Quando vi no cinema a adaptação modernaça de Baz Luhrmann de "Romeu & Julieta" (1996), achei que, mesmo sem nunca antes ter ouvido falar dela, Claire Danes foi uma linda Julieta que não deixou brilhar sozinho um Leonardo Di Caprio que já era uma estrela, mesmo ainda a um ano de "Titanic".
Tal como eu, muitos apenas descobriram esse novo rosto em "Romeu & Julieta", pelo que a RTP aproveitou o timing da estreia do filme em Portugal para exibir a série que tinha revelado Claire Danes uns anos antes. "Que Vida Esta!", no original "My So-Called Life", foi exibida originalmente nos Estados Unidos, numa única temporada de 19 episódios entre 1994 e 1995. Em Portugal, passou na RTP1 em 1997 aos domingos à tarde, penso eu que quando "Romeu & Julieta" ainda estava nos cinemas nacionais.
A série foi criada por Winnie Holzman e produzida por Marshall Herkowitz e Edward Zwick, estes vindos do sucesso de "Os Trintões". Enquanto séries da teen na altura primavam pelo glamour como "Beverly Hills 90210" ou pelo humor como "Já Tocou" ou "Parker Lewis", "Que Vida Esta!" oferecia um olhar mais realista e menos filtrado sobre as dificuldades e confusões de ser adolescente.
Claire Danes fez da protagonista Angela Chase, uma jovem de 15 anos no meio de uma crise identidade. Angela vive com os pais, Patty (Bess Armstrong) e Graham (Tom Irwin) e a sua irmã mais nova Danielle (Lisa Wilhoit) na cidade de Three Pines, algures no estado da Pensilvânia. Ao entrar para o 10.º ano, Angela sente um desejo ardente de mudança e de ser mais do que a jovem exemplar que sempre foi. Num acto de rebeldia, ela decide pintar o cabelo de ruivo e afastar-se dos seus dois amigos de infância, Sharon Cherski (Devon Odessa) e Brian Kerkow (Devon Gummersall). Em vez deles, Angela trava amizade com Rayanne Graff (AJ Langer) e Rickie Vasquez (Wilson Cruz), dois colegas cuja ousadia oferece-lhe a oportunidade de sair da casca e viver novas emoções, ao mesmo tempo que desenvolve um fascínio pelo belo e carismático Jordan Catalano (Jared Leto).
Mas cedo Angela descobre que os três passam por grandes tormentos: com um pai ausente e uma mãe displicente, Rayanne adopta comportamentos de risco envolvendo sexo, álcool e drogas; apesar de assumir um look andrógino (e de ser muitas vezes visto na casa de banho das raparigas a pôr rímel nos olhos), Rickie sofre por aceitar a sua homossexualidade e é vítima de violência física por parte dos seus tios, que a certa altura expulsam-no de casa, deixando-o sem abrigo; e Jordan tem dificuldades de aprendizagem que o fizeram reprovar duas vezes no 11.º ano, além de ter sido agredido e negligenciado pelos pais. Para não falar que quando finalmente Angela e Jordan começam a namorar, a relação é longe de ser um mar de rosas, sobretudo devido à indisponibilidade emocional do rapaz e das pressões para terem sexo.
Por outro lado, Rayanne, Rickie e Jordan reconhecem em Angela qualidades que a própria, de tão embrenhada nas suas dúvidas, não consegue ver em si, como a sua empatia e generosidade. Muito embora, a própria Angela, como qualquer adolescente, tenha as suas falhas e atitudes menos correctas e maduras.
Gradualmente também Sharon e Brian acabam por formar inesperadas ligações dos novos amigos de Angela, ao mesmo tempo que se vão conhecendo as suas crises interiores. Sharon debate-se com os desenvolvimentos do seu corpo, as atenções dos rapazes, as consequências do início da atividade sexual ao mesmo tempo que luta por preservar a imagem da menina exemplar. Brian é um nerd, que vive mesmo ao lado de Angela, por quem teve uma secreta paixão, e debate-se com o paradoxo de tanto desejar ser próximo dos outros e ao mesmo ter tanto medo dessa proximidade que faz tudo para se afastar. Além dos seis principais, a personagem jovem mais proeminente é a de Delia Fisher (Senta Moses), uma rapariga tímida que trava amizade com Rickie quando os dois se veem sozinhos num baile e decidem dançar e divertir-se juntos e por quem mais tarde Brian demonstra algum interesse.
Os amigos de Angela admiram e invejam secretamente o facto de ela ter uma vida bastante estável e segura, pelo menos comparando com eles, e uma família onde há amor e segurança. Mas embora os Chase sejam uma família relativamente feliz e sólido, não são imunes a tensões. Não só Angela se ressente da autoridade da mãe e da relutância desta em aceitar Rickie e Rayanne, como os pais têm as suas próprias crises na relação entre ambos. Enquanto isso, a irmãzinha Danielle vai assistindo atentamente a tudo que acontece à sua volta e mandando um ou outro comentário perspicaz, enquanto anseia pela sua vez em que deixará de ser criança e viverá as emoções da adolescência. Barbara Bain, a Dra. Helena Russell de "Espaço: 1999", fez uma aparição especial como a avó materna de Angela.
Sem dúvida que o principal ponto forte da série foi o desempenho de todo o elenco que, aliado à competência dos textos, conseguia que nenhuma personagem caísse no estereótipo. Outro factor interessante e até então não muito utilizado em séries adolescentes, que a narração em voz-off de Angela, que funcionava como se os espectadores fossem seus confidentes, existindo um episódio narrado do ponto de vista de Brian e outro através de Danielle. Igualmente importante foi a representação LGBTQIA+ através de Rickie, a primeira personagem de um adolescente queer no elenco fixo de uma série adolescente num dos principais canais da televisão americana. Apesar do recorte realista, a série também abordou alguns elementos de fantasia, sobretudo nos episódios de Halloween e de Natal.
Apesar das críticas favoráveis, da grande aceitação junto do público jovem e de alguns prémios importantes, como o Globo de Ouro de Melhor Actriz em Série Dramática para Claire Danes, as audiências de "Que Vida Esta!" não foram suficientes para a cadeia ABC renovar para mais uma temporada, nem mesmo perante várias campanhas públicas para salvar a série, tendo sido uma das primeiras séries a ter uma campanha online para tal. Porém a série manteve-se viva nos anos seguintes graças a várias reposições na MTV, engrandecendo o seu estatuto de série de culto. Além de que influenciou outras séries teen nos anos vindouros como "Freaks & Geeks", "Life As We Know It" e "Euphoria".
Com o passar dos anos, outro apelo de "Que Vida Esta!" foi o efeito nostalgia dos anos 90 pois embora muitos dos temas e vivências abordados na série continuem bastante atuais, as roupas das personagens, músicas, decorações e até a iluminação gritavam "ANOS 90!".
Claro está, depois da série, Claire Danes não só foi a Julieta que encantou um Romeu Leonardo Di Caprio (também chegou a ser considerada para "Titanic") como entrou em filmes como a versão de 1994 de "Mulherzinhas", "Sem Retorno" de Oliver Stone, "O Poder Da Justiça" de Francis Ford Coppola, "As Horas", a versão de 1998 de "Os Miseráveis", "O Exterminador Implacável 3", "A Joia da Família", "Stardust - O Mistério da Estrela Cadente", além do seu premiado desempenho na série "Homeland" e de ter sido a voz de San na dobragem em inglês de "Princesa Mononoke".
Também Jared Leto tornou-se uma estrela de topo com o seu Óscar no filme "O Clube de Dallas", tendo também estrelado em "O Clube De Combate", "Mitos Urbanos", "A Barreira Invisível", "Vida Interrompida", "American Psycho", "Requiem For A Dream", "Sala de Pânico" e "Blade Runner 2049". Além de, obviamente, se ter tornado uma estrela de rock com a sua banda 30 Seconds To Mars. (Na série, a sua personagem tinha também uma banda rock chamada Frozen Embryons.)
Wilson Cruz entrou em vários filmes (como "Nixon" de Oliver Stone) e na série "Star Trek - Discovery", além de participações especiais em séries como "Anatomia de Grey", "Adultos À Força", "Serviço de Urgência" e "Shameless".
Genérico de abertura:
Trailer do DVD:
Alguns vídeos no YouTube sobre a influência da série:
Até agora, quando a Enciclopédia de Cromos fez artigos recordando certos anos, nunca abordou nenhum ano dos anos 80, mas se existe ano dessa década que merece esse tratamento é este.
Foi há 40 anos que o mundo acolheu a chegada do ano 1984, um ano que já vinha carregado de algum misticismo pois foi esse o ano que George Orwell escolheu para intitular e localizar temporalmente o seu célebre romance distópico, o tal da temível entidade despótica e controladora chamada Big Brother. Felizmente que esse futuro congeminado por Orwell não se materializou (embora quarenta anos depois haja talvez aquela sensação que isso já esteve mais improvável de acontecer) mas o certo é que 1984 esteve a altura da sua mística pois foi um ano extremamente marcante sobretudo para a cultura pop, com tanta música e tantos filmes que se tornaram antológicos. Acho que existe um ano que encapsula os anos 80 do século XX do seu mais luminoso ao mais sombrio, é sem dúvida 1984.
Eu só tinha três/quatro anos em 1984 pelo que era novo demais para ter memórias muito concretas sobre esse ano, algumas terei, mas gostava de ter sido um pouco mais velho para me aperceber melhor.
- Para começar, 1984 foi o ano em que viu nascer uma mão-cheia de personalidades que se viriam a afirmar em diversas áreas: as cantoras Katy Perry, Avril Lavigne e Mandy Moore, as actrizes Scarlett Johansson, America Ferrera, Kate McKinnon, Olivia Wilde e Aubrey Plaza, os actores Paul Dano e Garret Hedlund, os músicos Calvin Harris e T-Pain; os futebolistas Fernando Torres, Andrés Iniesta, Wesley Sneijder, Carlos Tevez e Hugo Almeida; as estrelas de reality shows Kelly Osbourne e Khloe Kardashian; o Príncipe Harry de Inglaterra e a Princesa Madalena da Suécia; o fundador do Facebook Mark Zuckerberg; o ídolo do basquetebol Lebron James, a esquiadora campeã olímpica Lindsey Vonn e o nosso campeão olímpico do triplo salto Nelson Évora.
Nascidos em 1984: Mark Zuckerberg, Lebron James e Scarlett Johansson
- Mas por outro lado, foi em 1984 que faleceram figuras como o líder soviético Yuri Andropov, a primeira-ministra indiana Indira Ghandi, os realizadores François Truffaut e Sam Peckinpah, o actor galês Richard Burton, o autor Truman Capote, o campeão olímpico de natação e o mais icónico Tarzan do celuloide Johnny Weissmuller, Janet Gaynor, a primeira vencedora do Óscar de Melhor Actriz, o empresário fundador da McDonald's Ray Kroc e o cantor Marvin Gaye. Cá em Portugal, chorámos as partidas do lendário poeta e músico José Carlos Ary dos Santos, do actor e realizador Francisco Ribeiro aka Ribeirinho, do inigualável António Variações e do nosso maior ás da bicicleta Joaquim Agostinho.
Despedimo-nos (cedo demais) de António Variações e Joaquim Agostinho em 1984
- 1984 foi talvez um dos maiores anos do cinema. Quando se pensa em filmes dos anos 80, certamente que vêm logo à baila pelo menos três filmes lançados em 1984. Olhem só esta longa lista de clássicos: "Os Caça-Fantasmas", "O Exterminador Implacável", "O Caça-Polícias", "Pesadelo Em Elm Street", "Gremlins - O Pequeno Monstro", "Academia de Polícia", "Karate Kid - O Momento Da Verdade", "Footloose", "Splash - A Sereia", "Em Busca Da Esmeralda Perdida", "Star Trek III - A Aventura Continua", "Indiana Jones e o Templo Perdido", "Purple Rain - Viva A Música", "Vidas Em Jogo", "Colheita Maldita", "Greystoke - A Lenda de Tarzan", "Sexta Feira 13 - O Capítulo Final", "Dezasseis Primaveras", "Era Uma Vez Na América", "Estrada de Fogo", "Top Secret!", "Conan O Destruidor", "Electric Dreams - Amor E Música", "Revenge Of The Nerds", "História Interminável", "Amanhecer Violento", "A Mulher de Vermelho", "Amadeus", "Um Lugar No Coração", "Passagem Para A Índia", "Paris, Texas", "Terra Sangrenta", "A Caravana da Coragem", "2010 - O Ano do Contacto", "Dune", "Starman - O Homem das Estrelas" e, claro, uma adaptação cinematográfica de "1984" de George Orwell.
E até em Portugal, três filmes nesse ano causaram sensação: "Os Abismos da Meia-Noite" que despiu Helena Isabel e Rui Mendes, a adaptação de "A Crónica dos Bons Malandros" com um luxuoso elenco (João Perry, Lia Gama, Maria do Céu Guerra, Paulo de Carvalho, Nicolau Breyner, Virgílio Castelo), e o thriller neo-noir "O Lugar do Morto" com Ana Zanatti e Pedro Oliveira, que se tornou o maior êxito nacional da década.
- 1984 também foi ano de grande música com uma cabazada de hits que ainda hoje se ouvem. A trilogia de megahits dos Frankie Goes To Hollywood ("Relax", "Two Tribes", "The Power Of Love"); os Wham! ("Freedom" e "Wake Me Up Before You Go-Go") e George Michael a solo ("Careless Whisper"); temas de filmes como "Footloose" de Kenny Loggins, "Ghostbusters" de Ray Parker Jr., "Together In Electric Dreams" de Giorgio Moroder e Phil Oakey, "Against All Odds" de Phil Collins, "Neverending Story" de Limahl e "Purple Rain" de Prince; as mulheres em grande com Madonna ("Like A Virgin"), Tina Turner ("What's Love Got To Do With It"), Cyndi Lauper ("Time After Time"), Sade ("Smooth Operator"), Chaka Khan ("I Feel For You"), Pointer Sisters ("I'm So Excited"), Deniece Williams ("Let's Hear It For The Boy"), Laura Branigan (Self Control) e Pat Benatar ("Love Is A Battlefield"); baladaria de primeira água com "I Just Called To Say I Love You" de Stevie Wonder, "I Should Have Known Better" de Jim Diamond, "I Want To Know What Love is" dos Foreigner, "Drive" dos The Cars, "Still Loving You" dos Scorpions e "Hello" de Lionel Richie; puro suco de rock com "Runaway" dos Bon Jovi, "Pride (In The Name Of Love)" dos U2, "Radio Gaga" e "I Want To Break Free" dos Queen, "Jump" dos Van Halen, "Gimme All Your Lovin" dos ZZ Top e "The Killing Moon" dos Echo & The Bunnymen; Duran Duran ("The Reflex" e "Wild Boys"), Culture Club ("The War Song") e Spandau Ballet ("Only When You Leave") continuavam em alta, bem como Michael Jackson a bater recordes com o álbum "Thriller" e o videoclip da faixa-título a assombrar. Houve ainda "I Won't Let The Sun Go Down On Me" de Nik Kershaw, "White Lines (Don't Do It)" de Grandmaster Flash e Grandmaster Melle Mel e "Forever Young" e "Big In Japan" dos Alphaville. E numa onda mais kitsch: "Woodpeckers From Space" dos Video Kids, "Susanna" dos Art Company e "Break My Stride" de Matthew Wilder.
- Quanto a álbuns, colheita de ouro com "Born In The USA" de Bruce Springsteen, "1984" dos Van Halen, "Diamond Life" de Sade, "Private Dancer" de Tina Turner, "Reckless" de Bryan Adams, "Like A Virgin" de Madonna, "Love At First Sting" dos Scorpions, "The Works" dos Queen, "Human Racing" de Nik Kershaw, "Human's Lib" de Howard Jones, "Fugazi" dos Marillion, "Ocean Rain" dos Echo & The Bunnymen, "Ride The Lightning" dos Metallica, "From Her To Eternity" de Nick Cave & The Bad Seeds, "Tonight" de David Bowie, "The Age Of Consent" dos Bronski Beat, "Agent Provocateur" dos Foreigner e os álbuns homónimos de estreia de Bon Jovi, Dead Can Dance, Run DMC e Red Hot Chilli Peppers.
- Além disso, o ano musical fechou com chave de ouro com um disco lendário. Motivado pelas imagens de várias crianças vítimas da fome na Etiópia, Bob Geldoff teve a ideia de reunir muitas estrelas para juntas cantarem uma canção escrita por ele e Midge Ure, com todos os lucros a irem para associações de combate à fome em África, sob o nome colectivo de Band Aid. Gravada a 25 de Novembro, "Do They Know It's Christmas" contou com nomes como George Michael, Boy George, Sting, Phil Collins, U2, Duran Duran, Paul Young, Status Quo e Bananarama. Lançado a 7 de Dezembro, o single rapidamente vendeu mais de um milhão de cópias e tornou-se o single mais vendido de sempre no Reino Unido até 1997 e tornou-se um clássico natalício (tendo aliás barrado outro ainda maior clássico natalício, "Last Christmas" dos Wham!, de chegar ao n.º 1 do top britânico). Isto para além de nos anos seguinte inspirar vários projectos com várias estrelas da música para ajudar as mais diversas causas, como por exemplo em 1985 o disco "We Are The World", o Live Aid e até cá em Portugal "Um Abraço A Moçambique".
- Apesar da redação drástica das horas de emissão da RTP a partir de Outubro do ano anterior (devido a cortes na despesa pública), com as emissões a abrirem de segunda a sexta somente a partir das 17/18 horas da tarde na RTP 1 e das 19 na RTP 2, os portugueses não deixaram de assistir a programas icónicos na televisão: depois de "O Tal Canal", Herman José deu largas às suas "Hermanias"; Ivone Silva liderou o programa de humor "Ponto & Vírgula" com um elenco que incluía uns ainda jovens Carlos Cunha e Vítor Norte (e que incluía a rábula "Com um simples vestido preto…"); Edite Estrela, antes de se aventurar na política, iniciou a sua missão televisiva de ajudar os portugueses a utilizar melhor a língua nacional em "Bem Dizer, Bem Escrever"; aqueles que eram então petizes ainda hoje recordarão a minissérie "Fui De Visita À Minha Tia A Marrocos" e o "Jornalinho", espaço informativo para os mais novos com António Santos e Manuela Sousa Rama ao lado dos bonecos Horácio e Elias; as telenovelas "O Bem-Amado" (que a RTP andava a prometer exibir desde os tempos de "Gabriela", que aliás foi reposta na RTP2 nesse ano) e "A Guerra dos Sexos" animaram os serões, bem como a primeira temporada do concurso "1, 2, 3" com Carlos Cruz, a Bota Botilde e Carlos Miguel, o eterno Fininho.
- Lá por fora estrearam algumas séries que depois chegariam cá nos anos seguintes como "Raio Azul", "Acção Em Miami", "Chefe Mas Pouco", "V - A Batalha Final", "Um Anjo Na Terra", "Crime, Disse Ela", "Cosby Show", "Pássaros Feridos" e na animação, "Os Marretinhas", "Transformers Em Acção" e "Os Filhos da Pantera Cor-de-Rosa".
- A 14 de Setembro, tiveram lugar em Nova Iorque os primeiros MTV Video Music Awards, com apresentação de Dan Aykroyd e Bette Midler. O músico Herbie Hancock foi o mais premiado com cinco galardões pelo videoclip do seu tema "Rockit", mas os The Cars levaram o prémio principal de Melhor Vídeo por "You Might Think". Michael Jackson, David Bowie, Cyndi Lauper, ZZ Top e Eurythmics foram outros dos premiados. A cerimónia contou ainda com atuações de Tina Turner, Ray Parker Jr., Huey Lewis & The News e Rod Stewart, mas quem roubou o show foi Madonna com a sua lendária performance de "Like A Virgin".
- Dez anos depois da vitória dos ABBA, a Suécia venceu pela segunda vez o Festival da Eurovisão, que nesse ano teve lugar no Luxemburgo a 5 de Maio sob apresentação da jovem Desirée Nosbuch. O trio de irmãos Herrey's venceram com a canção "Diggiloo Diggiley", com a Irlanda em segundo lugar ("Terminal 3" por Linda Martin) e a Espanha em terceiro lugar ("Lady Lady" pelo grupo Bravo). Portugal actuou em último lugar e ficou em 11.º lugar com a canção de "Silêncio E Tanta Gente" na voz e autoria de Maria Guinot, suficiente para ser o melhor resultado português do certame entre 1981 e 1990.
Adelaide Ferreira obteve o 2.º lugar no Festival da OTI
Já no Festival da OTI desse ano, que decorreu a 10 de Novembro na Cidade do México, Portugal obteve o seu melhor resultado de sempre com o segundo lugar na voz de Adelaide Ferreira com a canção "Vem No Meu Sonho", perdendo apenas para o tema vencedor do Chile, "Agualuna" de Fernando Ubiergo.
- O Benfica foi o campeão nacional de futebol, enquanto o FC Porto ganhou a Taça de Portugal batendo o Rio Ave por 4-1 na final. O FC Porto chegou à final da Taça das Taças em Basileia onde perdeu para a Juventus. O Liverpool bateu a Roma, na final da Taça dos Campeões Europeus precisamente na capital italiana, enquanto o Tottenham superiorizou-se nos penáltis ao Anderlecht na final da Taça UEFA.
- O Europeu de Futebol de 1984 teve lugar em França com os jogos a serem disputados em Paris, Marselha, Bordéus, Estrasburgo, Lyon, Lens e Saint-Etienne. Além dos gauleses, participaram Bélgica, Dinamarca, Espanha, Jugoslávia, República Federal da Alemanha, Roménia e Portugal que se estreava num Europeu de futebol e marcava presença numa grande competição pela primeira vez desde o Mundial de 1966.
Liderada por um imparável Michel Platini (melhor marcador do torneio com nove golos, marcados em todos os cinco jogos dos gauleses), a França ergueu o troféu no Parque dos Príncipes em Paris, ao vencer a Espanha na final por 2-0.
- Treinada por Fernando Cabrita, a seleção nacional presente em França contou com nomes como Bento, Nené, Jordão, Chalana, Fernando Gomes, Carlos Manuel, Veloso, Jaime Pacheco e Diamantino. Depois de um nulo contra a RFA em Estrasburgo, Portugal empatou a uma bola com a Espanha em Marselha. Em Nantes, contra a Roménia, um golo de Nené aos 81 minutos garantiu a vitória e a passagem às meias finais para jogar com a França.
De volta ao Vélodrome de Marselha, o jogo contra os gauleses foi bastante emocionante: Jean-François Domergue inaugurou o marcador, Rui Jordão empata, no prolongamento, Domergue e Jordão voltaram a marcar e um minuto do fim, Michel Platini marca o golo da vitória. Como esta foi a primeira edição do Europeu de futebol sem jogo de atribuição do terceiro lugar, Portugal e Dinamarca (que a Espanha bateu nos penáltis), foram declarados terceiros classificados ex-aqueo.
- O autódromo do Estoril recebeu pela primeira vez um Grande Prémio de Fórmula 1 (passando a ser uma etapa dos circuito mundial em todos os anos até 1996), vencido pelo francês Alain Prost.
- Um ano antes do nascimento da sua célebre filha Vanessa, Venceslau Fernandes venceu a Volta a Portugal em bicicleta. Então com 39 anos, continua até hoje a ser o mais velho vencedor da prova.
Fernando Mamede saudado por Moniz Pereira após bater o recorde do mundo dos 10000m.
- A 2 de Julho em Estocolmo, Fernando Mamede bateu o recorde do mundo dos 10000m, ao correr a distância em 27 minutos, 13 segundos e 8 centésimos. Carlos Lopes foi segundo, também abaixo do anterior máximo. O recorde de Mamede manter-se-ia até 1989.
- Os Jogos da 23.ª Olimpíada realizaram-se de 28 de Julho a 12 de Agosto em Los Angeles e, apesar do boicote da União Soviética e dos seus países aliados (à excepção da Roménia) em resposta ao boicote liderado pelos Estados Unidos ao Jogos Olímpicos de Moscovo quatro ano antes, tiveram um número recorde de países (140) e atletas participantes (6800).
Através do financiamento privado, aproveitamento de infraestruturas existentes e a angariação de patrocínios de várias empresas, foram os primeiros Jogos Olímpicos a registarem um lucro.
Estes Jogos também registaram um enorme aumento da participação feminina, devido à inclusão de desportos como a ginástica rítmica e a natação sincronizada, bem como provas exclusivamente femininas no ciclismo e tiro e a estreia da maratona feminina.
A alegria de Carlos Lopes ao sagrar-se o primeiro campeão olímpico português.
Com uma missão com 38 atletas, Portugal teve a sua melhor prestação em Jogos Olímpicos até então com Rosa Mota a conquistar o bronze na primeira maratona olímpica feminina, António Leitão a alcançar outra medalha de bronze nos 5000m e sobretudo, Carlos Lopes a tornar-se o primeiro campeão olímpico português ao vencer brilhantemente a maratona masculina. Outros resultados dignos de nota foram o 6.º lugar de Aurora Cunha nos 3000m e Alexandre Yokochi a ser o primeiro português (e até ao momento ainda o único) numa final olímpica de natação (7.º lugar nos 200m bruços). A maior desilusão foi Fernando Mamede, o recordista mundial dos 10000m, que desistiu pouco depois do início da prova.
- Os 14.ºs Jogos Olímpicos de Inverno decorreram entre 8 e 19 de Fevereiro em Sarajevo, na então república jugoslava da Bósnia-Herzegovina, com a participação de 1272 de 49 países. A imagem mais marcante desses jogos foi a da dança dos patinadores britânicos Jayne Torvill e Christopher Dean ao som do "Bolero" de Ravel que revolucionou a patinagem artística. Infelizmente, durante a guerra na Bósnia, muitas das infraestruturas deste Jogos Olímpicos seriam completamente destruídas ou utilizadas para fins mortíferos.
- A 14 e 15 de Abril, foram celebradas pela primeira vez as Jornadas Mundiais da Juventude no Vaticano com a presença de 300 mil peregrinos. Desde então mais quinze edições decorreram nas décadas seguintes um pouco por todo o mundo, com a mais recente a ter lugar em Lisboa em 2023.
Ronald Reagan foi reeleito Presidente dos Estados Unidos, batendo o candidato democrata Walter Mondale.
- A 6 de Novembro, Ronald Reagan foi reeleito presidente dos Estados Unidos, vencendo de forma esmagadora o candidato do partido Democrata Walter Mondale, que apenas venceu no seu estado do Minnesota e no território da capital Washington. A candidata de Mondale para vice-presidente foi Geraldine Ferraro, a primeira mulher candidata a esse cargo por um dos dois partidos principais.
Steve Jobs com os primeiros computadores Macintosh
- O computador pessoal Macintosh foi lançado a 24 de Janeiro pela Apple, com uma campanha que incluía um anúncio inspirado pelo livro "1984".
Para terminar mais alguns acontecimentos de 1984:
- A 1 de Janeiro, o sultanato do Brunei obteve a independência total do Reino Unido.
- A 13 de Fevereiro, após a morte de Yuri Andropov, Konstantin Chernenko tornou-se o novo Secretário Geral do Partido Comunista Soviética, sendo efetivamente o novo líder da União Soviética. A liderança de Chernenko duraria pouco mais de um ano com a morte deste em Março de 1985 e a sua imagem mais marcante nem sequer foi dele próprio, mas sim de um de um sósia seu a lutar contra um sósia de Ronald Reagan no videoclip "Two Tribes" dos Frankie Goes To Hollywood.
- A 16 de Junho, a companhia canadiano de entretenimento Cirque Du Soleil foi fundada, que viria revolucionar o mundo das artes circenses.
- A 1 de Julho, o principado de Liechtenstein tornou-se o último país europeu a dar às suas cidadãs o direito universal ao voto.
- A 25 de Julho, a cosmonauta soviética Svetlana Savitskaya tornou-se a primeira mulher a efectuar um passeio espacial (isto é, uma saída espacial para fora da nave).
- A 4 de Agosto, a república africana do Alto Volta mudou o seu nome para Burkina Faso.
- A 3 de Dezembro, uma explosão numa fábrica de químicos em Bhopal na Índia, matando mais de 8 mil pessoas e causando mais de 500 mil feridos (dos quais cerca de 20 mil viriam a falecer de ferimentos e complicações derivados da expulsão).
- O bispo sul-africano Desmond Tutu foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz.
- - A sueca Yvonne Ryding foi coroada Miss Universo enquanto a venezuelana Astrid Carolina Herrera foi eleita Miss Mundo. Herrera tornou-se actriz, tendo por exemplo protagonizado em 1993 a telenovela "Morena Clara" que passou na TVI em 1995.
Houve algum elemento ou acontecimento de 1984 que não referi mas que devia ser mencionado? Digam nos comentários.
Durante os anos lectivos dos meus 5.º e 6.º anos de escolaridade (que na altura ainda se chamavam "Ciclo Preparatório" em vez de "2.º Ciclo"), na escola onde eu andava não havia aulas às quartas-feiras à tarde. Nunca soube bem qual era o motivo para tal, mas para um miúdo daquela idade, isso pouco importava, o importante era ter aquele bálsamo de uma tardezinha livre a meio da semana, mesmo que isso significasse uma sobrecarga horária nos restantes quatro dias. Contudo a partir do meu 7.º ano (que ainda fiz na mesma escola), a situação mudou e passou a haver actividades lectivas nas tardes de quarta-feira para todos os anos.
No meu caso, ter uma tarde livre a meio de semana nesses anos significava passar uma tarde a ver televisão e o meu único contacto com a programação da RTP da altura (início dos anos 90) durante a semana, uma vez que tinha aulas nas tardes dos restantes dias. Desses tempos, eu recordo-me de ver ao início da tarde a rubrica "Sem Legendas" onde se repunham algumas produções da RTP dos anos 80 como "O Tal Canal" e "Gente Fina É Outra Coisa", filmes antigos na rubrica "Primeira Matiné" (assim de repente, o único que me recordo de ver foi "A Árvore Da Vida" de 1957 com Elizabeth Taylor) e uma série animada chamada "As Aventuras No Lago Do Arco-Íris", que apesar do título fofinho e dos bonecos engraçados, tinha uma história muito deprimente sobre uma rã que não só sofria constantemente bullying das outras rãs como também era atacada por outros animais.
Mas o programa que eu mais recordo de ver nessas tardes de quarta-feira do início dos anos 90 em que não tinha aulas foi um programa algo inovador para a época. "Tu Cá, Tu Lá" foi exibido nas tardes de quarta-feira na RTP1 entre Setembro de 1991 e Junho de 1992 (creio que ainda integrado dentro do espaço "Brinca, Brincando").
Tratava-se de um programa de debate em que os jovens discutiam vários temas, alguns mais relevantes para a sua idade como a antiga PGA, o namoro, o futuro e os conflitos com as gerações mais velhas, outros mais abrangentes como a política, o racismo, o meio ambiente e as desigualdades sociais.
A cada programa, um grupo de cerca de uma dúzia de jovens com idades entre os 14 e os 18 anos reunidos num cenário cheio de adereços vintage a fazer lembrar um sótão discutia o tema de cada semana, sobre a mediação de Paulo Salvador (foi o primeiro programa em que eu me lembro de o ver). Havia também a particularidade do programa começar já com a conversa a decorrer e terminar sem conclusões definitivas na conversa, frequentemente até com os jovens ainda a falar.
Cada jovem no programa era identificado com o nome e a profissão que queria ser na altura, por exemplo: Futuro Jornalista, Futura Psicóloga, Futuro Engenheiro, Futura Médica… (claro que não houve nenhum Futuro Pedreiro nem nenhuma Futura Empregada de Limpeza!)
Ao todo foram 38 programas exibidos todas as quartas-feiras entre 18 de Setembro de 1991 e 24 de Junho 1992 (excepto nos dias 1 de Janeiro, 4 de Março e 10 de Junho de 1992). Os temas dos programas foram por ordem cronológica: Televisão, O Que Eles Pensam Delas, O Que Elas Pensam Deles, A Escola, A Guerra, A Música, O Dinheiro, Os Políticos, Irmãos, Conflitos de Gerações, Jornalismo, Tempos Livres, Publicidade, O Namoro, O Natal (exibido precisamente no dia de Natal de 1991), Desejos dos Jovens Para 1992, O Bem e o Mal, Oposição Lisboa/Porto, Os Ídolos, O Que É Ser Pai?, Estilos de Vestir e de Ser, a PGA, Viagens, O Terror e o Medo, Timor, Racismo, A Mentira, Extraterrestres, Religiões, Educação Sexual, Portugueses Nos Estrangeiros, Estrangeiros Em Portugal, Justiça, Ambiente, Saúde, Mudança ao Longo dos Tempos, Ser Português e o último programa teve Tema Livre.
Como não podia deixar de ser, havia programas em que os jovens presentes tinham identidades relevantes para o tema da semana. Por exemplo, o programa sobre "Estrangeiros Em Portugal" tinha jovens estrangeiros então residiam no nosso país (a maioria deles através de programas de intercâmbio), o de Timor (exibido alguns meses após o massacre do cemitério de Santa Cruz em Dili) tinha vários jovens timorenses e aquele sobre Religião contava com jovens de várias religiões (foi nesse programa que eu ouvi falar pela primeira vez de alguns elementos do Hinduísmo). E (talvez sem grande surpresa), o programa onde os ânimos estiveram um bocadinho mais aquecidos foi o do tema do Racismo, com vários jovens de várias etnias.
De referir ainda que no penúltimo programa, sob o tema "Ser Português", um dos jovens presentes foi Miguel Gameiro, então com 18 anos e a três anos de se tornar conhecido como o vocalista dos Pólo Norte, que foi apresentado como "Futuro Jornalista".
Ao rever o programa, notei que Paulo Salvador saía-se muito bem como moderador, deixando os jovens intervenientes à vontade para se expressarem livremente sem fazer quaisquer juízos mas sem descurar da necessidade de manter a conversa fluída e sem sair fora de mão. Também era frequentemente, caso ele notasse que algum dos jovens estava mais calado, de fazer uma pergunta directamente para o incluir no debate. Era também fácil pressentir que muitos daqueles jovens não teriam tido muitas oportunidades de se exprimirem confortavelmente numa conversa tão franca e aberta sobre aqueles assuntos. Lembro de eu próprio, apesar de na altura ainda ser pré-adolescente (11/12 anos), gostaria de participar num programa assim ou pelo menos estar envolvido num debate semelhante com outros jovens sobre estes e outros assuntos, algo que só a poucos espaços aconteceu ao longo da minha adolescência.
Por outro lado, mesmo depois das inúmeras transformações no País e no Mundo ao longo destas últimas três décadas, rever este programa fez-me concluir que em certos aspectos, ser adolescente na altura não é assim muito diferente de ser adolescente hoje em dia.
"As Aventuras dos Ursinhos Gummi" ("The Adventures of the Gummi Bears") é uma série animada produzida pela Walt Disney que 65 episódios (a maioria deles com duas histórias independentes), repartidos por seis temporadas, originalmente exibidos entre 1985 e 1991. Aliás foi uma das primeiras produções da Disney destinadas ao pequeno ecrã. Em Portugal, lembro-me de a série ter sido exibida na versão legendada dentro do espaço do "Clubes Amigos Disney" e tenho uma vaga ideia de que depois também passou em outros espaços infanto-juvenis da RTP, mas não tenho a certeza.
A série passa-se no imaginário reino medieval de Dunwyn, governado pelo Rei Gregor, um monarca justo e benevolente, que prepara a sua filha, a Princesa Calla, para ser sua sucessora. O reino vive em paz e prosperidade mas uma ameaça começa a surgir na pessoa do Duque Igthorn, um cavaleiro exilado por traição a Rei. Igthorn planeia usurpar o torno e governar tiranicamente o reino, com a ajuda do seu exército de ogres.
Cubbi, Sunni, Gruffi, Zummi, Tummi e Grammi
Na floresta do reino vivem em segredo um grupo de seis ursinhos Gummi, uma espécie de ursos inteligentes com conhecimentos de magia. Em tempos passados, os Gummi tinham uma sociedade poderosa e desenvolvida mas com a perseguição dos humanos, a maioria deles partiram para outras terras e com o tempo os humanos passaram a acreditar que eram apenas um mito antigo.
Os seis Gummi que ainda vivem em Dunwyn são: Zummi, o Gummi mais velho e sábio; Grammi, a matriarca do grupo e hábil cozinheira; Gruffi, o mais habilidoso e astuto, porém de temperamento irritável; Tummi, simpático e comilão; Sunni, particularmente fascinada pelos humanos; e Cubbi, o mais novo do grupo que adora uma boa aventura. Um dos maiores segredos dos Gummi é um sumo mágico de bagas Gummi, preparado por Grammi conforme uma receita secreta que lhe foi transmitida pela sua família. Quem beber esse sumo mágico fica com a rapidez e a elasticidade de uma bola de borracha.
Cavin e Calla
Existem dois jovens humanos que descobrem a existência dos Gummi e rapidamente se tornam amigos deles: Cavin, um rapaz que vive no palácio onde trabalha como escudeiro de um dos cavaleiros de maior confiança do Rei, e a própria Princesa Calla, cuja descoberta lhe dá asas para escapar à monotonia dos seus deveres reais e viver o seu desejo de aventuras. Cavin e Calla travam uma amizade especial com Cubbi e Sunni respectivamente.
Toadie e Igthorn
Por outro lado, o malvado Igthorn também descobre que ainda existem Gummi a viver na floresta e além de tomar o poder de Dunwyn, passa a ter como principal objetivo capturar os Gummi para que eles lhe revelem a fórmula da sua poção mágica, visto que ela também faz efeito nos humanos (embora de forma mais limitada). Felizmente, não só os Gummi e seus aliados se fazem sempre valer da sua inteligência e destreza, como os ogres ao serviço do Duque não primam nada pela esperteza. O ogre mais próximo de Igthorn e o vice-líder não oficial do exército é Toadwart. Toadie, como o Duque lhe chama, é o mais pequeno dos ogres mas é também o mais inteligente porque é o único que sabe ler e escrever. Toadie está sempre a bajular o Duque, mesmo se este compraz em maltratá-lo, e secretamente também anseia por ganhar mais poder. Lembro-me que num dos episódios, Toadie lidera os ogres numa revolta interna com Igthorn mas como depois ele ainda se torna mais autoritário que o Duque, os outros revoltam-se contra ele e trazem Igthorn de volta. Outra vilã que surge ocasionalmente em busca de obter a magia dos Gummi é Lady Bane, uma feiticeira malvada (com uma aparência semelhante à Rainha Má da Branca de Neve).
A série teve edições em VHS e DVD e está actualmente disponível no catálogo do Disney+.
Ao fim de 12 anos aqui na Enciclopédia de Cromos, revisitámos todos as edições dos Festivais de Eurovisão entre 1974 e 2003 e agora só falta esta. (Em princípio não haverá artigos sobre as edições de 2000 e 2002 porque Portugal não participou).
O 44.º Festival da Eurovisão teve lugar a 29 de Maio de 1999 no Centro Internacional de Convenções de Jerusalém em Israel, o mesmo local onde tinha sido realizada a edição de 1979. A par da final de 2010, foi a edição do Festival que se realizou mais tarde no seu respectivo ano. Pela primeira vez, houve um trio de apresentadores, Yigal Ravid,Sigal Shachmon e Dafna Dekel, esta última a representante israelita no Festival de 1992. Presentes na audiência estavam Izhar Cohen e Galit Atari, os intérpretes das duas primeiras canções vencedoras de Israel em 1978 e 1979. Dana International, a vencedora no ano anterior, protagonizou dois momentos: o número de intervalo (realizado no exterior) onde interpretou uma versão de "Free" de Stevie Wonder e mais celebremente, a sua queda em pleno palco quando estava prestes a entregar o troféu ao vencedor.
Pela primeira vez, houve um trio de apresentadores
Participaram 23 países, com Áustria, Bósnia-Herzegovina, Dinamarca e Islândia a regressarem após a ausência no ano anterior bem como a Lituânia, ausente desde a sua estreia em 1994. Por seu turno, sete países que participaram no ano anterior, Eslováquia, Finlândia, Grécia, Hungria, Macedónia, Roménia e Suíça, ficaram de fora. Portugal também esteve quase para ser excluído de participar neste ano devido às regras de relegação então em vigor, mas com a Letónia a optar por adiar a sua estreia no Festival para 2000 e a recusa da Hungria, acabou por ocupar essa vaga final. Os votos de quatro países (Lituânia, Turquia, Irlanda e Bósnia-Herzegovina) foram através de um júri enquanto os restantes utilizaram o televoto.
Os comentários da RTP estiveram a cargo de Rui Unas enquanto Manuel Luís Goucha foi o porta-voz dos votos de Portugal.
Manuel Luís Goucha foi o porta-voz dos votos de Portugal
Esta edição introduziu duas novidades que viriam a ser determinantes para o futuro do certame. A primeira foi a abolição da regra que obrigava a que cada país cantasse numa das suas línguas oficiais, que tinha sido reinstituída em 1977. Como nos últimos anos, os países de língua inglesa tinham dominado nas classificações (por exemplo Reino Unido e Irlanda tinham ficado nos dois primeiros lugares em 1992, 1993 e 1997), foi entendido que dar a liberdade aos países para escolherem em que língua queriam cantar a sua canção equilibrava mais a competição. Escusado será dizer que vários países optaram por levar uma canção parcial ou totalmente em inglês e que nos anos seguintes, as canções cantadas em inglês seriam a esmagadora maioria.
Outra novidade foi a ausência de orquestra. A partir deste ano, a presença de uma orquestra passou a ser opcional em vez de obrigatória. A IBA, a estação de televisão israelita que organizou o evento, optou por não ter uma orquestra para diminuir as despesas, com as canções a serem apresentadas com música pré-gravada e desde então a orquestra nunca mais regressou ao Festival.
Uma terceira novidade foi a introdução de um intervalo publicitário no meio do desfile das canções (entre as canções da Polónia e da Islândia), com as duas apresentadoras a interpretaram um tema do musical "Um Violino No Telhado" para a assistência e as televisões que não tinham publicidade.
Pessoalmente, considero que o nível das canções deste ano é deveras mediano, sem grandes destaques nem originalidade, embora muitas delas refletissem as sonoridades pop que faziam sucesso na altura. Houve também algumas ideias que pareciam ser boas em teoria mas que a execução deixou a desejar: os postcards foram inspirados em lendas bíblicas (por o exemplo, o de Portugal foi sobre Daniel e o leões) adaptadas para a modernidade e os locais turísticos de Israel actual com um certo toque humorístico, mas muitos deles não tiveram assim tanta piada. O quadro de pontuações tinha a particularidade de ter um pote de onde saíam moedas que simbolizavam os pontos atribuídos, mas as conjugações entre elementos modernos e pseudoantigos não resultou muito bem. (E, claro, como estávamos em 1999, claro que se teve de referir o novo milénio várias vezes!)
Como habitual, as canções concorrentes serão analisadas por ordem inversa à classificação final:
Lydia (Espanha)
Pela primeira vez desde 1983, a vizinha Espanha ficou em último lugar com somente um ponto atribuído pela Croácia. Então com 19 anos, Lydia Rodriguez já tinha conhecido algum sucesso como cantora pop, com dois álbuns editados. (Lembro-me de ver o videoclip do seu single de 1998 "Aún no quiero enamorarme" no canal Sol Música.) À Eurovisão, Lydia cantou a balada "No quiero escuchar", mas se a canção passou meio despercebida, mais notório (embora não pelos melhores motivos) foi vestido colorido desenhado por Agatha Ruiz de la Prada, que não lhe favorecia nada e que valeu o infame prémio Barbara Dex para a mais mal vestida. Apesar do desaire, Lydia continuou a sua carreira lançando mais um álbum a solo e em 2008, substituiu Sole Gimenez como vocalista da célebre banda Presuntos Implicados.
Marlain (Chipre)
A canção de Chipre chegou a ser considerada uma das favoritas mas no final ficou-se pelos dois pontos do Reino Unido, ficando-se pelo 22.º lugar. "Tha 'ne erotas" ("vai ser amor") interpretado por Marlain Angelidou era um tema eurodance bem cativante, mas não só a actuação foi um demasiado morna, como creio que seria uma melhor ideia terem optado pela versão em inglês, intitulada "In the name of love". Embora nascida em Chipre, filha de pai grego e mãe escocesa-cipriota, Marlain era bem universal pois viveu também na Venezuela, na Bélgica e nos Estados Unidos. Além de larga experiência no teatro musical, Marlain integrou também a girlband Hi-5, que tal como as Non Stop em Portugal, foram criadas através da versão grega do programa Popstars.
Rui Bandeira (Portugal)
Com somente os 12 pontos da França, graças à nossa diáspora, Portugalficou-se pelo 21.º lugar.
O Festival da Canção de 1999 realizou a 8 de Março na Sala Tejo do então Pavilhão Atlântico, com apresentação de Manuel Luís Goucha e Alexandra Lencastre. Porque nesse ano se assinalavam os 25 anos do 25 de Abril, houve também um número de tributo a Zeca Afonso. Por esta altura, o Festival da Canção já não atraía nomes sonantes, pelo que a maioria dos intérpretes participantes eram ilustres desconhecidos. Um deles era Rui Bandeira, natural de Moçambique e então com 26 anos, que acabou por vencer com a canção "Como tudo começou" com letra de Tó Andrade e música de Jorge do Carmo.
Apesar do parco resultado, esta participação serviu para lançar a carreira de Rui Bandeira que continua até hoje, com mais de dez discos editados, embora "Como tudo começou" continue a ser o seu tema mais conhecido. E claro, a sua filha Bárbara é actualmente uma das cantoras nacionais mais em alta.
Aisté (Lituânia)
A Lituânia tinha-se estreado no Festival em 1994, mas só em 1999 é que voltou a participar e foi mesmo este país a abrir o desfile das canções. Aisté Smigelviciuté cantou "Strazdas" ("tordo cantor"), um tema étnico cantado no idioma da região lituana da Samogícia, ficando em 20.º lugar com 13 pontos. Aisté continua activa na sua carreira, quer a solo, quer com a banda Skylé, onde abraçou vários estilos como o folk, o jazz e o pop-rock.
Nayah (França)
A França ficou em 19.º lugar com 14 pontos. A representar o héxagono esteve Nayah que cantou "Je veux donner ma voix" ("quero dar a minha voz"), com um timbre a fazer lembrar um pouco Céline Dion. Em 1990, Nayah, então sob o seu verdadeiro nome Sylvie Mestres, tinha ficado em segundo lugar na final nacional da Suíça para a Eurovisão. Em palco, Nayah deu nas vistas um enorme colar que dava várias voltas ao seu pescoço, mas rumo à sua participação aquilo que foi mais falado foi o seu envolvimento passado no culto do raelianismo, onde os seus membros acreditam que a raça humana foi criada por extraterrestres. Nayah afirmava ter deixado o culto em 1996 mas anos depois regressou ao raelianismo.
Mietek Szczesniak (Polónia)
The Mullans (Irlanda)
Com 17 pontos, a Polónia ficou em 18.º lugar. Mietek Szczesniak defendeu a balada "Przytul mnie mocno" ("abraça-me com força"). Uma posição acima com mais um ponto ficou a Irlanda. As irmãs Karen e Bronagh Mullan cantaram em timbres a fazer lembrar Cher o tema "When you need me".
Tugba Önal (Turquia)
Em 1979, apesar ter uma canção escolhida, a Turquia não resistiu à pressão de outros países árabes para não participar num evento em Israel e desistiu de participar. Vinte anos depois, tal não se verificou e este país apresentou-se em Jerusalém com Tugba Önal, acompanhada pelo Grup Mistik, que interpretou "Dön artik" ("regressa").
Times 3 (Malta)
Malta foi um dos dois países que apostou numa girlband. Francesca Tabone, Philippa Farruggia e Diane Stafrace eram as Times 3 que se apresentaram com tema "Believe 'n peace". O tema era da autoria dos tios de Diane, o casal Chris Scicluna e Moira Stafrace que foram os representantes daquele país em 1994 e que estiveram em palco no coro. Malta ficou em 15.º lugar com 32 pontos.
Stig van Eijk (Noruega)
Stig van Eijk foi o representante da Noruega, e apesar do seu apelido neerlandês, era natural da Colômbia. A Jerusalém levou o tema "Living my life without you" que parecia uma faixa que ficou fora de um álbum dos Backstreet Boys. O compositor era Mikkel Eriksen que viria-se a tornar um membro da conceituada dupla de produtores e compositores Stargate, que nos anos seguintes assinariam hits para nomes como Beyoncé, Rihanna, Katy Perry, Ne-Yo, Kelly Clarkson e Pink. A canção norueguesa ficou em 14.º lugar com 35 pontos. Stig van Eijk continua activo na sua carreira, agora mais voltada para sonoridades mais reggae e soul, e em 2023 voltou a participar na final nacional norueguesa para a Eurovisão.
Vanessa Chinitor (Bélgica)
Bélgica e Reino Unido empataram no 12.º lugar com 38 pontos. Pelas cores belgas, esteve Vanessa Chinitor com o tema "Like the wind". Uma das quatro cantoras do coro era Linda Williams, a representante dos Países Baixos de 1981. Uma das canções que esteva na pré-selecção belga de 1999 foi "Hello world" de Belle Perez, que chegou a tocar nas rádio portuguesas, com a própria cantora a vir cá para promover o álbum do mesmo nome.
Precious (Reino Unido)
Tal como Malta, o Reino Unido apostou numa girlband, as Precious: Louise Rose, Anya Lahiri, Jenny Frost, Kalli Clark-Stember e Sophie McDonnell cantaram "Say it again". Foi então somente a terceira vez que o Reino Unido ficou fora do top 10 (algo que se tornaria muito mais frequente para o Reino Unido na Eurovisão século XXI), mas a canção chegou ao n.º 6 do top britânico e as Precious lançaram um álbum e mais três singles. Posteriormente, Anya Lahiri destacou-se como actriz e modelo, Sophie McDonnell como apresentadora de televisão e Louise Rose cantando em temas de música de dança (como por exemplo "Believe" dos DB Boulevard), mas foi Jenny Frost quem alcançou a maior fama quando substituiu Kerry Katona nas Atomic Kitten, precisamente durante o sucesso do seu maior hit de 2001 "Whole Again".
Darja Svajger (Eslovénia)
Darja Svajger tinha sido a representante da Eslovéniaem 1995 e regressava agora quatro anos depois, novamente com um balada, mas agora em inglês, "For a thousand years", ficando em 11.º lugar com 50 pontos.
Bobbie Singer (Áustria)
A Áustria ficou em décimo lugar com 65 pontos. A representá-la esteve Bobbie Singer (verdadeiro nome Tina Schoesser), então com 18 anos que cantou "Reflection". Em 2005, Bobbie Singer deixou os palcos para se dedicar mais para os bastidores, trabalhando como compositora e produtora.
A Dinamarca e os Países Baixos repartiram o oitavo lugar com 71 pontos. A Dinamarca apostou em "This time I mean it", um dueto entre Trine Jepsen e Michael Teschl. A actuação teve a particularidade de Teschl não se ter dado muito ao trabalho de sequer fingir que estava a tocar na guitarra que trazia consigo. Já Trine Jepsen continuou bem activa como cantora e apresentadora de televisão.
Marlayne (Países Baixos)
Já pelas cores neerlandesas esteve Marleen Sahupala ou Marlayne (não confundir com a cantora de Chipre Marlain) que defendeu o tema "One good reason". Marlayne lançaria apenas um álbum em 2001, tendo depois tido mais notoriedade como apresentadora. Nos Festivais da Eurovisão de 2000, 2001 e 2003, foi ela a porta-voz dos votos dos Países Baixos.
Dino & Béatrice (França)
Enquanto nesse ano muitos países aproveitaram a mudança nas regras para incluir a língua inglesa parcial ou integralmente nas suas canções, a Bósnia-Herzegovina optou por um tema em bósnio e francês. Edin Dervishalidovic ou Dino Merlin e a cantora francesa Béatrice Poulot juntaram-se para cantar "Putnici" ("viajantes"). Esse tema tinha originalmente ficado em segundo lugar na sua final nacional, mas foi seleccionado quando se descobriu que canção vencedora já tinha sido editada numa versão em finlandês uns anos antes. A Bósnia-Herzegovina obteve o sétimo lugar com 86 pontos, o melhor resultado deste país até 2006. No entanto devido às vicissitudes das regras da relegação da altura, para as quais contava a média dos pontos obtidos nas últimas cinco edições, este óptimo resultado não foi suficiente para garantir a participação da Bósnia-Herzegovina no ano seguinte. Dino iniciou a sua carreira em 1983 com a banda Merlin, tendo depois seguido uma carreira a solo sob o nome Dino Merlin em 1991. Foi ele o compositor da primeira canção da Bósnia-Herzegovina como país independente em 1993 e após esta participação no Festival, Dino Merlin obteve um enorme sucesso com o seu álbum de 2000 "Sredinom". Em 2011, voltou a representar a Bósnia-Herzegovina na Eurovisão, ficando em sexto lugar.
Evelin Samuel (Estónia)
Coube à Estónia fechar o desfile das canções, sendo portanto a última canção da Eurovisão dos anos 90. Evelin Samuel estivera no coro da canção estoniana de 1997 e agora apresentava-se como intérprete principal, acompanhada pela violinista Imbi-Camille Rätsep, ou simplesmente Camille, no tema "Diamond of night" que ficou em sexto lugar com 90 pontos. Em 2000 e 2006, Evelin Samuel foi a porta-voz dos votos da Estónia.
A boyband Eden representou o país anfitrião (Rui Unas chegou a referi-los como os Excesso israelitas) com "Happy birthday", que obviamente se tratava de um tema bem festivo. Os Eden eram Rafael Dahan, Doron Oren e os irmãos Gabriel e Eddie Butler. Israelficou em quinto lugar com 93 pontos. Em 2006, Eddie Butler voltou a representar Israel na Eurovisão, desta vez a solo.
Doris Dragovic (Croácia)
Depois de ter representado a Jugoslávia em 1986, Doris Dragovic apresentava-se agora pela Croácia independente. Em Jerusalém cantou "Marija Magdalena" ficando em quatro lugar com 118 pontos, igualando a classificação de 1996 como o melhor resultado da Croácia até 2024. Houve porém uma controvérsia pois na faixa musical gravada que acompanhou a actuação, ouviam-se vozes artificiais masculinas, sendo que Doris apareceu em palco acompanhada apenas por uma cantora de coro, indo contra as regras que ditavam que todas as partes vocais deviam ser cantadas ao vivo. Após um protesto requerido pela delegação norueguesa, foi decidido que a Croácia manteria a sua classificação e pontuação, mas seriam deduzidos 33% dos pontos que contavam para a média a utilizar para determinar os países a serem relegados no ano seguinte. Mesmo com essa dedução, a Croácia evitou a relegação e participou na edição de 2000. Doris tem já uma longa e consagrada carreira na Croácia e noutros países da ex-Jugoslávia.
Sürpriz (Alemanha)
Tal como a Bósnia-Herzegovina, a Alemanhaapresentou-se com a canção que tinha ficado em segundo lugar na sua pré-seleção nacional depois de a vencedora original ter sido desclassificada por ter uma versão anterior editada em disco. Como tal foi o colectivo Sürpriz que se apresentou em Jerusalém pelas cores alemãs com o tema "Reise nach Jerusalem / Küdus'e seyhat" ("viagem a Jerusalém", sendo que "Reise nach Jerusalem" é também como se chama na Alemanha ao jogo das cadeiras), cantado em alemão, inglês e turco, uma vez que os seis membros eram de origem ou ascendência turca. Na versão apresentada ao vivo, os versos finais foram cantados em hebraico. A Alemanha obteve o terceiro lugar com 140 pontos (incluindo os 12 pontos de Portugal).
Selma (Islândia)
Durante boa parte da votação, a Islândia esteve na liderança mas na recta final, acabou por ficar-se pelo segundo lugar com 146 pontos. O tema dance-pop "All out of luck", na voz de Selma Björnsdottir, era um dos principais favoritos e garantiu à Islândia o seu melhor resultado na Eurovisão, apenas igualado em 2009. Selma regressaria ao Festival em 2005 mas desta vez não passou da semifinal. Além da sua carreira musical, Selma foi a voz islandesa de várias personagens da Disney como Belle, Giselle, Megara e Tiana e foi júri na versão islandesa do "Ídolos".
Charlotte Nilsson (Suécia)
Com 163 pontos, a vitória acabou por vir para à Suécia pela quarta vez, curiosamente quando se assinalavam 25 anos da primeira vitória com os ABBA. E de facto, a canção sueca "Take me to your heaven", defendida por Charlotte Nilsson, fazia lembrar as sonoridades dos ABBA. Charlotte Nilsson começou a sua carreira ainda adolescente em bandas de música folclórica nórdica e esta presença na Eurovisão marcou a sua mudança para o pop. Desde então lançou nove álbuns (o segundo, "Miss Jealousy" de 2001, foi editado em Portugal) em 2008, agora sob o nome Charlotte Perrelli, regressou à Eurovisão com "Hero" mas ficou-se pelo 18.º lugar. No Festival da Eurovisão de 2024, foi uma das artistas convidadas.
O Festival da Eurovisão de 1999 terminou com todos os artistas, apresentadores e bailarinos em palco onde, liderados por Charlotte Nilsson e os seus cantores de coro, cantaram "Hallelujah"null, a canção que vencera vinte anos antes, em homenagem às vítimas do conflito que na altura decorria nos Balcãs, em particular no Kosovo.