quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Big Show SIC (1995-2001)

por Paulo Neto

Em mês de aniversário da SIC, continuamos a relembrar programas que marcaram a primeira década da estação de Carnaxide, e como tal, o panorama televisivo nacional. E este é sem dúvida um dos programas mais marcantes, se bem que tenha suscitado tantos adeptos como ódios de estimação.


Ao longo de seis anos de emissões (que pareceram bem mais porque o programa mantinha-se na grelha ao longo de todo o ano), o "Big Show SIC" teve vários horários e formatos. Basicamente os únicos elementos comuns ao longo de todas as emissões foi a presença de um piramidal e multinacional corpo de baile, formado por bailarinas envergando trajes bem diminutos e claro está, a apresentação hiperactiva e saltitante de João Baião, que deixou a célebre frase proferida antes de cada intervalo: "Dona Rosa, vá fazer um xixi, que a gente já volta!".
Inicialmente, o programa era transmitido nas tardes de domingo mas acabou por ser transferido para os sábados à noite, em concorrência directa com o "Parabéns" do Herman José, um dos últimos bastiões de audiência da RTP. Depois de o ter conseguido ultrapassar, o programa manteve-se nesse horário até que em 1999 foi mudado para as tardes de sábado e passou a ser transmitido em directo. Ao longo das 3/4 horas de emissão, muita coisa podia acontecer no programa.


Com a ascensão do fenómeno da música pimba (o género de música popularucho que apesar de já existir desde os anos 80, teve um boom em meados dos anos 90 e que foi definido pelo tema homónimo de Emanuel), o "Big Show SIC" tornou-se essencialmente o programa onde todos os artistas do género por lá passavam a actuar, quer os mais consagrados como Emanuel, Ágata, Quim Barreiros, Tony Carreira, Toy, Chiquita, Marco Paulo, José e Ana Malhoa ou Ruth Marlene, quer até alguns da segunda divisão distrital. E com o boom das boybands e girlbands nacionais, rara era a semana em que não fossem lá os Excesso, os Milénio, os Anjos, os D'Arrasar ou as Tentações. Isto para além de revelar nomes como o pequeno Saúl.
Mas na verdade é que também por lá actuaram outro tipo de grupos que faziam sucesso na época como os Delfins, os Pólo Norte, os Além Mar e os Santos & Pecadores e até estrelas internacionais como Laura Pausini e Ricky Martin.


Mas também os desconhecidos aspirantes a cantor também tinham a sua oportunidade de aparecer no programa, até que uma das rubricas mais habituais era a descoberta de novos talentos (por exemplo, uma muito jovem Luciana Abreu). Aliás, uma das imagens mais recordadas do programa era a do Macaco Adriano a arredar para fora do palco os candidatos que cantavam mal. Por entre os nomes daqueles que julgavam essas competições de cantores, contavam-se sobretudo Mila Ferreira, Miguel Simões, Maria Vieira e Carlos Castro.


Também recordo que durante uma temporada, o programa tinha uma competição entre as várias cidades do país, cada uma enviando um concorrente em diversas categorias, como as de cantores e as das misses locais. A cidade vencedora acabaria por ser o Seixal, que se fez representar por exemplo pela fadista Ana Margarida (que anos antes tinha sido a primeira representante portuguesa no "Bravo Bravíssimo") e pela modelo Sara Aleixo.

Muitos também recordam a rábula "A Escolinha do Professor Baião", uma adaptação da famosa "Escolinha do Professor Raimundo" de Chico Anysio, com João Baião no papel de professor e actores como Joaquim Monchique, Delfina Cruz, José Raposo, Maria João Abreu e Carla Andrino a fazerem de alunos endiabrados, se bem que a personagem mais famosa era o gay Mário Jorrrrge, interpretado pelo desconhecido Old Soares, que também era assistente de realização do programa, dirigido pelo brasileiro Ediberto Lima que já tinha abordado um conceito semelhante em "Muita Lôco".


Outra rubrica que houve foi o "Olá Princesa", onde se realizavam os pequenos desejos de meninas, normalmente de baixos estratos sociais. Cada uma delas era entrevistada por Tiago Retré (revelado na Mini Chuva de Estrelas), sendo que uma dessas entrevistas acabou por se tornar um tesourinho nacional do YouTube, com a pequena Jéssica a revelar que as suas preferências musicais eram Romana... e Marylin Manson!




Antes de terminar, convém não esquecer o DJ residente, o DJ Pantaleão, e o regresso à televisão portuguesa do Topo Gigio, que aconteceu neste programa.

Apesar de não primar pelo bom gosto, a verdade é a "TV em movimento" do "Big Show SIC" marcou toda uma época, para melhor ou para o pior.  

Abertura do programa:


"Mãe Querida" (primeiro com os artistas originais, depois na versão parodiada)



Momento "Tumba!" dos Gato Fedorento (inclui uma Mariza pré-fama no coro de Luís Filipe Reis):


"Big Show SIC" no "Tudo Incluído"




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6 comentários:

  1. Um programa histórico, sem dúvida. Ainda me lembro que via sempre isto com a minha mãe e a minha avó, e eram barrigadas de riso garantidas. O macaco Adriano, as bailarinas semi-nuas, as parvoeiras do programa, enfim... um programa descontraído e despido de preconceitos.
    Mesmo por causa de não primar pelo "bom-gosto", este programa primou pela originalidade do apresentador João Baião, que ficou para sempre rotulado com este programa, e pela divulgação massiva da música popular portuguesa da época, desde Vasco Rafael a Roberto Leal, desde Ágata às Tayti, e desde Micaela até Ruth Marlene.
    Um marco decisivo na história da televisão, e um dos mais bem-sucedidos programas da mesma, para o bem e para o mal.

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    1. Para mim era mesmo para o mal ;) Pessoalmente, nunca apreciei o estilo e conteúdo. Mas gostava mesmo era das paródias que fizeram para a Herman Enciclopédia :)

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    2. É verdade. E contra gostos não há discussões. Recentemente vi pela primeira vez o Herman Enciclopédia, e aquilo estava mesmo arrojado para a época. Sempre com o cunho do Herman, eram sempre situações fora de série. E fartei-me de rir com a cena em que vinha o Coiro de Santo Amaro de Olheiras, a cantar o "Bacalhau" do Saúl Ricardo. Cenas totalmente hilariantes, que marcaram a história da TV dos anos 90.

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    3. Adoro mesmo a Herman Enciclopédia. E nos ultimos anos tenho vindo a descobrir que boa parte dos meus sketchs favoritos da H. Enciclopédia foram escritos pelo Nuno Markl. Eu já era fã do Markl e nem sabia :D

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    4. Hehehe. Realmente, o Nuno Markl é um verdadeiro génio do humor, e um grande experiente na investigação da história televisiva. Tenho ouvido atentamente, quando posso, os "Cromos" que ele faz para a telefonia, e acompanho-o televisivamente na rubrica "Traz P'rá Frente", o "Cartaz TV" da RTP Memória, em feitio de debate. Trata-se de um verdadeiro génio da nossa cultura humorística, num país que não aprecia quase em nada o humor português, pelo menos da parte de certas pessoas que estão na esfera do poder.

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  2. Esqueceram-se de referir que nos últimos meses o programa era apresentado primeiro por o Jorge Gabriel e mais tarde por o José Figueiras e que era transmitido aos domingos à tarde.

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