terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Recordando 1999

por Paulo Neto





E não é que já estamos em 2019? Dois. Mil. E. Dezanove. Sim, estamos no final da segunda década do século XXI. E apesar da tecnologia ter mais do que nunca um papel preponderante nas nossas vidas, ainda não andamos todos de nave espacial ou afins, e muitos dos cenários futuristas com que mentes do século XX  imaginavam 2019 (como por exemplo no filme "Blade Runner") ainda não se confirmaram.
Por outro lado, julgo estar longe de ser o único a sentir que, apesar de já lá irem vinte anos, as memórias do ano 1999 ainda estão relativamente fortes na memória colectiva. 1999 foi o último ano da década de 90 e apesar de ser bastante discutível afirmar que foi também o último ano do século XX e do segundo milénio depois de Cristo (matematicamente será mais correcto dizer que o dito século/milénio só terminou de facto em 2000), foi sem dúvida um ano de retrospectivas e balanços um pouco por todo o mundo, onde se reflectiu em todos os avanços e passos em falso da Humanidade até então e fizeram-se todo o tipo de listas de melhores do século ou do milénio.
Por tudo isso e muito mais, impões que pelo terceiro ano consecutivo eu elabore mais um texto "20 coisas que aconteceram há 20 anos". Sem dúvida que 1999 foi um ano que esteve à altura do misticismo atribuído (talvez mais até que o ano 2000) e por isso vale a pena revisitar.

1. Calou-se a voz de Portugal


Amália Rodrigues (1920-1999)

A 6 de Outubro, o país acordou com a notícia da morte de Amália Rodrigues, um dos nossos maiores ícones portugueses do século XX (quiçá de sempre), encontrada já sem vida em sua casa. Despedia-se assim deste mundo aos 79 anos a grande voz do fado que cantou como ninguém a alma portuguesa em todos os seus matizes. (Ser português é de facto uma estranha forma de vida!) Como se seria de esperar, a morte de Amália causou grande pesar junto da população e os seus ritos funerários foram feitos com as maiores honras. O Governo decretou três dias de luto nacional. 
Também foi em 1999 que o mundo se despediu da cantora britânica Dusty Springfield, do cineasta Stanley Kubrick, da estrela de basebol - e um dos três homens a quem Marilyn Monroe chamou de marido - Joe DiMaggio, de John F. Kennedy jr., filho do presidente americano do mesmo nome, do Rei Hussein da Jordânia e de Scatman John, poucos anos depois de ter feito sucesso com hits como "I'm A Scatman" e "Scatman's World".

2. A organização do Euro 2004 foi atribuída a Portugal.
O peso de dois dos nossos três Fs - fado e futebol - fizeram-se sentir em força em Outubro de 1999  pois quatro dias após a morte de Amália, Portugal qualificava-se para o Euro 2000 e apenas dois dias depois, a UEFA atribuía a Portugal a organização do Euro 2004.




Competindo com as candidaturas de Espanha e da conjunta Áustria/Hungria, a candidatura portuguesa foi anunciada pela UEFA como vencedora a 12 de Outubro na cidade alemã de Aachen.
Os cinco principais rostos da candidatura portuguesa foram Gilberto Madaíl, Eusébio, Miranda Calha, José Sócrates (então Ministro Adjunto) e Carlos Cruz. (Sim, aos olhos de 2019, isso é cá um cringe!) e um dos pontos altos da campanha foi a formação a 24 de Julho de um logótipo humano da nossa candidatura, formado no Estádio Nacional por mais de 30 mil pessoas (e como já falei aqui, eu fui uma delas!).
Em 1999, Portugal demonstrou a sua capacidade de organizar competições desportivas com o campeonato mundial júnior de basquetebol no então Pavilhão Atlântico e os campeonato europeu de natação em piscina curta no complexo aquático do Jamor. 

3. Mobilização por Timor
Mas não foi só o fado e futebol que galvanizaram a nossa nação em 1999.
Após a resignação do presidente da Indonésia Suharto, um referendo para a independência de Timor Leste foi marcado para  30 de Agosto de 1999 sob supervisão da ONU. 78,5% dos timorenses votaram a favor da independência mas pouco depois, milícias pró-integração protegidas pelo exército indonésio levaram a cabo uma onda de extrema violência e de devastação em Dili que se alastrou por outras partes do país, destruindo grande parte das suas infra-estruturas.

Manifestação em Lisboa (Avenida Fontes Pereira de Melo)

Essa brutal repressão e a resposta tardia da comunidade internacional gerou uma onda de contestação  e solidariedade em Portugal com um grau de mobilização raramente visto desde o 25 de Abril. Primeiro com manifestações espontâneas, depois com iniciativas mais elaboradas como cordões humanos, minutos de silêncio, campanhas de donativos e concentrações com todos os presentes vestidos de branco, essas iniciativas aconteceram um pouco por todo o país ao longo do mês de Setembro desse ano. O governo de Portugal também agiu, pressionando as Nações Unidos para a criação de uma força internacional para restabelecer a ordem, o que veio acontecer quando uma força multinacional liderada pela Austrália, a UNAMET, neutralizou os conflitos. Timor Leste passou a ser administrado por uma unidade da ONU até ao seu estabelecimento definitivo como estado independente em 2002.   

4. Nasceu o Euro


No início de 1999, uma moeda única europeia tornou-se uma realidade. É certo que ainda faltavam mais três anos até os europeus poderem ter moedas e notas dessa unidade monetária, o Euro, no bolso mas a 1 de Janeiro foi dado o primeiro passo, com Portugal e mais dez países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália e Luxemburgo) a poderem fazer transferências bancárias e pagamentos em cheque em Euros. Para Portugal, foi definido que um euro equivaleria a 200 escudos e 48,2 centavos, um valor quase redondo que sem dúvida facilitou as nossas contas de cabeça. (Nuestros hermanos tiveram que puxar mais pela cabeça com um euro convertido em cerca de 166 pesetas).

5. Houve um empate absoluto na Assembleia e nasceu o Bloco de Esquerda
No plano político nacional, 1999 foi marcado pelas eleições legislativas, realizadas a 10 de Outubro. O PS de António Guterres pretendia alcançar uma segunda legislatura, desta vez com maioria absoluta, mas acabou por ter um empate absoluto, pois os socialistas elegeram 115 deputados, precisamente tantos quantos o das outras forças políticas juntas, incluindo dois deputados do recém-criado Bloco de Esquerda.

Formado em Março de 1999 como resultado da fusão de três partidos, o PSR, a UDP e a Política XXI, o Bloco de Esquerda teve uma rápida ascensão na cena política, afirmando-se como uma nova força que conglomerava vários quadrantes políticos afectos aos ideais esquerdistas e da sociedade civil (como movimentos feministas e pró-LGBT). Liderados pelo ex-líder do PSR Francisco Louçã, o Bloco de Esquerda elegeria dois deputados pelo círculo de Lisboa nas legislativas de 1999, pouco mais de seis meses após a sua fundação e desde então tem feito parte da Assembleia.

6. Macau deixou de ser território nacional



A 20 de Dezembro, após mais de quatrocentos anos de administração portuguesa, a soberania de Macau transitou para a República Popular da China, onde adquiriu o estatuto de "Região Administrativa Especial", com a sua autonomia assegurada pelo menos até 2049, conforme estabelecido nas negociações levadas a cabo entre Portugal e China entre 1986 e 1987.
Portugal ficava assim sem o último resquício do seu antigo império colonial e com o seu território restrito ao Continente, Açores e Madeira.

7. O Beira-Mar ganhou a Taça de Portugal (e os três grandes nem sequer chegaram aos oitavos de final)

Além do apuramento para o Euro 2000 e a atribuição do Euro 2004, o futebol nacional ficou marcado pelo quinto título consecutivo do FC Porto, o "penta", uma sequência que permanece irrepetível.
Mais surpreendente foi o resultado da Taça de Portugal que ficou marcada pela eliminação prematura dos três grandes, com nenhum deles a chegar aos oitavos de final. O Sporting perdeu logo no seu primeiro jogo com o Gil Vicente (3-2) e o Benfica e o FC Porto cairiam na ronda seguinte respectivamente contra o Vitória de Setúbal (2-0) e o Torreense (1-0).
Como tal, a final da Taça foi totalmente inédita opondo o Beira Mar e o Campomaiorense. No jogo decisivo no Jamor, os aveirenses, mesmo só com nove em campo venceriam os alentejanos por 1-0.

8. João Garcia subiu ao Evereste




A 18 de Maio, João Garcia tornava-se o primeiro português a chegar ao topo do Monte Evereste, fazendo-o sem recorrer a oxigénio suplementar nem ao apoio de sherpas. A façanha deixou-lhe forte marcas de úlceras de frio na cara e nos dedos (alguns deles tiveram de ser parcialmente amputados) e o seu parceiro de expedição, o belga Pascal Debrouwer faleceu de uma queda na descida.
Todos estes tormentos não desencorajaram Garcia que nos anos seguintes viria a subir a outras grandes montanhas por esse mundo fora até em 2010, com a subida ao Annapurna, se tornar a décima pessoa no mundo a subir aos catorze picos com mais de oito mil metros que existem no mundo. 

9. O pai de Bárbara Bandeira venceu o Festival da Canção
O 36.º Festival da Canção realizou-se a 8 de Março de 1999 na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico (actual Altice Arena) com apresentação de Alexandra Lencastre e Manuel Luís Goucha onde além da apresentação das dez canções concorrentes, houve um tributo musical a Zeca Afonso.
No fim das votações, a vitória foi para o tema "Como Tudo Começou" interpretado por Rui Bandeira, que assim seria a canção a representar Portugal no Festival da Eurovisão desse ano.




O 44.º Festival da Eurovisão teve lugar a 29 de Maio de 1999 em Jerusalém, Israel, numa edição que ditou o fim de uma orquestra em palco (com todas as canções a recorrerem a música pré-gravada) e da obrigatoriedade de cada país ter de cantar numa das suas línguas nacionais, o que levou a que vários países optassem por cantar em inglês. No final, a Suécia venceu pela quarta vez com "Take Me To Your Heaven" interpretado por Charlotte Nilsson, ao passo que Portugal ficou em 21.º lugar com 12 pontos, todos eles vindos da França. Os momentos finais do certame ficaram marcados pela queda em palco de Dana International, a célebre vencedora do ano anterior, quando estava para entregar o troféu a Charlotte Nilsson e pela reunião de apresentadores, bailarinos e de todos os cantores concorrentes para cantar "Hallelujah", a canção vencedora de 1979, num apelo à paz, já que na altura decorria a guerra no Kosovo.
Rui Bandeira continua até hoje com a sua carreira musical mas actualmente é mais conhecido por ser pai da cantora e ídolo adolescente Bárbara Bandeira que viria a nascer dois anos após a sua participação no Festival.

10. Os Blondie e os Eurythmics reuniram-se.



Blur ("13"), Eminem ("Slim Shady LP"), Macy Gray ("On How Life Is"), Stereophonics ("Performances & Cocktails"), Muse ("Showbiz"), Chemical Brothers ("Surrender"), Limp Bizkit ("Significant Other"), Santana ("Supernatural), Skunk Anansie ("Post Orgasmic Chill), Red Hot Chilli Peppers ("Californication") e Moby ("Play") editaram álbuns marcantes este ano.
Mas em 1999 o mundo da música foi surpreendido pela reunião de duas bandas. Primeiro os Blondie que voltaram às lides dezassete anos após o último disco juntos e obtendo um grande hit mundial com o single "Maria" (n.º 1 no Reino Unido, Espanha e Grécia) do novo álbum "No Exit". E aos 54 anos, Debbie Harry ainda estava para as curvas com uma energia de fazer inveja a muita moçoila. O sucesso deste regresso solidificou a banda que desde então editou mais quatro álbuns e tem feito digressões quase todos os anos.




Mais tarde, dez anos após o seu último álbum conjunto, Annie Lennox e Dave Stewart sanaram os diferendos que tinham levado à dissolução dos Eurythmics, para um novo disco do duo, apropriadamente intitulado "Peace" do qual foram extraídos os singles "I Saved The World Today" e "17 Again" (que continha uma interpolação de um dos seus maiores hits, "Sweet Dreams (Are Made Of This)" ). Apesar de não terem desde então editado mais nenhum álbum conjunto, priorizando as respectivas carreiras a solo, Lennox e Stewart têm ocasionalmente actuado juntos a partir daí.



11. Foi um ano de ouro para a pop
Mas falar da música é falar do triunfo da música pop. Ou não fosse este o ano em que Britney Spears e Christina Aguilera foram elevadas às novas princesas da pop adolescente, os Backstreet Boys editaram um dos seus hits mais emblemáticos "I Want It That Way", as Spice Girls Geri Halliwell e Melanie C. editaram os seus primeiros álbuns a solo, os britânicos S Club 7 recuperaram a fórmula "grupo pop com série de televisão" e o compositor/produtor sueco Max Martin afirmou-se como o grande guru da composição pop.


Foi também o ano de vários hits novelty como "Mambo n.º 5" de Lou Bega, "Boom Boom Boom Boom" dos Vengaboys, "Flatbeat" de Mr. Oizo e "Blue (Da Ba Dee)" dos Eiffel 65.


Em Portugal, foi o ano das ascensão dos Anjos.




12. A música latina conquistou o mundo



A banda sonora do Verão de 1999 foi cheia de ritmos latinos, pois foi nesse ano que a música latino-americana transpôs o seu mercado habitual e foi à conquista do resto do mundo, com Ricky Martin e Enrique Iglesias a liderarem a onda. Em Portugal, já há vários anos que conhecíamos os dois e que por cá eles tinham o seu séquito de fãs, mas em 1999, com Martin e Iglesias passaram a cantar em inglês, e graças a hits como "Livin' La Vida Loca" e "Bailamos", também o resto do mundo se rendeu. Além disso, foi neste ano que Jennifer Lopez editou o seu álbum de estreia, provando que podia facilmente dar uma no cravo da representação e outra na ferradura das cantigas.



13. A Força voltou ao cinema
1999 foi também um ano marcante no cinema, com vários filmes para todos os gostos e géneros, dos blockbusters ao cinema de autor. Basta falar em títulos como "Matrix", "American Pie", "Notting Hill", "O Sexto Sentido", "Beleza Americana", "Tudo Sobre A Minha Mãe", "Eyes Wide Shut", "Magnolia", "Fight Club", "Tarzan", "Toy Story 2", "Queres Ser John Malkovich", "007 - O Mundo Não Chega", "Austin Powers 2 - O Espião Irresistível", "10 Coisas Que Odeio Em Ti", "As Virgens Suicidas" e "Os Rapazes Não Choram".


Mas a estreia mais aguardada do ano foi o primeiro tomo de uma nova trilogia de "A Guerra de Estrelas" que contava acontecimentos anteriores à da trilogia anterior (que passariam a ser tidos como os Episódios IV, V e VI). O Episódio I, intitulado "A Ameaça Fantasma",  realizado pelo próprio George Lucas, tinha Natalie Portman como a Rainha Amidala, a futura mãe de Luke Skywalker e Leia Organa, Ewan McGregor como um jovem Obi-Wan Kenobi, Liam Neeson como o seu mestre Qui Gon Jinh e Jake Lloyd como um muito jovem Anakin "futuro Darth Vader" Skywalker. Mas apesar de ser o filme que maior êxito nas bilheteiras em 1999, "A Ameaça Fantasma" foi alvo de críticas nomeadamente quanto às fragilidades do argumento e à personagem Jar-Jar Binks que para além de ser mais irritante do que simpática, aludia a certos estereótipos raciais.



14. "O Project Blair Witch" fez milhões com tostões



Mas a grande sensação cinematográfica de 1999 terá sido "O Projecto Blair Witch". Realizado por Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, o filme seria um aglomerado das filmagens que três estudantes de cinema captaram enquanto faziam um documentário em 1994 num bosque do estado do Maryland sobre uma lenda local de bruxaria e que nunca mais foram vistos desde então. Com o sucesso no Festival de Sundance e uma manobra de marketing que deixava na dúvida se os três actores estavam mesmo desaparecidos/mortos (na verdade, os actores Heather Donahue, Joshua Leonard e Michael C. Williams desempenharam versões ficcionadas deles próprios), o público acorreu a ver e o filme feito com uns modestos 60 mil dólares acabou por render 250 milhões de dólares na bilheteira, ainda hoje o filme mais lucrativo de sempre em termos de gastos/receitas. A franchise Blair Witch continuou com mais duas sequelas, curtas-metragens, livros e banda desenhada.   

15. Fernanda Montenegro foi nomeada para um Óscar
A actriz brasileira Fernanda Montenegro, que por cá conhecíamos sobretudo de telenovelas como "A Guerra dos Sexos", "Baila Comigo", "Cambalacho" e "O Dono Do Mundo", tornou-se a 27 de Fevereiro de 1999, a primeira actriz lusófona a ser nomeada para um Óscar pelo filme "Central do Brasil". Alguns filmes brasileiros já tinham sido nomeados para Melhor Filme Estrangeiro mas era a primeira vez que um actor lusófono, homem ou mulher, era nomeado para uma categoria de representação.

Fernanda Montenegro na cerimónia dos Óscares



Porém o desempenho de Montenegro no papel de Dora, uma professora reformada que se dedica a escrever cartas para pessoas analfabetas na estação central rodoviária do Rio de Janeiro e que decide ajudar um rapazinho órfão de mãe a encontrar o seu pai no Nordeste, já vinha recebendo várias distinções em festivais de cinema como o Urso de Prata no Festival de Berlim e acabou por convencer também a Academia de Hollywood a incluí-la entre as cinco nomeadas. O Óscar acabaria por ser atribuído a Gwyneth Paltrow por "A Paixão de Shakespeare". "Central do Brasil" foi também nomeado para Melhor Filme Estrangeiro e ganhou o Globo de Ouro e o BAFTA nessa categoria. 

16. Foi inventada a pen drive

Foi em 1999 que a empresa israelita M-Systems patenteou a invenção da pen drive (a IBM registou também uma patente nesse ano). As primeiras pens USB seriam comercializadas em 2000 com a estonteante capacidade de 8 megabytes. Mas rapidamente estas unidades periféricas foram multiplicando a sua capacidade de armazenamento, substituindo as disquetes como meio de armazenamento de dados e agora existem em todos os tamanhos e feitios.
Foi também em 1999 que foram lançados os primeiros Bluetooth, Blackberry e iBook.

17. O Massacre de Columbine chocou a América


A 20 de Abril de 1999, Eric Harris e Dylan Klebold, dois estudantes do liceu Columbine no estado americano do Colorado, entraram na escola e mataram 13 pessoas antes de se suicidarem. Outras 24 pessoas ficaram feridas pelos tiros e pelas explosões que os dois detonaram em vários pontos da escola. Na altura, foi o maior tiroteio numa escola americana.

Eric Harris (de branco) e Dylan Klebold (de preto)
Nas investigações policiais subsequentes, veio-se a descobrir que Harris e Klebold tinham planeado detalhadamente o massacre, documentando os seus planos através de vídeos, escritos em diários e publicações na internet. O acto teria sido ainda mais trágico se a bomba que colocaram no bar da escola tivesse sido detonada.
Muito se especulou sobre as motivações que levaram os dois adolescentes a tal violência, como o bullying de que os dois foram vítimas, os filme, músicas e jogos de vídeo que eles gostavam (os tablóides chegaram a culpar Marilyn Manson, embora mais tarde veio-se a saber que eles nem sequer eram fãs da banda) e os grupos neonazis (o massacre aconteceu no dia de aniversário de Hitler). Também foi debatida a morosidade da resposta policial ao tiroteio e claro, a eterna questão da posse de armas nos Estados Unidos e como foi fácil para dois adolescentes adquirirem armas de fogo e explosivos. Columbine ainda é hoje tido como a principal de referência para este tipo de tiroteios e Harris e Klebold têm sido citados como "inspirações" de vários autores de subsequentes tiroteios. Vinte anos depois, infelizmente, continuam a haver tragédias semelhantes na América como o de Sandy Hook em 2012 e o de Parkland em 2018 mas a discussão sobre o controlo de armas continua sem progressos efectivos.       

18. Nascimentos de novas estrelas
Foi em 1999 que vieram ao mundo estrelas que este ano completam duas dois décadas de vida: a mexicana Karol Sevilla, estrela da série "Soy Luna", a nossa jovem popstar April Ivy, Kiernan Shipka, a Sally Draper de "Mad Men" e a nova bruxinha Sabrina, a patinadora russa vice-campeã olímpica Evgenya Medvedeva, a princesa Alexandra de Hannover, filha da princesa Carolina do Mónaco (e também ela com jeito para a patinagem artística) e os futebolistas Justin Kluivert, João Félix e Diogo Dalot.

Geração 1999: Karol Sevilla, Kiernan Shipka, João Félix, Diogo Dalot



19. Paco Rabanne previu uma catástrofe de um eclipse de 11 de Agosto. (Só que não.)
Confessem lá: mesmo sabendo que era uma treta sem cabimento, quem lá bem no fundo não teve na cabeça ao longo de 1999 o célebre chavão "A 1000 chegarás, de 2000 não passarás"? Pois é, em 1999 não faltou quem invocasse o Apocalipse à medida que se aproximava o ano 2000. A mais célebre profecia veio por parte do estilista Paco Rabanne que vaticinou que no dia 11 de Agosto, através de um eclipse total do Sol (o mais visível na Europa desde 1990), a Terra iria ser assolada por vários meteoros e que a estação espacial MIR iria cair na Terra e destruir Paris. Claro que isso não aconteceu e a imprensa francesa especulou que tudo não seria uma manobra de publicidade por parte do estilista que passava por alguns problemas financeiros. 




A maior preocupação em Portugal e noutros países foi que o eclipse provocasse danos na visão daqueles que olhassem directamente para o eclipse sem devida protecção. Alguns óculos especiais para ver o eclipse foram vendidos nas farmácias, mas o trânsito eclipse acabou por ser pouco visível no nosso país.

20. O Y2K não parou o mundo
À medida que o mundo se redobrava em preparativos para a chegada de 2000, pairava ainda uma ameaça de caos à escala global menos esotérica. Desde meados dos anos 80 que foi descoberto que vários computadores não estavam programados para reconhecer o ano 2000, sendo que após o final de 1999, reverteriam automaticamente para o ano 1900. À medida que o ano 2000 se aproximava várias empresas privadas e do sector público lançaram medidas de reprogramação para que a transição para esse ano não afectasse as máquinas e todos os serviços dependente de computorização.




A essa falácia foi atribuída o nome Y2K (expressão atribuída ao informático David Eddy em 1995) também popularizada como "o bug do milénio". Apesar dos milhares de milhões de dólares usados para todas as manobras de reprogramação, ainda não era garantido que a transição corresse bem e a hipótese de cenários caóticos não estava totalmente refutada. E claro está, o Y2K alimentou mais a teorias apocalípticas de certas pessoas...O videoclip "Waiting For Tonight" de Jennifer Lopez até ficcionava uma breve falha de energia com a chegada do ano 2000.
No entanto, a passagem de 1999 para 2000 fez-se sem grandes incidentes a nível informático.

E vocês? Que memórias têm do ano de 1999? Que acontecimentos desse ano vocês se lembram e não foram falados neste texto? Deixem os vossos comentários no blogue ou na página do Facebook. 

Prince "1999"     



Charli XCX feat. Troye Sivan "1999"




segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

A Minha Agenda RTP 1988






"Olá! Cá estou eu de novo, a tua inseparável amiga nos 365 dias do ano. Aqui me tens para sugerir brincadeiras, recordar datas, ensinar truques e, acima de tudo, para ouvir, sempre calada, os segredos mais importantes que quiseres confiar-me. Quando os anos passarem e um dia te lembrares de me abrir outra vez, aqui irás encontrar, fielmente guardadas, as tuas melhores recordações deste ano de 1988. E, como sabes, recordar é viver."

Era assim que "A Minha Agenda RTP" de 1988 se apresentava ao sortudo petiz que a segurava nas mãos, depois de a desembrulhar na Véspera ou na manhã do Dia de Natal, e folhear nas páginas anteriores o clássico "Esta Agenda Pertence A:" (com campos para a morada e o nome dos pais!), o calendário dos a nos 1988 e 1989 e o Horário Escolar. Para mim "A Minha Agenda" parecia tão inacessível como o Castelo de Grayskull, nunca me foi colocada no sapatinho, não sei se seria assim tão cara ou se nunca expressei interesse  em ter uma... Em 2015 o Paulo Neto já tinha recordado esta mítica agenda, da Editorial O Livro e  licenciada pela RTC (o braço comercial da RTP).
Boa sorte para tirarem o jingle da cabeça!

Na primeira página da Agenda propriamente dita, o padrão que se repete pela totalidade dos 12 meses: 9 pequenos rectângulos, 8 deles com seis linhas cada, para as anotações diárias, e outro em branco para as "Notas" semanais. Depois em destaque nas duas páginas, a área com a sugestão de brincadeiras, receitas, etc. Neste caso, na primeira semana de Janeiro o destaque é "Dia Mundial da Paz" e as instruções para a construção de uma pomba da Paz em papel de lustro e cartolina.

Como um electrodoméstico ou gadget "A Minha Agenda RTP" incluía sugestões para a utilização da própria, como se vê na página da semana seguinte: 
"Começa por copiar, para esta agenda, o teu horário escolar, bem como as actividades em que habitualmente participas fora da escola: ginástica, natação, dança, música,... Regista depois os vários períodos de férias e o que planeias fazer em cada um deles: os locais onde pensas ir, os livros que tencionas ler, os amigos que pretendes encontrar, etc. Copia igualmente os números dos telefones dos teus familiares e amigos, bem como as datas dos seus aniversários"



Além do rectângulo para cada dia do ano, a Agenda incluía secções para fazer isso mesmo, o horário escolar, a lista telefónica, que veremos mais à frente.
Avançando, uma saudável receita de salame de chocolate:


Espaço ainda para a etiqueta, com o "comportamento à mesa", o que seria do agrado dos pais, visto que ninguém desejava criar um pequeno selvagem que não sabe em que lado do prato ficam os talheres ou levantar da mesa sem pedir licença. 

Instruções para a construção do "Cubo Mágico" em cartão. Mas não o Cubo Mágico que estão a pensar...

Depois da magia, não esperava encontrar dicas de coleccionismo, como este dedicado à colecção de caricas (lembram-se quando as caricas traziam no interior jogadores de futebol, o Tintin do Sumol ou o Homem-Aranha do Fruto Real?) quando ainda tinham fundo de cortiça?

Mais algumas dezenas de fotos depois deste link:

sábado, 22 de dezembro de 2018

"Fairytale Of New York" The Pogues & Kirsty MacColl (1987)

por Paulo Neto

O chavão de que o Natal é um tempo para partilhar a felicidade e o amor ao próximo e onde mesmo aqueles que atravessam um período menos feliz na vida podem encontrar algo com que minorar as suas agruras lá terá a sua verdade. Contudo, não há como negar que para muitas pessoas a quadra natalícia pode ser um tempo bastante duro e depressivo, com todo o aparato a servir apenas para exacerbar mais as suas infelicidades. Por isso, faz sentido que uma das canções de Natal mais amadas aborde esse lado menos feliz do Natal, sem no entanto tornar tudo lúgubre e depressivo e sobretudo, sem deixar de ser agradável de ouvir nesta quadra.



Falo, é claro, de "Fairytale Of New York" dos irlando-britânicos The Pogues em que o vocalista Shane McGowan (que - nem de propósito!- nasceu no dia de Natal de 1957) fez dueto com a cantora Kirsty MacColl, originalmente editado em 1987.




Os The Pogues formaram-se no início dos anos 80, ainda inseridos no movimento punk, ou não fosse o nome inicial da banda Pogue Mahone, uma versão anglicizada de póg mo thóin ("beija-me o rabo" em gaélico irlandês) antes de abreviarem para The Pogues. Mas desde logo souberam sobressair do resto da cena punk pelas demarcadas sonoridades celtas e pelas letras políticas que davam voz aos problemas vividos pela diáspora irlandesa, sobretudo em Inglaterra e nos Estados Unidos ao longo dos fluxos emigratórios da Irlanda que remontam a meados do século XIX.
Shane McGowan era o líder carismático, célebre por três características: uma boca que indiciava que ele provavelmente nunca se sentou numa cadeira de dentista, um estado de embriaguez quase permanente (reza a lenda que nos concertos até se faziam apostas para ver quantas canções é que MacGowan aguentaria até ao blackout) e uma voz que sabia cantar como poucas a alma do povo irlandês. A formação da banda no seu auge integrava ainda Spider Stacy, Jem Finer, James Fearnley, Andrew Ranken, Darryl Hunt, Terry Woods e Philip Chevron.

Depois de dois álbuns aclamados na cena independente, os Pogues finalmente alcançaram o sucesso mainstream em 1987, primeiro com uma colaboração com os The Dubliners para uma versão do clássico irlandês "The Irish Rover" e depois com "Fairytale of New York" que seria o primeiro avanço para aquele que seria o mais celebrado álbum da banda: "If I Should Fall From Grace With God", editado no ínicio de 1988.



Em "Fairytale Of New York", Shane MacGowan e Kirsty MacColl dão voz a um casal de imigrantes irlandeses em Nova Iorque que se apaixona numa véspera de Natal, e a letra vai sobrepondo as memórias dos primeiros tempos em que ambos eram jovens, apaixonados e cheios de sonhos a quem os sinos natalícios pareciam repercutir essa felicidade e a cruel realidade do presente, repleta de miséria, ressentimento e frustração, onde não falta uma lendária troca de insultos. Esta combinação agridoce das duas faces do Natal aliada ao excelente instrumental tornou "Fairytale Of New York" num clássico de Natal instantâneo. O tema chegou ao n.º 1 do top irlandês e n.º 2 do top britânico.

Em 1991, o alcoolismo de MacGowan tornou-se tão incomportável que foi despedido do resto da banda, com o flautista Spider Stacy promovido a vocalista principal. Foi já nesta fase que eu me recordo de ouvir pela primeira vez uma canção dos Pogues, "Tuesday Morning" de 1993. No ano seguinte, vim a saber que o tema "Festa" dos Despe & Siga (o tal da garrafa de Casal Garcia) era uma versão de "Fiesta!" dos Pogues, o outro hit de "If I Should Fall From Grace With God". Entretanto, Shane MacGowan formou outra banda a que chamou Shane MacGowan & The Popes, numa óbvia alfinetada à sua banda anterior. 

No início deste século, o repertório dos Pogues entrou mais a fundo na minha vida devido a duas pessoas: um dos meus professores na Universidade de Coimbra que era irlandês e como uma das cadeiras que eu tive com ele foi a de Estudos Irlandeses, ele apresentava-nos algumas canções dos Pogues. E anos mais tarde, fiquei amigo de um fanático dos Pogues, ao ponto de ter um PM de "Pogue Mahone" tatuado no braço, o seu nome no Facebook ser Shane e de me chamar Paulie cada vez que nos encontramos.

Kirsty MacColl 1959-2000


Infelizmente, a 18 de Dezembro de 2000, Kirsty MacColl faleceu aos 41 anos no México, ao salvar o filho mais velho de um barco a motor que entrou na área restrita do atol onde ela e os filhos nadavam, morrendo no embate. "Fairytale Of New York" será o seu momento mais marcante mas MacColl teve alguns hits nos anos 80 e 90, como "There's A Guy Works Down The Chipshop Who Swears He's Elvis", "A New England"e uma versão de "Days" dos The Kinks. Tendo sido casada de 1984 e 1994 com o célebre produtor Steve Lillywhite, MacColl interveio nos trabalhos deste para outros artistas, fazendo coros nas gravações. No ano da sua morte, Kirsty MacColl tinha editado o álbum "Tropical Brainstorm", que como o nome indica, era influenciado por música latino americana e caribenha e o single "In These Shoes" chegou a ter algum destaque.  


Entretanto Shane MacGowan e os restantes Pogues lá se voltaram a entender e reuniram-se para várias digressões entre 2001 e 2014 mas nenhum material novo resultou desta reunião, com apenas algumas compilações a serem editadas entretanto. Em 2005, "Fairytale Of New York" foi reeditado como single por alturas do Natal desse ano, permitindo que uma nova geração o redescobrisse. Desde então, com a era digital e mais tarde, a dos serviços de streaming, firmou-se definitivamente como um dos clássicos natalícios, tendo entrado no top 40 britânico todos os anos desde então. Talvez porque num mar de tantas canções alegretas de Natal cheias de sinos e guizos, ouvir algo mais agridoce tem o seu quê de confortante. 

Vídeos bónus dos The Pogues

"Irish Rover"


"Fiesta"


"Tuesday Morning"


Vídeos bónus de Kirsty MacColl

"A New England"


   "In These Shoes"



     

domingo, 16 de dezembro de 2018

Keri (1990) Publicidade a Roupa para Criança


Três jovens com um visual que não destoaria na capa de um disco dos Onda-Choc, e um cão com um enorme laçarote na publicidade ás vestimentas da marca Keri.
"Nós adoramos vestir roupas Keri. Keri marca o teu estilo!"


Imagem Digitalizada da revista "Pateta & Companhia" Nº 162 (10 Abril 1990) e Editada por Enciclopédia de Cromos.

Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos"Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr".

sábado, 15 de dezembro de 2018

7UP - Claro Numa Nice (1990) Publicidade

Na década de 90, Fido Dido, a mascote da "7Up" (licenciada em 1987 para a PepsiCo, apesar de criada em 1985) teve a sua figura estampada um pouco por todo o lado, desde as colectâneas em vinil e CD "Número 1", autocolantes, T-shirts, e claro nas publicidades ao próprio 7Up, neste caso com o famoso slogan: "Claro numa "nice"!". Muita gente não deve ter ficado contente com a divulgação de mais um anglicanismo na língua portuguesa. Ainda uso "nice" ocasionalmente, mas nunca serei tão cool como o Fido Dido no skate a rasgar literalmente as páginas da revista.



O curioso é que nesta revista exactamente o mesmo anúncio foi imprimido em 3 páginas: no verso da capa, no interior e no verso da contracapa. Esta campanha deve ter saído barata, deve...


Tenho em alguma das minhas cassetes um reclame com o Fido Dido desta época, espero brevemente colocá-lo online.

Imagem Digitalizada da revista "Pateta & Companhia" Nº 162 (10 Abril 1990) e Editada por Enciclopédia de Cromos.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Love Actually - O Amor Acontece (2003)

por Paulo Neto

O cinema do século XXI ainda não tem muitos clássicos de temática natalícia, pois não? Assim de repente só me lembro do "Grinch" versão Jim Carrey, "Elf", "The Polar Express" e o filme que hoje é abordado. "Love Actually" (título português "O Amor Acontece") continua pois a ser a principal referência deste subgénero nos últimos anos. Este filme de 2003 marcou a estreia na realização de Richard Curtis, o célebre argumentista de séries como "Black Adder", "A Vigária de Dibley" e "Mr. Bean" e filmes como "Quatro Casamentos e um Funeral" e "Notting Hill". Trata-se de um filme com dez histórias interligadas, ora divertidas ora mais dramáticas, sobre diferentes formas de amor por alturas da quadra natalícia (lembro-me de alguém dizer que parecia "Magnolia" versão positiva) e dizer que o elenco é luxuosíssimo é dizer pouco: Hugh Grant, Emma Thompson, Colin Firth, Liam Neeson, Laura Linney, Alan Rickman, Keira Knightley, Andrew Lincoln, Chiwetel Ejiofor, Martine McCutcheon, Bill Nighy, Martin Freeman, Rowan Atkinson, Rodrigo Santoro e a nossa Lúcia Moniz. E isto é só para começar...




Em Portugal, por razões óbvias, o cartaz do filme tinha a imagem de Lúcia Moniz no lugar de Martine McCutcheon.




Eis as histórias:


- Billy Mack (Nighy), uma antiga estrela rock, decide gravar uma versão de "Love Is All Around" na tentativa de chegar ao n.º 1 do top e promove essa campanha com a ajuda do seu manager pachorrento Joe (Gregor Fisher), chegando a prometer que se isso acontecer, vai actuar nu na televisão. Quando inesperadamente isso acontece, Mack conclui que em vez de celebrar à grande e à francesa o momento de glória, o seu lugar na Consoada é ao lado de Joe, que para o melhor e para o pior, foi o único que sempre esteve do seu lado. 



- Peter (Ejiofor) e Juliet (Knightley) casam-se umas semanas antes do Natal. Mark (Lincoln), o melhor amigo do noivo, assume as funções de padrinho e cameraman do evento e surpreende o casal com uma actuação de uma banda na igreja a cantar "All You Need Is Love". Mais tarde, Juliet pede a Mark pelo vídeo do casamento e descobre que a aparente antipatia que ele sentia por ela vinha do facto de Mark estar apaixonado por ela e não poder fazer nada por ser noiva do melhor amigo. Na noite de Natal, Mark confessa-lhe todos os seus sentimentos mas por respeito à amizade de Peter e ao amor entre este e Juliet, vai seguir em frente.



- Depois do casamento de Peter e Juliet, Jamie (Firth), um escritor de policiais, descobre que a namorada e o irmão estão a ter um caso. Destroçado, Jamie refugia-se numa casa de campo no sul da França onde Aurélia Barros (Moniz), uma imigrante portuguesa, trabalha como empregada doméstica. Embora ele não saiba falar português e ela inglês, um clima de romance nasce entre ambos. De volta a Inglaterra, Jamie decide aprender português e no Natal, regressa a França onde num português atabalhoado, pede Aurélia em casamento diante do pai (Hélder Costa) e da irmã  (Carla Vasconcelos) desta, bem como de toda a comunidade portuguesa da vila, que entretanto se aglomerou toda pelo caminho. A própria Aurélia entretanto também tinha estado a aprender inglês e aceita o pedido. 



- David (Grant) é o novo primeiro-ministro britânico. Entre o seu staff no n.º 10 de Downing Street está a jovem Natalie (McCutcheon), que desde logo lhe capta a atenção. Mas após uma cena inapropriada por parte do Presidente dos Estados Unidos (Billy Bob Thornton) e achando que a sua atracção pela moça será uma distracção para o seu trabalho, David decide transferir Natalie para outro emprego. Mas na noite de Natal, ele decide procurá-la e após uma série de acontecimentos, o beijo de ambos torna-se bem público.



- Karen (Thompson), a irmã de David, tem um casamento feliz com Harry (Rickman), dono de uma empresa de design gráfico, com quem tem dois filhos. Mas ultimamente, Harry parece estar receptivo aos avanços da sua secretária Mia (Heike Makatsch). Infelizmente, na noite do Natal, Karen descobre que o Harry lhe é infiel quando o marido lhe oferece um CD de Joni Mitchell em vez do colar que ela o tinha visto a comprar (e que numa cena paralela vê-se Mia a usá-lo). A minha cena preferida de todo o filme é porventura a mais triste quando Karen vai para o quarto para dar largas ao desgosto enquanto ouve "Both Sides Now".


- Sarah (Linney), que trabalha na empresa de Harry, está há muito tempo apaixonada pelo seu colega Karl (Santoro). Quando este finalmente lhe corresponde e tudo parece encaminhar para uma noite de paixão, um telefonema de Michael (Michael Fitzgerald), o irmão de Sarah que sofre de problemas mentais e vive numa instituição, rompe com o encanto.



- Recentemente viúvo, Daniel (Neeson) é agora responsável pelo seu enteado Sam (Thomas Sangster) que vive as suas primeiras angústias amorosas. Apaixonado por Joanna (Olivia Olson), uma colega de escola com grande talento para o canto, o rapaz decide aprender a tocar bateria para a impressionar na festa de Natal. Depois de uma breve decepção, Daniel encoraja Sam a ir ter com Joanna ao aeroporto antes que esta embarque para a América e lhe revele os seus sentimentos. Enquanto isso, Daniel conhece Carol (Claudia Schiffer), a mãe de um dos colegas do enteado, que é parecidíssima com a sua mulher de sonho: Claudia Schiffer.



- Frustrado pelas britânicas não lhe ligarem nenhuma, Colin (Kris Marshall) decide rumar aos Estados Unidos, certo que as americanas irão se derreter pelo seu sotaque britânico, apesar do seu amigo Tony (Abdul Salis) achar que ele está completamente iludido. Mas não é que ele mal aterra no Wisconsin, o seu sotaque deixa logo quatro beldades americanas - Stacey (Ivana Milicevic), Jeannie (January Jones), Carol Ann (Elisha Cuthbert) e Harriett (Shannon Elizabeth) - todas embeiçadas?


- John (Freeman) e Judy (Joanna Page) são contratados como body doubles para as cenas de sexo de um filme e desde logo surge uma química. Mas se para eles é fácil interagirem enquanto nus e a simular diferentes posições sexuais, confessarem os seus sentimentos são outros quinhentos. 


Destaque ainda para Rufus (Atkinson), personagem inicialmente pensada como uma espécie de Anjo de Natal que ajudaria as várias personagens ao longo da trama, mas que acabou apenas como o funcionário da loja em que Harry compra o colar, muito talentoso (e muito lento) a embrulhar presentes.

Segundo Curtis, havia mais quatro histórias pensadas e duas delas chegaram a ser gravadas como a da directora do colégio de Sam e a sua companheira moribunda. Entre as cenas cortadas incluídas nos extras do DVD, estão duas pequenas cenas filmadas em África que demonstram que até mesmo aí o amor e o humor podem ser vividos de forma semelhante à dos países ditos mais desenvolvidos e uma divertida cena em que o filho de Karen (William Waldham) escreve uma redação em que dizia que o seu desejo de Natal era que as flatulências de toda a gente fossem visíveis (até as da Rainha Isabel II!). E a cena de Sam a correr no aeroporto era suposto ter momentos de autêntico parkour. 

Apesar de gostar bastante de "Love Actually" (é o único filme que comprei tanto em VHS como em DVD), concordo com a opinião geral da crítica de que o filme sofre do complexo "Rossio na Betesga" ou seja quer ser e fazer tanta coisa ao mesmo tempo que é inevitável que algumas histórias sofram com isso e acabem por não ter a profundidade suficiente. (Também era dispensável aquele retrato dos portugueses como coscuvilheiros parolos.) Além disso, com o tempo foram apontadas umas críticas às perspectivas androcêntricas das histórias (na maioria delas, o homem está numa posição de poder superior à da mulher e as mulheres são vistas por uma lente idealizada das personagens masculinas).
Ainda assim, o sempre presente travo agridoce do humor britânico e o desempenho de todo o elenco ajudam a colmatar os aspectos negativos. E o que é certo é que "Love Actually" foi um enorme sucesso comercial e rapidamente juntou-se à lista do inevitáveis clássicos a ver por alturas da quadra natalício. Foi nomeado para dois Globos de Ouro e Bill Nighy ganhou o BAFTA para Melhor Actor Secundário. "Love Actually" também gerou uma espécie de franchising, com alguns países como a Polónia, Holanda e o Japão a criarem filmes semelhantes.

Outro triunfo do filme foi a banda sonora (que também adquiri) com as canções a adequarem-se perfeitamente às diferentes cenas. Vários canções foram editadas em single como as versões de "Jump (For My Love)" pelas Girls Aloud, "Love Is All Around" por Bill Nighy (sob o nome da sua personagem) e "All I Want For Christmas Is You" por Olivia Olson, bem como os inéditos "Too Lost In You" das Sugababes, "The Trouble With Love Is" de Kelly Clarkson e "I'll See It Through" dos Texas.



Em 2017, por ocasião do Red Nose Day, evento bianual de beneficência em terras britânicas, foi filmada uma curta-metragem como sequela com grande parte do seu elenco a recuperar os seus papéis, incluindo Lúcia Moniz.   

Trailer:



Selecção de cenas cortadas


A directora e a sua companheira




Redacção sobre flatulências



Cenas em África







domingo, 2 de dezembro de 2018

Ganha Portugal - Concurso 1996


Por pura coincidência, no dia que a lendária veterana do atletismo, Rosa Mota ganhou a mini-maratona de Macau, encontrei nos arquivos da Enciclopédia o anúncio  uma campanha de 1996 da Delta Cafés que contou com o apoio de Rosa Mota e Rui Costa.




"Tendo como tema os jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 a Delta Cafés lançou uma Campanha de apoio à Selecção Portuguesa. A campanha contou com a colaboração da Rosa Mota e de Rui costa que personificavam a selecção nacional. 
Nesta promoção destacam-se os seguintes prémios: 16 viagens, com bilhetes e estadia, aos Estados Unidos da América para assistir aos jogos Olímpicos de Atlanta, 16 viagens, com bilhetes e estadia, a Inglaterra para assistir ao Campeonato Europeu de Futebol de 96 e 1 Automóvel Mercedes Benz.
Criou-se uma dinâmica comercial no ponto de venda que possibilitou aos nossos clientes habilitar-se ao sorteio dos prémios. 
A comunicação da campanha foi feita no ponto de venda e em imprensa, rádio e televisão."

Além das viagens e automóvel o anúncio indica ainda como prémios televisores. vídeos e Hi-fi.
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