sexta-feira, 22 de maio de 2020

MacGyver (1985-1992) Parte 2



Com Parte 2 não indico que escrevi sobre o remake, mas apenas que vou juntar algumas observações que fiz desde que comecei a rever a série na RTP Memória. Para mais detalhes, (re)leiam a Parte 1: "MacGyver"(1985-92).


Portanto, a RTP Memória voltou a emitir os episódios, finalmente num horário que me convinha e embarquei com gosto nesta viagem de rever as aventuras de MacGyver e amigos. E foi incrível a quantidade de detalhes que tinha apagado da memória, bem como todos os que ainda estavam presentes, cerca de três décadas depois. E vendo os episódios diariamente, ao invés de um episódio por semana, como estávamos condenados antigamente, permitiu notar toda uma série de evoluções, modificações e ajustes, bem como  a personalidade inconstante do protagonista ao longo das várias temporadas, não falo em pormenores picuinhas, mas por exemplo a hesitação em ir salvar um jovem amigo a caminho de um provável destino mortal num pais desconhecido quando umas dezenas de episódios antes MacGyver fez de tudo para salvar o mesmo jovem. Principalmente no inicio, MacGyver era quase tão mulherengo como o agente 007 que tentavam imitar, mas em versão low budget gadgets. Há um vídeo que recomendo imenso porque faz um apanhado desses pormenores mais interessantes, incluindo o uso de imagens de outros filmes em sequências inteiras (Youtube "The Three Faces of MacGyver: Part 1 - Mac of All Trades").

Mas além de tudo, do pouco que recordava desta série que via religiosamente aos final dos Domingos à tarde não me lembrava que era tão divertida e dinâmica. Há alguns anos vi um episódio ao calhas num canal de cabo e quase adormeci, no entanto ao rever confirmo que é muito bem editada e resiste bem ao tempo. 



Também não tinha ideia que personagens como o adorável sacana Jack Dalton (o amigável traficante que constantemente coloca MacGyver em apuros), Penny Parker (aquela versão musical de Cleopatra foi...inesquecível) ou Murdoc (o delicioso over the top némesis imortal de MacGyver, vivido pelo actor inglês e rocker Michael Des Barres, que descobri hoje voltou a surgir no remake de MacGyver. Mas como estou a pensar dar uma segunda chance a essa série, não pesquisei mais...) tinham aparecido em tantos episódios, o que foi um agradável bónus.

E nem me recordava dos irmãos Colton, que tiveram direito a episódio especial para tentar lançar uma série protagonizada pela peculiar família de caçadores de recompensas. Mas foi um spin-off que não se concretizou.

Entremeados com os capítulos mais bombásticos,  apareciam alguns episódios preocupados com causas que infelizmente, mais de 3 décadas depois não tiveram grandes melhoras: liberdade e direitos humanos dos cidadãos na China (com referências directas ao Massacre de Tian An Men), a caça furtiva aos rinocerontes (negros) para alimentar o comércio da perversa medicina tradicional chinesa, racismo, desigualdade social, etc. E à medida que a série se aproximava do final, esses episódios - mais baratos? - de causas e comentários sociais aumentaram, mas sem no entanto serem moralistas. MacGyver por exemplo, tentava compreender os argumentos dos ambientalistas e dos madeireiros, e evitava ser o tradicional "salvador branco" que ia resolver os problemas dos locais (literalmente no dia seguinte a escrever isto o episódio do dia tem um místico oriental a afirmar que MacGyver é "o tal" ) . Mas aposto que ele ia acabar por complicar muito a vida de alguns personagens, se estes continuassem a existir depois da foto com os créditos no final de cada episódio, pelo menos nas primeiras temporadas ainda em Guerra Fria com os soviéticos e outros ditadores de meia tigela.
Curiosamente dos episódios que vi o mais pateta não é nenhum daqueles que o MacGyver sonha ser um cowboy, mas "Harry's Will", com vários cameos (como o Scotty de "O Caminho das Estrelas"), cenas ridículas e um tipo de humor slapstick que contrasta com o habitual na série.
E falando no Oeste Selvagem, no segundo episodio western, uma das "mulheres de MacGyver" é a ex-actriz porno Traci Lords, famosa pelo escândalo que abalou a indústria de filmes para adultos nos anos 80, visto que ela ainda não era adulta quando actuou na maioria da sua filmografia (que teve que ser banida ou editada nos EUA), pormenor que na época que o episódio passou na RTP eu desconhecia. (Aposto que muito espectador português sócio de clube de vídeo a reconheceu imediatamente..) Mas Lords não desistiu e conseguiu desde os anos 90 construir uma carreira de actriz em cinema e TV. 

Falando de episódios invulgares, se não tivesse terminado na sétima temporada, estou certo que ainda veríamos MacGyver no Espaço a combater alguns refugos da Galáctica depois de MacGyver bater com a cabeça na secção de ficção cientifica da biblioteca. A maioria dos vilões das ultimas temporadas pareciam saídos de um desenho animado, e tornou-se um pouco frustante ver o corajoso herói que enfrentou tantos perigos durante sete anos várias vezes agir como uma criança assustada e impotente para reagir, só para permitir acomodar a metragem do episódio. Mas foi bom recordar o trauma infantil que foi a causa da aversão que o nosso herói tem a armas de fogo.
No episódio que o chefe/melhor amigo Pete aguarda a operação aos olhos, ambos recordam aventuras passadas, e num dos flashbacks  é chocante comparar o tamanho gigante a que a gadelha de MacGyver chegou na 5ª temporada:

E falando nisso, há pouco tempo consegui uma cópia em VHS de um dos poucos episódios duplos da série, neste caso os dois primeiros dessa temporada, "Legend Of The Holy Rose". Com a minha temática favorita: caça ao tesouro!
Pete Thorton foi presença constante ao longo  da série e quando o actor Dana Elcar desenvolveu glaucoma, também o seu personagem Pete ficou progressivamente cego e participou em alguns dos episódios da temporada final. 

Uma curiosidade relacionada com Dana Elcar é que consta que o actor e o seu duplo na série - Don S. Davis - eram frequentemente confundidos. Podem vê-lo na foto abaixo, é o careca. Quase gémeos...

Anos depois, Don S. Davis seria o chefe do MacGyver, isto é, do Coronel O'Neill em "Stargate SG-1" (a continuação do "Stargate" de 1994), o segundo papel marcante da vida do actor Richard Dean Anderson.

Mais do que numa época pré-Internet podíamos imaginar, muitas vezes os episódios de séries eram emitidos fora de ordem cronológica, mas poucos casos serão tão flagrantes como o final de MacGyver, que foi emitido em penúltimo! E apesar de ter pesquisado para o artigo que escrevi em 2016 - Parte 1: "MacGyver"(1985-92), ainda consegui ter várias surpresas, como a do episódio final SPOILERS em que MacGyver encontra o seu filho que desconhecia existir. 

Com a quantidade de ex-namoradas, amigas e mulheres bonitas em perigo que MacGyver ajudou e confortou ao longo de sete temporadas e dois telefilmes, aposto que tem mais filhos que o Julio Iglesias, espalhados por essa Terra...
Estou agora a pensar rever os telefilmes "MacGyver: Lost Treasure Of Atlantis" e "MacGyver: Trail To Doomsday" (respectivamente "MacGyver: o Tesouro Perdido da Atlântida" e "MacGyver: Conspiração Internacional" nos ecrãs nacionais) ambos de 1994, e talvez recomeçar o remake no ar desde 2016. Talvez...



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