A figura folclórica da Inglaterra medieval de Robin de Locksley, mais conhecido como Robin dos Bosques, como exímio arqueiro e justiceiro que roubava dos ricos para dar aos pobres, tem sido amplamente retratada na literatura, no teatro, na televisão e no cinema.
Por exemplo, foi um dos papéis mais icónicos de Erroll Flynn que encarnou a personagem na adaptação cinematográfica de 1938 e que estabeleceu a célebre indumentária do chapéu com penacho e leggings verdes que ficou associada a Robin Hood. Por sua vez em 1977, Sean Connery deu corpo a um Robin na pré-reforma em "Robin e Mariam", passando pela adaptação animada de Disney de 1973 com o herói a ser retratado como uma raposa antropomórfica.
Mas o Robin dos Bosques da minha geração é sem dúvida aquele interpretado por Kevin Costner no filme de 1991 "Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões", realizado por Kevin Reynolds. Recém consagrado pelo sucesso de "Danças Com Lobos", Costner trouxe a figura mítica para os anos 90, dispensando os leggings verdes (e o sotaque britânico!) e o filme foi um dos maiores sucessos do ano, apenas ultrapassado pelo "Exterminador Implacável 2".
Robin de Locksley (Costner) é um jovem nobre que se juntou ao Rei Ricardo Coração de Leão (Sean Connery) nas Cruzadas. Capturado no Médio-Oriente, Robin consegue escapar do cativeiro com a ajuda do mouro Azeem (Morgan Freeman). O seu amigo Peter Dubois não sobrevive à fuga e Robin promete-lhe que tomará conta da sua irmã Marian (Mary Elizabeth Mastrantonio) quando voltar a Inglaterra.
Mas quando regressa às suas terras, Robin descobre que o seu pai está morto e a sua casa em ruínas. A região é agora controlada pelo pérfido Xerife de Nottingham (Alan Rickman) e pelos seus aliados Guy Of Gisborne (Michael Wincott), o bispo corrupto Hereford (Harold Innocent) e a bruxa Mortianna (Geraldine McEwan). O Xerife oprime o povo com a sua crueldade e pesados impostos.
Robin e Azeem juntam-se então a um grupo de proscritos da Floresta de Sherwood, entre os quais Little John (Nick Brimble) e Will Scarlett (Christian Slater), que nutre uma animosidade por Robin.
O grupo dedica-se a roubar a nobreza e distribuir o seu saque pelos pobres. Frei Tuck (Mike McShane), um dos alvos do grupo, acaba por se tornar aliado. Lady Marian também se junta à causa e o romance rapidamente desabrocha entre ela e Robin.
Mas quando o Xerife captura vários homens de Sherwood e rapta Marian, pretendendo casar-se com ela, Robin infiltra-se no palácio para um confronto final.
Esta adaptação que, segundo vários envolvidos, é inspirada na série britânica "Robin Of Sherwood" (1983-1986) tem a particularidade de não incluir a personagem do Príncipe João, que ocupava interinamente/usurpou o trono de Ricardo Coração de Leão durante a ausência deste nas Cruzadas, que nas outras adaptações partilha o antagonismo com o Xerife de Nottingham. Como tal, o Xerife é o vilão-mor nesta adaptação, e talvez por isso Alan Rickman consegue o desempenho mais carismático. (Rickman declarou ter recusado duas vezes o papel até lhe dizerem que tinha toda a permissão para fazer o que quisesse com a sua interpretação da personagem.) Freeman e Mastrantonio foram também muito elogiados nos seus papéis. Já eu recordo-me de achar a Mortianna assustadora como o caraças quando vi o filme pela primeira vez no VHS alugado. Por outro lado, simpatizei com Wulf, o puto do filme, interpretado por Daniel Newman.
Mas o verdadeiro legado de "Robin Hood - Príncipe dos Ladrões" foi sem dúvida o seu tema principal, "Everything I Do (I Do It For You)", interpretado por Bryan Adams e foi de longe o grande hit do ano, vendendo mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo, escalando ao n.º 1 dos tops de tudo o que era país (Portugal incluído) e ainda hoje se mantém como o single que ficou mais semanas consecutivamente em n.º1 no top do Reino Unido (16 semanas). Tudo isto propagou a carreira do cantor canadiano a outro nível, fazendo do seu álbum "Waking Up The Neighbours" um campeão de vendas. Curiosamente, Bryan Adams foi para aí a sexta ou sétima escolha dos produtores para compor e interpretar um tema para o filme, depois da recusa de nomes como Kate Bush e Annie Lennox. Em Portugal, a canção teve um breve ressurgimento no ano 2000 quando a TVI decidiu ilustrar as tropelias horizontais da Marta e do Marco do primeiro "Big Brother" com essa canção.
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