nina (Helena Ranaldi), que gerem uma oficina automóvel que sustenta a família, acreditam no trabalho honesto. Bianca namorava com Xampu com olho na fortuna da família do rapaz e depois de se casar com ele, revela-se uma verdadeira vilã disposta a tudo para levar a sua avante, chegando a aliar-se a Sérgio Santarém.
Nina e Sirineu
Além de ser a primeira telenpovela de Rita Guedes, Helena Ranaldi e João Vitti, "Despedida De Solteira" marcou a estreia em telenovelas Letícia Spiller, no papel de Debbie, personagem do núcleo jovem da trama.
Mas aquilo que me lembro melhor da telenovela é o genérico de abertura, imitando um jogo de vídeo de 8 bits, sendo que também é das raras telenovelas da Globo com um tema estrangeiro na abertura, neste caso uma versão euro-dance de "Sugar Sugar" dos The Archies.
Com a recente e triste notícia do falecimento de Luís Aleluia, muito se tem recordado o seu papel mais emblemático.
O actor natural de Setúbal tinha um extenso currículo em televisão, em programas como "O Sétimo Direito", "O Cacilheiro Do Amor", "O Posto", "Sai Da Minha Vida", "Filha Do Mar" ou "Bem-vindos a Beirais". Mas na memória de todos está a personagem titular de "As Lições Do Tonecas", a série humorística exibido na RTP entre 1996 e 1999. Curiosamente, a primeira vez que me lembro de ver Luís Aleluia em televisão foi no programa da RTP "Estúdio 4" (1988-89), apresentado por Luís Pereira de Sousa, num sketch onde fazia de um rapazinho que relatava uma aventura sua numa casa assombrada, uma espécie de esboço do que viria a ser o seu desempenho como o Tonecas.
"As Lições Do Tonecas" surgiu pela primeira vez como um conjunto de sketches humorísticos radiofónicos da autoria de José Oliveira Cosme, sobre um aluno sempre com respostas despropositadas às perguntas do seu professor, constantemente em palpos de aranha com a insolência do pupilo. Os sketches apareceram pela primeira vez em 1934 no programa "O Senhor Doutor" da Rádio Clube Português, com o próprio Oliveira Cosme como o professor e Henrique Samorano como Tonecas. Em 1945, Oliveira Cosme recuperou os sketches no RCP com João Pereira e Sousa a fazer a voz do aluno. Os diálogos foram posteriormente publicados em vários livros, possibilitando a sua encenação nas escolas e nos centros recreativos. Eu próprio tive a oportunidade de encarnar o Tonecas no meu 4.º ano ao interpretar uns desses diálogos na festa de final de ano lectivo (que depois reprisei mas agora fazendo de professor no meu ATL de férias desse ano).
Mas aquela que viria a ser a iteração definitiva de "As Lições do Tonecas" foi nos anos 90, na adaptação para série na RTP, estreada a 4 de Setembro de 1996 e que se estenderia por quatro temporadas. Tal foi o sucesso que nunca mais foi possível imaginar mais alguém no papel de Tonecas e do professor além de Luís Aleluia e Morais e Castro.
Em vez de reproduzir os diálogos originais de Oliveira Cosme, a série era adaptada às realidades dos anos 90. Lembro-me por exemplo de um episódio onde o professor ensinava os países recém independentes que saíram do desmembramento da Jugoslávia e da União Soviética (acho que foi mesmo aí que eu soube pela primeira vez que a capital do Montenegro era Podgorica). O cenário com a sala de aula também permitiu a presença de várias crianças como figurantes, embora estas pouco mais fizessem na série do que ficar sentadas a rir das piadas do Tonecas. Para a história ficaram os acessos de frustração do professor com Morais e Castro a rosnar na sua inconfundível voz ("Menino Tonecas, menino Tonecas!") e os gritos estridentes quando o Tonecas finalmente compreendia algo, ("AAAAAAAAAAAHHH!"). Rui Luís, Linda Silva e Luísa Barbosa também foram aparecendo como respectivamente o pai, a mãe e a avó do Tonecas. Houve também muitas participações especiais de outros actores, como Ana Bola, Ana Zanatti, José Raposo, Helena Isabel, Herman José, Maria Vieira, Maria João Abreu e Vítor de Sousa, alguns até reprisando os papéis de outras séries da RTP, como Fernando Mendes no papel do mítico Beto de Nunes de "Nós, Os Ricos" e até de estrelas como Quim Barreiros e os Excesso.
Além da série, Luís Aleluia também gravou um disco como Tonecas, fez uma digressão pelo país com Morais e Castro num espectáculo que recuperava alguns episódios da série e encarnou a personagem em vários programas da RTP (lembro-me de um especial de fim de ano da RTP em que houve um sketch em que o Tonecas ia parar ao colégio da série "Riscos") e apresentou "O Recreio do Tonecas" em 2000, até retirar a personagem em 2006.
No Instagram oficial de Luís Aleluia, eis um sektch feito nas instalações do Sporting, com Aleluia a fazer de professor, o jogador Nelson como o menino Necas e um muito jovem Cristiano Ronaldo como figurante.
"As Aventuras do Pequeno Koala" foi uma série japonesa de animação produzida em 1984 pelo estúdio Tohokushinsha Films e exibida em Portugal na RTP1 em 1991 às segundas-feiras no espaço "Brinca, Brincando" em 26 episódios, cada um com duas histórias.
A série foi produzida no mesmo ano em que a Austrália doou alguns koalas ao Japão, o que levou a um interesse do público japonês por estes animais. Por coincidência, em 1991, o ano em que a série foi exibida na RTP, o Jardim Zoológico de Lisboa recebeu uma família de koalas vinda da Austrália. (Foi também nesse ano de 1991 que eu visitei o Jardim Zoológico pela primeira vez.)
Mas se no mundo real, os koalas são notórios por passarem grande parte do seu tempo a dormir, o protagonista da série, Roberto (Kokki no original japonês, Roobear na versão americana), é um koala bem activo que gosta de desporto e de inventar brincadeiras com os amigos.
Roberto vive numa aldeia algures na Austrália com os seus pais e a sua irmã mais nova Laura. Os seus amigos são dois coelhos, Mimi e Orelhas (este sempre com headphones na cabeça) e dois pinguins, Zeca a e Guida, (que faça o tempo que fizer, estão sempre de cachecol), bem como a sua namorada, uma linda koala chamada Betty.
Mas por vezes, Roberto e os amigos têm desavenças com os irmãos canguru, Walter, Joca e Luger. Walter é o líder, exímio lançador de boomerang, e a sua animosidade para com Roberto tem um motivo secreto: é apaixonado por Betty e num dos episódios é revelado que ele lhe escreveu mais de setenta cartas de amor. Mas claro, tudo isso é algo que Walter tem vergonha em revelar (até porque seria um amor impossível por serem de espécies diferentes).Também Guida tem um paixoneta não-correspondida por Roberto e num dos episódios, tenta interferir num momento romântico entre Betty e Roberto.
Na aldeia vivem outros animais de espécies típicas da Austrálásia: o Kiwi, um kiwi de óculos sempre à procura duma profissão que o realize (num dos episódios, Kiwi descobre uma máquina fotográfica antiga que demora dez minutos a tirar uma foto mas as suas tentativas de a usar não correm muito bem porque ninguém aguenta estar assim tempo na mesma pose), Tempo, um misterioso dingo que consegue prever o estado do tempo, Martinho, um petauro-do-açúcar inseparável de Tempo, Migos, um lagarto coscuvilheiro e Bico Peninha, um ornitorrinco que gosta de criar coisas com desperdícios. Outros koalas da aldeia são a Menina Luísa, a editora do jornal da aldeia, para o qual o pai de Roberto trabalha como fotógrafo, e o Dr. Voo, o médico da aldeia que se desloca num bizarro avião, a Caranguejola.
A dobragem portuguesa foi dirigida por Jorge Melo e o tema do genérico foi interpretado por Rosa Quiroga (que também era a voz da Menina Luísa):
Um e dois, dois e três,
Era um vez
Um koala esperto
De seu nome Roberto
Pelo o ar, sob o mar,
Em qualquer lugar
Não há nada melhor do que brincar
Venham ver para crer
Que grande emoção
Um koala num balão
Muitos amigos ter
Para dar e vender
Enche o coração
Um e dois, dois e três
Esta é de vez
A história vai começar
Eu até quero ver
Quem não vai querer ser
Koala e brincar
Apesar do alto dos onze anos que tinha na altura, eu já achar a série um bocado infantil demais para mim, os bonecos era tão engraçados, sobretudo os pinguins, que eu costumava ficar a ver.
A edição deste ano em Liverpool ainda está bem presente, mas sugiro que recuemos vinte anos no tempo e recordemos uma edição passada do Festival da Eurovisão, que viria a ter um papel determinante no rumo que o certame viria a tomar nos anos seguintes.
Com cada vez mais países a quererem participar, e com vários países descontentes com as diferentes regras de relegação que obrigavam os países com pior resultado no ano anterior a esperar dois anos para voltarem a participar, a ampliação do Festival para além de uma única noite de competição era inevitável. Segundo consta, já em Junho de 2002 a EBU começou a debater a ideia do Festival passar a ter duas noites de competição: uma semifinal a meio da semana onde os países menos bem colocados do ano anterior e eventuais países estreantes e retornados disputariam dez vagas para a final no sábado, juntando-se aos países do top 10 do ano anterior, bem como os quatro países do Big 4 (Alemanha, Espanha, França e Reino Unido) finalistas automáticos por serem aqueles com maior contribuição financeira para a EBU.
Aparentemente, alguns países como a Alemanha, eram a favor da introdução desse novo formato já em 2003, o que permitiria a estreia de países interessados como Albânia, Andorra, Bielorrússia, Bulgária e Ucrânia no Festival, bem como o regresso da República Federal da Jugoslávia, entretanto renomeada de Sérvia & Montenegro.
Porém, as preparações para a edição de 2003 já estavam suficientemente avançadas para não ser possível acomodar uma mudança tão radical, pelo que decidiu-se que esse novo formato só avançaria em 2004, conforme foi anunciado pela escrutinadora da EBU durante o Festival de 2003.
Como tal, o 48.º Festival da Eurovisão teve lugar no Skonto Hall em Riga, capital da Letónia, a 24 de Maio de 2003 (precisamente 47 anos depois da primeira edição) e foi a última edição a ter apenas uma noite de competição.
Depois da Estónia em 2002, outro país ex-soviético da zona do Mar Báltico acolhia o Festival, após a surpreendente vitória da Letónia no ano transacto naquela que era apenas a sua terceira participação.
Enquanto Andorra, Bielorrússia, Albânia e Sérvia & Montenegro aceitaram esperar até 2004 para participar (apesar destes dois últimos países terem uma canção pronta para participar já em 2003), a Ucrânia insistiu em estrear-se no Festival neste ano e a EBU acabou por aceder. Como tal um número recorde de 26 países participaram, com Portugal, Países Baixos, Polónia, Irlanda, Islândia e Noruega a regressarem após ausência em 2002, enquanto Dinamarca, Finlândia, Lituânia, Macedónia e Suíça ficaram de fora devido aos seus baixos resultados no ano anterior.
Os apresentadores foram Marija Naumova ou Marie N., que tinha trazido a vitória para o país no ano anterior, e Renars Kaupers, o líder da banda Brainstorm que representara a Letónia na sua estreia em 2000 obtendo o terceiro lugar. Os comentários para a RTP estiveram a cargo de Margarida Mercês de Melo (que confundiu algumas vezes o nome do país anfitrião Letónia com Lituânia e Polónia) e Helena Ramos foi a porta-voz dos votos de Portugal.
Os apresentadores saudando Helena Ramos, porta-voz dos votos de Portugal
Segundo consta, a organização da televisão letã LTV foi bastante atribulada, com um jornal dinamarquês a reportar planeamentos deficientes, incumprimento de prazos e má gestão financeira, ao ponto da EBU ter até chegado ameaçar atribuir a organização a outro país, levando ao despedimento do produtor executivo da LTV. A EBU também reprovou o conceito inicial para os postcards, e dava para ver que aqueles que se viram foram feitos à pressa. A maioria dos postcards mostrou os representantes de cada país a visitar um ponto da cidade de Riga ou das suas imediações (no caso de Portugal, um farol), mas outros como os da Croácia e da Rússia eram imagens dos ensaios dos artistas na arena, o da Islândia foi com imagens da chegada da cantora ao aeroporto de Riga, e o do Reino Unido parecia que foi feito durante as gravações do "Letónia Radical" lá do sítio.
No entanto, na noite do Festival, o resultado final foi bastante satisfatório, com uma produção bem moderna para a época, um palco impressionante e pormenores interessantes, como animações em claymotion. Além disso foram integrados três elementos que viriam a ser quintessenciais em edições seguintes do Festival da Eurovisão: a integração da green room dos artistas no palco, o uso de ecrãs LED no chão do palco e sobretudo, um quadro de votações que actualizava a classificação à medida que as votações iam sendo anunciadas. (De referir ainda que, tal como no ano anterior, o segmento da recapitulação das actuações da noite com os números de telefone para a votação foi feita em ordem inversa à da actuação, da última para a primeira, algo que foi depois descontinuado.)
O quadro da classificação após os votos de Portugal
Como é habitual, analisaremos as canções por ordem inversa de classificação:
Jemini (Reino Unido)
O Reino Unidofoi uma das maiores potências do Festival ao longo do século XX, mas nesse ano provou pela primeira vez o sabor amargo dos zero pontos (e não seria a última!). O duo Jemini (não confundir com os nossos Gemini de "Dai-Li-Dou") era composto por Chris Cromby e Gemma Abbey, ambos naturais de Liverpool, e cantou "Cry Baby". Na Velha Albion, não faltou quem, como o comentador da BBC Terry Wogan, justificasse o descalabro com a participação britânica na invasão do Iraque no início desse ano que teve duras críticas de vários países europeus, mas para a maioria a razão principal foi basicamente uma canção medíocre com uma actuação fraca. Ainda assim, o single chegou ao n.º 15 do top britânico e os Jemini têm actuado esporadicamente desde então. Em 2016, Gemma Abbey teve problemas com a lei devido a fraudes na segurança social, sendo condenada a um ano de prisão com pena suspensa.
Lynn Chricop (Malta)
Malta ficou em 25.º lugar com 4 pontos (3 da Irlanda e 1 de Portugal). Lynn Chircop cantou "To Dream Again". Segundo a Wikipedia em inglês, além da música, Lynn é advogada especializada em Direitos Humanos.
F.L.Y. (Letónia)
A Letónia, o país anfitrião, ficou-se pelo 24.º e antepenúltimo lugar com 5 pontos (vindos da Estónia). A representá-lo esteve o trio F.L.Y. e a canção "Hello From Mars". O nome deste grupo era composto pelas iniciais dos três membros: (Martins) Freimanis, Lauris (Reiniks) e Yana (Kay), que depois tiveram carreiras em separado. Infelizmente, Martins Freimanis faleceu em 2011 com apenas 33 anos quando uma gripe prejudicou gravemente os seus problemas de fígado.
Karmen Stavec (Eslovénia)
A Eslovénia foi o último país a actuar mas não foi além do 23.º lugar com 7 pontos. Esta edição do Festival foi das poucas sem nenhum artista que já tinha participado antes como intérprete principal, mas a representante eslovena Karmen Stavec tinha feito coro na canção da Eslovénia de 1998. Karmen nasceu em Berlim Ocidental, filha de pais eslovenos. No pré-selecção eslovena do ano anterior, a sua canção "Se In Se" tinha sido a vencedora destacada do televoto mas devido ao voto do júri, quem venceu foi o trio de drag queens Sestre, pelo que a sua vitória em 2003 com o tema "Nanana" foi uma espécie de compensação. Karmen ainda está activa na música, tendo voltado a participar na pré-selecção eslovena de 2008, mas o seu último álbum ainda data de 2003.
Rita Guerra (Portugal)
Portugalpodia ter participado no Festival de 2002, uma vez que apesar de ser um dos países relegados, surgiram duas vagas disponíveis, mas a RTP recusou o convite da EBU citando razões financeiras, para além da reestruturação que passava na altura sob a tutela do então ministro Nuno Morais Sarmento. (Essa vaga passaria para a Letónia que viria a ganhar!) Sendo assim, Portugal regressava após um ano de ausência. Inicialmente a ideia era escolher o intérprete para a Eurovisão através dos concorrentes da primeira edição da "Operação Triunfo", mas com o adiamento do programa, a RTP acabou por convidar Rita Guerra para ser a representante, com a sua canção a ser escolhida através de candidaturas públicas. Foi a segunda vez que um intérprete indigitado iria cantar todas as canções em competição, depois de Carlos do Carmo em 1976.
Três canções foram seleccionadas para serem interpretadas por Rita Guerra durante uma gala da "Operação Triunfo": "Prazer No Pecado", "Estes Dias Sem Fim" e "Deixa-me Sonhar (Só Mais Uma Vez)", com esta última, da autoria de Paulo Martins, a ser a escolhida com uns esmagadores 75% de televotos. Em Riga, a canção foi apresentada numa versão bilingue, inicialmente cantada em português e com a parte final em inglês. No entanto, apesar da excelente prestação vocal de Rita Guerra, Portugal não foi além do 22.º lugar com 13 pontos (6 da França, 3 da Ucrânia e 2 de Espanha e Irlanda).
Rita Guerra era já uma cantora bastante conhecida do público, tendo iniciado a sua carreira em 1989 e além de três álbuns, tinha participado em vários projectos como "As Canções do Século" com Lena D'Água e Helena Vieira e a banda sonora nacional de "O Príncipe Do Egipto". Mas apesar do modesto resultado, esta participação na Eurovisão foi o início de um novo pico na sua carreira, que culminaria no álbum "Rita" de 2005, que foi duplo disco de platina e n.º 1 do top nacional. Destaque ainda para a presença no coro do cantor Beto, habitual parceiro musical de Rita Guerra, nomeadamente no hit "Brincando Com O Fogo", infelizmente falecido em 2010.
Ruffus (Estónia)
Um lugar acima e com mais um ponto que Portugal ficou a Estónia, representada pelo grupo Ruffus e o tema "Eighties Coming Back". Mas embora a canção falasse do regresso dos anos 80, pessoalmente acho que tinha mais ecos sónicos dos anos 70. Os Ruffus começaram em 1997 sob o nome de Claire's Birthday e terminariam nesse ano de 2003. O vocalista Vaiko Eplik tem tido uma carreira a solo desde 2006.
Stellios Constantas (Chipre)
Chipre ficou em 20.º lugar com 15 pontos, incluindo os inevitáveis 12 pontos da Grécia. O seu representante foi Stellios Constantas com o solarengo tema "Feeling Alive".
Lior Narkis (Israel)
Lior Narkis representou Israel com a canção "Words For Love", obtendo 17 pontos e o 19.º lugar. Narkis iniciou a sua carreira ainda em criança e lançou o seu primeiro álbum em 1992 com 16 anos. Porém as grandes estrelas da actuação foram as cinco bailarinas que o acompanharam em palco, que pelo meio da coreografia foram fazendo várias mudanças de vestuário, revelando a frase "amo-te" escrita em russo, francês, espanhol, grego e hebraico nos seus tops e no fim formando a frase "LOVE U".
Louisa (França)
A França foi representada por Louisa Baileche, que tal como a nossa Rita Guerra, surgiu em palco com um vestido de Fátima Lopes. Nascida na região parisiense e com ascendências italianas e argelinas, Louisa Balileche tinha vasta experiência como cantora e bailarina em vários palcos de Paris. Em Riga, cantou "Monts Et Merveilles", ficando em 19.º lugar com 18 pontos.
Mando (Grécia)
Adamantia Stamatopoulou, ou simplesmente Mando, foi a representante da Grécia. Uma artista consagrada no seu país desde o final dos anos 80, foi também coautora da canção "Where You Are", gravada por Jessica Simpson e Nick Lachey. Em Riga, Mando cantou a balada "Never Let You Go", envergando um ousado corpete negro. A Grécia ficou em 17.º lugar com 25 pontos, incluindo os inevitáveis 12 pontos de Chipre.
Mija Martina (Bósnia-Herzegovina)
Em 16.º lugar com 27 pontos (12 da Turquia) ficou a Bósnia-Herzegovina. Mija Martina Barbaric cantou em croata e inglês "Ne brini" ("não te preocupes"). Além da música, Mija Martina também trabalhou para o Ministério do Turismo e Ambiente do seu país.
Claudia Beni (Croácia)
A Croáciaficou em 15.º lugar com 29 pontos. A seis dias de completar 17 anos, Claudia Beni era a mais nova dos intérpretes que competiram este ano, interpretando numa vibe muito Britney Spears, o tema "Vise nisma tvoja" ("já não sou tua"). Esta foi a primeira de seis canções com música do compositor croata Andrej Babic que competiram no Festival entre 2003 e 2012 em representação de quatro países, com óbvio destaque para as canções portuguesas de 2008 e 2012.
Oleksandr Ponomaryov (Ucrânia)
Como já foi referido, este ano foi a primeira participação da Ucrânia. Para este estreia, foi escolhido um dos cantores mais populares do país, distinguido sete vezes como cantor do ano, Oleksandr Ponomaryov que cantou "Hasta La Vista". Em palco, foi acompanhado por dois cantores de coro, duas bailarinas e uma contorcionista. A Ucrânia ficou no 14.º lugar com 30 pontos, mas logo no ano seguinte obteria um resultado bem melhor…
Esther Hart (Países Baixos)
Esther Hart foi a representante dos Países Baixos com o tema "One More Night", que ficou em 13.º lugar com 45 pontos. Mas Hart também poderia ter representado outro país nesse ano, já que tinha também concorrido com outra canção "Wait For The Moment" na pré-seleção do Reino Unido, tendo eventualmente desistido para apostar em representar o seu próprio país. Segundo mais uma vez a Wikipedia, em 2008 Esther Hart passou uma noite na cadeia para chamar a atenção para a causa da reintegração de ex-reclusos na sociedade.
Mickey Harte (Irlanda)
A Irlanda e a Alemanha ficaram em 11.º lugar com 53 pontos cada. Pelas cores irlandesas, esteve Mickey Harte, que ganhou o direito de representar o país após vencer o programa "You're A Star", semelhante a um "Ídolos". Em Riga, cantou "We've Got The World", que apesar do resultado a meio da tabela foi o single mais vendido na Irlanda em 2003.
Lou (Alemanha)
Já pela Alemanha, esteve Louise Hoffner, ou Lou, que com 39 anos era a intérprete mais velha em competição, que cantou "Let's Get Happy", tema escrito por Ralph Siegel e Bernd Meinunger, a mesma dupla que escreveu "Ein Bisschen Frieden", a canção que deu a vitória à Alemanha em 1982. Entre os cinco bailarinos/cantores de coro que a acompanharam em palco esteve uma brasileira, Claudete de Moura.
Nicola (Roménia)
Inaugurando o top 10, a Roménia ficou em 10.º lugar com 73 pontos. Nicoleta Alexandru, ou simplesmente Nicola, cantou "Don't Break My Heart", um tema de inspiração drum & bass (com algumas parecenças com "Freestyler" dos Bomfunk MCs) composto pelo seu então marido Mihai. A acompanhar Nicola em palco esteve um DJ e três bailarinos cuja coreografia incluiu várias mudanças de vestuário. O videoclip da canção encenava uma possível vitória mas um segundo top 10 consecutivo não foi mau resultado para a Roménia.
Birgitta (Islândia)
Com 81 pontos, Espanha e Islândia partilharam o 8.º lugar, com duas das minhas canções preferidas deste ano. Coube à Islândia abrir os desfile das canções com a canção "Open Your Heart" na voz de Birgitta Haukdal. Islândia recebeu pontuações máximas de Malta e Noruega.
Beth (Espanha)
Já pela vizinha Espanha esteve a catalã Elisabeth Rodergas, ou simplesmente Beth, que tinha sido terceira classificado na segunda edição da "Operación Triunfo", onde se tinha destacado não só pela sua voz mas também pelo seu look com dreadlocks. Tal como no ano anterior, os três primeiros classificados do programa integraram a pré-seleção espanhola interpretando cada um três canções, tendo sido escolhido o tema "Dime" cantado por Beth, Tratava-se de um solarengo tema euro-dance, que valeu 12 pontos de Israel e Portugal. Beth lançou nesse mesmo ano o seu álbum de estreia "Otra Realidad" tendo editado mais três álbuns desde então além de ter trabalhado como actriz de teatro.
Ich Troje (Polónia)
Com 90 pontos, a Polónia subiu ao sétimo lugar, o melhor resultado deste país desde o segundo lugar na sua estreia em 1994. O grupo Ich Troje, composto por Michal Wisniewski, Justyna Majkowska e Jacek Lagwa, levou o tema "Keine Grenzen / Zadnych granic", uma balada dramática cantada em três idiomas: alemão, polaco e russo. A presença da língua alemã deve ter agradado aos espectadores da Alemanha que lhe deram 12 pontos. Os Ich Troje regressariam à Eurovisão em 2006.
Alf Poier (Áustria)
A Áustria trouxe a proposta mais bizarra da noite com "Weil der Mensch zählt" ("porque a raça humana é que conta"), interpretado por Alf Poier no dialecto da região da Estíria. Poier era na altura dos comediantes mais populares da altura no seu país e a sua participação no Festival foi feita sob o signo da paródia. Apesar disso, a Áustria conseguiu o seu melhor resultado desde 1989, com o sexto lugar e 101 pontos (nem acredito que Portugal deu 10 pontos!).
Fame (Suécia)
Vários nomes de peso estiveram presentes na pré-seleção sueca de 2003, conhecida como Melodifestivalen, como os grupos euro-dance Alcazar (do hit internacional de 2001 "Crying At The Discotheque) e Da Buzz, cantores que já tinha representado o país antes como Jan Johansen (1995), Nanne Grönvall (1996) e Jill Johnson (1998), e Afro-Dite e Sahlene, que representaram respectivamente a Suécia e a Estónia em 2002. (O tema de Sahlene, "We're Unbreakable", obteve algum sucesso em Portugal ao ter sido usado nos "Morangos Com Açúcar"). Mas quem ganhou o direito a representar as cores da Suécia em Riga foi o duo Fame, composto por Magnus Backlund e Jessica Andersson que tinham participado no programa "Fame Factory" (um formato semelhante ao de "Academia de Estrelas" que passou na TVI), e o tema "Give Me Your Love" que ficou em 5.º lugar com 107 pontos. O duo ainda tentou representar a Suécia no ano seguinte mas desde então Backlund e Andersson seguiram carreiras a solo.
Jostein Hasselgard (Noruega)
Em quarto lugar ficou a Noruegacom 123 pontos, um resultado surpreendente já que não figurava entre os principais favoritos. Sentado ao piano, Jostein Hasselgard cantou "I'm Not Afraid To Move On". Mais uma vez segundo a Wikipedia, antes de fazer carreira na música, Hasselgard trabalhou como educador de infância.
tATu (Rússia)
A vitória foi disputadíssimo entre três países, com apenas três pontos a separarem o vencedor do terceiro classificado. Terceiro lugar esse que foi para a Rússia com 164 pontos. No entanto, nesse ano o país apostava claramente na vitória, ao levar as tATu, o duo pop que se tinha tornado uma sensação internacional graças a hits globais como "All The Things She Said" e "Not Gonna Get Us", mas sobretudo devido às controversas performances das duas jovens integrantes, Elena Katina e Yulia Volkova, que assumiam os papéis de um jovem casal lésbico, com beijos e carícias a condizer. Mas por esta altura, já se tinha descoberto que não passava tudo de actos performativos e que a relação de Katina e Volkova era puramente musical. Para a Eurovisão, levaram um tema em russo, "Nje vjer, nje bojsa" ("não acredites, não temas"). Em Riga, multiplicaram-se os relatos das péssimas atitudes das tATu, desde chegarem tarde para os ensaios a insultos à cantora da Alemanha. Elas também chegaram a ameaçar que se iriam despir durante a actuação, mas quando a dita cuja aconteceu não só não se despiram como também não se beijaram. Aliás, até preteriram os seus habituais trajes de colegiais por simples outfits de t-shirt branca e calças de ganga. Infelizmente, não se lembraram de cantar afinadas (o que é pena pois até gosto da versão de estúdio). Com tanta má onda, não era de admirar que as tATu tivessem sido vaiadas tanto na actuação como quando recebiam pontuações altas nas votações.
Mais a tarde a Rússia acusou a Irlanda de manipular os resultados que impediram o país de ganhar, uma vez que o televoto irlandês não foi validado devido a problemas técnicos e o júri de recurso não deu pontos à Rússia. Porém a televisão irlandesa revelou os números do televoto e se esses tivessem sido declarados válidos, a Rússia não ganharia na mesma, embora subisse ao segundo lugar.
Elena Katina e Yulia Volkova ainda actuam esporadicamente juntas embora não tenham lançado mais nenhum material novo enquanto tATu desde 2009, dedicando-se sobretudo às respectivas carreiras a solo.
Urban Trad (Bélgica)
Com 165 pontos, a Bélgica ficou em segundo lugar, o melhor resultado deste país desde aquele que é ainda a sua única vitória em 1986. O grupo folk Urban Trad primou pela originalidade ao levar um tema cantado numa língua imaginária, "Sanomi" e com inspirações celtas e da música galega, tendo aliás na sua banda uma vocalista natural da Galiza, Veronica Codesal. (Segundo consta, uma outra vocalista tinha sido afastada sob advertência dos serviços secretos belgas por alegadas simpatias com a extrema-direita, o que mais tarde se revelou infundado.) Apesar de não lançarem álbuns desde 2007, os Urban Trad continuam no activo com a maioria dos membros que integravam a formação em 2003.
Sertab Erener (Turquia)
Quando faltava saber os votos de um país, a Eslovénia, a Bélgica estava em primeiro lugar, com a Turquia a cinco pontos e a Rússia a dez, pelo que cada um deste três países ainda podia ganhar. O porta-voz esloveno ajudou ao suspense, desaparecendo por breves momentos. Mas no fim, com a Eslovénia, ao receber dez pontos contra somente três para a Bélgica, a Turquia assegurou por apenas dois pontos a sua primeira vitória. E fez sentido ser com uma das mais populares cantoras turcas, Sertab Erener, que tinha uma carreira consagrada desde 1992. Apesar de treinada no canto lírico, Erener Sertab começou por enveredar pelo pop-rock, juntando mais tarde elementos de música étnica e folk turco, tendo também gravado duetos com Placido Domingo e Ricky Martin. Em Riga, Sertab Erener defendeu "Every Way That I Can", um tema etno-pop que convidava a uma dança do ventre, e cuja actuação incluía uma elaborada coreografia com fitas saídas do seu vestido manobradas pelas quatro bailarinas-coristas. "Every Way That I Can" foi também um hit internacional tendo chegado ao n.º 1 dos tops na Grécia e na Suécia e ao top 10 em vários outros países europeus.
A Turquia tinha-se estreado no Festival da Eurovisão em 1975 e, à parte o terceiro lugar em 1997, não tinha obtido grandes resultados até então, pelo que esta vitória foi bastante celebrada dentro e fora do país. Mas nos anos seguintes, graças a mobilização da diáspora turca em vários países europeus, a Turquia foi conseguindo outros excelentes resultados, sobretudo o segundo lugar em 2010. Infelizmente, com o regime vigente na Turquia a afastar-se paulatinamente da Europa e a ganhar contornos mais isolacionistas e fundamentalistas, a Turquia não participa mais no Festival desde 2012, e são muitos os fãs eurovisivos que sonham com o dia em que o país regressará ao certame.
Festival da Eurovisão 2003 (sem comentários):
I want to give a special thank you to John a.k.a. Mr. JDS, the author of a website about the Eurovision Song Contest scoreboards throughout the years, not only for the images of Portugal's votes and spokesperson that were used to illustrate the article on the 2003 contest, but also for the information on the said article, especially the one about whether a semifinal/preliminary round had been considered already for this year.
"Nuts & Milk" foi um daqueles jogos que tanto me deliciou no início dos anos 90 agarrado aos comandos do meu Family Game pirata. Incluído nalgum daqueles multi-cartuchos com "100 em 1" ou algo do género, só redescobri o título ao ver um vídeo de retrogaming no YouTube.
A opção para editar níveis (apenas na versão para o Famicom japonês) era dos meus elementos favoritos de jogos como este ou o Lode Runner. Actualmente, só jogo Minecraft no modo de edição...
Como podem ver neste vídeo do jogo, parece uma mistura de Pac-Man com Supermario ou Donkey Kong:
A mecânica era simples, assim como o objectivo: o jogador controla "Milk" que tem que percorrer o ecran a colectar frutas e a escapar aos "Nuts" azuis e chegar em segurança à casa onde "Yogurt" está (prisioneira?) e "fazer o amor" aparentemente...cortesia da companhia japonesa Hudson Soft (Bomberman, Donkey Kong 3, R-Type, etc).
Podem jogar uma versão online do jogo no site Retrogames.
Realmente, antigamente não existia a noção de SPOILERS, contanto o final do filme à bruta:
"Um homem casado, Kichizo, seduz Sada, uma criada. Aquilo que no inicio era uma simples relação sexual vai-se tornando a pouco e pouco numa relação erótica intensa para ambos, atingindo uma dimensão a que o amor não e alheio. A cada minuto, esse amor exige a redescoberta de novos prazeres, gestos, apetências e êxtases, levando o casa a procurar ir cada vez mais longe no campo do erotismo, que se identifica pela perpetua erecção de Kichizo e pelo desejo insaciável de Sada. Este ritual de prazer acaba, no entanto, por trazer consequências nefastas quando, num momento de loucura, Sada mutila o seu amante, cortando-lhe o sexo e passeando com o mesmo pela rua."
Eu, na época um adolescente de 12 anos, não perdi a hipótese de ver um filme com badalhoquice, embora eu pudesse jurar que só o tinha visto anos mais tarde que esta data. E o leitor, viu esta emissão histórica, ou fez parte do grupo de indignados?
Um dos primeiros cromos aqui da Enciclopédia foi o da série animada "David, O Gnomo", obviamente devido ao nome comum à personagem titular e ao criador do blogue, David José Martins. Mas só recentemente abriu-se uma porta na minha mente que me fez recordar que existiu uma série infantil que passou na RTP nos anos 80 em que o nome da personagem titular é o mesmo daquele que vos escreve estas linhas. E não, não é "O Carteiro Paulo", da qual só me lembro de passar na televisão já no século XXI (embora aparentemente também tenha dado em 1990).
Falo sim de "Paulo, o Duende". (Já agora, qual é a diferença entre um duende e um gnomo?). Tratava-se de uma série de marionetes holandesa que passou na RTP em 1988. Na verdade, houve duas séries com essa personagem produzidas nos Países Baixos, a primeira nos anos 60 (1967-1968) com bonecos feitos pelo criador da personagem, Jean Dulieu, que também fez todas as vozes. Mas suponho que a série que passou em Portugal foi a que foi produzida nos anos 70 (1974-75), com bonecos feitos pelos irmãos Slabbers, e que lembro de já achar datada para 1988.
Jean Dulieu
Como foi referido, a personagem titular, no original "Paulus, de boskabouter", foi criada por Jean Dulieu, pseudónimo de Jan van Oort (1921-2006). Começou em 1946 como tira de banda desenhada num jornal e depois em revistas de BD, e também teve uma série radiofónica entre 1955 e 1964, com Dulieu a fazer as vozes de todas as personagens, excepto a de uma princesa, que era a da sua filha Dorinde. Nos anos 70, as histórias do duende também foram publicadas em livros infantis, algo que foi recuperado a partir de 2003. A última tira de BD saiu em 1984.
A personagem titular é um duende que zela pela tranquilidade num bosque onde é amigo de todos os animais que lá habitam e que é sempre chamado quando existe alguma siatuação para resolver, geralmente causada pela sua némesis, a bruxa Eucalipta. Entre os seus amigos animais contam-se o texugo Gregório e o corvo Santana, mas a personagem que eu lembro de mais gostar era a do mocho Ubu, que falava sempre num tom dramático. Quando um episódio terminava num cliffhanger, era costume Ubu aparecer a dizer solenemente "Continua no próximo episódio!"
A dobragem para a RTP esteve a cargo a quatro actores sediados no Porto, habitués nesta função: Jorge Paupério, Rosa Quiroga, Jorge Mota e Rui Oliveira.
E eis a canção do genérico:
Já conheces Paulo, o duende Que vive num lindo bosque Onde as horas já são tantas Que até tem as barbas brancas E livros todos diferentes
Cada dia vai contar Histórias para sonhar E atenção que lá vem ele...
Na hora certa (Na hora certa) Para te embalar (Para te embalar) Uma nova aventura (Anda já!) Paulo, poh lá lá