domingo, 20 de outubro de 2019

Watchmen (1986)





Em Setembro de 1986 começou a ser publicada uma das histórias em banda desenhada que mudou a nona arte: a maxi-série em 12 partes "Watchmen". Os seus criadores, Alan Moore e Dave Gibbons, na prosa e arte, respectivamente. Pessoalmente só tomei conhecimento com a obra através da Internet, onde graças aos scans piratas em meados dos anos 2000 pude conhecer histórias do calibre de "The Dark Knight Returns", "Batman: A Piada Mortal", ou "V de Vingança", entre outras que entretanto já consegui comprar, em várias edições vintage ou contemporâneas. A minha primeira "Watchmen" em formato físico foi um encadernado brasileiro de 1989 que comprei numa loja de livros antigos em Quarteira, com esta capa jeitosa:



Este cromo adapta o meu texto de 2009 "Watchmen - Graphic Novel", por isso as ilustrações têm apenas imagens da banda desenhada comparada com as do filme desse ano. Obviamente, SPOILERS para quem ainda não leu esta obra de arte, viu o filme ou a série da HBO que estreia em 2019.

As 12 capas da série limitada original.
Watchmen passa-se nos E.U.A. de um mundo muito semelhante ao nosso, com uma diferença crucial: na primeira metade do século XX surgiram os primeiros vigilantes mascarados, super-heróis que combatiam o crime em uniformes coloridos. Da reunião de vários heróis nasce o primeiro super-grupo, os Minutemen. Depois de vários êxitos, escândalos e um impacto gigantesco na sociedade contemporânea, o grupo é desmantelado. Só anos mais tarde, a nova geração de heróis, inspirada pelos seus antecessores, se reúne para salvar o mundo. Assim nasceram os Watchmen. Na maioria, homens e mulheres sem poderes, que com treino, armas ou engenhocas combatiam os malfeitores. Mas a desconfiança do público e o surgimento de Dr. Manhathan - o primeiro ser super-humano - levaram a que o governo americano banisse as actividades dos vigilantes. Os E.U.A. ganharam no Vietname mas a Guerra Fria continuou, com a ameaça de uma guerra nuclear global eminente e omnipresente.

Sinopse:
A narração de Watchmen começa em 1985, com o assassinato do Comediante, um antigo membro dos Minutemen e dos Watchmen. O psicótico Rorshack, outro antigo Watchmen, investiga o caso, tentando desmontar o que ele acredita ser uma conspiração para eliminar antigos heróis mascarados. Entra em contacto com os ex-colegas, tentando levá-los a actuar. Só depois de um ataque á vida de Ozymandias e do auto-exílio do Dr. Manhattan, Nite Owl II e Silk Spectre II unem-se a Rorshack para desvendar quem é o assassino do Comediante, e que segredos este descobriu antes de morrer.


Os personagens principais:





Rorschach

Baseado no herói Questão. Usa uma máscara especial com padrões em movimento, que para ele é a sua verdadeira cara. Depois de uma infância problemática, dirigiu a sua raiva contra os bandidos, tornando-se cada vez mais violento. Depois de descobrir a morte do Comediante, tenta alertar os antigos companheiros para uma misteriosa conspiração. Paranóico e inflexível, Rorschach acredita firmemente que os culpados têm que ser punidos.





Dr. Manhattan

Baseado no herói Capitão Átomo, o único super-humano do planeta nasceu de um acidente de laboratório nos anos 50. Depois de ser desintegrado conseguiu recriar um corpo humanóide, azul e com poderes extraordinários que lhe permitem manipular a energia e a matéria. Apelidado de deus e super-homem americano, Dr. Manhattan venceu a guerra do Vietname e trabalha em experiências cientificas. A sua percepção diferente do Mundo leva a que se distancie cada vez mais da Humanidade.





Nite Owl II

Baseado nos heróis Besouro Azul e Batman, é um inventor abastado que criou engenhocas relacionadas com corujas (incluindo uma nave) para combater os criminosos. Durante algum tempo fez equipa com Rorschach. Depois da proibição dos vigilantes, Daniel perdeu a motivação, está em baixo de forma e leva uma vida solitária e tristonha. Mas depois da visita de Silk Spectre II e do seu regresso á activa, tudo vai mudar.





Silk Spectre II

Filha da Silk Spectre original, Laurie leva uma vida monótona ao lado do Dr. Manhattan. Este parece ter perdido o interesse por ela e pelo resto do planeta, e depois de uma discussão Laurie abandona-o e visita Nite Owl II, lembrando antigas memórias e recuperando a excitação do tempo em combatiam o crime nas ruas. Personagem inspirada nas heroínas Nightshade e Phantom Lady.





Ozymandias

Adrian Veidt, é – alegadamente – o homem mais inteligente do mundo. Dono de uma fortuna imensa, representa o ideal da perfeição humana de corpo e mente. O seu ídolo é Alexandre, O Grande o mítico conquistador da história antiga. Veidt há muitos anos que revelou a sua identidade ao público tornando-se numa celebridade.





Comediante

Baseado no herói Pacificador (mas fisicamente parecido a Nick Fury da Marvel Comics) Edward Blake foi integrante, quando jovem, dos Minutemen. Extremamente agressivo e sádico, tentou violar a Silk Spectre original e fez muitos trabalhos sujos para o governo americano. Afiança que tudo é uma piada, mas é o seu brutal assassinato que despoleta toda a história de Watchmen. Quem teria motivos para matar o Comediante?


A Graphic Novel
Watchmen nasceu da vontade de usar heróis da antiga editora Charlton, entretanto comprada pela DC Comics (a editora de Super-Homem, Batman, etc), mas com o objectivo de criar uma sátira ao género das BDs de Super-heróis. Mas como a DC tinha mais planos para esses personagens, eles foram usados apenas como base para criar outros especialmente para a maxi-série Watchmen, editada originalmente em 12 números entre 1986 e 1987. O polémico Alan Moore foi o escritor por detrás de uma história totalmente contra-corrente para a época em que a maioria das pessoas ainda encarava a banda desenhada como simples bonecadas para as crianças. Os super-heróis de Alan Moore não são certinhos, cometem erros e influenciam a sociedade que os rodeia (ao contrários dos super-herois tradicionais, em cujas aventuras uma cidade é destruída e no próximo número já está recuperada e sem consequências de qualquer tipo, por exemplo). Imaginem por um segundo, o que mudaria no nosso mundo actual se surgisse o Super-Homem, quase um deus. Como reagiriam os políticos, as corporações, os oportunistas, os religiosos, as pessoas comuns? Além disso, a história tem conteúdos violentos e sexuais bem explícitos. Aborda ainda a homossexualidade entre heróis, a paranóia com os comunistas e a Guerra Fria, a ameaça nuclear e outros temas importantes, e as suas consequências na opinião pública. O estilo de desenho de David Gibbons, pouco super-heróico, mas realista e cheio de detalhes em cada quadradinho ajudou a criar um mundo credível para os personagens de Alan Moore, em páginas recheadas de duplos sentidos, símbolos e referências da cultura pop. Rapidamente a obra tornou-se um objecto de culto e admiração, tanto por leitores como pela crítica. Em 1988 ganhou um prémio Hugo, em 2005 a revista Times colocou Watchmen na lista das “100 maiores novelas de língua inglesa de 1923 ao presente”. Junto com obras como “The Dark Knight Returns”, ajudou a mudar a forma como se contam histórias através da nona arte.


Uma breve comparação de alguns dos mais icónicos painéis recriados na versão de Zack Snyder em 2009: "Watchmen BD Vs Filme".


Texto adaptado de "Watchmen - Graphic Novel" [Cine31 - Março 2009].


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