sexta-feira, 13 de junho de 2014

Entrevista a António Variações (1983)


AntónioVariações (03/12/1944 - 13/06/1984), nascido António Joaquim Rodrigues Ribeiro. Figura singular do panorama musical português, António Variações viveu uma breve mas intensa carreira musical. A sua excentricidade e inovação garantiu a atenção do público, e deve ser raro o artista famoso que se consegue esquivar a entrevistas. E o texto que trago hoje para a Enciclopédia é uma entrevista que António Variações cedeu à revista feminina "Coquete", apontada ao público adolescente, como é visivel no tom das perguntas.
O título do texto é "Não Sou Oportunista", ao contrário deste post, publicado no dia em que se assinalam três décadas desde o falecimento de António Variações.

Clique sobre a imagem para a aumentar.
"A minha intenção é essa: provocar. Quero que as pessoas digam qualquer coisa. que tenham atitudes, sejam elas boas ou más. (...) fazê-las reflectir, ajudá-las a libertarem-se de coisas ridículas, mesquinhas, fachadas idiotas e tirar-lhes uma máscara que não é possível manter nos tempo que correm."
António Variações ainda falou sobre a sua preferência entre os espectáculos ao vivo e os discos, a admiração por Amália Rodrigues, e projectos futuros.

Páginas retiradas da revista Coquete 21, de 27 de Outubro a 2 de Novembro de 1983.

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quarta-feira, 11 de junho de 2014

E.T. - O Extra-Terrestre - A estreia em Portugal (1982)


Um título incontornável do cinema dos anos 80, que conquistou crianças e adultos por todo o mundo: "E.T. - O Extra-Terrestre" ("E.T. - The Extra-Terrestrial") e sobre o qual já muito foi escrito. Estreou nos EUA no dia 12 de Junho 1982, e ajudou a tornar essa altura do ano a época dos blockbusters. Curiosamente, em Portugal, associamos o "E.T." com a época natalícia - pela programação das TVs - e a data de estreia em cinemas portugueses foi precisamente a 17 de Dezembro de 1982, ideal para uma ida em família ao cinema.

No topo do artigo podem apreciar o poster nacional, publicado no "Diário de Lisboa" ( e certamente outras publicações) no dia de estreia. Abaixo do poster, uma pequena lembrança que era possível também comprar a banda sonora original (discos Polygram) e a novelização (Publicações Europa-América) de "E.T. - O Extra-Terrestre".
E uma semana depois da estreia, o mesmo jornal dedicou o suplemento "Sete Ponto Sete" ao filme do extraterrestre mais amigável de sempre.
A capa do suplemento "Sete Ponto Sete" de 24 de Dezembro de 1982.


 A crítica e pontuação do filme, a que foi atríbuido o máximo, as 4 estrelas: "Excepcional".
 Ainda antes da estreia, uma entrevista ao realizador Steven Spielberg:
in "Diário de Lisboa" [20 Novembro 1982]
Recorde o Trailer:

Queremos saber, quem o foi ver ao cinema? E quantas vezes já o reviram na TV?
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

As Viagens de Gulliver (1996)

por Paulo Neto

Eu ainda sou do tempo em que os serões televisivos não consistiam de telenovela atrás de telenovela...Por exemplo, no Verão de 1996 na SIC, lembro-me de serões de terça-feira em cheio com o "Ai, Os Homens" e depois a mini-série "As Viagens de Gulliver".


A mini-série não só apresentou a obra de Jonathan Swift a uma nova geração, como transformou Lisboa em Liliput. (O Palácio de Queluz também foi utilizado para as cenas em Brobdingnag). Além do excelente elenco: Ted Dansen, Mary Steenburgen, Alfre Woodward, Omar Shariff, Geraldine Chaplin, John Gielgud, Kristin Scott-Thomas e Peter O'Toole.



Lemuel Gulliver (Dansen) regressa a casa após nove anos e começa a contar em flashback a história das suas viagens após ter sofrido um naufrágio quando partira para exercer medicina no Novo Mundo ao mesmo tempo que luta para provar a sua sanidade, pois todos na sua terra pensam que Gulliver enlouqueceu durante a prolongada ausência. A sua mulher Mary (Steenburgen) pede ajuda ao Dr. Bates (James Fox), mas este na verdade quer livrar-se de Gulliver, internando-o num manicómio. 



Por entre toda esta atribulação, Gulliver vai narrando o seu périplo por Lilliput, uma terra de seres pequeninos onde ele é um autêntico gigante e por Brobdingnag, uma terra de gigantes onde Gulliver se sente um verdadeiro liliputiano. Segue-se a ilha suspensa de Laputa, Luggnagg, a terra dos seres imortais e a ilha dos Houyhnhnm. Gulliver fica fascinado por estes seres inteligentes e utópicos que assumem a forma de cavalo e sente desprezo pelos Yahoo (sim, como o motor de busca da internet), uma criaturas semi-humanas, bárbaras e anárquicas. 



Gulliver só consegue provar que não está louco quando o seu filho Tom (Tom Sturridge) descobre uma ovelha liliputiana que o seu pai trazia entre os seus pertences e apresenta-o ao tribunal. Mesmo assim, passa por um período difícil de adaptação à sua vida antiga pois Gulliver continua fascinado pela utopia dos Houyhnhnm e desgostoso com as semelhanças entre os humanos e os Yahoo. No livro, Gulliver acabava por deixar a família e ir viver isolado para as montanhas mas na série optou-se compreensivelmente pelo happy ending da reintegração de Gulliver na felicidade familiar.

A série passou nos Estados Unidos em dois episódios mas em Portugal foi dividida em quatro episódios, exibidos entre Julho e Agosto de 1996. 

Trailer:





  

domingo, 8 de junho de 2014

Gremlins - Estreia em Portugal (1984)


Ainda hà pouco escrevi sobre a estreia portuguesa do êxito "Os Caça-Fantasmas" (Ghostbusters), mas curiosamente há outro êxito que partilhou com esse a data de estreia nos Estados Unidos, outro clássico da comédia e terror: "Gremlins", conhecido entre nós pelo mais explicito título "Gremlins - O Pequeno Monstro". Curiosamente, o material nacional da época que encontrei online refere apenas "Gremlins". No entanto, o filme estreou em Portugal antes de "Os Caça-Fantasmas", no dia 30 de Novembro de 1984.
Novamente recorro ao arquivo do "Diário de Lisboa":
Entre as estreias da semana, nos cinemas lisboetas:
 Ainda a crítica de Jorge Leitão Ramos no "Diário de Lisboa" de 13 de Dezembro de 1984:

 Alguns excertos:
"(...) o cinema feérico de Lucas e Spielberg, (...) é uma máquina de diversão muito bem oleada mas cujo destino se confina a essa superficial agitação, morre ali, à mingua de futuro, de descendência, fechada num conjunto de temas, referências e estratégias que são coerentes, pontualmente interessantes, mas a longo prazo, rigorozamente estéreis.
Gremlins (...) é já um momento em que algo deixa de deslizar. Seja porque a avidez pelo merchandising é escancarada, seja porque a moral da história é algo serôdia, seja porque as ficções familiares com rasteiros simbolismos sociais tenham os cordéis do conformismo à vista, seja porque a gente se canse de ser tratado como se tivéssemos idade mental de sete anos, o certo é que Gremlins funciona mal".
A crítica ainda elogia levemente os efeitos especiais, a actuação de Frances Lee McLain, e alguma astúcia do filme: "(...) o fofinho mogwai que dá origem a zougados filhos e sinistros netos, numa clara significação da turbulência de gerações que crescem incontroladamente". Segue-se mais rectórica sobre o vazio do cinema comercial norte-americano.


"Gremlins" foi realizado por Joe Dante ("No Limiar da Realidade", "Piranha"), produzido por Steven Spielberg, com argumento de Chris Columbus (o argumentista de "Os Goonies" e futuro realizador dos dois primeiros "Harry Potter...").
Um rapaz recebe um misterioso animalzinho de estimação, uma pequena e fofa criatura, um mogwai a que chama Gizmo. Mas debaixo da aparência peluda e inofensiva, há um perigo inacreditável: quando as três regras de cuidado de um mogwai são quebradas, surgem criaturas meléficas e perigosas, os destrutivos Gremlins do título. Segue-se obviamente, o caos e a luta dos protagonistas para devolver a comunidade à normalidade. E para referência futura, as regras para cuidar de um mogwai: Não o molhe, não o alimente depois da meia-noite e não o exponha a luzes fortes. Se cumprir as regras, tudo estará bem.

O Trailer:


Actualização: scan de um poster nacional enviado pelo leitor João Mestre, com a referência "Pequeno Monstro":


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Os Caça-Fantasmas - Estreia em Portugal (1984)



O ano de 1984 foi fértil em filmes que ocupam a constelação dos clássicos da cultura pop. E quando se assinala a passagem de três décadas da estreia norte-americana (8 Junho 1984) da comédia "Os Caça-Fantasmas" ("GhostBusters" no  original) fui pesquisar como a imprensa nacional tratou o filme na estreia em 13 Dezembro 1984.


O Trailer:


Encontrei alguns recortes no precioso arquivo do jornal "Diário de Lisboa", incluindo o poster nacional e uma críticado filme de Ivan Reitman, protagonizado por Dan Aykroyd, Bill Murray, Sigourney Weaver, Harold Ramis, Ernie Hudson e Rick Moranis.

O poster nacional, uma variação de um dos posters internacionais:

"Uma comédia louca em terrenos <<fantásticos>> que este ano pulverizou todos os records de bilheteira nos Estados Unidos" 
in "Diário de Lisboa" 1984/12/14
"Pegando na temática <<fantástica>> em moda, Os Caça-fantasmas aborda-a pela vertente do humor espalhafatoso e com aquele cabotinismo que é característico da maior parte do riso americano (que, em regra prefere ser escancarado a ser subtil), junta a isso alguns efeitos especiais espectaculares, mistura uma banda musical de batida firme, a ficar no ouvido e a fazer mexer o pezinho, embrulha o conjunto sob um logotipo de rara felicidade. A conjugação disso tudo resulta num espectáculo despreocupante, divertido, onde se embarca com uma distância alegre, que se consume com infantil contentamento e sem mais objectivos que o de hora e meia de evasão."

in "Diário de Lisboa" 1984/12/14
 Na imagem acima, Jorge Leitão Ramos ainda disserta sobre a banda sonora, marcada pelo hit global de Ray Parker Jr., "Ghostbusters" [recorde o videoclip]

Actualização: scans de posters publicados nos jornais da época, enviados pelo leitor João Mestre:

O poster acima, da 5ª semana de exibição, além da indicação que a Banda Sonora Original está editada por Dacapo, cita os críticos Lauro António ("Aposta na aventura, no insólito, no fantástico, e ganha...") e Eurico de Barros (..Uma comédia sobrenatural innigualável...).





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sábado, 7 de junho de 2014

Godzilla - O Monstro do Oceano Pacífico (1954)



O original filme do monstro Godzilla, o “Gojira” de 1954, estreou em Portugal no dia 24 de Julho de 1957, no cinema Odeon ás 21:45, com o inusitadamente longo título português: "O Monstro do Oceano Pacífico". Vamos então recordar o que se escreveu na época:

"Um estranho ser atravessa uma cidade numa fúria de destruição".

Aprovado pela censura - conforme o carimbo visivel no canto superior direito dos posters, tinha classificação “17 anos”. Curiosamente, um dos recortes do “Diário de Lisboa” indica o filme como um produção americana, talvez confusão com a versão americana “Godzilla, King Of The Monsters" de 1956, que utilizou as filmagens do original japonês misturado com novas filmagens com o actor Raymond Burr. No mesmo jornal, nos créditos constam apenas os nomes dos actores japoneses.

"Um ser estranho dum mundo extinto ataca, uma cidade. É radioactivo e queima tudo por onde passa. O povo foge apavorado. Será o ultimo dia da civilização?"

"Mais forte do que "King Kong""

"O Monstro do Século"

"Um filme único na história do cinema!"

"Um filme que proporcionará ao publico as mais fortes e penetrantes emoções que um espectaculo lhe pode dar."

"Os Japoneses, mestres da composição das monstruosas figuras que aparecem também em cortejos chineses, criaram para o cinema «O Monstro do Oceano Pacifico». complicando-o com a radioactividade resultante das experiências atómicas que bem conhecem também.
«O Monstro do Oceano Pacifico», «Godzilla» na lenda nipónica. viveu milhões de anos nas profundas cavernas do oceano, de onde foi expulso pelas referidas experiências e contaminado pela radioactividade, e a sua presença espalha o terror no Japão, até que um cientista o faz explodir. A história é relamente explosiva, e exótica a representação por parte de artistas nipónicos como Takashi Shirmura, Akira Takarada e Akihiko, e grandes massas de indigenas.”

in Diário de Lisboa [23, 24 e 25 de Julho de 1957]




O Trailer japonês:


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sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Guerra das Estrelas - A Estreia em Portugal

Pouco há a acrescentar ao que já foi escrito sobre a saga "Star Wars", "A Guerra das Estrelas" em português de Portugal. Mas achei interessante recordar a sua estreia em território nacional.

Star Wars” ("A Guerra das Estrelas"), futuramente conhecido por “Star Wars Episode IV: A New Hope” ("Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança"estreou nos EUA no dia 25 de Maio de 1977.
Em Portugal, a estreia ocorreu a 6 de Dezembro de 1977, com a classificação de ‘Não Aconselhado a Menores de 13 anos’.
E o que tinha a crítica nacional ( parte dela pelo menos) a dizer sobre este clássico intemporal, que revolucionou o cinema há quase quatro décadas? Vejamos:
"Um filme de delirante imaginação, espécie de colagens de todos os géneros cinematográficos unificado sob o rótulo de ficção cientifica, pretexto para um infindável número de trucagens.
Sem a perfeição e profundidade de 2001, A guerra das estrelas é um imenso divertimento, a exploração de todas as histórias da nossa juventude, um espaço de feliz relaxação. O que não nos deve fazer equecer outros aspectos do filme, menos evidentes”
in Diário de Lisboa 1977/05/10

"Com A guerra das estrelas entramos no domínio do filme fascinantemento lúdico, milimetricamente estudado para nos fazer (com gosto) nele entrar, uma amálgama de muito do imaginário contemporâneo condensado numa obra de ficção científica. e não há quem não goste de, com ele, brincar.
É porém essa evidência, esse operador universal mágico, que acaba por nos levantar algumas reservas. Jogando à defesa, escudando-se no perfeito domínio da técnica e da narrativa, Lucas fez sucesso imediato mas não para durar.” 
in Diário de Lisboa 1977/05/17

"De perfeição técnica e de uma sábia colagem de pedaços do imaginário de todos nós (os ocidentais que leram Flash Gordon vibraram com Shane, viram A Patrulha da alvorada de Hawks e adormecera, adolescentes, com Galahad, Lancelote e Ivanhoe) se faz este tremendo sucesso chamado A Guerra das estrelas.
Jogando, assim, na aceitação garantida, no jogo bonito, epidermicamente empolgante, George Lucas escuda-se numa segurança que não arrisca um milímetro.
É por isso que A Guerra das Estrelas, para além de um breve divertimento lúdico, fica com um certo sabor a desilusão.” 
in Diário de Lisboa 1977/05/24

Apesar do reconhecimento das raízes da saga, o autor das críticas obviamente não consegui prever a longevidade e influência da saga no cinema e na cultura pop das próximas décadas.

O Trailer:

Leitores que foram ver este filme no cinema, queremos saber as vossas experiências! Como foi ver o primeiro capítulo desta space opera no grande ecrán? Pessoalmente, só já assisti a Star Wars na televisão e mais tarde VHS e DVD. Mas fiquei fisgado logo à primeira visualização, mesmo no pequeno ecrã...

Actualização:Antes da estreia do "Episódio 7" da Saga, "Star Wars: O Despertar da Força" ["Star Wars: The Force Awakens"] o crítico de cinema Jorge Mourinha recorda a sua experiência pessoal por altura da estreia do primeiro "Guerra das Estrelas" em Portugal em 1977: "Há muito tempo na longínqua terceira fila do Monumental" [Público].
No Jornal "Público" um artigo assinado por Marco Vaza, desenvolve as reacções de outros críticos em diferentes fontes de imprensa da época: “Sucesso imediato, mas não para durar” [Público].

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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Canções dos Mundiais de Futebol

por Paulo Neto

Tal como nos Jogos Olímpicos (como se viu neste cromo) também a partir da década de 80, a música passou a ser parte integrante dos Mundial de Futebol, sendo que a cada edição há pelo menos um tema que não conseguimos ouvir sem recordar um respectivo Mundial.


Eu tinha apenas dois anos aquando do meu primeiro Mundial, o de 1982 em Espanha, pelo que não tenho quaisquer memórias dessa edição, a não ser uns autocolantes da mítica mascote do Naranjito colados em carros e janelas. Por isso, o primeiro Mundial de que me recordo foi o de 1986 no México. Inicialmente atribuído à Colômbia, que viria a desistir por motivos financeiros, o México tornou-se o primeiro país a receber pela segunda vez o Mundial de Futebol, que teve como mascote uma simpática malagueta com sombrero, de seu nome Pique. 24 países participaram, incluindo o Iraque já regido por Saddam Hussein e Portugal, que regressava ao Mundial vinte anos depois do brilharete de 1966, mas cuja participação foi decepcionante, marcada pelo caso Saltillo. O Mundial de 1986 acabou por ser da Argentina, que viria a vencer, e mais concretamente de Diego Maradona, que no lendário jogo contra a Inglaterra marcou dois golos: o primeiro com a "mão de Deus" e o segundo num rasgo de brilhantismo raramente visto.
O Mundial teve um tema oficial cantado em inglês, "Special Kind Of Hero" interpretado pela britânica Stephanie Lawrence, mas a maioria recordará sobretudo esta cantiga em tom de banda filarmónica cujo refrão soava assim: "México 86, México 86, donde se vive la emoción, México 86, México 86, el mundo unido por un ballón!"

 





Dizem os especialistas que o Mundial de 1990 em Itália foi o pior de sempre, com poucos golos, jogos pouco emocionantes e um recorde de 16 cartões vermelhos. Não fosse a irreverência da equipa dos Camarões, liderada pelo "velhinho" Roger Milla, que não só derrotaram a campeã Argentina no jogo de abertura como chegaram até aos quartos de final e seria uma edição de cinzento total de ponta a ponta, incluindo na final onde venceu uma Alemanha pós-queda do Muro de Berlim e pré-reunificação.
Já na música, ou não estivéssemos em Itália, as coisas foram bem melhorzinhas. Para ilustrar a sua cobertura do Mundial, a BBC escolheu a conhecida ária "Nessun Dorma" da ópera Turandot, interpretada pelo inigualável Luciano Pavarotti (chegando ao n.º 2 do top britânico). E para o tema oficial, nada melhor do que juntar duas vozes poderosas, Edoardo Benatto e Gianna Nannini, para cantarem "Un' Estate Italiana". Embora eu fosse fã de Gianna Nannini, sobretudo dos seus hits "Bello e Impossibile" (1986) e "Voglio Fare L'Amore" (1988), confesso que na altura tinha um bocado de medo dela. A irmã do ás do volante Alessandro Nannini não só tinha aquela voz áspera como emanava uma aura de bad girl, capaz de dar porrada a qualquer mastronço que se metesse com ela.  






O Mundial de 1994 nos Estados Unidos, onde o Brasil conquistou o quarto título, foi um dos mais musicais. Foi o primeiro Mundial a ter um álbum oficial (que continha perenes hinos de estádio como "We Are The Champions" dos Queen e "The Best" de Tina Turner) e as festividades tiveram a presença de várias estrelas da música como Jon Secada, Richard Marx e Diana Ross (que famosamente falhou um penalty durante a sua actuação) na cerimónia de abertura e Whitney Houston antes do jogo da final. O tema oficial "Gloryland" foi interpretado por Daryl Hall, acompanhado não pelo seu célebre comparsa John Oates mas pelo grupo gospel The Sound Of Blackness.

 




Em 1998, foi a vez da França acolher o primeiro Mundial com 32 equipas. Mundial esse que a própria França viria a vencer com uma equipa multi-étnica, encabeçada por Zinedine Zidane. Foi também um dos Mundiais mais conseguidos em termos de musicalidade: por exemplo, um dos temas oficiais era um dueto entre o senegalês Youssou N'Dour e a belga Axelle Red, "La Cour des Grands" e o célebre "Rendez-Vous" de Jean-Michel Jarre foi apresentado a uma nova geração, numa nova versão com os britânicos Apollo Four Forty. Mas dois temas destacaram-se nesse Mundial: um deles foi "Carnaval de Paris", tema instrumental dos britânicos Dario G com um inesquecível videoclip com crianças pintadas das cores das bandeiras dos países participantes a jogarem futebol. O sucesso foi tal que foi editada uma versão para o Mundial seguinte em 2002.

 





Mas como é óbvio, serão poucos aqueles que ao recordarem do Mundial de França, não se lembrem destas singelas palavras: "Goal, goal, goal. allez, allez, allez!" Ricky Martin já era uma estrela global devido ao seu hit "1,2,3 Maria" mas consolidou a sua fama com "La Copa de La Vida", prenunciando "la vida loca" que teria no ano seguinte.


 

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