terça-feira, 21 de setembro de 2021

Ulisses 31 (1981-82)


"Ulisses 31", a verdadeira Odisseia no Espaço. "Ulysse 31" e "宇宙伝説ユリシーズ31", nos originais francês e japonês, respectivamente.

Este é dos posts que levou mais tempo em hibernação na secção de "Rascunhos", praticamente desde a criação da Enciclopédia. Esta série de animação foi, a par com outras como "As Misteriosas Cidades de Ouro", uma das principais influências para o meu fascínio com literatura, filmes, séries, etc, de temática ficção cientifica, mitológica e fantástica, géneros muito ricos mas muito desprezados pela patética "elite" cultural, mais um exemplo da velha máxima que acumulação de conhecimento não é sinónimo de sabedoria. "Ulisses 31" bebe abundantemente da antiga mitologia grega e transpõe a odisseia de Ulisses (Odisseu) para o espaço, para o século XXXI. Temos reinterpretações futuristas de mitos que conhecemos dos livros, ou de  filmes clássicos, como os Ciclopes, o labirinto do Minotauro, a feiticeira Circe, etc.

Ao regressar da base espacial Tróia a bordo da nave Odisseia, Ulisses salva o filho Telémaco do terrorífico Ciclope e do seu culto. Como castigo pela destruição da criatura do deus Poseidon, Zeus - o líder dos deuses do Olimpo - "congela" a tripulação da nave e apaga a rota para o planeta Terra da memória do computador Shirka. A única hipótese de regressar a casa é encontrar o Reino de Hades e durante a perigosa viagem pelo universo, Ulisses e os seus companheiros vão ter que lidar com diversas figuras mitológicas, reinterpretadas para o século XXXI. Nas versões que tenho lido e assistido de material baseado na Odisseia de Homero, Telémaco permanecia em casa a desesperar pelo regresso de Ulisses junto com a mãe Penélope. Mas nesta versão futurista, Telémaco acompanha o pai na árdua viagem para regressar à Terra. Com a tripulação em animação suspensa (literalmente) pai e filho são acompanhados nestas aventuras por  Thémis (Yumi na versão japonesa, uma gentil criança azul do planeta Zoltra, com poderes telepáticos e telequinéticos) e Nono, o pequeno robot vermelho - que come parafusos e oferece comic relief - oferecido a Telémaco no seu aniversário. 
 
Esta co-produção japonesa e francesa durou 26 episódios, materializados pelas produtoras DIC (As Misteriosas Cidades de Ouro, M.A.S.K., Ursinhos Carinhosos, etc) e TMS Entertainment (Akira, Batman TAS, Duck Tales, etc). Foi concebida por Nina Wolmark ("Shagma e os Mundos Misteriosos") e Jean Chalopin (Inspector Gadget, Pole Position, Conan The Adventurer, etc).
Recentemente surgiu online o episódio piloto - em japonês sem legendas - produzido em 1980, com um estilo mais tradicional ao anime da época. É um interessante vislumbre do que podia ter sido, antes de imensas mudanças visuais, principalmente, para o produto final que conhecemos. 
O episódio piloto japonês de "Ulisses 31" (1980):

 
Depois da transformação na série final, a emissão original foi no canal francês FR3 entre 10 de Outubro de 1981 e 3 de Abril de 1982. No Japão só começaram a passar os episódios em finais de 1985, já bem depois da estreia em Portugal, em 6 de Outubro de 1984. Pelo menos foi a data mais afastada que consegui confirmar. Para mim, o momento alto do dia, logo aos Sábados de manhã! Se ma estreia a 6 de Outubro de 1984 na RTP surgia integrado no espaço referido nas lista de programações apenas como "Infantil", a partir de 19 de Janeiro de 1985 até 20 de Abril de 1985 "Ulisses 31" aparece como parte do mítico espaço "Tempo dos Mais Novos", na companhia de "Aventuras de Marco Polo", "Sempre Em Forma", Jornalinho".
Na vizinha Espanha as aventuras de "Ulises 31" aterraram exactamente 1 ano depois da França, em 10 de Outubro de 1982. Em terra de nuestros hermanos até chegou a ser lançado em formato de vídeo Betamax.
A capa do Número 1, cassete Betamax "Video España" com 3 episódios:

E falando em Beta, podem ver no Youtube alguns dos episódios gravados de forma caseira nesse formato, no precioso Canal Tugatomsk (LINK).

Narrador: No século XXXI.
Como Ulisses tinha destruído o Cíclope
para salvar Telémaco, Themis e Numaios,
os deuses do Olimpo imaginaram esta terrível vingança.
Zeus: Quem ousar desafiar o poder de Zeus será punido!
Vaguearás por um mundo desconhecido.
Até ao reino de Hades, os vossos corpos ficarão inertes.
Shirka: Ulisses, o caminho da Terra apagou-se-me da memória.
Telémaco: Papá, papá!
Ulisses: Vivos! Estão vivos!



Em Portugal foi emitida a versão francesa, com legendas em português. Curiosamente, o genérico foi dobrado, tal como se pode ouvir no disco da banda sonora em vinil. O site "Máquina do Tempo" reproduz a teoria - ou boato - que um acidente técnico terá destruído a dobragem portuguesa de "Ulisses 31" e que apenas o genérico pode ser aproveitado. Foi a primeira vez que me recordo de ouvir falar disto, mas tem lógica, e pode explicar o genérico ser dobrado mas não os episódios. 
O genérico inicial que vimos em Portugal:
 
O primeiro genérico francês:

O genérico japonês:
 
Além do tema rockeiro, a banda sonora da série era uma mistura de música electrónica, que aconselho vivamente a audição. E falando na banda sonora, deu direito a um processo em tribunal por semelhanças de uma faixa de o "Império Contra-Ataca", a continuação de "A Guerra das Estrelas". E continuando com os pontos em comum com a Saga de "A Guerra das Estrelas", a arma preferida de Ulisses é uma "espada/pistola lazer", um misto dos lightsabers com uma pistola laser. E décadas depois, o universo Star Wars pegou "emprestada" a arma de Ulisses para armar o protagonista Ezra da série "Star Wars: Rebels"...
 
 

Entre o imenso merchandising produzido além-fronteiras, alguns dos que chegaram ao nosso pais incluíam banda desenhada, na forma de uma colecção de livros recortados da Disvenda (foto acima), e as bandas desenhadas da APR (Agência Português de Revistas)
 


Foram também lançados 4 livros pela Editorial Notícias: "O Planeta Perdido", "A Traição de Heratos", "A Revolta dos Companheiros" e "O Prisma Sagrado" que novelizavam alguns episódios:
 
 
Obviamente, a Disvenda também vendeu uma caderneta de cromos. 
E, naturalmente, não poderiam faltar as míticas figuras em PVC da Maia & Borges que retratam o quarteto protagonista. 
Ainda me falta o Nono. O que podem ver na foto é uma figura francesa.
Na França e Japão naturalmente foram vendidas muito mais figuras, que actualmente custam centenas de euros, mesmo em estado lastimoso e incompletas. Na França até foram lançados mais discos, dois deles dedicados ao robot Nono. 


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