domingo, 8 de agosto de 2021

Transformers O Filme (1986)

 


Desde que os robots brinquedos japoneses que se convertiam em carros, aviões ou objectos do quotidiano, foram americanizados unidos sob a marca "Transformers" nasceu um sucesso nos brinquedos, na banda desenhada, na série animada e todo o merchandising que correu o mundo. E se a série animada era basicamente meia-hora de reclames às novas figuras (a seguir o exemplo de "He-Man e os Masters do Universo" e aproveitando o relaxe das leis que protegiam os menores de publicidade) o passo lógico seguinte seria a invasão das salas de cinema; uma táctica que o os "Masters do Universo" (1987) tentariam no ano seguinte, mas em imagem real. E portanto, a 8 de Agosto de 1986 , "Transformers: The Movie" e os robots gigantes de Cybertron aterravam nos cinemas americanos e traumatizaram uma geração de jovens fãs dos robots em disfarce. Porquê? Porque para apresentar aos consumidores as novas personagens que podiam ir pedir aos pais para comprar nas lojas, decidiram fazer espaço e massacrar os queridos personagens que tão bem conheciam da série de TV. O filme era obviamente mais violento que a série e robots protagonistas como Ironhide, Ratchet ou Prowl foram despachados impiedosamente pelos lacaios do maléfico Megatron. Mas o maior choque veio mais à frente quando no duelo final entre Megatron e Optimus Prime, o heróico líder dos Autobots é assassinado à traição. Imagino a quantidade de crianças a chorar nos cinemas. Mais tarde, Optimus voltaria à vida na série, mas a inocência já estava perdida. O filme além de introduzir um ror de novos personagens, mais ou menos carismáticos, contava com um elenco de estrelas que eclipsaram, pelo menos nos créditos iniciais, os tradicionais artistas de voz da série. Entre eles, O próprio Sr. Spock, Leonard Nimoy como Galvatron, a reformatação de Megatron, criado pelo vilão da fita, o planeta mecânico Unicron, com a voz do lendário Orson Welles. A qualidade da animação é bastante superior à feita para televisão, e outro elemento de destaque na película é a sua banda sonora com canções rock e metal e as faixas instrumentais com sintetizadores de  Vince DiCola. Continuam a ser clássicos a versão do tema de abertura pela banda Lion ou os clássicos "The Touch" e "Dare" por Stan Bush. E também o "Weird Al" Yankovic e o seu "Dare to be stupid". 

Rápida sinopse:
É o longínquo ano de 2005, Cybertron foi conquistado pelos Decepticons e os Autobots estão em modo guerrilha de resistência. Uma emboscada na Terra reduz ainda mais o número de Autobots que perdem o seu líder. E as coisas só pioram com a chegada do gigantesco planeta "Unicron", o devorador de planetas a caminho de Cybertron.

O trailer:

 

No topo do artigo, imagens da edição portuguesa de "Transformers O Filme" em DVD - "falado em português" (pormenor que não reparei quando a comprei em promoção no Pingo Doce há bem mais de uma década). Tenho também algumas versões em VHS que não tenho de momento a jeito para fotografar. É um filme que conhecia de nome, mas só assisti já adulto e apesar de mudar alguns elementos se pudesse, é bastante entretido e com momentos excelentes. No entanto para quem como eu não viu o filme e quando a terceira temporada estreou com montes de robots novos e o Rodimus Prime como o recém entronado líder dos Autobots, ficou um bocado confuso...

A descrição e mote da edição de 2005 da Prisvideo em DVD:
"Para além do bem.
Para além do mal.
Para além da tua imaginação.

Durante os anos 80 uma série de animação dominou os céus e a era dos robots...os Transformers.
Este filme de animação retrara na sua plenitude a luta do bem [Autobots] contra o mal [Decepticons].
Os Autobots tem que estar sempre preparados para salvar o planeta da máxima entidade do mal que é Unicron, ao mesmo tempo que têm que estar preparados para os constantes ataques do Decepticons.
As aventuras nunca param num clima estonteante que nos prende ao ecrã do primeiro ao último minuto."

Era Uma Vez… (1987)

por Paulo Neto 

Muita história se contou nos espaços da programação infantil da RTP nos anos 80: ele foi o mítico "Uma História Ao Fim Do Dia" e seus sucedâneos, ele foi o "Ora Agora Conto Eu", ele foi aquele programa em que à medida que uma voz off narrava uma história, alguém ia desenhando as diversas cenas no ecrã, ele foram vários outros programas, incluindo este "Era Uma Vez…"



Conduzida pela actriz Lurdes Norberto, esta série recreava várias histórias infantis interpretadas por um grupo de catorze alunos a quem ela dava aulas na Escola de Teatro do Centro Cultural de Benfica. Segundo o sempre imprescindível site "Brinca Brincando", "Era Uma Vez…" foi originalmente exibido entre 14 de Outubro a 30 Dezembro de 1987 às quartas-feiras no espaço "Brinca Brincando" e reposto entre 1988 e 1989 aos fins-de-semana (estou em crer que foi aí que vi) e novamente em 1990 durante a semana.

A cada episódio, Lurdes Norberto narrava a história enquanto os jovens alunos representavam de acordo com os textos de Noémia Rocha. Além disso havia ainda um convidado musical que musicava as letras de Maria Alberta Méneres para a história correspondente. Além das canções para o segundo episódio, Carlos Alberto Moniz cantou também o tema do genérico (onde podiam ser vistas as suas filhas Lúcia e Sara, então bem petizas).

Estes foram os episódios:


1. "O Capuchinho Vermelho" com Jorge Fernando
2. "O Coelhinho Branco" com Carlos Alberto Moniz
3. "O Pinto Borrachudo" com Tó Sequeira
4. "O Gato Das Botas" com Carlos Paião (o único que em vez de uma guitarra utilizou um sintetizador)
5. "A Cacheirinha" com Dina
6. "O Caldo De Pedra" com Carlos Alberto Vidal
7. "O Sabor Dos Sabores" com Paco Bandeira
8. "Os Dez Anõezinhos Da Tia Verde-Água" com Rui Veloso
9. "A Bela Adormecida" com Tozé Brito
10. "Os Três Ursinhos" com Raul Indipwo
11. "Branca De Neve" com Ana Faria e João Faria Lopes (o mais velho dos seus Queijinhos Frescos).

Pelo que pude rever do programa, era mais um caso de um programa onde o entusiasmo e a dedicação dos envolvidos compensava a falta de meios. Lurdes Norberto era da mesma opinião, declarando à TV Guia que foi "um excelente trabalho, agradável, alegre...", apesar de algumas dificuldades e improvisos, como por exemplo no facto da jovem protagonista da história do Coelhinho Branco ter de interpretar a personagem sem fato. 

Eu recordo-me ainda do gag recorrente da série em que a jovem actriz volta e meia expressava a sua impaciência por representarem "A Branca De Neve", já que seria o seu momento de brilhar no papel da personagem titular. Como não podia deixar de ser, esse foi o último episódio (onde em vez de ser beijada pelo Príncipe, este simplesmente retira o pedaço de maçã que lhe entalava a boca), terminando tudo com a pequena actriz a exclamar "Ai, como é bom ser Branca De Neve!". 

Infelizmente os créditos do programa não indicavam os nomes dos jovens actores, pelo que não dá para saber como se chamava a aspirante a Branca De Neve ou os outros colegas. Se alguém sabe ou se alguns deste actores (que actualmente devem estar já na casa dos quarenta!) estiver a ler este texto, por favor queiram ter a amabilidade de nos contar como foi participar neste programa nos comentários ou no Facebook da Enciclopédia de Cromos.   

"Era Uma Vez…" está disponível no portal de arquivos da RTP


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Fernanda Ribeiro campeã olímpica (1996)

por Paulo Neto

Cem anos depois dos primeiros Jogos Olímpico da Era Moderna em Atenas, os Jogos da XXVI Olimpíada tiveram lugar em Atlanta, capital do estado americano da Geórgia, entre 19 de Julho e 4 de Agosto de 1996




Um recorde de 10320 atletas de 197 países competiram nas vinte e seis modalidades. As antigas repúblicas soviéticas competiram todas como países independentes, bem como a República Checa e a Eslováquia. Entre outros países estreantes contaram-se as nações lusófonas de Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé & Príncipe, bem como a Palestina. O vólei de praia, o softbol e o ciclismo em BTT fizeram a sua estreia olímpica e houve pela primeira vez competição feminina no futebol, no triplo salto, na prova de espada em esgrima, assim como provas de grupos na natação sincronizada e na ginástica rítmica. Porém os Jogos seriam ensombrados por um ataque bombista na praça principal do evento, o Centennial Park, que matou duas pessoas. 

Portugal levou a sua maior comitiva de sempre até hoje com 106 atletas, incluindo uma equipa de futebol que incluía nomes como Nuno Gomes, Rui Jorge, Emílio Peixe, Daniel Kenedy, Calado, Dani, Beto, Costinha e Nuno Espírito Santo, marcando a primeira presença portuguesa num torneio olímpico de futebol desde 1928. Portugal acabaria por ficar em quarto lugar perdendo no jogo para o bronze contra o Brasil com uns humilhantes 5-0. A medalha esteve também muito perto na estreia do vólei de praia com a dupla Miguel Maia e João Brenha no quarto lugar. Entre outros resultados de relevo, houve o sexto lugar de Carla Sacramento nos 1500m e os sétimos lugares de Manuela Machado na maratona e de João Rodrigues na classe da vela Mistral. 

Porém, persistia a pressão mediática pelas medalhas que teimavam em não chegar e a poucos dias da cerimónia do encerramento, já se temia que, tal como em Barcelona quatro anos antes, Portugal saísse de Atlanta com as mãos a abanar. Até que no dia 1 de Agosto, Hugo Rocha e Nuno Barreto garantiram a medalha de bronze na vela (categoria 470), a primeira medalha olímpica para Portugal nesta modalidade desde 1960. Mas seria o dia seguinte a trazer um dos mais gloriosos momentos olímpicos de Portugal.


Maria Fernanda de Oliveira Ribeiro nasceu aos 23 dias de Junho de 1969 em Penafiel, crescendo na localidade de Novelas. Desde cedo revelou grande talento para as corridas e aos onze anos, surpreendeu tudo e todos numa corrida na Nazaré onde foi segunda apenas atrás de Rosa Mota. Quando aí lhe perguntaram se ela queria ser como Rosa Mota e Aurora Cunha, respondeu categórica: "Quero ser melhor que elas." Os seus primeiros Jogos Olímpicos foram logo os de Seul em 1988, ano em que se sagrou vice-campeã mundial júnior. Por lá e por Barcelona 1992, o seu desempenho foi discreto.       

Quando em 1993, João Campos se torna o seu treinador, o seu caminho para a glória começa a ser definitivamente pavimentado.  Em 1994, Fernanda sagrou-se campeã da Europa dos 3000m em pista coberta em Paris e dos 10000m ao ar livre em Helsínquia. Em 1995, bateu o recorde do mundo dos 5000m em Bruxelas e nos Mundiais de Atletismo desse ano em Gotemburgo, alcançou o ouro nos 10000m e a prata nos 5000m. Com estes pergaminhos, Fernanda Ribeiro assumia-se como a nossa maior possibilidade de uma medalha de ouro olímpica em Atlanta. 

Porém, o caminho até lá foi bastante espinhoso. Durante um estágio de preparação em Manaus, Fernanda começou a sentir fortes dores no tendão de Aquiles. Ao examiná-la, o médico da Federação de Atletismo lá presente declarou secamente que essa lesão terminava a sua carreira de atleta. Porém, o fisioterapeuta e o novo médico que o substituiu eram da opinião que não era bem assim, aconselhando-a a não desistir. Mas foi só de regresso ao Porto, com os tratamentos de Rodolfo Moura, o célebre massagista da equipa de futebol do FCP, entre os treinos, que a atleta recuperou o ânimo e os sonhos do ouro olímpicos.

E no dia de cerimónia de abertura dos Jogos de Atlanta, foi ela que encabeçou a entrada dos atletas lusos no estádio levando a bandeira de Portugal. Para os Jogos Olímpicos, Fernanda prescindiu dos 5000m, devido à lesão e ao calendário, preferindo focar-se nos 10000m. No dia 2 de Agosto de 1996, Fernanda Ribeiro foi uma das vinte atletas presentes em pista para a final dos 10000m. Também presentes estavam adversárias de peso, como as etíopes Gete Wami e Derartu Tulu, esta campeã dos Jogos de Barcelona 1992, as quenianas Tegla Laroupe e Sally Barsosio (que tinha sido medalhada de bronze dos Mundiais de 1993 com 14 anos!) e sobretudo, a chinesa Wang Junxia.

Wang foi uma das chinesas que desde 1992 esmagaram os recordes mundiais nas provas do fundo e meio-fundo, treinadas de forma ditatorial por Junren Ma, cujos métodos iam de castigos corporais a refeições de sopas de sangue de tartaruga e ensopado de cão. Em 1995, as atletas de Ma, fartas dos maus-tratos e não receberem os prémios monetários conquistados, revoltaram-se e deixaram-no, regressando à obscuridade. Apenas Wang Junxia, que em 1993 se tornou a primeira mulher a correr os 10000m em menos de 30 minutos, continuou sob a orientação de um novo treinador. Em Atlanta, Wang venceu os 5000m e apesar de apenas cinco dias de diferença entre as duas provas, apostava em fazer a dobradinha.

A irlandesa Catherina McKiernan tomou as despesas iniciais da prova, marcando o ritmo nos quatro quilómetros iniciais. Quando o passo abrandou a meio da prova, Fernanda Ribeiro e a espanhola Julia Vaquero decidiram ir para a frente e manter o ritmo rápido. Aos 600m do fim, Wang Junxia arrancou para a frente e chegou a ter uma vantagem de vinte metros sobre Fernanda. Na recta de meta, quando parecia que a portuguesa iria no máximo garantir a medalha de prata, Fernanda Ribeiro desferiu um formidável sprint à chinesa e cruzou a meta em primeiro lugar, num tempo de 31 minutos, 1 segundo e 63 centésimos, novo recorde olímpico. Wang ficou com a prata e Gete Wami da Etiópia com a de bronze. 


Fernanda Ribeiro entre Gete Wami e Wang Junxia


Estava assim garantida a terceira medalha de ouro olímpica para Portugal, a primeira fora da maratona. Fernanda Ribeiro deu a volta de honra ao estádio com uma bandeira de Portugal que lhe foi entregue pelo saltador à vara Nuno Fernandes. Mesmo com dificuldades a andar, Fernanda ainda comemorou com a delegação portuguesa no McDonald's da aldeia olímpica antes de se ir deitar e dormir o sono dos justos.



Meses depois, Fernanda Ribeiro foi a pé de Penafiel até ao santuário de Fátima para agradecer a recuperação que lhe permitiu sagrar-se campeã olímpica. Em 2012, esclareceu que não foi ela que fez a promessa mas sim o seu treinador João Campos e o massagista Rodolfo Moura, mas que cumpriu de bom grado.  

E o que foi de Wang Junxia após os Jogos Olímpicos? Em 1998, o governo chinês finalmente lhe entregou o Mercedes que ela tinha ganho como prémio da sua vitória nos Mundiais de cinco anos antes e em 2008, soube-se que vivia com o seu marido no estado americano do Colorado. Desde 2012, têm surgido documentos que alegadamente comprovam que afinal além do sangue de tartaruga e do ensopado de cão, Junren Ma obrigava as suas pupilas a tomarem substâncias menos "naturais"…

Já Fernanda Ribeiro continuou a somar medalhas em grandes competições e nos Jogos Olímpicos de 2000 em Sydney, ainda conseguiu a medalha de bronze, com aliás um tempo mais rápido do que aquele com que fora campeã olímpica quatro anos antes. Ainda correu nos Jogos de 2004 em Atenas e no seu último ano de competição em 2010, ainda foi terceira na meia-maratona de Lisboa. 




Thundercats (1985-88)

 

"ThunderCats". Quem não se recorda das lutas destes felinos liderados por Lion-O contra a terrível múmia Mumm-Ra que queria conquistar o mundo? Nos EUA estreou em 23 de Janeiro de 1985, e em Portugal passou nos nossos pequenos ecrãs com o nome “Os Super Gatos” em finais dos anos 80 na RTP1, mais concretamente desde o dia 1 de Novembro de 1988, substituindo "Histórias Fantásticas de Ray Bradbury" nas terças-feiras  à tarde. 
 
 No "Diário de Lisboa" de 29-10-1988, a programação para o dia em que estreou:
Na programação do jornal "Comarca de Arganil" está referenciado como "Thunder Cats":


O vídeo do genérico e a música ainda me arrepiam a espinha…
 


"Thunder! Thunder! Thundercats! Hooooo!"

 

No meio da década de 80, a série animada ultra-popular do He-Man e seus amigos musculosos estava no fim e ThunderCats emergiu como uma das alternativas a conquistar os fãs, e vender bonecos e merchandising, é claro.
Como vimos acima, começava com um genérico inicial bem dinâmico, fruto da animação do estúdio japonês "Pacific Animation Corporation" ("Silverhawks").
Outra vantagem sobre o He-Man é que tinha nudismo. Mais ou menos, porque no primeiro episódio, podemos ver Cheetara e os companheiros em pelota, afinal, os gatos não usam roupa (e geralmente não andam em duas patas e nem têm tecnologia avançada. 
 

Pelo menos os meus gatos só comem e dormem)... Mas depressa ficam púdicos e vestem-se a rigor para combater a múmia imortal Mumm-Ra e os seus mutantes malignos ao longo de 130 episódios repartidos por 4 temporadas. 

 
Em 2011 estreou uma maravilhosa série que recontava a história dos Thundercats para um público mais velho, mas infelizmente foi cancelada por baixas audiências. [Vídeo
Em 2020 foi arquitectada uma nova versão, direccionada a "bebés" que não consegui ver mais que 5 minutos. E teve o mesmo destino da de 2011, o cancelamento.


Mais recentemente consegui completar a colecção de calendários de bolso da Impala, que eu havia começado a juntar no final dos anos 80. Além dos calendários, existiu em Portugal a obrigatória caderneta de cromos, e os bonequinhos monocromáticos incrustados nos bolinhos de chocolate, que tantas saudades deixaram.
Não tirei fotos dos meus exemplares da colecção de monocromáticos, mas podem apreciar os da colecção de Paulo Fajardo (do podcast "VHS"):


Entre outros elementos da minha colecção pessoal de Thundercats, aprecio bastante estes pequenos PVCs que comprei na França:

Tenho também um storybook em versão britânica que hei-de partilhar noutra altura.


Um pequeno documentário com a história da criação dos Super Gatos, Thundercats:





Texto original publicado no Tumblr da Enciclopédia de Cromos: "ThunderCats" (1985-88)

segunda-feira, 19 de julho de 2021

5 canções subvalorizadas das Doce

 por Paulo Neto



Há anos, já fiz aqui um artigo com o meu top 5 das canções da Doce. Mas agora com a recente estreia da biopic da nossa lendária girlband, resolvi ir mais ao fundo na discografia das Doce e revelar algumas das suas canções menos conhecidas mas que, a meu ver, não ficam atrás dos seus grandes hits e que merecem ser mais divulgadas. Quem quiser descobrir mais repertório das Doce para além da imortal trindade "Bem Bom", "Amanhã De Manhã" e "Ali Babá" e de hits como "OK, KO" ou "É Demais", estas canções são um bom ponto de partida.

Desta vez, não fiz um ranking, optando antes por apresentar estas cinco canções por ordem cronológica. 

"Doce Caseiro" (1980): Embora as Doce tivessem o seu tema epónimo com o qual concorreram ao Festival da Canção de 1980, esta faixa do primeiro álbum "OK/KO" será porventura o tema mais meta da Doce, com a letra a explicar, por entre metáforas de doçaria, a essência do grupo: o de quatro mulheres confiantes, sem medo de assumir uma postura de desafio às convenções da altura e dispostas a trazer mais cor a um Portugal ainda bem cinzentão, espelhada em versos como "Não temos qualquer segredo nem medo/ Ai nunca é tarde nem cedo/Sacode as ancas e dança" ou "Somos o doce da casa na brasa/Prova um pedaço de graça/Do nosso doce agressivo", sem esquecer o refrão "Doce caseiro, doce caseiro/Quem entra na dança?/Quem é o primeiro?". As Doce infelizmente pagariam o preço dessa ousadia mas o primeiro pontapé na porta estava dado e não haveria volta atrás. "Doce Caseiro" foi o lado B do single "OK, KO" e uma das suas raras performances em televisão é esta do programa "Eu Show Nico".



"Eu Sou" (1981): Um dos vários mitos que rodearam as Doce foi o de que a loiríssima Laura Diogo não cantava e que não ia além de ser a Miss do grupo e de fazer lipsync, escudada pelas vozes das outras três. O facto de não se ouvir a voz dela nos maiores hits do grupo e de que Ágata, que nos anos finais de grupo foi o membro suplente do grupo, ter afirmado ao longo dos anos que Laura actuava de microfone desligado, ajudaram a perpetuar esse mito. No entanto, há uma canção das Doce em que Laura Diogo é a voz principal. Aliás, no segundo álbum do grupo, "É Demais" de 1981, cada uma das Doce tinha um tema ao solo. No caso de Laura, a balada "Eu Sou". E se a faixa confirma que ela não tinha as amplitudes vocais das outras três, existe porém algo de cativante no registo Jane Birkin-esco que Laura imprime aos versos, sibilando palavras como "Eu sou o teu prazer/Já tenho o corpo a arder" e no seu contraste com a força do refrão quando as outras três se juntam. O único cringe é o verso "Eu sou a tua escrava" que obviamente envelheceu mal.
Seja como for, é impensável imaginar as Doce sem Laura Diogo, até porque foi o membro de grupo mais interveniente em alguns aspectos extramusicais como a negociação de contractos. Essa experiência seria determinante para a sua carreira após o fim do grupo como manager de vários artistas como os Sitiados e Sara Tavares.   


"Desatino" (1981): Como já referi, no álbum "É Demais", cada uma das Doce tinha o seu tema a solo. Além do já referido "Eu Sou" para Laura Diogo, houve também "Dói Dói" para Fátima Padinha (que ouvi pela primeira vez no telefilme da SIC "O Lampião Da Estrela") e "Uau!" para Lena Coelho (versionado em 2000 por nada menos que o brasileiro Netinho). Mas dos quatro temas, o meu preferido é aquele interpretado por Teresa Miguel, "Desatino". Aqui a ruiva das Doce imprime um registo rock, a fazer lembrar Pat Benatar, cantando a sua determinação em esquecer um ex-amado. "Não vou morrer, só para te perder/ Nem parar para te esperar/Vou-me esquecer de ti/Ficas a saber/ Que já não és o meu desatino.


"Perfumada" (1982): Será consensual afirmar que o maior auge das Doce foi a vitória no Festival da Canção de 1982 com "Bem Bom" e a subsequente participação no Festival da Eurovisão desse ano na cidade inglesa de Harrogate. Quem teve o single de "Bem Bom", decerto que conhecerá o lado B, este "Perfumada", onde as Doce são a voz de uma mulher que se alinda e se perfuma toda para acolher o seu amado até que descobre que não é a única mulher que espera toda linda e perfumada por esse homem. No YouTube existem duas actuações desta canção: uma em que as quatro Doce surgem em coloridos vestidos de tule (uma das várias indumentárias que usaram no videoclip de "Bem Bom") e outra em 1986 no programa "Faz De Conta", já com Fá Padinha fora do grupo. 





"Choose Again" (1982): Após a participação no Festival da Eurovisão, as Doce editaram dois singles com canções em inglês, talvez numa tentativa de internacionalização. É o caso daquela que é pessoalmente a minha canção preferida das Doce, "Starlight", editado em 1983 e cujo lado B "Stepping Stone" também merece uma audição. Antes disso houve o single "For The Love Of Conchita" com sonoridades latinas, cujo lado B é este "Choose Again", mais uma pérola de synth-pop que, tal como "Starlight", viesse de um outro país europeu, teria sido um hit internacional. Existem duas actuações em televisão de "Choose Again" com uma das melhores coreografias do grupo: uma no programa "Já Cá Canta" e outra, em que as Doce se apresentam num visual bem 80's futurista, no concurso "Toma Lá, Dá Cá".  

 




Vocês conheciam estas cinco canções da Doce? E que outro deep cut do grupo é que acham que devia ser mais reconhecido? Digam nos comentários.
                        

terça-feira, 6 de julho de 2021

Pearl Harbor (2001)

por Paulo Neto 


No Verão de 2001, um dos filmes que tinha mais expectativa em ver era "Pearl Harbor". Em teoria, tinha tudo para ser o blockbuster do ano e ser o novo "Titanic". Relatava um período marcante da história, o bombardeamento japonês à base naval americana de Pearl Harbor no Havai no dia 7 de Dezembro de 1941 (assinalavam-se então os 60 anos do ataque) que marcou o início do envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, através de uma história de amor, o elenco tinha muitos nomes sonantes, prometia acção trepidante e até tinha também uma balada épica como tema principal. E nem sequer o nome de Michael Bay na realização levantava muitas suspeitas, já que então vinha de uma tripla de grandes blockbusters ("Os Bad Boys", "O Rochedo", "Armageddon"). No entanto, na prática não foi bem assim.


Mas primeiro a história: amigos desde infância, Rafe McCawley (Ben Affleck) e Danny Walker (Josh Hartnett) são tenentes do Exército sob o comando do Major Doolittle (Alec Baldwin). Durante um exame médico, Rafe engraça com a enfermeira Evelyn Johnson (Kate Beckinsale) e os dois não tardam a iniciarem um romance, que é interrompido quando ele informa que foi escolhido para integrar o Esquadrão Águia e que está de partida para uma missão na Europa. Durante essa missão, o seu avião é atingido e Rafe é dado como morto.


Desolada, Evelyn é apoiada por Danny e os dois acabam por se envolver. No dia antes do ataque japonês, Evelyn fica estupefacta quando Rafe surge à sua porta, tendo sobrevivido ao ataque do seu avião e na clandestinidade da França ocupada pelos nazis. Rafe fica indignado quando descobre que ela e Danny namoram mas antes que as coisas fiquem esclarecidas, na manhã seguinte o exército ataca a base de Pearl Harbour, semeando o terror entre a população. Uma das vítimas mortais é Betty (Jamie King), uma enfermeira amiga de Evelyn. 


No dia seguinte, o presidente Franklin Delano Roosevelt (Jon Voight) declara que vai decretar estado de guerra contra o Japão. Entretanto reconciliados, Rafe e Danny são recrutados para a missão de secreta do raid a Tóquio (que aconteceu a 18 de Abril de 1942), sob a liderança do agora tenente-coronel Doolittle. Antes de partirem para os treinos, Evelyn revela a Rafe que, embora ainda o ame, decidiu que vai ficar com Danny, de quem está grávida. Porém a missão no Japão vai testar como nunca a coragem e os laços que unem os dois amigos…



Do elenco do filme fizeram ainda parte nomes como Tom Sizemore, Jennifer Garner, Ewen Bremner, Michael Shannon, Sara Rue, Sean Faris, Dan Aykroyd e Eric Christian Olsen, bem como Cuba Gooding jr. no papel Dorie Miller, o primeiro soldado afro-americano a ser condecorado com a Cruz da Marinha pela sua bravura durante o ataque de Pearl Harbor. 



Comercialmente, "Pearl Harbor" não se saiu nada mal, sendo o sexto filme mais rentável de 2001 e foi nomeado para quatro Óscares, vencendo o de Melhor Edição de Som. Porém as críticas foram maioritariamente negativas, sobretudo no respeito ao argumento, ao ritmo da acção e às incorreções históricas. E quando vi o filme, embora achasse que me entreteve o suficiente, tive de concordar que a parra era bem mais que a uva: o desempenho dos actores (excepto Kate Beckinsale) não passou da mediania, a narrativa principal do triângulo amoroso não foi muito convincente, as outras histórias secundárias, como a de Dorie Miller, foram muito residuais, o ritmo era lento e a cena do ataque japonês era uma salganhada de explosões e efeitos especiais que seria paradigma da obra de Michael Bay, e o resto do filme após o ataque pareceu-me demasiado rápido. (E isto sem falar nos inevitáveis tons ultrapatriotistas made in USA.) Não pude deixar de sentir que havia potencial para muito mais. Hoje por hoje, a opinião de geral sobre "Pearl Harbor" está muito dividida, há quem goste muito e quem não goste nada, mas creio que não é tão recordado entre os filmes mais marcantes desta altura como poderia ter sido. 


E quando é lembrado, é sobretudo por causa do tema principal, "There You'll Be" interpretado por Faith Hill, que apesar de não ser nenhum "My Heart Will Go On" (aliás consta que foi também proposto a Céline Dion que recusou), cumpria bem a função de balada épica de blockbuster e tornou-se o maior hit desta cantora country na Europa. A canção foi nomeada por o Óscar, o Globo de Ouro e um Grammy e foi n.º 1 nos tops de Canadá, Suécia e...Portugal. No Reino Unido em 2008, devido à interpretação de uma concorrente no programa "X Factor", "There You'll Be" regressou ao top 10. 

Trailer: 


 "There You'll Be" Faith Hill

sábado, 3 de julho de 2021

Super Top Cornetto 96 (1996)

 

O Cornetto é dos mais duradouros clássicos dos gelados "Olá". E em 1996 deu o mote a esta compilação de êxitos: "Super Top Cornetto 96", com uma capa a cheirar a Verão e muitos Cornettos devorados por amigos e namorados.

A produção e distribuição a cargo da joint-venture EMI-Valentim De Carvalho.

O verso do CD:


Uma consulta da "contra-capa" permite ver as 10 faixas.
Podem ver os vídeos no link no nome da canção. Ou clique AQUI para uma Playlist com todos os vídeos.

1-Mamonas Assassinas - "Pelados Em Santos".
2-GNR - "Toxicidade".
3-General D E Os Karapinhas - "Black Magic Woman".
4-Kussondulola - "Dançam No Huambo".
5-Michael Learns To Rock - "That's Why(You Go Away)".
6-Rap - "Má Língua".
7-Simple Minds - "She's A River".
8-Clã - "Pois É!".
9-Fool's Garden - "Lemon Tree".
10-Making Ends - "Heartbeat".

 

Julgava que o folheto tinha letras das canções ou informação no interior, mas é apenas impresso nas duas faces exteriores.

E o CD propriamente dito limita-se a reproduzir a mesma ilustração da capa e contra-capa:


Só consegui este CD recentemente, mas recordo de ver a capa por ai, ou então alguma publicidade que usasse as mesmas imagens.

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