"The Beastmaster", "O Guerreiro Sagrado" em Portugal e o muito melhor "Senhor das Feras / O Príncipe Guerreiro" no Brasil. Estreou nos EUA a 20 de Agosto de 1982 e em Portugal só em 1 de Junho de 1984, (segundo o IMDB, só encontrei registo a partir da semana seguinte, em dois cinemas da capital) com classificação de 12 anos, idade de sobra para ver cadáveres empalados e marmelinhos ao léu.
As parecenças não serão inocentes visto que a produção da famosa franquia Conan para imagem real foi demorada e só não estreou antes por recortes na violência feitos à ultima da hora. "The Beastmaster" é uma adaptação extremamente livre de "The Beast Master", um livro de ficção científica dos anos 50 que nem foi mencionado nos créditos, segundo a Wikipedia.
Um poster mais fiel aos visuais da fita. |
Resumindo, umas bruxas boazonas em bikini mas com cara de ameixa seca mutante têm a profecia que o filho por nascer do Rei Zed vai matar no futuro o maléfico sacerdote Maax e destruir a sua seita de fanáticos que adoram o deus Ar. Um dos seus enviados transfere o bebé do ventre da rainha para o ventre uma vaca e depois de fugir da cidade, retira a criança do animal e marca-o com um ferro em brasa.
O sacrifício é interrompido por um aldeão que foge com o bebé e o cria como seu filho.
Já adulto, Dar é o único sobrevivente da aldeia, massacrada pelos selvagens Jun, seguidores de Tulsa Doom, perdão, Maax.
Parte então numa viagem rumo à cidade em busca de vingança. Graças aos seus poderes de comunicação com animais, Dar vai conquistando aliados na forma de uma águia (Sharak), um par de fuinhas ou furões (Kodo e Podo) e o tigre Ruh.
Como qualquer jovem, mas todo bombado em esteróides (não vi nenhum ginásio na aldeia), a primeira coisa a fazer é ordenar a Kodo e Podo que roubem a roupa a uma escrava - Kiri - que se banhava no rio e depois tentar impressioná-la e viola-la. Um sábado à tarde, portanto.
Obviamente além de se vingar dos Jun e de Maax, Dar agora tem também que libertar a escrava. E as tarefas ainda não acabaram...
Logo de arranque a banda sonora dos créditos - da autoria de Lee Holdridge - parece um mix da "Battlestar Galactica" clássica e Indiana Jones, uma impressão que se mantém ao longo da metragem.
Como do filme só conhecia é praticamente o poster (muito ao estilo de John Carter de Marte) quase metade do filme estive à espera que surgisse a pantera negra do poster. Um tigre pintado de preto também serve.
Portanto, na falta do grande Eusébio, o Pantera Negra, a quota de diversidade foi preenchida por um individuo de alto índice de melanina, grande e musculoso que também corria pelo ecrã envergando a bela da tanga de cabedal fantasia-medieval, o actor John Amos ("Raízes"). Outra cara e voz familiar é a do vilão de serviço Maax, o actor Rip Torn ("Aeroplano II", "MIB - Homens de Negro").
O protagonista Marc Singer participou em vários episódios da série "The Beastmaster" de 1999 noutro papel. A investigar para este artigo reparei que a cara dele não me era estranha devido à sua participação como "Mike Donovan", um dos líderes da resistência humana nas séries mini-séries e série de "V". Várias vezes esperei que Dar, o personagem de Singer, erguesse a espada no ar, gritasse "Eu tenho o PODER!!" e cavalgasse o seu tigre qual He-Man de baixo orçamento.
A beldade da fita, Tanya Roberts (1955-2021), a escrava/ninja Kiri, andou desfilando em trajes menores por vários filmes, ou até sem trajes, como "Sheena, a Rainha da Selva" (1984), foi Bond Girl em "A View To A Kill" (1985) e foi um Anjo de Charlie na última temporada da série . "The Beastmaster" foi realizado por Don Coscarelli, o artesão da saga de terror Phantasm.
A beldade da fita, Tanya Roberts (1955-2021), a escrava/ninja Kiri, andou desfilando em trajes menores por vários filmes, ou até sem trajes, como "Sheena, a Rainha da Selva" (1984), foi Bond Girl em "A View To A Kill" (1985) e foi um Anjo de Charlie na última temporada da série . "The Beastmaster" foi realizado por Don Coscarelli, o artesão da saga de terror Phantasm.
A falta de química, as coreografias manhosas e actuações de qualidade duvidosa, levaram a que para mim os momentos mais emocionantes fossem as mortes dos animais. Qualquer contador de histórias que se preze já há muito aprendeu que podem mostrar a destruição e massacre de uma aldeia inteira, mulheres e crianças empaladas e queimadas just for fun, que o espectador só deita a lagrimita solitária se um animal queriducho for magoado pelos maus da fita, autorizando moralmente o protagonista a proceder a uma limpeza de sarampo geral até eliminar da face da terra a espécie dessa bandidagem.
Assim que terminei o visionamento, escrevi no Letterboxd que "The Beastmaster" é uma fita de "sword and sorcery" (espadas e feitiçaria) com muitas sequências patetas, compensadas por algumas cenas mais atrevidas.
Depois, dormi sobre o assunto e contextualizando a época e os meios, mesmo as cenas mais bizarras já me parecem fazer mais sentido, no universo da fita, e é de louvar a utilização de miniaturas! E devem ter gasto boa parte do orçamento a construir aquela pirâmide dos sacrifícios humanos e a miniatura da cidade.
Já disse que sou fã de miniaturas, por mais óbvias que sejam? E não faz mal a ninguém alguma violência gratuita. O que seria de um filme de vingança sem uma aldeia destruída para dar motivo ao protagonista?
Se eu tivesse visto isto em plenos anos 80 teria delirado e de certeza desgastado a fita VHS em certas cenas... É fácil perceber como se tornou um filme de culto no género, apesar do fraco retorno de bilheteira. Tornou-se um clássico exibido na TV e gerou duas sequelas; "Beastmaster 2: Through the Portal of Time" (1991) e "Beastmaster III: The Eye of Braxus" (1996) com Singer a repetir a personagem Dar; e uma série com 3 temporadas: "BeastMaster" (1999-2002).
Mini-texto por altura da estreia em Portugal, "uma aventura épica onde um musculoso herói combate as forças do mal numa terra lendária."
"Mais um filme ''culturista'', uma onda americana que em Portugal não tem feito grande sucesso."
Publicado originalmente no blog "Cine31 - The Beastmaster (1982)".
Depois, dormi sobre o assunto e contextualizando a época e os meios, mesmo as cenas mais bizarras já me parecem fazer mais sentido, no universo da fita, e é de louvar a utilização de miniaturas! E devem ter gasto boa parte do orçamento a construir aquela pirâmide dos sacrifícios humanos e a miniatura da cidade.
Já disse que sou fã de miniaturas, por mais óbvias que sejam? E não faz mal a ninguém alguma violência gratuita. O que seria de um filme de vingança sem uma aldeia destruída para dar motivo ao protagonista?
Se eu tivesse visto isto em plenos anos 80 teria delirado e de certeza desgastado a fita VHS em certas cenas... É fácil perceber como se tornou um filme de culto no género, apesar do fraco retorno de bilheteira. Tornou-se um clássico exibido na TV e gerou duas sequelas; "Beastmaster 2: Through the Portal of Time" (1991) e "Beastmaster III: The Eye of Braxus" (1996) com Singer a repetir a personagem Dar; e uma série com 3 temporadas: "BeastMaster" (1999-2002).
Mini-texto por altura da estreia em Portugal, "uma aventura épica onde um musculoso herói combate as forças do mal numa terra lendária."
"Diário de Lisboa" [08-06-1984] |
Publicado originalmente no blog "Cine31 - The Beastmaster (1982)".
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