quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sassaricando (1987/88)

por Paulo Neto

Depois do sucesso de "A Guerra dos Sexos", uma das míticas telenovelas dos anos 80 em ambos os lados do Atlântico, Sílvio de Abreu voltou a criar uma telenovela igualmente divertida e memorável. Falo obviamente de "Sassaricando" que, com muito humor, romance, intriga policial e excelentes interpretações, voltou de novo a cativar o público. A telenovela foi estreou no Brasil em 1987 e foi exibida em Portugal em 1989. De referir que o título da novela era ortograficamente incorrecto pois o termo correcto é "saçaricar", que significa "namoriscar".




A personagem principal é Aparício Varela (Paulo Autran), homem de bom fundo mas com falhas de carácter, nomeadamente as ambições desmedidas que o levaram a deixar Rebeca (Tônia Carrero), o amor da sua vida, para se casar com Teodora Abdala (Jandira Martini), a herdeira de um império têxtil de São Paulo. Foi um gesto do qual viria a arrepender-se amargamente: Teodora revelou-se uma mulher cruel e controladora, tornando-o num homem completamente submisso e a filha de ambos, Fedora "Fêfê" (Cristina Pereira) é mimada, caprichosa e  toma sempre o lado da mãe.
Aparício dá-se igualmente mal com as cunhadas Lucrécia (Maria Alice Vergueiro) e Fabíola (Ileana Kwasinski), que tratam-se entre si por "jararaca" e "cascavel" e desaprova a vida secreta e duvidosa do seu irmão Aprígio (Laerte Marrone), que casou com Lucrécia. A única pessoa da família com quem ele se dá bem é com Camila (Maitê Proença), filha de Lucrécia e Aprígio, que não suporta as intrigas familiares e conquistou a sua independência graças à sua carreira de fotógrafa. Quando Teodora morre e Aparício vê-se livre do seu jugo, reganha um novo gosto pela vida, divertindo-se a saçaricar algumas mulheres, embora nunca tenha esquecido Rebeca.



Ricardo de Pádua (Carlos Zara), o melhor amigo de Aparício foi obrigado a desaparecer quando ambos tentaram dar um desfalque na empresa dos Abdala. Para tal teve que abandonar a sua esposa Aldonza (Lolita Rodrigues) e os seus quatro filhos: Jorge Miguel "Guel" (Edson Celulari), Constância "Tancinha" (Cláudia Raia), Isabel "Bel" (Angelina Muniz) e Juana (Denise Milfont). Aldonza e as filhas ganham a vida a vender fruta numa barraca, que atrai muitos clientes graças à forma sensual como Tancinha apregoa os melões. Desengonçada mas adorável, Tancinha envolve-se num terno e divertido romance com Beto Bacelar (Marcos Frota), um bem-sucedido publicitário, mas tão desastrado quanto ela. Mas este amor tem a oposição de Isabel, que se interessa por Beto como forma de subir na vida e do ex-namorado de Tancinha, o viril e abrutalhado Apolo (Alexandre Frota) que não se conforma com o fim do namoro. Apolo tem dois irmãos: Adónis (Rômulo Arantes) que vive indeciso entre a eterna paixão por Isabel e os avanços de Juana e Diana (Marcela Muniz) que se apaixona por Tavinho (Alexandre Lipiani), sem saber que ele é rico, pois é filho de Fabíola.


Guel diz à família que é estudante de Medicina mas na verdade é um agente da Interpol que se infiltrou num gang sediado numa boite e que vive de pequenos golpes, mas que ele suspeita ser uma célula de um estranho culto religioso, o culto de "El A", envolvido no roubo e tráfico de jóias. Um dos membros do gang é Leonardo Raposo (Diogo Vilela), um assassino profissional que pretende casar com Fedora para dar o golpe do baú. Quando Camila descobre que o futuro marido da prima é um criminoso, as suas investigações levam-na até Guel. Como tal, os dois vivem muitas situações perigosas, pois tudo lhes acontece quando estão juntos, mas acabam por se apaixonar. Já Leonardo, uma vez casado, tenta várias vezes matar a esposa, mas sem sucesso. E por entre muitos altos e baixos, brigas e beijos, acaba por se apaixonar mesmo por Fefê, que o trata por Leozinho. Eram bem divertidas as cenas das fantasias eróticas de Fedora baseadas nas "Mil e Uma Noites", ao som de "Fata Morgana".


Rebeca tornou-se estilista e trava amizade com Penélope Bacelar (Eva Wilma) e Leonora Lamar (Irene Ravache). Bem ao estilo do filme "Como Agarrar um Milionário", estas três mosqueteiras ocupam um apartamento luxuoso e sonham em casar com um milionário. Aparício descobre este plano e aproveita para cortejar secretamente as três, gerando a maior confusão. Rebeca hesita entre vingar-se do seu "Cicinho" ou reacender a paixão antiga. Penélope, mãe de Beto, não é indiferente aos avanços de Tadeu (Roberto Bataglin), o sócio e melhor amigo do filho, mas recusa uma relação por causa da diferença de idades. Leonora, uma actriz fracassada e a mais acesa da três, tanto se deixa encantar pelo charme de Aparício (que a namorisca disfarçado de um magnata inglês) como pelo físico musculado de Apolo. E há ainda Dinalda (Stella Freitas), a faxineira contratada pelo trio, uma tresloucada aprendiz de bruxa.


Por entre muitas tropelias, Aparício lá vai conseguindo os seus objectivos de reconquistar Rebeca e evitar que as cunhadas deitem mão à sua fortuna. Mas eis que Rebeca desaparece misteriosamente e o fantasma de Teodora regressa do Além para o atormentar...

Um dos critérios que medem o sucesso de uma telenovela é quantidade de bordões que deixa na boca do povo. E "Sassaricando" deixou vários bordões para a prosperidade, como por exemplo:
"A cobra, a cobra, a cobra está fumando!"
"Uma por todas e todas por uma!" (Rebeca, Leonora e Penélope)
"Minhas tâmaras maduras!" (Fedora)
"Sua cascavel!" "Sua jararaca!" (Lucrécia e Fabíola)
"Rá, ré, ri, ró, RUA!" (Fedora)
"Me tô divididinha." (Tancinha)
"Se você não está vestindo a cueca Ding Dong, então você está nu!"

O tema do genérico era interpretado por Rita Lee, adaptando um marcha carnavalesca de 1952. A realização esteve a cargo de Cecil Thiré, (que fez uma participação especial encarnando São Sinfrônio, o santo a quem Aparício recorre em momentos de aflição) auxiliado por Lucas Bueno e Miguel Falabella.

Tema de abertura:


"Telenovelando", versão dos Ministars do tema da novela:
 





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