terça-feira, 10 de maio de 2016

Chuva de Maio (1990)

por Paulo Neto

Os dias chuvosos deste mês  de Maio fizeram-me recordar a série "Chuva De Maio", exibida na RTP em seis episódios entre Abril e Junho de 1990. Foi um daqueles programas do tempo do monopólio da RTP que eu nunca esqueci, quiçá pelo facto de tentar aliar o drama telenovelesco aos números musicais, algo relativamente inédito na altura e porque desde sempre tive esta fantasia de soltar o Gene Kelly que há em mim e começar a cantar e a dançar num sítio qualquer e todas as pessoas à minha volta também juntam-se para o número. A série também tinha a particularidade de ter um elenco que juntava actores conhecidos a nomes fora do mundo da representação, como era o caso dos protagonistas, o fadista António Pinto Basto e a bailarina Sandra Nobre.




Rodrigo (António Pinto Basto)
e Mariana (Sandra Nobre)


A série era da autoria do bailarino e coreógrafo Zé Arantes, escrita em parceria com Rosa Lobato Faria a partir de uma ideia de Thilo Krassmann. A história podia ser a de uma típica telenovela não fosse o facto em vários momentos, as personagens desatassem a cantar e a dançar.

Sara (Sofia Brito)


Joana (Ana Luís)

Teresa (Carmen Dolores)


Rodrigo Freitas (António Pinto Basto) é um decorador de interiores numa fase muito complicada: está desempregado, sente-se culpado pela morte da sua esposa Marta (Maria João Lucas) num acidente de automóvel há um ano, e Sara (Sofia Brito), a sua filha de dez anos, tornou-se uma fedelha insuportável e revoltada desde a morte da mãe. A gota de água surge quando Sara maltrata Joana (Ana Luís), uma bailarina com quem Rodrigo tem saído. Desesperado e com o apoio do seu amigo Fernando (Norberto de Sousa), Rodrigo leva Sara para passar uns tempos a casa da sua mãe Teresa (Carmen Dolores), na esperança que a paciência e a sabedoria ajudem a arrefecer o temperamento da neta.

João (Curado Ribeiro)

Malu (Laura Soveral)

Miguel (João Baião)


Mariana Mendes Sobral (Sandra Nobre) vive numa herdade no Alentejo, com os pais João (Curado Ribeiro) e Malú (Laura Soveral) e os seus quatro irmãos: Eduardo (Alfredo Azinheira), Miguel (João Baião) e dois gémeos (André e Eduardo Parente). Cansada da autoridade excessiva do pai, Mariana resolve fugir de casa a meio da noite rumo a Lisboa. Mas pelo caminho, sofre um acidente do qual Rodrigo é testemunha.

Mariazinha (Margarida Carpinteiro)

Naná (Teresa Miguel)


Mariana e Rodrigo não demoram a apaixonar-se um pelo outro. Quando João descobre através de um detective (Carlos Santos) sobre o romance dos dois, contrata Naná (Teresa Miguel), uma antiga amante sua que é cantora de cabaret, para seduzir Rodrigo e afastá-lo de Mariana. Tal acaba por acontecer, mas ao saber que Mariana é filha de João, Naná revela tudo a Rodrigo. Enquanto isso, Mariana muda-se para casa da sua tia Mariazinha (Margarida Carpinteiro), uma mulher excêntrica, com vários amigos do meio artístico com os quais Mariana simpatiza imediatamente, em especial Luís Filipe (Zé Arantes). 
Entretanto, Miguel também revolta-se contra o pai e vai para Lisboa, arranjando emprego como assistente de Rodrigo num projecto de renovação de um hotel e acabando por se apaixonar por Joana. 
No final, tudo acaba bem. Mariana e Rodrigo fazem as pazes e marcam casamento. Após um percalço, Sara aceita Mariana. Durante o casamento, João aparece dando a bênção à filha e ao genro. E no fim, todos dançam sob a chuva de Maio que abençoa a boda.

Ao rever "Chuva De Maio" na RTP Memória, confirmei a sensação que tinha tido ao longo de estes anos sobre a serie: que em teoria era uma ideia interessante mas que na prática foi um resultado medíocre. Não só o argumento era fraquinho como as interpretações eram demasiado básicas, até as dos nomes mais credenciados como Curado Ribeiro e Margarida Carpinteiro. Embora na altura António Pinto Basto tivesse toda a pinta de um galã de telenovelas, a sua prestação na série deixou bem claro que o melhor era dedicar-se apenas aos fados.

Uma muito jovenzinha Patrícia Tavares


Como já foi dito, o elenco da série tinha muitos nomes fora do mundo da representação como era o caso de Sandra Nobre, do autor Zé Arantes (que para além do argumento e do papel de Luís Filipe, foi também director de actores e das coreografias), da ex-Doce Teresa Miguel e de Sofia Brito, que na altura fazia parte dos Onda Choc. Além disso, também contou com cameos de Rosa Lobato Faria, Joel Branco, Patrícia Tavares (então com 12 anos), Felipa Garnel e do acordeonista e sapateador  Michel de Roubaix, conhecido apenas por Michel. Todos os actores deram a sua voz às canções, excepto Sandra Nobre que foi substituída por Paula Oliveira. Por tudo isto, "Chuva De Maio" valeu mais pelo que foi cantado e dançado do que pelo que foi representado.

Segundo o site "Brinca, Brincando", de onde vêm estas imagens, as cenas íntimas e o seu contexto terão gerado alguma controvérsia. Sandra Nobre referiu a uma revista que a sua mãe estranhou o facto de Rodrigo e Mariana terem ido para a cama pouco depois de se conhecerem. Pelos vistos, algo ainda puxado para o Portugal de 1990.



Os pouquíssimos excertos que existem no YouTube estão relacionados com a personagem de Teresa Miguel.




Há ainda este curtíssimo excerto de uma cena entre Curado Ribeiro e João Baião:




A série encontra-se disponível no portal de arquivos da RTP.

Se gostou, Partilhe: »»

Save on Delicious

2 comentários:

  1. Participei como figurante num dos episódios. A série era má e o desempenho do Pinto Basto era horroroso...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Depois do meu colega Paulo escrever o artigo, vi também alguns excertos na RTP Memória quando voltou a repetir, e concordo que o que vi era pavoroso!

      Eliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...