quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Caixa de Cartão

Não sou apologista do "no meu tempo é que era" porque tenho consciência que diferentes gerações lidam com o seu ambiente diferente de formas diferentes das gerações anteriores.
No entanto, não deixa de ser interessante ver como gerações com menos recursos brincavam na sua juventude. Decerto muitos ouviram os pais ou avós dizer que "no meu tempo faziamos uma bola com peúgas e jogávamos o dia todo na rua". Desde cedo que não aprecio futebol, mas nasci já com TV em casa, ao contrário dos meus pais. Além do fascinio da TV, sempre li e desenhei muito, hábitos que infelizmente fui perdendo com a idade. Mas quando mais novo, como muitos dos nossos leitores, aposto - também construi os meus próprios brinquedos. E hoje ao navegar pelo Facebook encontrei uma imagem que imediatamente partilhei na página da Enciclopédia de Cromos. Hoje recordo o brinquedo mais barato de todos os tempos: a caixa de cartão!

Coloquei a imagem acima no Facebook com a seguinte legenda:


Assim que pus os olhos em cima da imagem, uma torrente de recordações de infancia jorrou. Tantas brincadeiras que sem mais acessórios além de uma simples caixa de cartão e a imaginação proporcionavam horas de diversão. E de dor também, consta que cai várias vezes do sofá enquanto brincava dentro de um caixa a servir de automóvel ou avião.

Mas não era estranho a outros materiais de construção! Na ilha onde passávamos férias, eu e a minha irmã, com uma caixa de esferovite (daquelas de acondicionamento de motores fora de borda), uma corda e um tijolo a fazer de âncora lancávamos à água o nosso barco, que rapidamente se desfazia e esburacava, até não mais suportar à tona de água o nosso peso. Não se preocupem que na ilha a maré é quase sempre baixa! Em plena febre "Guilherme Tell" construi uma rudimentar besta, com madeira que apareceu a boiar na ilha e alguns elásticos brancos largos. Voltando a "veículos", uma pequena mesa desdobrável com umas toalhas por cima transformava-se num bunker, num tanque ou um submarino. E devo ter perdido várias carrinhos e  figuras de heróis e robots na areia da praia, mas que logo eram substituidos pelos vários personagens e veículos que eu pintava e recortava em cartão ou papel grosso. Ainda tenho comigo alguns desses sobreviventes, entre Tartarugas Ninja e Transformers (que se transformavam!). 

Alguns dos meus bonecos de papel sobreviventes! Reconhecem?
 Lembro-me bem de uma caixa de plástico para a fruta ter sido "reciclada" na Arca (a nave) dos Transformers, com paredes revestidas a papel com todos os computadores, motores e equipamentos desenhados e pintados á mão.
Não sei com o que a malta mais nova se entretém quando não está absorvida pelos tablets, consolas de jogos e outras coisas sofisticadas, mas aposto que num dia sem electricidade ou Internet também serão capazes de usar a imaginação e uma caixa de cartão para criar fantásticas aventuras!


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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Genérico de "Tempo dos Mais Novos" (1983/84)

por Paulo Neto

Graças ao canal do YouTube Lusitania TV, tive a oportunidade de expiar por fim uma imagem televisiva que me ficou na memória e que tanto medo me causara na ternura e incipiência dos meus três anos. 

Durante a primeira metade dos anos 80, o espaço infantil da RTP durante os dias da semana tinha o apropriado nome de "Tempo dos Mais Novos". Aliás na altura, era precisamente com esse programa que abriam as emissões da RTP, pois entre Outubro de 1983 e Maio de 1985, de segunda a sexta, a RTP 1 só começava a sua programação às 17 horas e a RTP 2 ás 19 horas. Sim, não havia nada na televisão nos dias de semana! Isto porque nessa altura vivia-se a maior crise económica pós-25 de Abril e uma das medidas do Governo de então para diminuir a despesa pública foi reduzir a emissão da RTP.

O "Tempo dos Mais Novos" era pois algo que aguardava todos os dias com ansiedade e temor. Se por um lado, significava que vinham dali o arranque da programação da RTP e uma mão-cheia de desenhos animados, por outro lado, tinha que levar com este genérico que abria esse espaço de programação. Segundo o próprio responsável do canal Lusitania TV, este genérico foi gravado pelo seu pai no dia em que ele nasceu (11 Janeiro de 1984). 





Num cenário espacial, vê-se um rapaz de camisola ás riscas sentado num planeta, quando de repente surge uma nave espacial saída de qualquer filme da Guerra das Estrelas, lança um raio de luz sobre o miúdo e transporta-o para o seu interior, fechando depois o seu portal. Depois vê-se a nave a partir mostrando a sua traseira formada por letras coloridas que compunham o título do programa. Se isto já impressionava o meu eu de tenra idade, o toque final era dado com uma voz, que se pressupunha ser a do rapaz, a dizer "TEMPO DOS MAIS NOVOS!" com um tom amplificadamente assombroso, e ainda haver uns segundos a ver a nave ir-se embora, com o mesmo som sinistro que se ouve ao longo de todo o segmento. A duração demorada (cerca de 1 minuto e 15 segundos) e o facto de não se ouvir nada além dos sons da nave e da voz amplificada do rapaz contribuíam ainda mais para o travo tenebroso do genérico. Que ainda por cima tinha de gramar duas vezes por dia, no início e no fim do programa.

                                       

Embora bastasse eu ser um pouco mais velho para perceber que o genérico afinal não era assim tão assombroso, na altura era o que me bastava para deixar alvoroço. Para onde levavam o miúdo? Seriam extraterrestres? Será que o nome do programa seria o rapaz a dizer "Salvem-me, socorro!" em código? Será que andam por aí aliens a teleportar e raptar crianças? Será que serei eu o próximo? Eram questões que assaltavam a minha mente (e nem sequer chegava ao ponto de questionar o facto de como é que o rapaz tinha ido parar àquele planeta no meio do espaço!). Por tudo isso, este genérico pertencia às minhas memórias televisivas mais assustadoras de infância, apenas perdendo para o cagaço que apanhei quando vi pela primeira vez o videoclip "Thriller" do Michael Jackson que, segundo a minha Mãe, deixou-me cheio de lágrimas nos olhos e à beira de fazer xixi nas calças. 

Uns tempos depois do vídeo do genérico ter sido posto no YouTube e de eu o ter colocado na página oficial do Facebook da Caderneta de Cromos (onde descobri que estava longe de ser o único que guardava essa memória assustadora), houve um post na mesma página de nada menos que o próprio realizador do genérico, Carlos Barradas. No post, Barradas demonstrava-se espantado pelo facto de descobrir que o genérico tinha assustado tanta gente e declarou que o rapaz usado como cobaia era o seu filho. O que me levou a pensar que na altura o filho de Carlos Barradas devia ser bastante reconhecido na rua, pois entrava todos os dias nas nossas casas. Será que o rapaz era bombardeado com perguntas como: "Foste mesmo raptado por extraterrestres? Fizeram-te mal? Como é que é ser teleportado?"

Mas por muito tenebrosas que tivessem sido estas memórias, hoje em dia não consigo evitar um certo orgulho por ter vivido num tempo onde um simples genérico com um cenário espacial, um rapaz e uma nave espacial feita com garrafas de álcool (como vem num dos comentários do YouTube) era o que bastava para alvoraçar a nossa imaginação. Mais um motivo para acreditar que nós fomos uma geração valente, onde só havia televisão depois das cinco da tarde e não havia cá genéricos coloridos e fofinhos para o espaço do desenhos animados, tomem lá com um rapaz a ser raptado por extraterrestres sem qualquer explicação!

Carlos Barradas realizou diversos genéricos e programas para a RTP. Na mesma altura em que o seu genérico espacial assustava miúdos medricas como eu, também passava na televisão outro genérico bem mais aprazível (que mais parecia mais videoclip), o do programa da variedades "O Foguete" com Carlos Paião, António Sala e Luís Arriaga.

  

Também da autoria de Carlos Barradas é esta curta-metragem "A Caixinha de Música", que recordo ter passado umas três ou quatro vezes nos espaços infantis da RTP ao fim de semana. (No final há um cameo do filho do realizador, o rapaz raptado pela nave).





    

domingo, 15 de setembro de 2013

TV Color Philips (1987)

Afinal tinha mais anúncio desta revista guardado na "manga"! Vejam se reconhecem o protagonista deste reclame ao concurso para os compradores de qualquer "TV Cor Philips"!

E lembram-se deste mitico anúncio de TV, protagonizado também pelo carismático - adivinharam? - Miguel Guilherme?!


Muito bom!

Publicidade retirada da revista Maria nº 463, de Setembro de 1987.

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sábado, 14 de setembro de 2013

Tokalon Placenta (1987)

 "Tokalon" até era um nome porreiro - para um medicamento ou um robot - mas basta acrescentar a palavra "placenta" e ...bem... not so cool anymore! Então é isto, creme anti-rugas com um nome sinistro: "Tokalon Placenta". Até a senhora da foto parece um pouco embaraçada...

Detalhe da embalagem:

Este é o ultimo anúncio retirado da revista Maria 463. Mais novidades brevemente!

Publicidade retirada da revista Maria nº 463, de Setembro de 1987.

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pima - Óleo Alimentar (1987)

Anúncio ao Óleo Alimentar "Pima", 100% vegetal, que tenta o leitor com fritos de aspecto delicioso como só a publicidade consegue produzir.

Como bónus um calendário Pima de 1987:



Publicidade retirada da revista Maria nº 463, de Setembro de 1987.

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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

CEM - Cursos Especiais para a Mulher (1987)

"CEM - Cursos Especiais para a Mulher", mais concretamente o curso CEM de Esteticistas. Leia os detalhes no próprio anúncio acima.

Publicidade retirada da revista Maria nº 463, de Setembro de 1987.

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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Explode Coração (1995-96)

por Paulo Neto

Várias foram as telenovelas brasileiras que agarraram Portugal ao horário nobre da SIC nos anos 90. Uma delas conseguiu fazê-lo juntando dois temas que assim à primeira vista teriam pouco em comum (e menos ainda na altura): o povo cigano e a internet. Falo obviamente da telenovela "Explode Coração" da autoria de Glória Perez (a primeira após o escândalo do assassinato da sua filha Daniela) exibida em Portugal entre 1995 e 1996, em substituição de outra telenovela marcante, "A Próxima Vítima".






Dara (Teresa Seiblitz) é uma bela e jovem cigana, orgulhosa da sua raça e da cultura do seu povo, mas que se recusa a viver sob as leis ancestrais dos ciganos. À revelia dos seus pais conservadores Jairo (Paulo José) e Lola (Eliane Giardini), Dara quer ser independente, prosseguir os estudos e até namora secretamente com Serginho (Rodrigo Santoro), um gadjô (não-cigano). Por isso, não está nada interessada na chegada de Igor (Ricardo Macchi), o noivo que lhe foi prometido em casamento quando era criança. Nem o facto de Igor se ter tornado um homem bonito e, tal como ela, um cigano progressista sem renegar às suas raízes demove Dara.

Vera, Júlio e Dara
Igor

Até porque através de um chat da internet, Dara conhece Júlio Falcão (Edson Celulari), um rico e atraente empresário com ambições políticas, casado com Vera (Maria Luiza Mendonça), cuja relação há muito perdeu o fulgor e vive apenas das aparências. Quando Dara e Júlio se encontram, não demoram a apaixonar-se mas quando ele é apanhado num escândalo financeiro, Dara, que fica grávida, não tem outro remédio senão casar-se com Igor, que aceita encobrir o facto de ela já não ser virgem e assumir a paternidade da criança. O coração de Dara fica então dividido entre Júlio e Igor. Aliás também como o público que ficou dividido no final da novela, quando Igor renuncia ao seu amor por Dara para que esta fique com Júlio e o filho de ambos, havendo muita gente que preferia ver a protagonista com o cigano. O sucesso da personagem de Ricardo Macchi foi tal que o actor chegou a ir a Portugal para fazer uma surpresa a uma fã portuguesa no programa "Surprise Show".   

De entre o núcleo de personagens ciganas, há ainda a destacar Ianca (Leandra Leal), que ao contrário da irmã, pretende casar-se o mais depressa possível; Vladimir (Felipe Folgosi), cigano apaixonado por Ianca; Pepe (Stênio Garcia) e Luzia (Ester Goés), os pais de Igor; e Mio (Ivan de Albuquerque) e Soraya (Laura Cardoso), os anciãos de ambas as famílias, que viveram em jovens um amor impossível e que hesitam entre o orgulho e a mágoa do passado e reatar o namoro agora que ambos são viúvos. 

Jairo, Ianca e Lola
Vladimir, Igor e Pepe


Outras personagens marcantes foram o casal novo-rico Mila (Zézé Polessa) e Tolentino (Cláudio Cavalcanti) que vive no mesmo prédio que a família de Dara e convive mal com os hábitos dos ciganos; Edu (Cássio Gabus Mendes), um fanático da internet que se apaixona online pela jornalista Yone (Deborah Evelyn) mas que não revela a sua verdadeira identidade; a vilã Eugénia (Françoise Fourton), prima de Vera e eterna apaixonada de Júlio; Beth (Renée de Viemond) uma mulher madura que se envolve com Serginho, que é enteado do seu ex-marido Cézar (Reginaldo Faria); Sarita Vitti (Floriano Peixoto) uma drag queen que vai acabar por ter influência na vida de muitas personagens; e os principais momentos de humor estiveram a cargo de Lucineide (Regina Dourado) e Salgadinho (Rogério Cardoso), um casal que parece que só está bem quando andam às turras.

Sarita

Serginho e Beth
Salgadinho e Lucineide


Outra trama importante foi a que envolveu Odaísa (Isadora Ribeiro), a empregada da família de Dara, que vive o drama de ver o seu filho raptado. Fundindo ficção e realidade, a novela ajudou a promover uma campanha para encontrar crianças desaparecidas em todo o Brasil, onde cerca de sessenta crianças foram encontradas antes do fim da telenovela, algumas através de fotos que apareceram nela.



"Explode Coração" fez sucesso em Portugal e no Brasil, ajudando a difundir a nova realidade da internet (então ainda em estado inicial em ambos os países) e a suscitar o interesse na cultura cigana. Por exemplo, o volume da banda sonora com temas ciganos foi disco de platina em Portugal.  







      

Flora - Óleo de Girassol (1987)

Sempre que ouço a palavra flora, tanto o nome próprio como o termo biológico, só me vem á cabeça o slogan "Flora, o sabor que o pão adora", da clássica margarina "Flora" (vendida em Portugal desde1968). Não consegui confirmar se a marca deste óleo de girassol "Flora" é a mesma, apesar de achar estranho haver duas marcas com o mesmo nome no ramo alimentar. Mas, eram os 80s, nunca se sabe!


Publicidade retirada da revista Maria nº 463, de Setembro de 1987.

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