Muito
se escreveu - e escreve - sobre as emissões televisivas que em mais de
meio século marcaram os telespectadores da "caixinha mágica que mudou o
Mundo": os Jogos Olímpicos de Berlim, a chegada à Lua, a tragédia do
Challenger, os Festivais da Eurovisão, etc. Mas se existiu uma emissão
nacional que nos anos 90 marcou a minha jovem mente de teenager
inconsciente - e aposto que toda uma legião de jovens e menos jovens: a
histórica última sessão da "A Roda da Sorte".
O concurso substituiu outro concurso, apresentado pelo Sr. Contente (Nicolau Breyner): "Jogo de Cartas (1989-92)". Começando as emissões no dia 17 de Setembro de 1990, "A Roda da Sorte" foi apresentado pelo inimitável Herman José, e era a adaptação do clássico formato
norte-americano "Wheel of Fortune". Nunca vi um episódio do original,
mas a nossa "Roda" era muito melhor, por motivos óbvios. O que podia ter
sido apenas mais um concurso de adivinhas e cultura geral, graças a
Herman José e sua equipa era um divertido espaço de humor diário. Além
do "man itself", eram parte integrante deste programa de sucesso a
ajudante Ruth Rita, a cara simpática, "vítima" das brincadeiras do
apresentador e a voz off mais famosa do país: Cândido Mota. O público
sempre reagia histericamente, melhor que as gargalhadas "enlatadas" de
outros programas.
Joguei muitas vezes ao jogo em tabuleiro, e prometo que porei fotos dele aqui na Enciclopédia. Sucedeu-lhe outro concurso com o mesmo gang, "Com a verdade m'enganas", mas essa, é outra história...
A mecânica do concurso era simples
(os concorrentes giram a roda, pedem consoantes e adquirem vogais para
tentar revelar e adivinhar a palavra escondida), mas divertido de
seguir porque com um host como Herman José era impossível ficar aborrecido! Era quase sagrado,
mudar a televisão para ver, antes do Telejornal, e tentar adivinhar as
palavras e divertir-se com Herman, a envergonhada Ruth Rita e o Rei da
voz off Cândido Mota.
Os prémios da ultima edição. |
O programa mais recordado é precisamente o fantástico final, algo nunca
visto, nem antes nem depois, em que Herman José, munido de casaco de
cabedal, óculos de sol e uma caçadeira - sim, criançada, uma caçadeira - chacinou sem piedade os prémios que os concorrentes podiam ganhar. Fiquei fascinado!
Recentemente consegui uma cópia da mítica ultima emissão de "A Roda da Sorte", que partilho convosco, no canal de Youtube da Enciclopédia TV:
Um
artigo do jornal Observador destacou várias expressões que Herman José e
companhia inscreveram no vocabulário dos espectadores. Sobre a fase d' "A Roda da Sorte":
"Veio depois a fase dos concursos, que o próprio Herman
considerou o seu auge de popularidade. No início dos anos 90, Herman
ocupou os finais de tarde de semana com “A Roda da Sorte” (1990-93) (...) foi
pródigo em expressões repetidas pelo público em estúdio, o coro das
porcazinhas (onde se destacava o Gimba d’Os Irmãos Catita). A farfalota
pimpinela, o engrelope ou ah! que bem escolhido! são apenas alguns
exemplos desses chavões. Duas músicas do inaudito cantor Victor Peter
ficaram então famosas: Paula, eu sofro por você e Ó Ivone, goodbye my
love – ainda hoje há quem se despeça com um Goodbye Maria Ivone!" in Observador - "Dez expressões que devemos a Herman José".
A épica ultima emissão foi ao ar a 31 de Dezembro de 1993. Foi um belo final de sexta-feira e final de ano!
Exemplar de um boletim para concorrer á "Roda Da Sorte":
A épica ultima emissão foi ao ar a 31 de Dezembro de 1993. Foi um belo final de sexta-feira e final de ano!
Exemplar de um boletim para concorrer á "Roda Da Sorte":
Curiosamente,
o programa voltou em 2008, noutro canal [SIC] mas com o mesmo
apresentador, agora ajudado por Vanessa Palma. Mas esta versão não
conquistou o público e desapareceu da grelha sem deixar saudades...
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